Fatores que influenciam as variações climáticas



SOCIEDADE EDUCACIONAL DE ITAPIRANGA – SEI 

FACULDADE DE ITAPIRANGA – FAI

LUCAS SANGALETTI

FATORES QUE INFLUENCIAM AS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS

Artigo de Conclusão de Pós-graduação apresentado como requisito parcial para a obtenção do titulo de Especialista em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental, Faculdade de Itapiranga (FAI).

Itapiranga, SC

2012

FATORES QUE INFLUENCIAM AS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS 

Lucas Sangaletti [1] 

RESUMO 

As mudanças climáticas podem causar prejuízos aos seres humanos. Fenômenos naturais como El Niño e La Niña tem grande potencial de destruição e causam períodos de estiagem e de chuvas com grande intensidade. Os aerossóis afetam a radiação solar, levando ora ao resfriamento, ora ao aquecimento da superfície, dependendo das partículas de aerossóis e da refletividade do solo. O efeito estufa é a principal causa do aquecimento global, levando a problemas tais como o derretimento do gelo do planeta e alteração da temperatura dos oceanos, causando um desequilíbrio ambiental, atingindo várias espécies marinhas. O desmatamento da Amazônia afeta o clima brasileiro, pois a floresta é importante para o ciclo hidrológico do país. Há projeções futuras que indicam o aumento de chuvas no oeste da Amazônia e no Sul do Brasil, estas também indicam a diminuição das chuvas no leste da Amazônia, Brasil Central e Nordeste. A população já vem sendo afetada por secas, enchentes e períodos de frios extremos, o que, no ramo agrícola, vem provocando prejuízos nas plantações, tornando possível uma escassez de alimento. Pesquisas mostram que a temperatura média do planeta ira mudar, cabendo aos seres humanos sofrer com as consequências ou criar novos hábitos a fim de preservar e até melhorar o meio ambiente, pois alterações drásticas nos ecossistemas acarretarão em um desequilíbrio do planeta, com perda da qualidade ambiental. 

Palavras-Chaves: Gases de Efeito Estufa; Aerossóis; Ciclo Hidrológico. 

FACTORS AFFECTING THE CLIMATE CHANGE

ABSTRACT 

Climate change may cause harm to humans. Natural phenomena like El Nino and La Nina have great potential for destruction and cause droughts and rains with great intensity. Aerosols affect the radiation, leading sometimes to cooling, sometimes warming the surface, depending on the aerosol particles and the reflectivity of the ground. The greenhouse effect is the main cause of global warming, leading to problems such as the melting of ice on the planet and changing ocean temperatures, causing an environmental imbalance, affecting several marine species. Amazon deforestation affects climate in Brazil because the forest is important for the country's hydrological cycle. There are future projections indicate that the increase of rainfall in western Amazonia and southern Brazil, they also indicate a decrease in rainfall in the eastern Amazon, Central and Northeast Brazil. The population has been affected by droughts, floods and periods of extreme cold, which, in the agricultural industry, is causing losses in plantations, making possible a food shortage. Research shows that the planet's average temperature will change, leaving it to human beings suffer the consequences or create new habits in order to preserve and even improve the environment, because dramatic changes in ecosystems will lead to an imbalance of the planet, with loss of quality environment.

Key Words: Greenhouse Gases, Aerosols, Hydrologic Cycle. 

1 INTRODUÇÃO 

Mudança climática pode ser definida de várias maneiras e por vários autores. “Mudança do clima” significa uma mudança de clima que possa ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis. (ONU, 1992)

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) define a mudança climática como uma:

“Variação estatisticamente significante em um parâmetro climático médio ou sua variabilidade, persistindo um período extenso (tipicamente décadas ou por mais tempo). A mudança climática pode ser devido a processos naturais ou forças externas ou devido a mudanças persistentes causadas pela ação do homem na composição da atmosfera ou do uso da terra”.

