ENEM, GERAÇÃO Y E CELULAR EM SALA DE AULA: Uma combinação explosiva



ENEM, A GERAÇÃO “Y” E O CELULAR EM SALA DE AULA: UMA COMBINAÇÃO EXPLOSIVA. 

Eles estão por toda parte com bonés nas cabeças, fones nos ouvidos e um celular nas mãos, não importa o ambiente; realizam downloads, uploads, montam vídeos, hits dançantes, enviam mensagens, mas encontram dificuldades para produzir um texto básico ou realizar um cálculo matemático sem utilizar os recursos eletrônicos.

Igualmente grave é o fato de que no pacote da ascensão social não estão inclusos regras de boa convivência no tocante ao uso dos equipamentos eletrônicos; Constantemente em meio a uma e outra explicação, as aulas são interrompidas pelo barulho quase sempre extravagante do ruído de mensagens recebidas ou pelo toque incessante dos celulares, sem falar nas competições que acontecem com o auxílio cada vez mais possante das caixinhas de som com dispositivos USB que desfilam os pancadões, os funks  e os proibidões que estão “bombando” na rede”.

A “Geração Y”, assim como as antecessoras carrega sobre si a marca de seu tempo com reflexos da política, da economia e das relações travadas no quintal de casa; filhos “superprotegidos e acostumados a terem o que querem para compensar a ausência dos pais workahoclics; são agitados, inquieta”[1] e sabe como nenhuma outra lidar com a tecnologia e desafiar a autoridade dos pais e de seus superiores sejam eles os professores em sala de aula ou os chefes nos locais de trabalho.

Os “Ys” cresceram rodeados pela diversidade de conhecimento talvez por isso, numa rápida olhada, podem ser classificados como prepotentes, petulantes, mas é preciso admitir que esses jovens entre 31 e 8 anos de idade têm muito a ensinar aos mais velhos, inclusive aos professores em sala de aula, quando o assunto é tecnologia.

Não há muito consenso em torno do termo nem do momento em que eles surgiram[2], alguns, como Gary Hammel, guru de gestão norte americano prefere chamá-la de geração Facebook, em função da alta conectividade com as redes sociais, talvez pelas respostas rápidas, democráticas e sem cerimônias, onde o jogo e o trabalho podem estar ao alcance de um Click.

 

OBS: Uma vez que não há consenso sobre os anos limítrofes de cada geração, a tabela apresenta uma média simples das datas mais comuns, exibindo na legenda concepções mais abrangentes e mais restritas de cada caso.

O fato é que novos tempos, novos hábitos, novas maneiras de se relacionar requeria também uma nova linguagem, com a cara de seu tempo, rápida e criativa. A solução surgiu com três letrinhas “MSN”. Ao contrário do que muita gente pensa os códigos por eles utilizados apesar de fugir as regras gramaticais, são eficientes para as finalidades a que se propõe; as gerações “Baby Boom” e a “X” precisam estar antenados para decifrá-las; Estes jovens se comunicam rapidamente através de torpedos com frase curtas e mal elaboradas; não tem paciência para conversas longas; trabalham conectados ao, Facebook, Youtube, MSN, Orkut Tumblr e Twitter e produzem soluções criativas para velhos e novos problemas. Como desprezar essas ferramentas tão produtivas em sala de aula? Como transformar essa criatividade em conhecimento? Como lidar com aqueles que não se enquadram nas regras escolares e sociais?

Sou historiador, pós-graduado pela Universidade Federal Mato Grosso, trabalho atualmente em uma escola estadual da rede oficial de ensino e no ano letivo de 2012 a principal queixa dos professores com relação às dificuldades no tocante ao processo ensino aprendizagem no primeiro bimestre estava relacionada ao uso indevido do celular em sala de aula. Depois de muitas tentativas frustradas, resolvi utilizar os celulares para produzir conhecimento utilizando os pressupostos da metodologia da pesquisa bibliográfica e da pesquisa oral postando o resultado em bloggers criados pelos próprios alunos.

Foi uma experiência exitosa, abandonamos o espaço da sala de aula e fomos fazer entrevistas com entes da própria família levantando dados caracterizadores dos entrevistados: nome; idade; estado civil; etc. dados da história de vida com enfoque no resgate da memória do trabalho, profissão, ocupações ao longo da vida; idade com que começaram a trabalhar; o significado do trabalho em suas vidas; estudo, distância entre casa, escola ou falta dela e o significado da mesma em suas vidas.

Para estimulá-los eu também fui produzindo os meus textos para servir de suporte aos alunos. O projeto foi executado no período vespertino, exatamente no turno em que aproximadamente trinta por cento dos educandos são oriundo da Escola do Campo e apresenta o pior desempenho da escola. A experiência ganhou uma dimensão tão grande que muitas ações se expandiram para outros turnos envolvendo técnicos, pais, avós, funcionários aposentados, além de professores de outras áreas do conhecimento.

No entanto a Geração Y sempre nos surpreende e ao entrar no Facebook buscando informações sobre o ENEM me deparei com uma postagem de um aluno da escola em que trabalho que havia se tornado uma celebridade às avessas, fotografou o gabarito da prova e postou em tempo real na rede social. Posteriormente comecei a acompanhar a postura dos demais colegas e de internautas que tiveram acesso a postagem e ao próprio posicionamento do Ministro da Educação e fiquei muito preocupado. Que os jovens se sintam ameaçados e com medo diante das inseguranças naturais dessa fase da vida é normal, mas taxar o aluno de pichador digital é uma afronta.

Somos desafiados todos os dias em sala de aula e precisamos transformar o limão em limonada. Por que o MEC não faz o mesmo ao invés de apenas punir alguém que mostrou a fragilidade do sistema? Fica ai a interrogação e a sugestão do uso das ferramentas digitais em sala de aula, afinal se não fosse a ousadia da geração “Baby Boom” representados pela Presidenta Dilma e pelo Ministro Aloizio Mercadante talvez não tivéssemos atualmente uma mulher na Presidência da República.

Por outro lado há que se destacar a agilidade que os organismos oficiais tiveram para identificar e punir os transgressores; em fração de minutos os infratores já haviam sido identificados entre os milhões de usuários do Facebook; seguramente batemos um recorde em eficiência. O jovem nem havia saído da sala de aula em uma cidadezinha no interior de MT e já existia uma ordem de detenção e encaminhamento para o Pólo Regional da Polícia Federal. Se agíssemos assim com os crimes de desvio de dinheiro público, com os sonegadores e com os traficantes seguramente o país seria a maior potência econômica do planeta.

O problema é grave, mas requer solução criativa e eficiente, precisamos aprender com os erros de cada edição das provas, pois acredito que não irão colocar detector de metal nas portas das salas e outros aparatos apenas para aplicação de prova do ENEM e já imaginaram se cada professor que pegasse um aluno usando o celular de forma inadequada ligasse para a polícia federal e  imediatamente eles fossem presos? Será que haveria espaço nas cadeias para tantos infratores?

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[1] Fonte: http://www.infoescola.com/sociedade/geracao-x/

[2]Fonte:ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_X

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