A violência no contexto futebolístico brasileiro



A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO FUTEBOLÍSTICO BRASILEIRO 

Guilherme Pereira Dias

Vanessa Mourão Ferreira 

Acadêmicos da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Curso de Direito 

 

Sumário: 1 Introdução 2 Violência e História 3 A discriminação como a primeira das formas de violência no futebol brasileiro 4 A realidade nas últimas décadas 5 As torcidas organizadas 6 Considerações finais, Referências

Resumo: O presente trabalho objetiva compreender o fenômeno da violência no contexto futebolístico brasileiro, buscando identificar o perfil dos autores dessa prática bem como as razões que os levam a tal conduta.

Palavras-chave: Futebol. Violência. Torcedor. Torcida organizada.

 

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o intuito de analisar a violência no contexto futebolístico brasileiro, abordando os aspectos relevantes que contribuem para a construção desse cenário de inquietude.

O futebol, que corresponde ao mais popular esporte do Brasil e do mundo, tem tido sua realidade fortemente afetada pela crescente violência que se insere em seu meio. Torcedores de bem, temerosos diante da situação, dão lugar a marginais que se infiltram nas torcidas acabando por contaminá-las, manchando, dessa forma, o que deveria ser um belo espetáculo.

Tentar-se-á, portanto, a realização de uma abordagem que apresente os fatores que impulsionam esse comportamento violento no âmbito futebolístico, abarcando os elementos externos que direcionam a conduta do torcedor. Far-se-á, também, uma análise acerca do fenômeno das torcidas organizadas, buscando identificar qual o perfil daqueles que as integram, bem como abordar a postura de liderança exercida pelos chefes dessas configurações organizativas.

Contudo, o que se propõe com este trabalho é uma rica abordagem do tema e o enfrentamento de questões que carecem de debate, não havendo, no entanto, a pretensão de esgotar a matéria ou mesmo oferecer respostas a todas as indagações.

 

 

2 VIOLÊNCIA E HISTÓRIA

Com intuito de analisar a temática da violência relacionada ao futebol, faz-se importante em um primeiro momento abordar a violência em si, apresentando seu conceito e abrangência bem como o esboço de uma tímida contextualização histórica.

O sociólogo Maurício Murad, após estudos e consultas a inúmeras e renomadas fontes de pesquisa, chegou a esta sintética e objetiva definição:

A palavra violência, etimologicamente, provém do latim violentia – raiz semântica vis = força – e significa opressão, imposição de alguma coisa a outra pessoa ou a outras pessoas, por intermédio do emprego da força, qualquer que seja o seu tipo, a sua substância, forma ou sentido: força dos poderes social, econômico, jurídico ou político, força das armas, força física, força simbólica ou de qualquer outra natureza que se queira (MURAD, 2007, p.77).

Verdade seja dita, a violência é um fenômeno decorrente de causas diversas que sempre existiu na história da humanidade, se agravando em épocas determinadas “por força da ideologia, da religião, da cultura, enfim, de determinados fatores que surgem (ou ressurgem) em determinados momentos históricos” [1]. Acerca do assunto, Maurício Murad diz ainda não tratar-se de um fenômeno privativo de uma única realidade social, momento histórico ou cultura determinada, “por mais crônica que seja a sua constatação numa determinada época, lugar ou sistema de hábitos e valores” (MURAD, 2007, p. 71).

Com o intuito de aprofundar um pouco mais no tema em questão, interessante se mostra percorrer brevemente alguns, e somente alguns, dos principais pensadores da história, que, em algum ponto de suas renomadas obras, achou conveniente abordar a violência.

Auguste Comte, renomado filósofo francês do Século XIX, defendeu a violência como uma necessidade política da nova formação social, a fim de romper com o Antigo Regime e garantir uma sociedade reorganizada através de uma marcante reforma intelectual do homem. Comte, por ter tido desde jovem uma ampla formação teológica, filosófica e histórica, foi capaz de produzir pensamentos e teorias que influenciaram não apenas sua geração, como também as que vieram depois. Dentre suas criações intelectuais, foi capaz de “explicar e convencer, com eficácia e pragmatismo, a verdade e a necessidade de certas práticas violentas para a sustentação da paz social e da ordem institucional” (MURAD, 2007, p. 153).