Segundo Ghoddosi e Pellizzetti (2008), diversos autores adotam a seguinte definição para o termo mudança climática: “são as mudanças associadas à atividade humana ou a variabilidade natural. Isso mostra a dificuldade de separar o efeito das atividades humanas sobre a variabilidade climática natural”.

As variações climáticas vêm ocorrendo a milhares de anos, atualmente com o efeito estufa o mundo esta preocupado com o aquecimento do planeta, pelo derretimento das calotas polares, elevando os níveis dos mares, causando uma mudança significativa no clima, tais como mudanças no ciclo hidrológico, aumento de temperatura, incêndios em algumas áreas e tempestades em outras, afetando os ecossistemas florestais causando o desaparecimento de várias espécies da fauna e da flora.

            A ciência descobriu que o clima se altera naturalmente, mesmo se o homem não existisse o planeta teria uma variação climática pela proximidade e afastamento do sol, o que somado ao aumento na concentração de gases de efeito estufa lançados na atmosfera pelo homem, tem acelerado ainda esse processo natural.

Este artigo tem como objetivo mostrar que as variações climáticas são influenciadas por diversos fatores naturais e que são agravados pela ação do homem. Dentre esses fatores se destacam os aerossóis, o efeito estufa que é importante para manter uma temperatura média do planeta, o que é fundamental à vida, e que os fenômenos el niño e la niña contribuem significativamente para as alterações no padrão climático, além da notável importância da Floresta Amazônica a fim de amenizar as mudanças climáticas.

2 OS AEROSSÓIS E A TEMPERATURA DA TERRA 

Existem partículas em suspenção na atmosfera que são denominados aerossóis, e são muito importantes para a estabilidade climática. Para Henriques et al. (2009), um aerossol natural é o sal marinho que chega à atmosfera através do atrito dos ventos com a superfície dos oceanos.

             O efeito da presença de aerossóis na atmosfera é de refletir os raios solares. Esse efeito tende a resfriar as camadas mais baixas da atmosfera, com isso reduz a temperatura próxima à superfície do planeta. Em níveis mais elevados a poeira mineral pode refletir a radiação solar, causando o resfriamento da Terra.  Segundo Henriques et al. (2009), a presença desses mesmos aerossóis em níveis intermediários da atmosfera pode causar retenção da radiação refletida pela superfície terrestre e contribuir para intensificar o efeito estufa, o que torna problemática a sua abundância na atmosfera, cabe destacar que esse fenômeno, em muitas vezes, é natural.

            Os aerossóis estão ligados ao ciclo hidrológico, pois estes, juntamente com o vapor de água, formam as gotículas das nuvens, que vão se juntando até formar a chuva. Para Gomes (2009), quando o ar está muito poluído, principalmente por queimadas, a disputa pelo vapor de água aumenta e as gotas não crescem em tamanho, não adquirindo velocidade suficiente para cair sob a forma de chuva. Geralmente essas nuvens não irão produzir chuva, pois evaporam e são levadas para outros lugares.

            Segundo Gomes (2009), as partículas de aerossol tanto natural quanto às emitidas em prossesos antrópicos existem em todos os lugares. Esses aerossois influenciam no clima de forma direta, espalhando e absorvendo a radiação que chega à atmosfera, e indiretamente, atuando como núcleo de condensação de nuvem, aquecendo ou esfriando a camada da atmosfera que se encontra.

            O tempo de residência do aerossol na atmosfera varia de alguns dias a uma semana. Nesse tempo as particulas sofrem um processo de coagulação, condensação e evaporação. Sua remoção da atmosfera é feita por deposição seca através da sedimentação e difusão úmida pela água da chuva.

3 O EFEITO ESTUFA

O efeito estufa, segundo Henriques et al. (2009), é um fenômeno natural que faz com que a temperatura da terra seja maior do que seria na ausência da atmosfera, permitindo assim que ocorra a vida da forma que a conhecemos. Se não existisse o efeito estufa, a temperatura da terra seria -18ºC, ao invés de 15°C que temos hoje, ou seja, 33°C a menos, o que torna o efeito estufa fundamental para a vida no planeta.

