TEORIA DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL (PARTE 5)



  TEORIA DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL (parte 5)

 

Por uma questão didática e metodológica, todavia, penso que deveria condensar tudo quanto vimos até o presente objetivando a compreensão resumida dos fatos doutrinários encontradiços na Obra Espiritista kardequiana, na Obra Monista da notável intuição ubaldiana e nos escritos do Mecanismo Uno-Contínuo da Criação da presente exposição teórica. Assim, pude conjecturar:

 

-Espiritismo de Allan Kardec:

 

Nessa importante obra temos que a gênese dos Espíritos se dá na condição de: Simples e Ignorantes (ESIs) que vão desenvolver suas potencialidades psíquicas nas múltiplas vestes da natureza dos mundos materiais até ao ponto máximo de evolução como Espíritos Puros e Conscientes (EPCs). O ponto fraco de tal conceituação está no fato de que o dúplice fator: simplicidade-ignorância do ESI não combina com o dúplice fator Divino: Complexidade-Sabedoria e muito menos com a dor a ser experienciada pelo pequenino Ser para a sua paulatina evolução.

 

Ora, o ESI não pecou, não cometeu nenhum ato infrator para com a Lei, então porque tão injusto meio de se progredir pelos numerosos séculos e séculos dos mundos universais? Com efeito, no que resultariam os dons da Divindade, tais como os da Sabedoria, da Justiça e do Amor com tamanha falta de sabedoria, de justiça e de amor? Sem dúvida que é impossível conciliar a grandeza divina com tamanha pequenez de Sua parte. E, se eu, tão insignificante como sou, de tão pouca grandeza e de tão incipiente justiça, ainda apegado ao egoísmo e ao desamor, posso pensar tal como ouso pensar, quanto mais e quanto maior não pensaria Deus em termos de Sabedoria, de Justiça e de Amor?

 

-Espiritismo Integral da Conexão Kardec (=c=) Ubaldi:

 

Em tal perspectiva vamos apreciar e compreender que os Espíritos são criados: Puros e Conscientes (EPCs) numa criação Única e Completa de infinitos seres ao âmbito de Deus.

 

Sendo que uma parcela (n) de tais elementos se permitira levar pela rebeldia e cuja desqualificação psíquica os conduzira às diversas fases da matéria na condição de Espíritos Simples e Ignorante. Em tal ponto, o fenômeno muda de rumos e o ESI vai ter de evoluir pelos reinos da natureza universal e fazer sua reconstrução psíquica que o alçará às anteriores condições como EPC, quite para com a Lei em Deus. Nisto se resume a completação ou conexão Kardec-Ubaldi. O que é plenamente justo e correto por não haver efeito sem causa, dor sem rebeldia e evolução sem involução.

 

 

-Teoria da Criação Espiritual ou Mecanismo Uno-Contínuo:

 

 

Neste sistema, da mesma forma, os Espíritos são criados Puros e Conscientes (EPCs), numa criação Única e Completa de infinitos seres espirituais. Porém, se a criação é Única e Completa, ela é, simultaneamente, Contínua e Incessante conforme idéias e lógicas proposições desta nova Teoria do Mecanismo Uno-Contínuo da Criação, que implica verificar-se, de “tempos em tempos” da incessante criação de EPCs, uma espécie de “varredura espiritual” objetivando “excluir-se” do Plano Maior tudo quanto afete sua perfeita estabilidade na Ordem Plena das coisas em Deus.

 

 

Tal varredura, portanto, implicará nas formas involutivas do não-Ser, do ESI em plano físico e astronômico que, a partir de tal ponto de desfazimento psíquico, e ressurgimento como matéria, terá de alçar-se paulatinamente e reconquistar a grandeza desperdiçada na sublimação de si mesmo, até atingir sua natureza anterior como EPC.

 

 

Assim, ratifico que: se a criação é Única e Completa na Mente de Deus, ela é, paradoxalmente, Incessante e Contínua, implicando haver inumeráveis universos da constituição astronômica (mc) em função dos que “ontem” faliram, dos que “hoje”, e dos que “amanhã”, poderão quedar-se na insurreição e na rebeldia para com a Lei.

 

Ora, Deus criou, cria e criará os EPCs à Sua imagem e semelhança: dotados, pois, de grandeza, de consciência e sabedoria relativa à sua condição de filho, pois que, afinal, o Criador Supremo não geraria de Si mesmo seres paupérrimos de complexidade e, portanto, Simples e Ignorantes, coisas distantes de Suas qualidades e de Sua Máxima Atribuição como Inteligência Suprema do Universo. Mas, os Espíritos são criados perfeitos em relação às suas atividades no plano superior em que se inserem, e, portanto, com perfeição relativa e com conhecimentos aplicados a tais posições, conquanto sejam dotados de infindáveis possibilidades no bojo do infinito Plano Ordenado da Criação.