Destaca-se que no período das colonizações, enquanto políticas de dominação, as medidas dotadas de etnocentrismo e discriminação eram vistas como uma necessidade para se promover a “civilização” por parte dos países ricos da Europa em detrimento das colônias de habitação ou exploração  presentes nos demais continentes.

Já Karl Marx, juntamente com o seu parceiro intelectual Friedrich Engels, preconizavam a idéia da revolução como transformação radical e violenta das estruturas sociais. Aliás, na grandiosa obra O Capital, Marx faz questão de delinear que a única forma de se obter a transformação das realidades sociais é por meio de uma revolução que consista em uma violenta alteração das estruturas e relações de poder, riqueza e formas de enxergar a realidade. Viam, pois, a violência como base da revolução. Maurício Murad frisa ainda que “Marx e Engels politizaram a violência e assinaram a idéia de que a geração do historicamente novo dá-se pelo emprego planejado e organizado de métodos violentos” (MURAD, 2007, p.158).

Max Weber, por sua vez, se propôs a apresentar uma tipologia da dominação obtida através da sua teoria dos tipos ideais. Ele situava a violência como pilar de toda modalidade de poder, desde as menos expressivas até as mais marcantes e complexas.

Já o francês Jean-Paul Sartre, como representante do existencialismo, via o homem situado em um constante conflito existencial, tendo de um lado a generosidade e do outro a truculência. Para ele, a bondade e a maldade estavam sempre presentes no coração dos humanos convivendo em uma contínua tensão, fazendo do homem um ser capaz de qualquer atitude.

Entretanto, apesar do termo ter sido amplamente apresentado pelos mais notórios pensadores da humanidade, a violência não é tão estudada quanto aparenta ser. Foi no Século XX, período de intensos conflitos em escala mundial, que o tema ganhou destaque e passou a ser amplamente explorado, sem, no entanto, margear o esgotamento.

Embora em períodos anteriores tenham existido trágicos registros de ações violentas, foi no Século XX que o mundo viveu sua mais intensa atividade política e intelectual, que por sua vez resultou em grandes conflitos das mais variadas dimensões. Aliás, o escritor português Edgard Morin se referiu ao período acima mencionado como uma verdadeira e conturbada “fonte de loucura responsável por desastres morais e materiais, (...) com inúmeros atos políticos geradores de violência, dos homens contra os homens, dos homens contra a natureza e da natureza contra os homens” (MORIN apud MURAD, 2007, p. 69).

Como exemplo maior desses “desastres” tem-se as marcantes Guerras Mundiais, que envolveram dezenas de países e causaram a morte de mais de sessenta milhões de pessoas, entre soldados e civis.

Embora a Segunda Guerra tenha sido a responsável pela maioria das perdas, foi a Primeira Grande Guerra que desencadeou a “era dos massacres”. Nesta, que se iniciou no ano de 1914, os registros apontam que cerca de dez milhões de soldados perderam a vida. Apenas três anos após seu início, e também em decorrência dela, entra em cena a segunda Revolução Russa, seguida por uma Guerra Civil no mesmo país que perdurou por mais de uma década, totalizando a morte de aproximadamente seis milhões de pessoas. Enquanto isso na Itália, já na década de 1920, Benito Mussolini implantava sua política fascista, em oposição a qualquer liberalismo, socialismo ou democracia. Na Alemanha, na década seguinte, com o rearmamento do país após a derrota na Primeira Guerra, Adolf Hitler adotou a ideologia Nazista (para muitos, vertente do fascismo), que além da oposição ao liberalismo político e econômico, foi marcada principalmente pela caça aos judeus e extermínio dos mesmos. Já em 1939, teve início a Segunda Guerra Mundial, que assolou o território europeu e trouxe grandes conseqüências para o mundo inteiro. O fim do conflito, o maior da história, deixou como herança a Guerra Fria, que dividiu o globo em dois grandes blocos políticos (comunismo e capitalismo) até o fim da década de 1980. Nesse período, vários conflitos tiveram direta interferência dos líderes Estados Unidos e União Soviética, como a Guerra do Vietnã e a Revolução Cubana.