Na atmosfera os gases funcionam como uma estufa, que deixa passar radiação ultravioleta que chega do sol, mas impede a passagem da radiação que é convertida em infravermelho na superfície e devolvida para a atmosfera sob a forma de calor. Esse calor tem dificuldade de retornar ao espaço, pois é absorvido pelos gases de efeito estufa, que se aquecem, aumentando a temperatura do ar. Em torno de 30% da radiação é refletida antes de atingir a superfície terrestre, e os outros 70% são absorvidos pela Terra sendo emitida sob a forma de calor de volta para o espaço, mas com uma concentração elevada de Gás de Efeito Estufa na atmosfera, ocorrerá um aumento no efeito estufa, pois entrará mais radiação do que sairá, aumentando a temperatura, havendo um desequilíbrio ambiental e climático.

Existem naturalmente na atmosferra os gases que promovem o efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono (CO2), o ozônio (O3), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) que retem a energia na terra como se fosse uma estufa.

 O IPCC (2007) apresenta o aumento da concentração desses gases relacionando-o com o período da Revolução Industrial e associando tal aumento com as atividades humanas que intensificaram o consumo de combustíveis fósseis nesse período. Os gases de efeito estufa aumentaram a partir do ano de 1800, proporcionado pela queima de combustíveis fósseis a partir da Revolução Industrial. 

Figura 1: Aumento na concentração de GEE em função do tempo.

Fonte: Adaptado de IPCC (2001).

Segundo Henriques et al. (2009), as emissões de dióxido de carbono (CO2) resultam de diversas atividades, uso energético de combustíveis fósseis, produção de cimento, cal, barrilha, amônia e alumínio  bem como a incineração de lixo. O principal processo de renovação do dióxido de carbono é feita pela absorção pelos oceanos e pelas florestas. A figura 2 apresenta as principais fontes geradoras do gás carbônico (CO2) no Brasil, evidenciando o grande problema da retirada das florestas a fim da introdução de pastagens para a pecuária e de lavouras para a agricultura.

 

Figura 2: Mudança no uso da terra como principal fonte de CO2 no Brasil.

Fonte: Henriques et al. (2009).

As emissões de metano (CH4) são geradas através de aterros sanitários, tratamento de esgotos, sistema de produção e processamento de petróleo e gás natural, atividades agrícolas principalmente pela fermentação dos dejetos de gados e suínos, a cultura do arroz irrigado e pela queima de resíduos agrícolas, mineração de carvão e queima de combustíveis fósseis. A figura 3 evidencia os principais fatores geradores de emissões de gás metano (CH4) no Brasil. 

Figura 3: Emissões de metano no Brasil.

Fonte: Henriques et al. (2009).

O metano tem 25 vezes mais capacidade de aprisionar calor na atmosfera do que o CO2, os ruminantes emitem uma vez e meia mais gases que todo o transporte mundial. A energia elétrica é tida como limpa por não emitir CO2 como uma termelétrica de carvão, mas o material orgânico imerso no reservatório quando passa pela queda da água, borbulha metano para a atmosfera. (NOGUEIRA, 2009)

 Para Henriques et al. (2009) o óxido nitroso é gerado a partir das atividades  agrícolas, processos industriais, queima de combustíveis fósseis e conversão de florestas para outros usos. Como gás-estufa o óxido nitroso é ainda mais potente que o metano, e sua eficácia é cerca de 230 vezes superior à do CO2. É grande a possibilidade de o N2O concorrer para o aquecimento global, por ser um absorvente eficaz de radiação infravermelha e permanecer muito tempo na atmosfera. (SOUSA)

Na figura 4 pode-se evidenciar as principais fontes geradoras de óxido nitroso (N2O) no Brasil.

 

Figura 4: Principais fontes de emissão de óxido nitroso no Brasil.

Fonte: Henriques et al. (2009).

A concentração global de dióxido de carbono tem crescido desde a época pré-industrial, que era em torno de 280 ppm para 379 ppm em 2005. Esse aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é a principal causa do aquecimento global, conforme o IPCC (2007).

