Proximidades e diferenças da língua portuguesa com a língua espanhola.



Proximidades e diferenças da língua portuguesa com a    língua espanhola.

 Autoras: Fabiana Alves Moraes e Sueli Aparecida Rangel

 Resumo

Esse artigo aborda o tema que envolve proximidades e diferenças entre o português e o espanhol adquirindo assim mais segurança para o uso da língua, pois se não deve desconsiderar o fato de que não só as formas e os significados são diferentes, mais também as conotações que adquirem os enunciados nos diversos contextos.

A partir da constatação de que se “conhece” espanhol, fica mais difícil ensinar uma língua a alguém que pensa que a conhece.

O fato é que o falante de espanhol não supera essa fase inicial de interlíngua, uma vez que ela satisfaz as necessidades imediatas de comunicação, situação esta que provoca o surgimento de uma interlíngua comumente chamada de portunhol.

Essas questões apontadas sobre a proximidade das línguas portuguesa e língua espanhola levam a crer que, o ensino ao ser mediado por computador exige abordagens, métodos e técnicas diferenciadas.

Pretende-se com esse artigo trazer uma reflexão aos conceitos das línguas e promover a atualização e discussões sobre as inúmeras semelhanças e diferenças semânticas entre a língua portuguesa e a língua espanhola, possibilitando maior entendimento entre os falantes das línguas no processo educativo global dos estudantes, expondo-os a um caminho fértil para construção da sua identidade.

Conceituando e abordando as diferenças semânticas e lexicais, e alguns aspectos existentes entre as línguas portuguesa e espanhola; reconhecendo que é no aprendizado de uma ou mais línguas que possibilita o acesso a bens culturais.

Primeiramente são abordadas as leis que implantaram o espanhol no Brasil onde ressalta o interesse pela aprendizagem da língua espanhola devido à criação do MERCOSUL.

È abordada também a formação de professores de língua espanhola, o incentivo que o MEC apresenta na implantação de cursos de formação continuada para professores que estão nas escolas, e para os futuros professores, e a posição que a língua espanhola ocupa no mundo hoje que esta relacionada ao enriquecimento profissional.

Num segundo momento, é enfatizados a inclusão da língua espanhola no ensino fundamental e ensino médio como língua estrangeira, a lei do sistema brasileiro que considera obrigatório o ensino de língua estrangeiras no ensino médio e fundamental, e o papel educativo do ensino de língua estrangeira na escola, onde será necessárias a interação com outras disciplinas contribuindo significativamente para a relação que mantém com a língua portuguesa.

Num terceiro momento, é dada ênfase às proximidades entre o espanhol e o português nos aspectos, lexicais e semânticos e as formas pronominais de tratamento que tem por objetivo contribuir para dissipar dúvidas freqüentes quanto a maneira ideal de referir-se ao interlocutor, e as proximidades que há entre as línguas.

São explicados também os falsos amigos, de uma forma bem sucinta em um breve fechamento com exemplos sobre o uso dos falsos cognatos que podem ser inseridos em diversas situações, avaliando a semelhança quanto à grafia, à pronúncia e significado em ambas as línguas.

 Palavra-chave – Linguagem, Línguas Espanhola e Língua Portuguesa.

 Introdução

Tendo em vista que o espanhol ganhou prestígio com sua implantação como língua oficial do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) (o que conseqüentemente levou as escolas públicas e particulares do Brasil a implantá-la como mais uma opção de língua estrangeira). Da mesma forma, as Instituições de nível superior passaram a oferecer inúmeros cursos de graduação com a habilitação em língua espanhola, aumentando gradativamente a procura pela mesma nos cursos de idiomas em geral.

Considera-se que as duas línguas mencionadas são semelhantes por serem originadas do latim, criando-se desse modo à concepção de que a língua espanhola é fácil, levando os falantes a perceber com mais facilidade as semelhanças do que as diferenças. Além disso, faz com que falem uma mistura de espanhol com o português, mas muitas vezes pensando que realmente estão falando a língua alvo, espero que com esse artigo as pessoas possam esclarecer algumas duvidas.

No entanto o interesse pela aprendizagem da língua espanhola em todo o Brasil devido á criação do MERCOSUL tem crescido gradativamente. No (dar espaço) caso do ensino do espanhol no Brasil, por exemplo, o número de cursos destinados á aprendizagem dessa língua tem crescido anualmente para suprir as necessidades de trocas de informações entre o Brasil e seus vizinhos hispano falantes.