Analisando essa breve passagem por alguns dos principais conflitos do século passado, bem como tantos outros, nota-se que a violência aplicada é quase sempre instigada por um fator muito presente: a intolerância, que consiste na impossibilidade ou dificuldade de lidar com as diferenças.

Acerca do assunto, o vencedor do Nobel da Paz de 1986, Elias Wiesel, sobrevivente dos campos de concentração nazistas, frisou que o século XX foi marcado pela incomunicabilidade entre os povos, sendo que em virtude disso o mundo assistiu

(...) à intolerância não parar de crescer em todo o mundo. Religiosa racial ou étnica, sua disseminação põe em questão as vitórias reais conseguidas pelo que ainda chamamos de civilização moderna. (...) Quando a linguagem fracassa, é a violência que a substitui. A violência é a linguagem daquele que não se exprime mais pela palavra. A violência é também a linguagem da intolerância, que gera o ódio. O ódio é irracional, impulsivo, implacável; suas forças sinistras impulsionam o que há de destruidor no homem. Seu ritmo é rápido, seu objetivo ameaçador, seu movimento inexorável (WIESEL apud MURAD, 2007, p. 123).

A intolerância pode, portanto, ser vista como uma das mais freqüentes formas de violência entre os homens, estando presente em todos os setores de uma sociedade, até mesmo dentre os mais elevados intelectualmente. Assim, considerando essa onipresença, mostra-se perfeitamente cabível explorar sua perpetuação no universo específico do futebol, a fim de abordar as prováveis causas dessa marcante inserção.

3 A DISCRIMINAÇÃO COMO A PRIMEIRA DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA NO FUTEBOL BRASILEIRO

 

 

A primeira forma de violência que dominou o futebol brasileiro não se referiu às agressões físicas que se costuma ter notícia desde o fim do século passado até os dias atuais. Trata-se, pois, das barreiras sociais e raciais erguidas em desfavor dos negros, mulatos e brancos pobres nas primeiras décadas da história do futebol brasileiro.           

O referido cenário se ergueu em virtude da forma como se deu a dinâmica de formação do país, fundada em um característico colonialismo de exploração, bem como em uma política escravista que, formalmente, perdurou até o ano 1888, sendo o ultimo país independente da América a abolir essa prática.

Com tal realidade, os setores estruturalmente desfavorecidos continuaram sendo vítimas das políticas de exclusão do passado, encontrando grandes dificuldades de inserção nas várias ramificações da sociedade.

Por conseguinte, a prática do ludopédio no começo do século passado se mostrou blindada às camadas menos favorecidas, sendo que os grandes clubes eram compostos apenas por jovens advindos de famílias ricas. Essa exclusão, portanto, se encaixava perfeitamente ao contexto social da época, sendo apenas mais uma expressão discriminatória daquele conturbado momento histórico do país.

Contudo, apesar do domínio do elitismo racista no esporte, com o passar dos anos já pôde ser observada uma difusão futebolística por entre as camadas mais populares, ainda que de forma discreta e clandestina. Formava-se aí, o “futebol de várzea”.

Em 1923, o Vasco da Gama, de forma revolucionária, sagrou-se campeão carioca após uma campanha quase perfeita no estadual. O time, que havia sido formado apenas por trabalhadores braçais de baixa renda, chamou a atenção para a massificação que já havia começado modestamente em outras equipes, como o Corinthians-SP, o Bahia-BA e o Bangu-RJ. O sucesso dessa equipe composta unicamente por pessoas pobres fez com que os grandes clubes da época desejassem a mesma tática para melhorar a qualidade do futebol apresentado. A respeito disso, Maurício Murad afirma que a partir de então não deu mais pra segurar. Os clubes foram lentamente incluindo jogadores desses segmentos em suas equipes, resultando numa transformação de largo alcance para o futebol, com repercussões por toda a sociedade (MURAD, 2007).

Todavia, cumpre destacar que o sucesso do popular Vasco da Gama não foi de fácil alcance, em virtude justamente das barreiras impostas pela sociedade racista. A equipe chegou a ser expulsa da liga, e ainda teve sua participação na divisão principal condicionada à construção de um estádio cujas exigências se mostravam dificílimas de serem atendidas.