 

Do que se depreende que os EPCs criados, ou, recém saídos da Criação Divina, tem deveres e obrigações a cumprir, mas não são prisioneiros do Sistema notadamente Orgânico: são detentores de uma prazerosa liberdade, porém, condicionada, visto que não podem ultrapassar os limites pré-estabelecidos em prol da integridade e perfeição mesma do Sistema. Em suma: devem obediência para com a Lei.

 

Mas é óbvio que onde existe o princípio de liberdade, existe, em contrapartida, a possibilidade do seu mau uso, havendo, pois, o perigo de uma transgressão a que a criatura poderia e pode por seus atos incorrer. Neste caso, especificamente, tem o Espírito de enfrentar o problema envidando esforços para equilibrar-se, exercitando a disciplina para não cair em erro, na subversão da ordem previamente constituída. E, se falhar, deve e deverá responder como Ser consciente e partícipe de um Sistema Justo e Harmônico, por suas inevitáveis conseqüências, quais forem as mesmas. A possibilidade do erro, portanto, está inserida na lógica mesma do Sistema, uma vez que, suprimi-la, seria preciso suprimir o princípio mesmo que lhe dera causa: o da liberdade.

 

Ora, em tal caso, de supressão da liberdade, não haveria Espíritos livres e conscientes de suas responsabilidades, e sim, autômatos sujeitos ao determinismo de uma férrea lei. E, isto, pois, está fora de cogitação, não consta e não poderia constar da estrutura do Universo Espiritual, porquanto lhe representaria um seu contrário, uma sua inversão.

 

E o problema que se nos apresenta é o de que:

 

Se o Espírito é livre, pode ele, ao invés de corresponder ao Amor de Deus-Pai, agir contra a Ordem do Sistema, se esta for a sua vontade. O que significa poder quebrar, ou, pelo menos, tentar quebrar a sua Unidade Orgânica, alterando-lhe a estrutura ordenada e saudável. Mas, então, o que pede Deus a seus filhos, gerados de Sua Substância, ato do Seu Amor? Após precedê-los com o exemplo, dar-lhes vida, poder, liberdade e felicidade, propõe-lhes um pacto de obediência à Lei que Lhe exprime o Pensamento e a Vontade. Pede-lhes que, por sua livre vontade, e não por imposição formal, que espontaneamente venham a acatar a Lei, subordinando o teu finito “eu” menor ao infinito “Eu” maior, que dirige e abrange o Todo-Espiritual.

 

Isto porque Deus não quer que seus filhos gravitem em Sua direção forçosamente, e sim por ter compreendido, aceito e querido corresponder ao recíproco Amor. Em suma: Deus não nos pede mais que uma prova de amor para a confirmação de Sua Obra que, assim, estará devidamente pronta para novas e infindáveis realizações.

 

E, portanto, o Espírito criado tem toda liberdade de analisar, de provar sua subordinação à Lei, de demonstrar seu amor a Deus. Afinal, ele deve sua existência a Ele. Mas como criatura livre, o EPC pode e poderá como resposta, confirmar ou renegar, pondo-se dentro ou fora do Sistema, definindo de vez sua posição diante da Lei. O Espírito-filho, pois, pode ponderar à vontade, pode até pensar que esse amor por correspondência, por mais belo e justo que seja, vai implicar também na obediência, ocupando uma posição desigual, de subordinação; implicando, certamente, na sua renúncia e na sua humildade diante do Espírito-Pai que é Maior, mais Sábio e mais Poderoso.

 

E se o Espírito-filho também é grande, sábio e poderoso, poderá ele, então, examinar melhor essa questão, afinal, ele é feito à imagem e semelhança do Pai, e, poderá ele, mais ainda, imitá-lo, e quem sabe até mesmo superá-Lo, destituí-Lo de Sua Grandeza, Majestade e Poder, numa contenda em que se haveria de derrotá-Lo, pois que a união faz a força e a união de muitos Espíritos insatisfeitos, numa gigantesca falange espiritual, pode fazer estremecer as estruturas de Deus.

 

 

Mas Deus, que é o Legislador e a Lei de tudo quanto existe na obra da criação, então, reage, colocando as coisas no seu justo lugar.

 

Assim, dir-se-ia que para todos os filhos recém-criados: conscientes, fortes e poderosos, a tentação é grande.

 

Eis que aí está, sem dúvida, a primeira grande prova a que todos os filhos recém criados têm de passar!

 

De forma que, tal como nos primeiros tempos:

 

No amor e na humildade está a gloriosa vitória do homem em todos os tempos da humanidade;

 

No egoísmo e no orgulho, está a sua derrota.

 

 (fim da parte 5)

 

Teorizador: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]                   

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br

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