Nos anos 90, iniciaram-se muitas dessas transformações. A autora (Celada, 1991) aponta para o fato do substancial aumento da demanda pelo ensino de língua espanhola nesse período, fazendo com que o espanhol passasse de uma língua que não necessitava ser estudada a um idioma necessário e imprescindível.

A principal causa para essa mudança repentina no status na língua espanhola costuma ser atribuída á criação do Mercosul, embora haja uma série de fatores que tenham influenciado na demanda pelo ensino do espanhol.Também seriam fatores importantes nesse processo e influenciado na posição desse idioma como língua veicular, isto é, como veiculo de comunicação, o crescimento do poder econômico da Espanha e o crescente aumento do espanhol nos Estados Unidos.

De fato, o Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, que abre as portas para a constituição de um Mercado Comum entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e seus posteriores protocolos mudaram não só as relações econômicas entre países membros do acordo, mas também a valorização do espanhol e do ensino dessa língua. Dentre os acordos firmados no Mercosul, está a obrigação do Brasil em ofertar o espanhol como língua estrangeira nos estabelecimentos de ensino e vice-versa, países de fala espanhola ofertar o português nas escolas.

 Em dezembro de 2000, o deputado Átila Lira apresenta, na Câmera dos Deputados, o projeto de Lei 3987/00, que dispõem sobre o ensino da língua espanhola. Após quase cinco anos em tramitação no Congresso Nacional, o PL é transformado na Lei Ordinária 11.161/2005, publicada no Diário Oficial da União em 5 de agosto de 2005.

De acordo com o artigo 1 da Lei n 11.161/05, o ensino de espanhol deverá ser implantado gradativamente nos currículos plenos do ensino médio. Fica estabelecido que a oferta língua espanhola seja obrigatória pela escola e de matricula facultativa para o aluno. Percebe-se, assim, que houve uma preocupação em deixar que o próprio aluno decida se quer ou não estudar essa língua estrangeira. Cabe agora verificar se as escolas realmente apresentam, ou pretendem apresentar, o espanhol como língua facultativa e como o fazem, ou farão, uma vez que é necessária uma boa organização estrutural no que se refere a horários, professores, números de alunos por turma, para que cada estudante possa fazer valer o seu direito de estudar.

A mesma diferenciação ocorre nos artigos 3 e 4. Os sistemas públicos deverão implantar Centros de Ensino de Língua Estrangeira com a oferta obrigatória do espanhol e, conforme este, a rede privada poderá fazê-lo por meio de aulas convencionais no horário normal ou por meio de matrícula em cursos e Centros de Estudos de Língua Estrangeira (CELE). Existem estados do Brasil, onde foram implantados os centros de Ensino como Paraná, São Paulo.

De acordo com a professora do CEFET RN, Ana Beatriz Perez, que preside a Secretaria Nacional das Associações de Professores de Espanhol, além de adiantar os preparativos para o referido Congresso, a reunião resultou na publicação de uma carta pública defendendo a legislação que atribui a formação docente em espanhol como responsabilidade das instituições de ensino superior, com carga horária mínima de 2.800 horas.

Em função da Lei 11.161, aprovada em 5 de agosto de 2005, que torna obrigatória a oferta de Língua Espanhola nas escolas de Ensino Médio e implica diretamente a necessidade de formação de docentes dessa disciplina, as Associações de Professores de Espanhol de vinte e cinco estados brasileiros reunidos em Cuiabá manifestaram a respeito da questão da formação de profissionais com habilitação em espanhol.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso, desde 2004 existe uma parceria com a Embaixada da Espanha no Brasil, para cursos de formação continuada. Inúmeros professores de espanhol do Estado de Mato Grosso participam todos os anos de cursos de atualização oferecidos pela Embaixada em convênio com a Seduc-Mt. Os professores que ministram estes cursos são assessores lingüísticos espanhóis da Consejería de Educación-Brasil, cuja finalidade dos mesmos é auxiliar o país no que tange ao aperfeiçoamento e capacitação de professores de espanhol.

Em março de 2006, surgiu uma proposta mais ousada: transformar Mato Grosso em pólo de referência do ensino de Espanhol da Região Centro Oeste, com a criação do Centro de Recursos Didáticos de Espanhol, que funciona na E.E. José de Mesquita, Cuiabá MT e que conta também com o auxilio de um assessor lingüístico espanhol.

