A Formação Do Indivíduo No Novo Cenário Mundial, Frente às Transformações Sociais, Econômicas, Políticas E Culturais



Falar em formação do indivíduo nos tempos atuais é adentrar num conceito controverso que tem na escola a sua legitimação, em nome de um suposto saber que forma e transforma.  Ao abordarmos o tema formação temos que ter em mente uma pergunta crucial: queremos forma que individuo e para qual sociedade?

Ao longo da história a escola foi entendida pela Igreja e pela indústria como uma grande arma de manipulação e os mesmos investiram nela para os fins desejados, perpetuando sistemas de exploração e objetivando através de métodos pedagógicos uma subjetividade capitalista que se configuraria ao longo da história como um sistema macro e complexo de práticas, que, até os dias de hoje, atravessam o fazer pedagógico no modo como concebemos a educação, a escola e o trabalho.

Hoje, sob o slogan da qualidade total do neoliberalismo, a Educação se torna cada vez mais domesticada na cartilha do capitalismo, negligenciando aspectos importantes da formação humana.

É um desafio para a escola e para a educação romper com essa vertente capitalista que perpassa sua prática, visto que, quem dita as regras é o mercado, restando à escola o papel social de preparar seus alunos para uma melhor inserção no mercado de trabalho através daquilo que para ele é importante, alienando-se de sua função primeira.

(...) a escola tem contribuído muito mais para o mercado de trabalho, não quando tenta diretamente formar profissionais para exercer suas funções no sistema produtivo, mas quando deixa de lado suas outras funções sociais relacionadas à dotação de um saber crítico a respeito da sociedade do trabalho alienado, pois não prepara para a crítica do trabalho alienado é uma forma de preparar para ele. (PARO, 1999, p.113)

As conseqüências desse tipo de enfoque restritivo são alunos cada vez mais individualistas e competitivos, deixando de lado valores e atitudes importantes, que, por conseguinte, aliena o educando, levando-os a um futuro sem precedentes.

Todo esse mover tecnológico, econômico e social que nos impõe a globalização, deve nos motivar assumir posturas que preconizem e/ ou interponha os efeitos negativos e alienantes gerados por esses ditames, tidos como inevitáveis e necessários.

A importância da formação propedêutica, da educação para a cidadania, para o bem-viver, para a solidariedade e etc. é o que deve reger as práticas para esses tempos de crises e incertezas. A escola não pode mais estar sendo ferramenta nas mãos do capitalismo, pois os objetivos que se buscam na empresa capitalista não são diferentes, mas antagônicos aos buscados na escola. (PARO, 1999, p.101).

Só podemos ter um discernimento claro sobre que educação queremos para nosso tempo, se entendermos educação de forma crítica e buscarmos a efetivação plena de sua função. Segundo PARO (1999, p.111), à escola fundamental deve ser reservada a tarefa de contribuir, em sua especificidade, para a atualização histórico-cultural dos cidadãos. Isso implica uma preparação para o viver bem, para além do simples viver pelo trabalho. Parece, portanto, passível de critica a centralidade que, pelas mais diferentes razões e por pessoas e instituições dos mais variados matizes políticos, se pretende dar à preparação para o trabalho em nossa escola, hoje.

Com tantas transformações que atravessam a sociedade e com outras tantas exigências que o mercado de trabalho vem fazendo a formação da mão de obra trabalhadora, a escola deve exercer sua autonomia e não mais buscar na economia razões para sua importância e sim contribuir dentro daquilo que é sua função propiciando a seus educando situações concretas onde atuem valores que possam contribuir para desarticular a ideologia do mercado incrustada no dia-a-dia da sociedade e, em particular, no sistema escolar (Paro, 1999, p.118)

A educação para esses tempos de mudanças não consiste em pedagogias novas e sim em conscientização do verdadeiro valor e função social da escola, pois através desse resgate teremos pressupostos que nos permitam pensar numa educação sob novos paradigmas que não o do mercado. Temos que ter consciência do grande papel da Escola, e investirmos nossos esforços, não para a reprodução das desigualdades, mas para a promoção do ser humano, para sua politização, para formação de sua autonomia como indivíduo, e conscientizá-los que a mudança é possível. Essa é uma das vertentes de formação para tempos globalizados.

Referência:

PARO, Vitor Henrique. Parem de Preparar para o trabalho!!! Reflexões acerca dos efeitos do neoliberalismo sobre a gestão e o papel da escola básica. In: FERRETTI, JÚNIOR e OLIVEIRA (Org.). Trabalho, Formação e Currículo: Para onde vai à escola? São Paulo: Xamã, 1999. p.101-119.


Autor: Fábio Gomes


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