O efeito estufa tem como consequência o aquecimento global que é o aumento da temperatura da terra, tendo a atmosfera cada vez mais capaz de reter o calor. O aquecimento global que vem acontecendo na superfície do nosso planeta pode ser verificado pelas variações de temperatura ao longo dos anos no planeta (Figura 5).

 

Figura 5: Variação da temperatura do planeta em função do tempo.

Fonte: Blogers

Segundo Cerqueira (2012), o século XX foi o mais quente dos últimos cincos, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento pode ser suficiente para modificar o clima de uma região e afetar profundamente a biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais.

Uma das consequências mais notáveis é o degelo. Esse fenômeno altera a temperatura dos oceanos causando um desequilíbrio ambiental atingindo principalmente às espécies marinhas, marcando também, a desertificação, alteração no regime de chuvas, intensificação das secas em determinados locais, escassez de água, abundância de chuvas em algumas localidades, tempestades, furacões, inundações, alterações de ecossistemas, redução da biodiversidade, perda de áreas férteis para a agricultura, alem da dissiminação de doenças como a malária, equistosmose e febre amarela.  

 De acordo com Henriques et al. (2009, p.51-52.):

O efeito estufa foi observado pela primeira vez, por Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830), no século 19 Fourier foi o primeiro a conceber a Terra como uma estufa gigante que viabilizava a vida de plantas e animais em sua superfície. Em 1896, Svante Arrhenius (1859-1927) criou um modelo para estudar a influencia do gás carbônico residente na atmosfera sobre a temperatura da Terra. Arrhenius usou as medições de emissão de calor no espectro, realizadas por Samuel Langley (1834-1906) para calcular o coeficiente de absorção de H2O e CO2, pontos- chave para a construção do modelo que concebera. Qual causa das eras glaciais, atual objeto de estudo em alguns centros de pesquisas, como o Stockholm Physics Society, era uma das perguntas que Arrhenius buscava responder. Os experimentos de Arrhenius foram muito bem sucedidos e seus resultados têm sido comprovados por modernas simulações de computador. Arrhenius foi o primeiro a abordar o efeito dos aerossóis na regulação da temperatura do planeta, referindo-se a eles como hothouse gases e não greenhouse gases (gases de efeito estufa) como nos dias de hoje. A importância de um gás ou aerossol não está relacionada a abundância relativa. Por exemplo, o dióxido de carbono, o vapor da água, o ozônio e os aerossóis ocorrem em pequenas concentrações, mas são importantes para os fenômenos meteorológicos e para a vida na Terra.

4 EL NIÑO E LA NIÑA 

            

Segundo Henriques et al. (2009), El Niño e La Niña são fenômenos oceanográficos e atmosféricos. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, da linha do equador no Pacífico central até a costa oeste da América do Sul. O El Niño é considerado pelos meteorologistas o segundo fenômeno climático mais importante da Terra, depois da mudança das estações. O La Niña, ao contrário do El Niño, existe pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico.

Segundo Oliveira (2001), “o El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem consequências no tempo e no clima em todo o planeta”.  Em condições normais os ventos alísios deslocam a água superficial do Pacífico em direção à Austrália e Filipinas acumulando água quente nessa região, ao atravessar o oceano os ventos alísios ficam carregados de umidade caindo sob a forma de chuva sobre a região de água quente perto da Austrália. Com El Niño os ventos alísios se enfraquecem e o acumulo de água quente se dirige ao centro do Pacífico na região da linha do equador. As precipitações irão atingir a costa da América do Sul e produz um período extremamente chuvoso no sul do Brasil, no Uruguai, Paraguai e em parte da Argentina. Na figura 6 mostra a ocorrência do fenômeno El Niño em janeiro de 2010, e período de La Niña em dezembro de 2010.

 

Figura 6: Efeito do el Niño e da la Niña na costa oeste da América do sul.

Fonte: Site Eco4u.