Além da aplicação de R$ 222 mil – o governo da Espanha vai destinar cerca de R$ 40 mil por ano para o Centro de Recursos de Mato Grosso. O Centro é o quarto criado no Brasil, onde seu trabalho no sentido de motivar, orientar e capacitar professores das escolas estaduais de ensino médio não apenas em nosso estado, mas também, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins.

O MEC pretende incentivar o aumento da formação de professores nessa área. Uma das medidas será a implantação de cursos e vagas na habilitação de espanhol, assim como cursos de formação continuada para professores que já estão nas escolas. Um aspecto importante que deve ser destacado é a necessidade de uma boa formação para o futuro professor, o que não pode ser feito com medidas de urgência que ignorem a qualidade da preparação deste profissional.

Diante desta realidade, inserida num contexto maior de transformações sociais, os professores de espanhol no Brasil se vêem diante de uma tarefa gigantesca e urgente. Entretanto, apesar dessa urgência, é inadiável refletir sobre a formação adequada e rápida de professores de língua espanhola e também sobre as especificidades de ensinar uma língua estrangeira.

No contexto vivido na América Latina, os profissionais em ensino de línguas estrangeiras, especialmente em espanhol e em português para estrangeiros, se debrucem sobre novas metodologias, novos currículos para a formação de professores que tenham os conteúdos atualizados e mais específicos e, principalmente, sobre os rumos das novas políticas de ensino, para que assim as novas metodologias possam incentivar os alunos sobre a importância de se aprender uma língua estrangeira.

Toda criança precisa de professor, por isso a valorização e a qualificação dos professores é considerada fundamental para a melhoria da qualidade da educação.

O ensino de língua estrangeira precisa interagir com outras disciplinas, encontrar independência, de modo que estabeleçam as ligações na construção coletiva do conhecimento e na formação do cidadão. A aprendizagem da língua espanhola não visa apenas objetivos instrumentais, mas faz parte da formação do aluno, esta pode contribuir significativamente para a relação que mantém com a língua portuguesa; pois ela não é simplesmente matéria escolar a ser aprendida, mas tem função educacional, e um dos seus papéis mais importantes é o de expor os alunos à outra língua que a partir de uma óptica menos instrumental, poderá ajudar, entre outras coisas, a interferir positivamente na relação que os estudantes guardam com própria língua, especialmente com a escrita.

Santos (2002, 2004, 2005) aponta a existência de uma forte tendência, por parte dos brasileiros, a classificarem o espanhol peninsular como puro, original clássico rico perfeito mais correto, enquanto a variedade rio Platense, por exemplo, é vista como derivada, diferente, carregada de particularidades, com misturas de outras línguas com gírias e manias locais mais populares. No entanto, é preciso que a escola atue no sentido de evitar dicotomias simplificadoras e reducionistas e que permita a exposição dos estudantes á variedade estimulando a reprodução.

A língua materna tem um papel importante no aprendizado de língua espanhola. Devido os efeitos dessa proximidade os aprendizes brasileiros passam a ter uma expectativa positiva quanto à rapidez da aprendizagem do espanhol. Da idéia de que não é necessário fazer grande esforço para falar essa língua que é causa dessa perigosa e enganosa sensação de competência espontânea, trazendo para o espanhol, muitos alunos que não conseguiram aprender o inglês.

Os professores explicam porque acontecem tantos sucessos e fracassos nessa empreitada, porque alguns alunos têm medo do novo e resistência a reconhecer que o mundo pode ser visto e dito de outras maneiras. Nessa perigosa experiência, mostra a autora (Ibid.: 225) os aprendizes se valem de três estratégias: a da peneira ( aprendem, mas não retém nada ou retém muito pouco ); a do papagaio ( sabem frases feitas, expressam-se em situações muito limitadas, não têm autonomia de compreensão expressão.

 Por isso, conduzir o aluno a refletir sobre os fatos lingüísticos é papel que deve ser desempenhado pelo professor. A proposta de Boésio (2003) está centrada na abordagem da gramática e da tradução, ou seja, ensinar a língua estrangeira através da língua materna. Segundo a autora, há aspectos positivos quando se trata de línguas próximas.

