Hiperatividade.



HIPERATIVIDADE

Taiza Antonia Candido Damasceno 

Maria Júlia das Neves Piana

Dourados 2009

Artigo apresentado ao programa de Pós-graduação Lato Sensu da Faculdade Iguaçu, Capanema-PR, como requisito parcial obtenção do título de Educação Especial, sob a orientação do Professor Mestre Marcello Pulter. 

Maria Júlia das Neves Piana 

Taiza Antonia Candido Damasceno 

Resumo: a hiperatividade é caracterizada por um comportamento incomum em vários meios: profissionais, sociais, políticos e religiosos. Manifestam-se pela impulsividade, agitação ou o oposto, a quietude e aparente indiferença à sociedade. Este comportamento atinge crianças e adultos, causando dificuldades de relacionamento no trabalho, no convívio familiar e social. É um distúrbio mental que pode ser controlado com tratamento e acompanhamentos adequados. Atinge cerca de 3% a 5% da população durante toda a vida. As pessoas hiperativas apresentam formas distintas de aprender. Algumas são de rápido aprendizado, outras nem tanto. O fato é que todas conseguem aprender, a seu modo e a seu tempo.

Palavras – chave: hiperatividade; aprendizagem; sociedade.

Abstract: the hyperactivity is characterized by an unusual behavior in several ways: professional, social, political and religious. Is manifested by impulsivity, restlessness or the opposite, the peace and apparent indifference to society. This behavior affects children and adults, causing relationships problems at work, family and social. It’s a mental disorder that can be controlled with appropriate treatment and follow-ups. It affects about 3% to 5% of the populations throughout life. People have hyperactive, have different ways of learning. Some are quick to learn others less so. The fact is that all can learn in their own way and time.

Key – words: hyperactivity; learning; society.

Hiperatividade 

            A pesquisa será bibliográfica e apresenta um teste que contém características elencadas nos tipos de pessoas hiperativas, que serão mencionadas no corpo desta pesquisa.

Para Lucy Santos, de o Projeto Florescer/2009, a hiperatividade interfere em tarefas repetitivas, na capacidade de controlar impulsos. Estas pessoas podem até saber do seu comportamento inadequado, mas não conseguem controlá-lo, devido a falta de habilidade para pensar antes de agir, não importando o ambiente ou a tarefa que estão realizando. Este distúrbio, quando não tratado, pode causar sérios danos à vida da pessoa, tornando muito difícil as relações de convivência.

            A pesquisa pretende abordar estes aspectos, a título de conhecimento para que se possa saber sobre este distúrbio e para auxiliar as pessoas que convivem com hiperativos. 

Introdução

            O objetivo desta pesquisa é pontuar sobre o que são hiperatividade, suas causas, tratamento e como as pessoas com este distúrbio mental conseguem aprender no processo de escolarização, sendo este o foco maior.

Hiperatividade 

Na área educacional existem alunos que apresentam os mais variados comportamentos. Uma grande parcela encontra-se dentro da normalidade, realizando suas atividades de forma comum, regular. Há um outro grupo, que ficam alheios as situações da escola, sem demonstrar muito interesse pelos conteúdos oferecidos. Há ainda, os que causam problemas aos docentes, quando tumultuam as aulas, correm pela sala, não permitem que os colegas fiquem atentos as atividades propostas.

            Estes comportamentos também podem ser observados em alguns adultos, inclusive profissionais da educação, o que aumenta os desafios dos gestores escolares, para administrar estas situações dentro da escola.

            Seguindo este raciocínio, percebe-se que a hiperatividade atinge crianças e adultos, independente do seu grau de instrução. Desta forma, a escola, isoladamente, não consegue resolver estes problemas, precisando do auxílio de profissionais especializados, como os psicólogos e psiquiatras.

            Esta situação, tão comum nas escolas, parece não ter importância, afinal, crianças que exigem mais dos docentes, existem em qualquer instituição de ensino, e um docente, com alguns problemas de estresse, também é comum. Porém, é preciso que todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem estudem sobre hiperatividade, saibam o que é, suas causas e tratamento, para que todos possam desenvolver-se como pessoas e cidadãos, que convivem em sociedade.