            O El Niño no Brasil provoca à diminuição das chuvas com secas severas no Nordeste e leste da Amazônia, na região Centro Oeste provoca períodos de seca com temperaturas altas, na região Sudeste parte fica seco com temperaturas altas e umidade do ar baixa e o restante sofre com o aumento da chuva, na região Sul provoca um aumento significativo do volume de chuvas. De acordo com Henriques et al. (2009, p.87).

Os meteorologistas tem estudado o El Niño para prever sua ocorrência e sua intensidade. Entretanto, o fenômeno é de difícil previsão. Modernas técnicas de sensoriamento remoto, com uso de satélites tem permitido monitorar detalhadamente seus efeitos. Em períodos de El Niño, registra-se calor excessivo no norte dos Estados Unidos, chuvas fortes no sul do Brasil, secas intensas no nordeste do Brasil, ausência de peixes nas costas do Peru e do Chile, secas na Austrália.

O La Niña, ao contrário do El Niño, se dá pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico perto da linha do equador. No La Niña os ventos alísios são muito mais intensos levando as águas quentes para a costa da Austrália.

As consequências do La Niña são poucas e rápidas frentes frias na região centro-oeste da Argentina e Uruguai, com períodos de secas, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, havendo na região Sudeste temperaturas abaixo da média no inverno, possíveis chegadas de frentes frias no Nordeste e chuvas em excesso no norte e leste da Amazônia.

5 A IMPORTÂNCIA DO OCEANO ATLÂNTICO, CORDILHEIRA DOS ANDES E FLORESTA AMAZÔNICA PARA O CLIMA BRASILEIRO

 

 

O Brasil vem sofrendo alterações por causa do desenvolvimento econômico, principalmente pelo desmatamento que é promovido pelo setor agrícola, madeireiro, energético, e urbano. De acordo com Henriques et al. (2009), a Amazônia é o maior bioma brasileiro, abrangendo uma área de 4.196.943 km². A vegetação predominante é a Floresta Ombrófila Densa, que corresponde a 41,67% do bioma.

O desmatamento da Amazônia afeta o clima brasileiro, pois a floresta é um fator importante no ciclo hidrológico do país, a floresta amazônica atrai a umidade vinda do Oceano Atlântico, a qual cai sob a forma de chuva na floresta e esta a devolve através da evapotranspiração para a atmosfera sob a forma de vapor. Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia, esse vapor é levado para oeste pelos ventos alísios chocando-se com a Cordilheira dos Andes, parte dessa intensa umidade cai sob a forma de chuva formando as cabeceiras dos rios amazônicos, outra parte é desviada em direção ao sul, levando chuvas ao centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, além de países vizinhos, é por isso que o clima e as chuvas do Brasil são fortemente influenciados pela Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes. (RIOS VOADORES, 2012)

Mesmo sem o vapor de água da floresta amazônica é possível que as chuvas na região sul aumentem com o desmatamento. Segundo Manzi (2007), o volume de vapor de água que entra do oceano pelo rio voador é cerca de 600 mil metros cúbicos de água por segundo, três vezes maior que a vazão do Rio Amazonas.

Sem a floresta para consumir parte desse fluxo o vapor do oceano passará pela Amazônia, chegando com muito mais força ao seu destino final transformando-se em uma sequencia de enxuradas, com curtos eventos de chuva forte seguidos por longos períodos de estiagem. A figura 7 mostra a trajetória do vapor de água vinda do Oceano Atlântico levando umidade e chuva para as regiões da América do Sul.

 

Figura 7: Massas de ar carregadas de umidade provindas da Amazônia.

Fonte: Rios Voadores.

Segundo Fearnside (2007), embora haja indicação de que o impacto hidrológico causado pelo desmatamento seria menor que o imaginado, ocorre o oposto. A contribuição da Amazônia para as chuvas do resto do país pode ser maior do que se imagina.     

     

6 EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL E PROJEÇÕES CLIMÁTICAS  FUTURAS

            O Brasil vem sofrendo alguns efeitos causados pelas mudanças climáticas. Há relatos de secas severas na Amazônia, furacões na região Sul, tempestades, desertificação e estiagens.