Os falantes nativos de português e aprendizes de espanhol formam um grupo particular, pois como o português e o espanhol são línguas muito próximas, estes alunos possuem, em tese e segundo pressupostos da Análise Contrativa, possui maior facilidade em aprender espanhol.

Os alunos em geral não podem ser considerados verdadeiros aprendizes principiantes, ou seja, sem nenhum ou quase nenhum conhecimento na língua-alvo, pois contam com conhecimentos e habilidades comuns entre o par de línguas.

 Pretende-se com esse estudo, basicamente, que deve se pensar em uma nova metodologia para o ensino de línguas próximas. Acredita-se que a melhor saída para o ensino aprendizagem de línguas co-irmãs como o português e o espanhol, é uma metodologia centrada no contraste e na conscientização, para que a partir dessas semelhanças e proximidades levem o aprendiz a ampliar seus horizontes pessoais e profissionais.

A semelhança ocasionada pela proximidade entre as línguas leva os alunos a perceberem mais facilmente o que é semelhante frente ao que é diferente. Isso gera o conhecido portunhol, uma mistura de português e espanhol, que, por apresentar essas características, carece de abordagens, métodos e técnicas específicos a fim de diminuir o tempo que os aprendizes permanecem nas interlínguas.

Nos Aspectos lexicais, Ulsh (1971), estabelece que mais de 85% de vocabulário português tem cognatos em espanhol, essa falsa semelhança entre as duas línguas no nível léxico pode provocar pequenas interferências na comunicação.

Segundo Almeida Filho (1995 p.19), línguas muito próximas levam o aprendiz a viver numa zona de facilidade enganosa proporcionada pelas percepções dos aprendizes. Nessa proximidade, há vantagens, caso sejam combinadas á capacidade de risco, sem as quais espera-se a ocorrência de tentativas de obtenção de fluência e de capacidade vocabular.

Alguns estudos têm demonstrado que determinados níveis lingüísticos interferem mais que outros em aquisição da aprendizagem de uma segunda língua.Observa-se neste estudo que a maior ou menor facilidade na aprendizagem da língua  espanhola esta associada, em grande escala, a uma maior ou menor transferência do léxico, tendo em vista á infinidade de falsos cognatos que as sobrecarregam.

De acordo com Lado (1972, p.15), a semelhança e a diferença da língua materna em forma e distribuição com uma língua estrangeira, torna-se de igual facilidade ou dificuldade na aquisição do léxico desta língua estrangeira.

Vocábulos heterotônicos: estes vocábulos compartilham nas duas línguas a mesma forma gráfica e a fônica e o mesmo significado. O ponto de divergência dos vocábulos heterotônicos se refere a tonicidade. Por exemplo: a palavra anemia em português é um vocábulo polissílabo cuja tonicidade é mais forte na ultima silaba. E em espanhol a palavra anemia apresenta a forma gráfica idêntica à portuguesa apenas a divergência na posição da sílaba. Tônica anemia sendo uma paroxítona. EX: democracia = democracia, aristocrata = aristocrata, asfixia = asfixia, burocracia = burocracia, etc.

Pode-se observar também na silaba abaixo que a posição de sílaba tônica implica também nas regras de acentuação de ambas as línguas. Por exemplo, a palavra telefone em português não é acentuada já em  espanhol fica teléfono.

Vocábulos heterogenéricos: os vocábulos heterogenéricos também são semelhantes quanto à grafia e ao significado, porém diferem quanto ao gênero. Por exemplo, a palavra sal se pronuncia de forma similar, se escreve igual, tem o mesmo valor semântico, porém apresenta distintos gêneros em ambas as línguas, em espanhol é uma palavra de gênero feminino e em português é de gênero masculino, ou vice-versa. Veja mais alguns exemplos abaixo:

O legume- la legumbre, a viagem- el viaje, a aprendizagem- el aprendizaje, etc.

 Quanto nos aspectos semânticos encontra-se diversos problemas dos chamados “falsos amigos” que constituem uma dificuldade para os estudantes. Pois se assemelham na grafia e na pronuncia, no entanto, possuem significados diferentes, neste sentido, a diferença semântica existente entre o português e o espanhol, refere-se á política lingüística por se tratar do uso social das duas línguas.

Partindo-se do princípio de que se sabe, mas como na verdade não se sabe, os equívocos são inevitáveis. Pois o parentesco lingüístico não é a única explicação para a existência dos cognatos em línguas diferentes.

