A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL – UMA REFLEXÃO



A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL – UMA REFLEXÃO

 

 

 

Eluar Dias Ferreira Nascimento

Licenciada  em Pedagogia pela Unitins/Fael

Regimar Dias Ferreira Araujo

Graduada em Letras pela UFMT.

 

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 RESUMO

Esse artigo traz em seu contexto a reflexão sobre a importância da leitura para aluno da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Aborda as questões relacionadas à sua influência intra-escola e a validade como recurso para o professor no processo ensino-aprendizagem. Apresenta a contribuição das teorias de Freire, Lakatos entre outros autores sobre o potencial da leitura em nosso cotidiano, e a sua importância para o aprendizado. E, procura mostrar a necessidade de considerar a leitura como aquisição e desenvolvimento da estrutura e organização do conhecimento. Procura mostrar que no âmbito docente o pouco crédito dado para prática, restringe a aprendizagem e o rendimento de quem está dentro da educação formal. Diante disso, nas considerações finais evidencia-se a importância de se repensar e refletir sobre o assunto, e demonstra como o profissional da educação pode melhorar o desenvolvimento dos seus discentes na construção de sua autonomia de leitura de mundo.  A leitura em si é a fórmula da eficácia para formação de cidadãos livres e capazes para atuar no atual mundo globalizado.  

 Palavras-Chave: A leitura, didática de aprendizagem, Textos e narrativa, Situações de alfabetização, A leitura como resolução de problemas.

 

INTRODUÇÃO

Este compêndio enfatiza  a reflexão sobre a importância da leitura para aluno da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental e como isso influencia a aprendizagem. Tomou-se por sujeito alunos e professores de uma escola pública municipal onde foram percebidos o déficit de bagagem leitora no currículo estudantil e metodologia docente e a necessidade de considerar a leitura como aquisição de conhecimento no processo ensino- aprendizagem

De acordo com Paulo Freire; 1996: 139 “Respeitar a leitura do mundo do educando, significa tomá-lo como ponto de partida para compreensão do papel da curiosidade de modo geral [...] como um dos impulsos fundamentais de produção do conhecimento”.

O autor expõe a importância da leitura na vida do indivíduo. Assim, entendemos que a leitura coloca o indivíduo dentro de todos os mundos possíveis de se viver. Ensinar requer reflexão e criações permanentes, principalmente em nosso país onde o fracasso escolar está presente na educação, também na política social. Desta maneira para  que o ensino aprendizagem aconteça na alfabetização e anos iniciais, é necessário que os educadores deste processo possuam capacidades para trabalhar a nova proposta e metodologia, com técnicas que insiram o aluno na teoria e na pratica da leitura e escrita de uma forma significativa e prazerosa. É importantíssimo para a formação da criança, ouvir e ler histórias, para construir sua aprendizagem e ser um bom leitor, criando um caminho infinito de descobertas e da compreensão de mundo.

1. A leitura, didática de aprendizagem

 A leitura é uma didática exemplar de aprendizagem, é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento da linguagem e da personalidade. Propicia a retirada de barreiras educacionais, principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual, elevando a possibilidade de normalização pessoal do individuo. De acordo com Piaget,

 as crianças adquirem valores morais não só por internalizá-los ou observá-los de fora, mas por construí-los interiormente através da interação com o meio ambiente. Nesta fase, ouvir história (principalmente os contos), entre outras atividades, é possibilidade real de desenvolvimento e aprendizagem (PIAGET, 1981, p.94).

O desenvolvimento das capacidades mentais do aluno é alcançado no processo de assimilação de conhecimentos, habilidade e hábitos. Portanto, a assimilação requer uma linguagem de comunicação entre o docente e o educando, ou entre assimilação e o conhecimento a ser aprendido pelo aluno. Sendo a principal linguagem usada na escola, a leitura dos textos, cuja compreensão se caracteriza pela utilização dos conhecimentos prévios, permite que o leitor reconheça através da leitura o que ele já sabe, e através do seu conhecimento adquirido ao longo da vida faça a sua leitura de mundo.