            Definindo este distúrbio mental, a equipe ABDA/2009 (Associação Brasileira do Déficit de Atenção), afirma que “a hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta, está constantementeem movimento. Quandose trata de crianças, os professores descrevem que elas se levantam da carteira a todo instante, mexem com um e com outro, falam muito. “Parece que são elétricas, ou que estão com um motorzinho ligados o tempo todo”. (EQUIPE ABDA – ASSOCIAÇÃO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO, 2009).

            As cenas descritas acima acontecem no cotidiano das salas de aula, principalmente em escolas públicas, e mesmo sem poder afirmar se o aluno é ou não hiperativo, é possível observar as características deste distúrbio, diferindo – as do comportamento do aluno que apenas não tem noção de limites.

A hiperatividade começou a ser conhecida a partir de 1902, quando os primeiros casos clínicos foram registrados em crianças na Inglaterra.

            Atualmente, a problemática da hiperatividade é conhecida nos meios educacionais, sem causar tanto espanto, porque há profissionais ligados às áreas da pedagogia e psicopedagogia, que identificam os sintomas deste distúrbio e fazem os encaminhamentos necessários aos profissionais especializados (psicólogos, psiquiatras), para que seja feito o diagnóstico clínico. Este procedimento evita que se rotule erroneamente uma criança como hiperativa, sendo, que às vezes, ela tenha apenas falta de limites nos ambientes onde está.

            A hiperatividade é um transtorno neurobiológico, de origem genética de longa duração, persistindo por toda a vida das pessoas, que tem início na infância, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. (ABDA, 2009).

            Esses distúrbios são caracterizados por comportamentos crônicos, com duração de no mínimo 06 meses e que se instalam definitivamente antes dos 07 anos. Lucy Santos/2004 amplia as alterações da ABDA, apresentando 04 subtipos de TDAH:

1. TDAH – tipo desatento: a pessoa não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado, tem dificuldade de manter atenção, seguir instruções, de se organizar e ouvir, evita/não gosta de fazer tarefas que exigem um esforço mental prolongado, perde objetos necessários para uma atividade, é distraída, esquece de atividades diárias.

2. TDAH – hiperativo/impulsivo: a pessoa é inquieta, mexe as mãos e os pés ou se remexe o tempo todo quando está sentada, corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente, não se engaja em atividade silenciosa, fala demais, responde a perguntas antes delas serem formuladas, age como se fosse movida a motor, interrompe os outros e se intromete nas conversas, tem dificuldade de esperar sua vez.

3. TDAH – tipo combinado: apresenta os dois critérios descritos anteriormente, tornando mais difícil lidar com esta pessoa. Um dia está elétrico, no outro, apagada.

4. TDAH – tipo não-específico: neste, a pessoa apresenta características, mas número insuficiente de sintomas (no mínimo seis dos descritos em cada tipo) para chegar a um diagnóstico completo. Mas o comportamento desequilibra sua vida diária. Neste tipo, a pessoa apresenta maior probabilidade de fracasso, principalmente na escola, tais como repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades emocionais e de relacionamento social. (LUCY SANTOS, 2004).

          Estas características manifestam-se quando a criança ainda convive com a família, porém, muitos pais se recusam a aceitar que seu (a) filho (a), tenha algum problema. Segundo SILVA e SOUZA (2005) os pais alimentam expectativas positivas em relação aos filhos e preferem acreditar que agitação, bagunça, desobediência são sinais de saúde e esperteza da criança. Ainda há o reforço dos avós, que não permitem que os pais repreendam os filhos, alegando que eles (os pais) também foram assim, e o filho (a) puxou o pai, a mãe, etc. Assim, a criança vai crescendo sem limites. Se a criança for hiperativa, este distúrbio tende a se desenvolver mais rápido.  SILVA e SOUZA (2005).