Uma alternativa encontrada pelos falantes dessas línguas para amenizar o problema de comunicação é recorrer a uma terceira língua denominada portunhol. Por um lado, o portunhol ameniza o problema, pois satisfaz a necessidade imediata de comunicação, mas não deixa de ser um desrespeito à língua estrangeira, pois o falante acaba mesclando as duas línguas, isto é, não atualiza devidamente de nenhuma das línguas. Observe os exemplos abaixo; Catar: buscar, procurar-Catar: degustar, ruiva:avermelhado - rubia:Loiro, borracha: objeto de apagar-borracha: bêbados,etc.

A semelhança entre o português e o espanhol freqüentemente leva o falante nativo de uma dessas línguas a fazer transferências inadequadas – no nível lexical, gramatical ou fonológico o que muitas vezes prejudica a comunicação. Ainda que ela se efetive com maior ou menor sucesso, a produção de língua estrangeira fica comprometida.

 Conclusão

De fato, o portunhol é usado para “quebrar o galho”, provocando, uma estagnação no nível de desempenho do aprendiz, para uma necessidade imediata de comunicação, o portunhol pode funcionar, para outras situações em que se exija um bom desempenho do falante, não é suficiente, como ainda se transforma em um verdadeiro inimigo.

O parentesco lingüístico, não é a única explicação para a existência dos cognatos em línguas diferentes. O empréstimo lingüístico também explica a ocorrência de muitos casos. O contato entre as comunidades lingüísticas propiciado pela proximidade geográfica, por relações comerciais, pelo turismo, pelo processo de globalização através dos meios de comunicação promove a aproximação entre as línguas. Esse fato independe de fronteiras políticas ou de qualquer outro tipo de barreira. Desse contato cultural decorrem os empréstimos lingüísticos, ou seja, palavras de uma língua que passam a integrar o léxico de outra, sofrendo apenas uma simples adaptação fonológica.

Se um brasileiro receber em casa um casal de falante nato de espanhol, e o homem feliz da vida comentar em um bom portunhol: “Mia mulher está embarazada”, o brasileiro que não sabe que esta palavra possui mais de um significado em espanhol, mas acredita que entendeu dada a semelhança com uma palavra em sua língua, irá ficar preocupado com a timidez da mulher, e se esforçará ao máximo para ser mais atencioso, fazendo de tudo para deixá-la mais a vontade possível. Mas nunca pensará dar os parabéns pelo fato. Por sua vez, o estrangeiro ficará esperando uma manifestação de alegria por parte do seu anfitrião, pois tudo que ele estava querendo dizer era que sua mulher estava grávida.

Situações como essas podem acontecer porque existe uma série de palavras que são iguais em espanhol e português e, no entanto tem significados diferentes. Como por exemplo, se após o jantar o casal de estrangeiros comentasse que “Todo estaba muy exquisito “, o brasileiro que já tinha feito o esforço para agradar o casal, sentiria que seu convite tinha sido um desastre,e é claro que, a não ser por simples ironia, ele jamais responderia “gracias” para seu convidado, nem poderia imaginar que este, muito satisfeito com tudo, estava elogiando o jantar, dizendo que havia sido delicioso. É assim que umas palavras podem dar margens a confusões.Tudo depende de você estar falando a mesma língua do interlocutor.

Por isso os falantes das duas línguas ao fazer uso das mesmas, como língua estrangeira devem atender-se para os falsos cognatos, que funcionam como armadilhas que escondem nas semelhanças, pois os falsos cognatos são vocábulos semelhantes ou idênticos nas duas línguas, mas com significados diferentes nas mesmas.

Os falsos cognatos podem comprometer a comunicação, a interpretação textual e a produção de sentido fazendo com que o aprendiz venha a fazer interferências erradas.

Portanto, a língua espanhola não é fácil porque existe um número significativo de cognatos, o que pode gerar interpretações inadequadas e mal entendidas, na comunicação. Porém, também não é difícil, uma vez que 85% (oitenta e cinco por cento) das palavras são cognatas, isto é têm a mesma origem, desta forma, cabe ressaltar que em algumas situações, a comunicação não fica prejudicada, pois, existem palavras que nos são familiares e não oferece dificuldade na compreensão. Mas é a estes termos familiares que a atenção deve ser maior; uma vez que podem ser falsos cognatos. O que conseqüentemente implica na associação de sentido equivocado.

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Autor: Suéli Aparecida Rangel


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