Podemos então afirmar que ler e escrever são duas atividades fundamentais da alfabetização conduzidas mais ou menos paralelamente partindo do elo que uma se constrói com a outra. Ensina-se a ler e a escrever letras, famílias silábicas, palavras, frases e textos, numa pratica que ao longo do ano escolar se dá mais ênfase à escrita que à leitura. De acordo com as afirmações de Cagliari (2002, p.103), "a escrita, seja ela qual for, tem como objetivo primeiro permitir a leitura. Leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala". Desta forma é evidente que a leitura precede à escrita, primeiro a interpretação depois o registro.  Em consonância com Carmem Lúcia Enterer (Didática e Práticas Educativas - UFMG), o professor deve se fundamentar no fator principal que é: “o que ensinar – e como as crianças vão aprender esse conteúdo”.

 

2. Texto e narrativa   

              Devemos, antes de tudo, definir um aspecto da narrativa. Para isso, citamos Faria (2007, p. 58) que afirma: “A técnica da simultaneidade e os indícios gerais que indica a passagem do tempo e as mudanças no espaço

                   Ampliando esse conceito para a narrativa podemos referenciar Faria (2007, p. 59), que em seus conceitos completa da seguinte forma: “o uso de elementos técnicos que fazem progredir a ação ou que explicam espaço, tempo, características das personagens”.

     Como podemos perceber, a leitura da imagem e da narrativa possibilita a compreensão do espaço geográfico a qualquer momento, desenvolvendo a capacidade de observação, análise, comparação classificação e situações hipotéticas, bastando apenas ter em mãos um texto adequado, um leitor e uma boa imaginação. 

Segundo Farias (2007, p. 59):

 No decorrer de algumas sessões de leitura do livro de imagem, a criança vai entendendo o “como se faz ou é feita” essa história. Tudo isso exige do  pequeno leitor competências específicas  e domínio da estrutura e das técnicas da narrativa. A narrativa nos livros de imagem pode ter um encadeamento muito simples, mas pode também chegar a estruturas bem complexas, que exigirão do leitor muita atenção para entender o desenrolar da história, e suas sequência e cenas e seu epilogo.

 Para Farias (2007) os resultados desta narrativa podem se apresentar de forma clara para o leitor, mas pode também ser complexa e o leitor terá que ter desenvolvido o processo dinâmico; o conhecimento construído pela atenção.

                  

3. Situações de Alfabetização

                    A escrita e a leitura, a nosso ver, são as áreas mais atingidas em uma população com baixa escolaridade ou sem alfabetização.  A escrita bem como as atividades de leitura não está presentes nos lares dos alunos pertencentes a esta população.

Segundo Ester Calland a escrita pode parecer inútil porque as crianças não conhecem o “gesto de leitura” em casa. Sem desenvolver o habito, espelho de seus pais, os alunos chegam à escola, desprovidos de conhecimento literário.

Na escola, a criança deve crescer em um ambiente no  qual  veja  que a leitura e a escrita está presente em muitas situações, (Revista criança), “tanto nas lúdicas – leitura de livros de história, poesia, brincadeira com trava-líinguas e parlendas – até os usos mais sociais - jornais, listas, cartazes”, Ester Calland.

É preciso alertar que na fase de audição de narrativa, o docente não pode escolher um tipo de literatura que vise a apenas o ensino sobre higiene e, cuidado ou valor moral. O que indica que a escolha dos textos deva favorecer a formação de  outros valores e hábitos para o futuro leitor.

As rimas, por exemplo, facilita a memorização e a criatividade em que reconhece que o texto está escrito.  Outro fator que o educador precisa atentar seria o excesso de atividades que apenas diverte e agrada a criança. Os alunos precisam ter contato com textos impressos e outros não literários com diversos objetivos e variadas funcionalidades.

A alfabetização tradicional não necessariamente tem que ser a expectativa do professor. A apresentação de revistas em quadrinhos, propaganda, embalagens, receitas, bulas de remédio, certidão de nascimento devem ser objetos de investigação e experimentação, de modo que os gêneros textuais possam permear a aprendizagem da criança.

 

 

4. Leitura como resolução de problemas

                    Com histórias claras e personagens bem definidos, é possível atingir a mente das crianças, divertindo-as e estimulando sua imaginação, contribuindo para a formação da personalidade desses pequenos leitores. Através do contato com a literatura  as crianças podem vivenciar com os personagens, conflitos, impasses que logo vão sendo solucionados de diversas maneiras. Ela percebe, analisa e formula hipótese de solução para os desafios que estão na vivência do seu cotidiano.