Esta atitude desde a infância é prejudicial para o desenvolvimento de qualquer criança, porque crescem sem regras, sem limites. Quando passa a conviver fora do ambiente familiar, a falta de limite torna-se evidente e pouco tolerável para o convívio social. A vida em sociedade exige o respeito pelo espaço outro, e pelo outro também.

A partir do momento em que a criança entra na escola, seu comportamento, ações, reações, individualmente ou em grupo, são observadas, analisadas e discutidas. A criança que apresenta dificuldades para trabalhar em grupo ou desenvolver atividades propostas, merece uma atenção especial da equipe docente. Por isso, o trabalho da escola em relação a observação do comportamento da criança é de fundamental importância para o seu desenvolvimento, bem como na orientação aos pais, para que desde o início da escolarização acompanhem seus filhos, buscando os tratamentos necessários e adequados ao problema. SILVA e SOUZA (2005).

As causas da hiperatividade são variadas, segundo Lucy Santos (2004), a responsabilidade recai sobre as toxinas, alimentação, ferimentos ou malformação, problemas familiares e hereditariedade. Essas causas afetam o funcionamento do cérebro, pois isso a hiperatividade é considerada um distúrbio funcional do cérebro e também neurobiológico. Assim, fica claro que a genética é o fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas de hiperatividade.

O diagnóstico não é tão simples. A família e a escola podem observar os comportamentos da criança, porém, é necessária uma avaliação de uma equipe de profissionais, como psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogo, etc., para se chegar a um consenso e um diagnóstico. A consciência

da família de que há um problema com a criança, é o primeiro passo para que os profissionais da

saúde possam prescrever um diagnóstico e a melhor forma de tratamento. A equipe da ABDA (1999) reforça esta idéia, afirmando que o primeiro passo no tratamento da hiperatividade é o conhecimento que todos os envolvidos têm sobre a hiperatividade, sabendo como os sintomas se apresentam, com isso afeta a pessoa e como conviver com ela, sem culpar os pais ou qualquer outra pessoa pelo problema. Além disso, são necessários medicação e recursos psicoterápicos. O tratamento incluindo estes três passos se prolonga o tempo necessário para que o portador minimize os problemas na vida escolar, familiar e social. Há casos que o tratamento persiste até a vida adulta.

O processo ensino-aprendizagem destas crianças exige medidas de intervenção da equipe escolar, para promover o desenvolvimento destas crianças. A criança hiperativa é rápida, não consegue ficar muito tempo em uma única atividade, por isso, o professor dever preparar exercícios mais curtos, para que a transição seja rápida e a criança se prenda a atividade. Outras medidas simples, como arrumar a sala de forma rotineira, para que a criança se habitue ao ambiente. Proporcionar atividades em grupo para trabalhar a socialização. Comunicar-se abertamente com os pais sobre os avanças e retrocessos do aluno (a). Estabelecer limites claros e objetivos para os alunos e ter uma postura firme no cumprimento deles. O acompanhamento dos pais e do médico é fundamental neste processo.

Quando se trata do professor, é necessário que a direção da escola converse com ele e aponte as observações feitas e o estimule a procurar ajuda médica, para que o seu potencial seja aproveitado e a convivência no ambiente seja facilitada. O adulto apresenta maior dificuldade de relacionamento com as pessoas que as crianças. Geralmente ele é isolado ou se isola, tendendo para atitudes depressivas ou muito questionadoras, sem fundamento.

 

Métodos

Após a pesquisa bibliográfica, considerou-se necessário uma observação mais próxima com crianças e adultos, que apresentam sintomas de hiperatividade. Inicialmente procurou - se um teste, para diagnosticar sintomas de hiperatividade, que passasse credibilidade. Optou-se pelo teste apresentado pela ABDA (ASSOCIAÇÃO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO, 2009), que foi elaborado e desenvolvido por pesquisadores em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. O questionário para adultos é denominado ASRS-18. Areferência é: Mattos P, Segenreich D, Saboya E, Louzã M, Dias G, Romano M. Adaptação Transcultural para o Português da Escala

Adult Self-Report Scale (ASRS-18, versão1. 1) para avaliação de sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH)em adultos. Revista Brasileirade Psiquiatria. (in press.).  