Segundo Ambrizzi et al. (2007), os modelos climáticos são usados como ferramentas para projeções de futuras mudanças do clima, como consequência de futuros cenários  climáticos. Sabe-se que existe um grau de incerteza do futuro cenário climático do planeta, incerteza muito maior quando se deseja projetá-los para regiões, pois considerando não só um, mas vários cenários de diferentes mudanças climáticas.

            A população e os ecossistemas são vulneráveis a essas mudanças do clima, principalmente a agricultura e a geração de energia, fortemente afetadas pelos períodos secos extremos, o que dificulta o acesso à água, principalmente pelas pessoas mais pobres do semiárido nordestino que já enfrentam um grande problema pela falta de água já faz muito tempo.

As projeções sobre o regime de chuvas para o final do século 21 na América do sul, segundo Henriques et al. (2009), indicam aumento do volume de chuvas no oeste da Amazônia e no sul do Brasil, e diminuição no leste da Amazônia, Brasil Central e no Nordeste.

            No ano de 2005 a Amazônia passou pela pior seca já registrada, comunidades inteiras ficaram sem água e comida, a navegação foi suspensa, isolando as pessoas, restringindo o acesso de recursos como alimentos, produtos de limpeza e remédios, com a seca houve aumento significativo de queimadas. Alguns meses depois veio um período de chuvas intensas que provocou enchente que invadiu casas de milhares de ribeirinhos.

            Na região Sul também tem se intensificado a ocorrência de eventos climáticos extremos, pois é a região mais favorável do país para a ocorrência de tornados, também está havendo períodos de estiagem prolongada com mais frequência.

            No nordeste o clima está cada vez mais seco e com temperaturas muito elevadas, a região sofre quando chove, pois são chuvas torrenciais e com períodos de intervalos longos, existem áreas de desertificação que estão aumentando de tamanho. No sudeste há um aumento no período de seca dentro do ano e também entre os anos, havendo também períodos com enchente e chuvas mal distribuídas durante o ano. No centro-oeste há períodos quente e chuvoso e o inverno seco, com tendência de veranicos mais intensos. (MARENGO, 2007)

As projeções futuras mostram que o país ira passar por um aumento de temperatura, com isso tende a haver uma alteração nos parâmetros climáticos brasileiro, alterando as distribuições de chuvas, água no solo e evapotranspiração. Pelos possíveis cenários climáticos futuros haverá possíveis mudanças nos biomas, pois aumentando a temperatura acontecerá uma maior soma de evaporação de água à superfície com a transpiração das plantas reduzindo a água no solo podendo haver uma substituição dos biomas existentes por outros mais adaptados ao clima gerado, podendo a floresta ser substituída por savanas, que será substituída por caatinga, que será substituída por semideserto. (HENRIQUES et al., 2009)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

           

            É possível concluir que pela história do planeta, as emissões de gases de efeito estufa causado pelo homem vem acelerando o que já acontece naturalmente. Não se sabe exatamente quanto o planeta ira aquecer e a sua real consequência, mas as evidências permitem projetar um futuro incerto para o planeta caso ações de recuperação e preservação do meio ambiente não sejam tomadas.

            A maior parte dos aerossóis tem origem natural, entretanto as atividades humanas vêm contribuindo para o aumento da sua concentração na atmosfera.

            Ações antrópicas também têm influenciado no aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera devido ao aumento na queima de combustíveis fósseis e a mudança da cobertura natural do solo a fim da inclusão de áreas para a produção de pastagens e lavouras, com destaque para a região do Cerrado Brasileiro.   Para amenizar o efeito estufa deve-se melhorar a eficiência energética através do uso de fontes renováveis de energia, as quais lançam menos gases de efeito estufa na atmosfera, usando também equipamentos de controle de poluição do ar com os filtros de manga, coletores gravitacionais, condensadores, catalisadores, entre outros. Também se torna evidente reverter o desmatamento com a recuperação de áreas desmatadas e degradadas pela ação humana, motivar a agricultura sustentável e orgânica com redução do uso de defensivos agrícolas e fertilizantes químicos, além de controlar o crescimento populacional, ajustando ao que realmente o planeta pode suportar. Estas ações auxiliam na redução dos efeitos antrópicos negativos, tais como aumento do efeito estufa.