As crianças, através da leitura e da utilização dos contos, e conforme BETTELHEIM (1980) “aprendem sobre problemas interiores dos seres humanos e sobre as soluções e também é através deles que a herança cultural é comunicada as crianças, tendo uma grande contribuição para a sua educação moral”. O que se pretende enfatizar é a importância de construir o conhecimento através do habito da leitura de diversas fontes literárias junto com o educando, motivando o aprendizado com significado de maneira lúdica e prazerosa para o aluno.

Ao ouvir historias, a criança vai construindo seu conhecimento da linguagem escrita que não se limita ao conhecimento de marcas gráficas, produzir ou interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos linguísticos. Ouvindo historias a criança aprende pela experiência a satisfação que uma história provoca, aprende a estrutura da história, passando a ter consideração pela unidade e sequência do texto. Aprende pela experiência o som de um texto escrito, lido em voz alta.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 De acordo com Paulo Freire (1996: 139), é notória  a importância da leitura na vida do indivíduo, visto que ela coloca o indivíduo dentro de todos os mundos possíveis de se viver.

De algum modo, o mundo literário oferece um universo de aspectos sociais e morais que pode ser explorado no sentido de contribuir para a formação de valores e atitudes num mundo hodierno, colaborando assim também com as habilidades necessárias à inserção consciente na sociedade e na construção de um processo sócio-construtivista de alfabetização.

No entanto para que a criança se torne leitora e autora dos próprios textos, é necessário que em algum momento do processo de alfabetização tenha adquirido conhecimento específico do código alfabético, mas também tenha imaginação fluente capaz de desenvolver textos criativos e sua habilidade de leitura. A oferta de diferentes textos para o educando pode trazer benefícios que não podem ser medidos, pois fazem, através da curiosidade, com que a criança seja alfabetizada com prazer e autonomia.

        “A escola deve assumir seu papel social reconhecendo-se não como a chave para transformação social, mas como ponte para a mesma”. (Freire, 1988).

Assim, contar histórias a uma criança tem que se tornar uma atividade bastante corriqueira, nas mais diversas culturas do mundo em varias situações, tanto no âmbito familiar como no escolar.

Muito se tem pesquisado e discutido em diversas áreas do conhecimento sobre o que acontece durante a aquisição e o desenvolvimento da linguagem no ser humano. Em se tratando da aquisição da leitura e da escrita, fica claro que os gêneros (histórias) podem oferecer muito mais do que o universo ficcional que demonstram e a importância cultural que carregam como transmissoras de valores sociais. Pensado assim, o presente artigo procurou mostrar a importância da leitura de textos não convencionais no processo de alfabetização sócio construtivista limitando-se a pesquisas bibliográficas descritivas e explicativas. No entanto, tais estudos podem ser aprofundados também quanto à importância no desenvolvimento psíquico da criança.

Após esta pesquisa bibliográfica, percebeu-se a importância de se repensar e refletir sobre o assunto, e em como o profissional da educação  pode melhor orientar o desenvolvimento dos seus discentes na construção de sua autonomia de leitura de mundo.


REFERÊNCIAS

 BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980, p.11-154.

 CAGLIARI, L. C.  Alfabetização e ortografia. Educar, n. 20, Curitiba: Editora UFPR, p. 43-58, 2002.

 CERVO, A. L.; Bervian. P. A. Metodologia Científica. São Paulo: Makron Books, 1996.

 FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

 FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Scipione, 1996.

 LAKATOS, E. M. ; Marconi, M. de A. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1991.

 PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3ª Ed. Brasília, 2001.

 Revista Criança, do professor de Educação Infantil, O prazer da leitura se ensina, com Ester Calland de Sousa Rosa

 SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 20 ed. São Paulo: Cortez, 1996.

 VIEIRA, Leociléa Aparecida. Projeto de Pesquisa e Monografia. O Que é? Como se Faz? Normas da ABNT, 3ª Ed. Curitiba: Editora do Autor; Campagnat, 2004.

 

 

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