 

Teste para diagnosticar sintomas de Hiperatividade – adultos (tabela 01)

Sintomas

PARTE A -  itens de desatenção

Nunca

Rara-mente

Algumas vezes

Freqüente-mente

Muito Freq.

1. Com que freqüência você comete erros por falta de atenção quando tem de trabalhar num projeto chato ou difícil?

     

 

X

 

2. Com que freqüência você tem dificuldade para manter a atenção quando está fazendo um trabalho chato ou repetitivo?

     

X

 

3. Com que freqüência você tem dificuldade para se concentrar no que as pessoas dizem, mesmo quando elas estão falando diretamente com você?

     

X

 

4. Com que freqüência você deixa um projeto pela metade depois de já ter feito as partes mais difíceis?

     

 

X

5. Com que freqüência você tem dificuldade para fazer um trabalho que exige organização?

     

 

X

 

6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração, com que freqüência você evita ou adia o início?

     

 

X

7. Com que freqüência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho?

   

X

 

 

8. Com que freqüência você se distrai com atividades ou barulho a sua volta?

     

 

X

9. Com que freqüência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações?

   

X

 

 

 

 

Tabela 02

 

Parte B – itens de hiperatividade

Nunca

Rara-mente

Algumas vezes

Freqüente-mente

Muito Freq.

1. Com que freqüência você fica se mexendo na cadeira ou balançando as mãos ou os pés quando precisa ficar sentado (a) por muito tempo?

     

X

 

2. Com que freqüência você se levanta da cadeira em reuniões ou em outras situações onde deveria ficar sentado (a)?

     

X

 

3. Com que freqüência você se sente inquieto (a) ou agitado (a)?

     

 

X

4. Com que freqüência você tem dificuldade para sossegar e relaxar quando tem tempo livre para você?

     

 

X

5. Com que freqüência você se sente ativo (a) demais e necessitando fazer coisas, como se estivesse “com um motor ligado”?

     

 

X

6. Com que freqüência você se pega falando demais em situações sociais?

     

 

X

7. Quando você está conversando, com que freqüência você se pega terminando as frases das pessoas antes delas?

     

X

 

8. Com que freqüência você tem dificuldade para esperar nas situações onde cada um tem a sua vez?

     

X

 

9.Com que freqüência você interrompe os outros quando eles estão ocupados?

     

 

 

X

Obs. A Parte A, aponta os sintomas de desatenção e a Parte B, os sintomas de hiperatividade.

 

Como aplicar e avaliar o teste (adultos).

O teste é feito por meio de observação da pessoa da qual se suspeita que tenha hiperatividade. Assinalam-se os itens presentes na tabela acima e em seguida, faz-se a análise, contando os sintomas assinalados, de acordo com o critério A, que são os dos sintomas, que a tabela enfatiza.

Se os itens de desatenção da parte A (01 a09) e/ou os itens de hiperatividade - da parte B (01 a09) têm várias respostas marcadas como FREQUENTEMENTE ou MUITO FREQUENTEMENTE existem chances da pessoa de ser portadora de TDAH (pelo menos 04 itens em cada uma das partes).

O questionário ASRS-18 é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos na tabela acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes desde precocemente (antes dos 07 ou 12 anos).

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 02 contextos diferentes (por ex., no trabalho, na vida social, na faculdade e no relacionamento conjugal ou familiar).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes por conta dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

As respostas as perguntas se avalia de acordo com os critérios no fim da página. No caso, estamos avaliando apenas o Critério A. Após responder cada uma das perguntas, deve-se circular o número que corresponde a como a pessoa se sentiu e se comportou nos últimos seis meses.

Alguns adultos tiveram TDAH na infância e ainda têm alguns sintomas na vida adulta, porém em menor quantidade e sem o CRITÉRIO C ou D (isto é, não existem muitos problemas causados pelos sintomas e quando ocorrem eles aparecem apenas em uma única situação, como o trabalho, por exemplo, mas não em nenhuma outra).