            Tendendo a enfrentar mais períodos de El Niño e La Niña pelas mudanças climáticas, deve-se investir mais em tecnologias e medidas para amenizar seus efeitos. Construção de cisternas e açudes, investimentos na irrigação, medidas de combate a enchentes, são algumas das alternativas eficazes e que devem ser já utilizadas.

            A floresta Amazônica deve ser preservada, pois ela mantém o equilíbrio das chuvas em todo o país, regulando o clima e absorvendo o dióxido de carbono da atmosfera, pois este é um dos gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa.     

REFERÊNCIAS

AMBRIZZI, Tércio. Mudanças Climáticas Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade, 2007: Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI. Disponível em: .Acessado em 13.jun.2012.

Blogers. Gráficos do Aquecimento Global. Disponível em: Acesso em 19 de jun de 2012.

CERQUEIRA, Wagner; FRANCISCO. Brasil Escola. Consequência do Aquecimento Global. Disponível em: . Acessado em 05.jun.2012. 

Eco4u: Verão 2012 será marcado pelo fenômeno La Niña e provocar queda acentuada na produção de soja no Paraná.                                                     Disponível em:. Acesso em 18 de jun de 2012.

FEARNSIDE, Philip. Amazônia grandes reportagens: máquina de fazer chuva, 2007. Disponível em: . Acessado em 05. jun.2012.

GHODDOSI, Sheila Mafra; PELLIZZETTI, Maria Amélia. Controle da Poluição do Ar. Editora Asselvi. Indaial. 2008 p.53.

GOMES, Simone. Impactos dos aerossóis na temperatura. Disponível em: Acessado em 05.jun.2012.

HENRIQUES, Rachel et al. Mudanças Climáticas: Ensino Fundamental e Médio. Brasília: MEC, 2009.

LUZ, Luiz Molina. Info Escola: Catalisadores, 2007. Disponível em: . Acessado em 18 de jun de 2012.

MANZI, Antonio. Amazônia grandes reportagens: máquina de fazer chuva, 2007. Disponível em: . Acessado em 05 .jun.2012.

MARENGO. Mudanças Climáticas: Um Olhar sobre Nossas Cinco Regiões: Impactos das Mudanças Climáticas no Brasil, 2007. Disponível em: Acessado em 17 de jun de 2012.

NOGUEIRA, Salvador. Planeta Sustentável: CO2 é só o começo. 2009. Disponível em: . Acessado em 18 de jun de 2012.

OLIVEIRA, Gilvan Sampaio de. O El Niño e Você. O fenômeno climático. São José dos Campos (SP): Transtec, 2001.

ONU, (1992). Convenção sobre Mudança no Clima: Convenção- Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima. Disponível em:. Acessado em 17 de jun de 2012.

Relatório do IPCC/ONU. Novos cenários climáticos. Disponível em: . Acessado em 17 de jun de 2012.

Rios Voadores, 2012. Projeto Rios Voadores. Disponível em: . Acessado em 05. Jun. 2012.

SOUSA, Nilton José. Influência das Queimadas da Amazônia sobre o Efeito Estufa. Disponível em:. Acessado em 18 de jun de 2012.

UMICORE. Como funciona um catalisador. Disponível em : . Acessado em 18 de jun de 2012.


[1] Acadêmico do curso de Pós-Graduação em Auditoria, Perícia e Gestão Ambiental da FAI- Faculdade de Itapiranga.

Autor:


Artigos Relacionados


Mudanças Climáticas

Inimigo Discreto Da Natureza

Efeito Estufa E O Aquecimento Global

Atividades Antropicas E As MudanÇas ClimÁticas Na AmazÔnia

Exercícios Sobre O Efeito Estufa E O Clima Na Terra

Bovinocultura E Efeito Estufa

Poesia