A INFLUÊNCIA DA AUTOESTIMA NO PROCESSO EDUCACIONAL DA CRIANÇA
FERREIRA, Kellen Patrícia. Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Quatro Marcos – FQM
Resumo
A autoestima nada mais é do que a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo verdadeira, podendo ser positiva ou negativa em algum grau. De acordo com Antunes (2003), a autoestima é muito além de querer bem a si mesmo, ter uma visão concreta e realista das limitações e das potencialidades que cercam um indivíduo. Quanto mais se conhece, maior é a possibilidade de adquirir a autoestima. Neste sentido, atuam a família e o professor (a escola). Sabe-se que uma criança, desde muito cedo, começa a construir sua própria imagem a partir desta avaliação que passa a ser feita de acordo com os relacionamentos que possui.
Este trabalho é fruto de experiências profissionais vividas no decorrer de dois anos de trabalho como professora em uma creche municipal da cidade de São José dos Quatro Marcos, Mato Grosso.
Introdução
A autoestima é uma ferramenta que proporciona os estímulos para gerar confiança e segurança da criança em relação aos seus atos e atitudes, fornecendo à mesma o equilíbrio para sentir-se segura em qualquer situação de sua vida, pois a emoção está para a razão assim como o prazer está para o aprendizado. Bee (2003) faz a seguinte afirmação:
“Alguns estudos longitudinais sobre crianças em idade escolar e adolescentes mostram que a autoestima global é bastante estável a curto prazo, mas menos estável em um período de alguns anos” (Bee, p.332, 2003).
Sendo assim, levando em consideração a informação citada, a autoestima parece ser especialmente instável – e tendendo a declinar – nos primeiros anos da adolescência, sobretudo nos últimos anos do ensino fundamental.
A partir de experiências vividas de trabalho escolar e vários estudos ligados à Psicopedagogia, pude observar que a criança com baixa auto-estima apresenta maior dificuldade em seu desenvolvimento e capacidade de aprendizado. O principal objetivo deste artigo é mostrar que o desenvolvimento da autoestima é um exercício que necessita de um ambiente socializante para progredir e que os professores têm papel fundamental neste processo, pois eles devem aprimorar pedagogias que levam em consideração a noção de movimento de desenvolvimento do ser humano e a possibilidade deste se autoconstruir. Bee (2003) afirma que o autoconceito envolve, na verdade, um aspecto avaliativo.
A influência da família e professores
O papel dos pais e professores durante tal processo é de fundamental importância, já que seus relacionamentos durante as fases iniciais são basicamente em função dos adultos que os cercam. A forma como os professores criticam uma criança em sala de aula pode contribuir positivamente para a construção da autoimagem, ou pode causar vergonha, medo de ser julgada, que de acordo com o grau e frequência que isso acontece pode gerar intenso sofrimento psíquico, podendo ter futuramente consequências mais graves como, por exemplo, transtornos de personalidade gerados por distorção da própria imagem.
Se desde cedo uma criança ouve frases na escola ou em casa como: você é inútil; todos seus colegas já terminaram e você ainda está aí porque é burro (a); você nunca aprenderá; provavelmente a criança irá internalizar essas características e concretizará realmente ser incapaz de produzir algo de bom.
O professor tem a responsabilidade de estimular o desenvolvimento de todos os seus alunos pela aprendizagem de uma série de diversos conteúdos, valores e hábitos (Bassedas, p.29, 1996).
Com isso, o professor deve ser o motivador do trabalho, desafiando, incomodando, alertando e sugerindo, em fim, incentivando a busca do conhecimento de maneira dinâmica e, assim, contribuindo, para o desenvolvimento da auto-estima do aluno, pois essa relação (aluno/professor) afeta de maneira significativa o curso da descoberta e do autoconhecimento da criança. No que diz respeito à família, esta deve exercer seu papel, estimulando-a adequadamente e proporcionando uma perspectiva de felicidade na qual a criança se veja e se relacione com os novos estímulos da melhor maneira possível.
Durante a educação infantil é comum as crianças imitarem quem elas admiram, de acordo com Hall, Lindzey e Campebell (1978), Bandura usa o termo modelagem, durante esse processo a criança observa o próprio comportamento e o comportamento alheio, adquirindo as mais diversas características.
Na escola a criança irá “modelar” sua personalidade de acordo com o que ele observa e vivencia. Então, por exemplo, se após o banho em um Centro de Educação infantil todas as meninas que têm o “cabelo bom” são penteadas e uma criança com “cabelo ruim” não passa por essa experiência, logo interiorizará ser inferior às outras crianças da turma.
As conseqüências disso no processo são visíveis, pois como uma criança que no imaginário dela é feia e inferior às outras pode aprender e produzir como os demais? Enquanto as crianças que são incentivadas, ao encontrar dificuldades acabam superando-as, pois acreditam serem capazes ao contrário da criança com a auto-estima baixa que, quando se depara com alguma dificuldade, se sente incapaz de reverter a situação.
O brincar como forma de aprendizado e autoestima
A partir de experiências vivenciadas e da literatura utilizada para produzir este trabalho, pode-se notar que as brincadeiras e jogos são ótimos instrumentos de ensino e potencializadores da autoestima das crianças, que podem ser aderidos pelos professores como instrumentos educacionais.
No período pré-escolar, o brincar desempenha forte fator também na socialização da criança, pois ela começa a interagir com seus professores e colegas de classe (Sanseverino, 2002, p. 109). Esse tipo de situação fará com que o individuo aprenda a se portar de maneira adequada em situações distintas, aprenderá que para se ter uma boa relação, é preciso respeitar regras, respeitar o espaço, opiniões e ideias de outras pessoas, mesmo que não esteja de acordo com as mesmas.
Atualmente, de maneira geral, nem sempre as brincadeiras e jogos são levados em conta pelos educadores, e quando são, aparecem apenas como recreação ou descarga de energia durante alguns minutos do tempo da criança na escola. Sabe-se que o jogo e o brinquedo proporcionam, sem dúvida nenhuma, um vínculo ideal entre alunos e professores, isso faz com que as crianças se sintam mais seguras e capazes de realizar as atividades proposta, eleva sua autoestima, por isso, é necessário que eles sejam incluídos como agentes do aprendizado na elaboração do plano pedagógico utilizado.
Considerações Finais
Uma autoestima elevada fará com que a criança experimente efeitos positivos como a confiança, o ânimo, o interesse e o prazer de aprender e realizar sonhos, é necessário que seja edificada desde que a criança seja apenas um bebê. O afeto e o carinho entre as crianças e seus professores, podem ser considerados um guia de autoestima.
Cabe então aos educadores evidenciar as potencialidades das crianças durante o processo educacional, colaborando para o crescimento saudável do indivíduo, reforçando suas habilidades e criticando de forma que possa ajudar na construção de sua autoimagem, mostrando as diferenças existentes entre eles como algo que vem a colaborar com a aprendizagem.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, C. Auto-estima na educação. Entrevista. Editora Ciranda Cultural / Atta Mídia e Educação. Série Encontros, VHS, 2003.
BASSEDAS, Eulália. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. trad. Betariz Affonso Neves. – 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 1996.
BEE, Hellen; A criança em desenvolvimento. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. -9.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2003.
RAPPAPORT, Clara Regina...[et al.]; Psicologia do desenvolvimento: A idade pré-escolar. vol.3, São Paulo: EPU, 1981.
SANTOS, Ismael Pereira. A importância do brincar para o desenvolvimento infantil. Rede Psi – Portal da Psicologia. 14.03.2011. Acesso em 10.03.2012. Disponível em .