O diagnóstico de TDAH é feito com base nos sintomas clínicos relatados pelo indivíduo ou pelos observadores e interpretado por um especialista. O Eletroencefalograma, o Mapeamento Cerebral, a Tomografia Computadorizada, a Ressonância Magnética e o Potencial Evocado não podem fornecer este diagnóstico.

 Os sintomas de hiperatividade não são tão divulgados em adultos, porque há uma certa resistência em se falar e encarar o problema. O adulto com hiperatividade é considerado uma pessoa indesejável e é isolado dos grupos, por ser alguém que incomoda muito e não respeita limites e regras de convivência.

Teste para diagnosticar sintomas de Hiperatividade em crianças e adolescentes

O questionário para este grupo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatístico - IV Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiátrica. Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS.

A diferença entre o teste de do adulto e de crianças e adolescentes é a adaptação a faixa etária de cada um. O teste apresenta 18 questões, sendo que as nove primeiras referem-se aos itens de desatenção e as últimas aos itens de hiperatividade.

Os sintomas de hiperatividade em crianças e adolescentes são mais divulgados, devido a sua exposição no ambiente em que convivem com as outras pessoas, como família, escola, igrejas, etc.

A aceitação destes sintomas pelos pais é mais fácil, porque a criança está em desenvolvimento e tem chances para fazer o tratamento adequado.

 

 

 

 

 

 

 

Teste para diagnosticar sintomas de Hiperatividade – Crianças e Adolescentes (tabela 03)

Sintomas

Parte A – itens de desatenção

Nem um pouco

Só um pouco

Bastante

Demais

 

1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.

   

M

F

 

2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.

 

M

   

 

3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele/a.

     

M

F

4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.

   

M

F

5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

   

M

F

 

6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.

   

 

 

7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).

 

   

F

M

8. Distrai-se com estímulos externos

   

 

M

F

9. É esquecido em atividades do dia-a-dia.

 

   

M

F

 

 

 

 

 

 

 

 

Parte B – itens de hiperatividade (tabela 04)

 

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

   

F

M

11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado

   

F

M

12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado

   

M

F

 

13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma

   

F

M

14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.

   

F

M

 

15. Fala em excesso.

   

F

M

16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas.

   

M

F

 

17. Tem dificuldade de esperar sua vez.

   

F

M

 

18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).

   

F

M

 

Como aplicar e avaliar o teste

O teste é feito por meio de observação da criança ou adolescente, do qual se suspeita que tenha hiperatividade. Assinalam-se os itens presentes na tabela acima e em seguida, faz-se a análise, contando os sintomas assinalados, de acordo com o critério A, que são os dos sintomas, que a tabela avalia.

Se existirem pelo menos 06 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 01 a09, existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.
           Se existem pelo menos 06 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de10 a 18, existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.

Assim como o questionário para adultos, o questionário SNAP-IV, para crianças e adolescentes é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima);

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 07 anos de idade.

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 02 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

 

Resultados

Teste realizado com adulto

Diante desta tabela 01 e 02, realizou-se a observação com um adulto, para se fazer a experiência da teoria apresentada no teste. Escolheu – se esta pessoa, por fazer parte do convívio escolar, área de pesquisa do assunto abordado neste artigo.

O teste foi realizado comum professor, de 38 anos, formado, pós-graduado, com um conhecimento elevadoem Língua Portuguesa, com dois livros publicados, casado, pai, exerceu a docência por 15 anos, tendo passado pela política e seus cargos de chefia. Atualmente, ocupa o cargo de coordenador pedagógico em duas escolas.

Na primeira parte do teste (parte A) o professor apresentou três características que acontecem frequentemente (itens 1, 3, 5) e muito frequentemente, quatro vezes (itens 2, 4, 6, 8) e duas vezes que ocorre algumas vezes (itens 7, 9). Na parte B, quatro vezes frequentemente (itens 1, 2, 7, 8) e cinco vezes muito frequentemente (itens 3, 4, 5, 6, 9).

