CELEBRAÇÃO DE NÚPCIAS: OU DO ATO DE ESCREVER



CELEBRAÇÃO DE NÚPCIAS:

OU DO ATO DE ESCREVER

 

Idanir Ecco[1]

Há uma força motriz mais ponderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a vontade.

                                                            (Albert Einstein)

            Escrever, do latim scribere, representar por meio de caracteres, da escrita, significa exprimir, por sinais gráficos, nada mais, nada menos, nossos pensamentos. É possibilitar que a imaginação “alce voo”. No entanto, observa-se, sem muito esforço, a imaginação com “asa quebrada”, haja vista, dificuldades manifestas por número significativo de pessoas em expressar, graficamente, seus pensamentos.

            O que é necessário para iniciar-se no mundo da escrita? Escrever sobre o quê? O que é preciso para que as palavras fluam? Existe fórmula, receita para escrever bem? Por que escrever? Quando e para quê...? Estas são algumas das indagações que frequentemente nos são dirigidas, em situações formais ou não, em que se orienta/reflete-se sobre a imperiosa necessidade de desenvolver, aprimorar e exercitar o ato de escrever, condição de “sobrevivência” em contextos caracterizados pelo letramento.

            A melhor estratégia para iniciar-se no mundo da escrita é registrar o que se está pensando, tendo como referência um determinado tema. Noutros termos, significa dizer que para escrever é preciso ter “um ponto de partida”, que desperte interesse, que provoque o pensamento, bem como, que seja estabelecida uma “relação amorosa” entre escritor e tema. A afetividade entre ambos possibilita motivação, entusiasmo, predisposição para o desvelamento temático, para o entendimento, para a expressão, configurando-se numa espécie de estimulante natural ou fonte energética sem contra indicação para o ofício em questão.

         Identificado o tema e despertado os melhores sentimentos para com ele, parte-se para a coleta de informações, mediante leituras relacionadas ao assunto, dica infalível para que as palavras possam fluir, quando da redação textual. Para redigir faz-se necessário estar “abastecido” de informes, dados, noções..., respectivamente, “ruminados”, isto é, refletidos.  Aliás, comparativamente, nada se extrai de um recipiente vazio! Portanto, para se escrever sobre determinada matéria, há que se ter conhecimento e, a partir disso, dar vida à escrita, imprimindo um estilo próprio, sem desleixar dos cânones linguístico-literários, da língua culta. Todavia, em relação ao ato de escrever, o maior desafio consiste em começá-lo.

            Dicas para escrever, encontramo-las, com pouca fadiga, como por exemplo, em revistas, sites e obras com essa especificidade em foco, predominantemente, discorrendo sobre elementos indispensáveis para uma boa escrita. Porém, inexistem fórmulas, receitas para escrever fluentemente. O que existe é a convicção de que o ato de escrever é uma ação laboriosa e que demanda disciplina, determinação, persistência, humildade, senso crítico: virtudes necessárias, entre outras, a qualquer humano que se propõe a exercer o labor de escritor.

            Em momento algum é demasiado insistir sobre a necessidade premente em registrar, manual ou virtualmente, nossos pensamentos, nossas leituras. Para argumentar a esse respeito, apropriamo-nos de registros gráficos, do filósofo alemão, Schopenhauer (1788-1860), que compõe uma de suas obras, A Arte de Escrever (2009, p. 52), publicada pela L&PM: “A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. Achamos que nunca esqueceremos esse pensamento e que nunca seremos indiferentes à nossa amada. Só que longe dos olhos, longe do coração! O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada, pode nos abandonar se não nos casarmos com ela”. Escrever é uma celebração de núpcias, um enlace que fazemos com o pensamento(s).

            Com o intuito de arrematar essa reflexão parafraseamos a afirmação de Einstein, epígrafe deste texto: a vontade é a força motriz mais poderosa que existe para dinamizar o ato de escrever.

[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]

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Autor: Idanir Ecco


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