Duas doses de amor e um coração vazio



Como os aniversários, quando o amor começa e recomeça, de maneira que tudo na vida vira novidade, obra, beleza natural, que une (ou reúne) dois amantes apaixonados.Tom e Vinícius não acreditam no fim do amor assim tão de repente, e vou confessar, nem eu acredito que possa existir um fim rápido de uma coisa tão bela, pois se assim for, não é amor. O amor, pode ir se despedindo devagar, como o choro sofrido de uma antiga viola tocada pelo velho carajá; o amor pode acabar aos poucos, como se a garota da praia, mais bela, da beleza mais rara única e formosa, estivesse saindo de Ipanema por causa do sol da tarde que acaba na areia e abandona os fios dourados dos seus longos cabelos ondulados;  meu amigo, pra lhe ser sincero. se o amor acabasse, seria como o fim diário do matrimônio entre a madrugada e o amanhecer.

O fim do amor é algo desinencial que não toma lugar nos corações daqueles que ainda acreditam nesse sentimento. O amor começa com beijinhos sem ter fim, o tal do amor pode ser shakesperiano, onde seja trágico como em Romeu e Julieta,à moda de Álvares de Azevedo ou pode ser uma incrível comédia de Luís Fernando Veríssimo: cotidiana, leve e com um gosto amargo de drama afogado nos vários copos de cachaça tomada nos morros pelos boêmios cariocas no fim da tarde.

Às vezes o amor começa numa gafieira ou uma roda de samba nas noitadas banhadas pela maresia em pleno verão abençoado do Rio de Janeiro. O amor sabe sambar, ele rodopia, com alguns passinhos descompassados, um pouco até embriagados, mas com a dose certa de amor sem fim. Vem uma jogada de cintura dela pra lá, um passinho proposital dele pra cá, quando thum! Dois corações dançantes ali, no mesmo ritmo, abraçadinhos ano som de Caetano, onde dança na pista o começo de mais uma história de amor. Depois do beijo, o desejo, o suspiro, o enfermo de amor. Então viagens, discussões, chocolates e flor. Aí um padre, igreja cheia, lua de mel de Paris ao Leblon...Passam- se dias, anos, novelas e filhos, vêm as contas de luz, de escola, de faculdade.

No fim da tarde, no fim de uma vida- não do amor- volta-se ao mesmo samba de gafieira, no fervor da noite carioca, onde recomeçam os reencontros de casais, de corações, de homens e mulheres sensuais, que tem percepção nas veias que correm em seus corpos quentes, que o romance carioca estará sempre no ar, a bailar, sempre descompassado e tresloucado, gerando o amor.Existe a esperança da sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida- como diria Cazú- na espera do reecontro do grande amor da vida de cada um, para todos os dias acordar apaixonado pelo mesmo alguém, e estar pronto para encher os copos e corações vazios com várias e longas doses de amor no final de cada verão.


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