De acordo com a avaliação do teste, o professor apresenta sintomas de hiperatividade.

O teste não revela tudo sobre a pessoa, apenas aponta indícios, por isso, é necessária uma análise mais cautelosa, feita por profissionais especializados e os demais critérios. O importante é observar que este distúrbio atinge o adulto, sendo mais difícil o tratamento, porque o adulto tem seus costumes e comportamentos internalizados, dificilmente aceitando suas limitações e necessidades de se tratar.  

 

Teste realizado com duas crianças

      O teste foi feito por observação a um aluno da rede municipal, cursando a Educação Infantil, com 05 anos de idade, e com uma aluna do 3º ano da rede municipal, de 11 anos. Ambos do período vespertino. Foram escolhidos para esta observação, por fazerem parte do convívio das pesquisadoras nas escolas.

O aluno da Educação infantil vem de uma família com poder aquisitivo e nível cultural bons. É o primeiro neto da família, vindo de uma gravidez inesperada, porém, aceito e esperado por todos. Até os três anos conviveu apenas com a família, a partir daí passou a freqüentar a creche. Aos cinco anos veio para a escola regular.

O teste apresentou os seguintes sintomas: de01 a09 no teste, a criança possui 01 item (02) como “Nem um pouco” , cinco sintomas assinalados como “Bastante” (1, 4, 5, 7, 9) e três “Demais (3, 6, 8)”, de10 a18, possui dois itens com “Bastante” (12, 16) e sete como “Demais” (10,11,13,14,15,17,18). O aluno apresenta sintomas de desatenção e hiperatividade acentuados, de acordo com o critério A.

O teste também foi realizado com uma aluna (F) do 3º ano da rede municipal, de 11 anos, que freqüenta sala regular e a sala de tecnologia, para apoio em sua aprendizagem. O teste mostrou o seguinte resultado: apenas 04 itens de01 a09 (1, 5, 6, 9) que se referem a desatenção. No que se refere aos sintomas de hiperatividade, foram observados 09 itens (10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18) de10 a18, o que caracteriza hiperatividade, segundo o critério A.

Pode-se observar que neste estudo, tanto meninos quanto meninas, no que se refere a hiperatividade, apresentam praticamente os mesmos sintomas e os mesmos comportamentos e que a menina tem uma atenção maior que o menino. Porém, vale ressaltar, que é preciso observar os demais critérios e ter uma avaliação de um profissional, para se caracterizar a criança como hiperativa. Este distúrbio é complexo, sendo necessários estes cuidados, antes de um diagnóstico definitivo.

Este teste serve para se fazer um diagnóstico inicial dos sintomas, tanto em adultos, quanto em crianças, segundo a ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção).

Considerações finais

 

A hiperatividade é um distúrbio neurológico tratável e possível de ser controlado. A pesquisa procurou definir os sintomas e a como diagnosticá-los, para se procurar um tratamento adequado. Por ser um estudo inicial do assunto, procurou-se pontuar sobre este problema que aflige tantas pessoas e mostrar como é possível conviver com isso, sendo adulto ou criança e também aprender no processo de escolarização. É um assunto amplo, que poderá ser complementado posteriormente, em pesquisas mais aprofundadas.

           

 

 

Referências

 

ABDA – Associação do Déficit de Atenção/2009. Disponível em

SILVA, Rejane Augusta, SOUZA, Luiz Augusto de Paula. Aspectos Lingüísticos e sociais relacionados ao transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Revista CEFAC, v.07, nº03, Jul.-Set., 2005. Disponível em

SANTOS, Lucy. Compreensão, Avaliação e Atuação: uma visão geral sobre o TDAH/2004. Disponível em

TDAH – Causas, sintomas, diagnósticas e tratamento. Portal Banco de Saúde. 2009. TDAH. Guia completo.

www.wikipedia.com.br Acesso em 03/08/2009.


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