A tradição elitista e racista do futebol foi aos poucos perdendo sua sustentação, apesar de que durante algum tempo, os jogadores negros e pobres das equipes foram reiteradamente responsabilizados por más atuações que o time apresentava.

Ainda na atualidade é possível perceber manifestações racistas no meio futebolístico, tanto por parte de torcedores como também de jogadores, no entanto, não se trata de uma prática generalizada como aquela que ocorria no começo do século XX. Como exemplo da atualidade tem-se o caso do jogador brasileiro Roberto Carlos, que, jogando pelo Zenit, da Rússia, foi vítima não só de ofensas verbais por parte dos torcedores, como também foi obrigado a presenciar bananas serem atiradas no gramado com o intuito de provocá-lo.

    

4  A REALIDADE NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

 

 

Analisar a violência no contexto futebolístico brasileiro implica considerar diversos fatores que se mostram estritamente ligados ao tema. Trata-se da real conjuntura do país, seja em aspectos sociais ou econômicos, bem como do quadro geral de violência que se agrava cada vez mais nos setores público e privado da sociedade. O problema não se restringe a um grupo ou modalidade determinada, tratando-se de algo presente em todos os âmbitos sociais, desde tempos primitivos até a atualidade. Dessa forma, mostra-se coerente uma pequena análise acerca da realidade social brasileira nas últimas décadas.

No Brasil, por mais que a violência sempre tenha existido nas mais variadas formas, um agravamento pode ser percebido a partir da década de 1960.

Na referida década iniciou-se no país a Ditadura Militar, que perduraria até meados dos anos 80. Esse período foi responsável por agravar diversos problemas socioeconômicos de tal modo que se reflete até o presente. Ocorre que, para se manterem no poder, havia forte manipulação em vários setores, como por exemplo, nos meios de comunicação que apenas tinham permissão para veicular o que não fosse de encontro ao regime. Foi também nessa época que o país viveu o que os militares chamaram de “milagre brasileiro”, em virtude do crescimento econômico e do boom infra-estrutural que se deu em determinadas regiões. A euforia se agravou ainda mais com o sucesso que o futebol brasileiro vinha alcançando nas copas do mundo.

No entanto, o cenário acima descrito mascarava a real situação que se instaurava. O crescimento econômico foi para poucos, visto que a maioria da população vinha sendo afetada pelo agravamento da pobreza e da concentração de renda. Ademais, a forte censura causava alienação, sendo que a população não sabia de fato qual era a realidade do país. Causava também, um empobrecimento cultural, posto o fato de que os opositores do regime eram eliminados de alguma forma, não tendo espaço para implantar um debate sobre aquela realidade.

Daí por diante, a desigualdade social seguiu uma significativa crescente, fazendo o Brasil figurar como um dos piores do mundo nesse aspecto. Para se ter uma noção, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) do ano de 2010 apontam que os 10% mais ricos da população possuem 44,5% do total dos rendimentos do país. Enquanto isso, os 10% mais pobres somam apenas 1,1% desse total. Esse grave quadro social, portanto, pode ser entendido como desencadeador de desordem, revolta e violência.

Já no âmbito futebolístico, a inserção da violência com as características explosivas que se tem na atualidade ocorreu já na segunda metade da década de 1980. Para Carlos Alberto Máximo Pimenta[2] isso ocorreu em virtude do “surgimento de configurações organizativas com características burocrático/militar, fenômeno essencialmente urbano que cria uma nova categoria de torcedor”, referindo-se, pois, ao chamado torcedor organizado, que será mais bem estudado adiante.

Não se pode negar que a realidade social brasileira influi diretamente nos episódios de violência vivenciados no meio futebolístico, assim como nos demais âmbitos. No entanto, há diversos outros fatores que, agregados ou não, contribuem para a situação em tela. Laerte I. Marzagão Junior cita como exemplo desses fatores:

(...) o planejamento deficiente acerca do policiamento preventivo, a lentidão na investigação e no processamento dos envolvidos para a efetivação da justiça, a irresponsabilidade de muitos dirigentes desportivos que privilegiam o lucro em detrimento da segurança dos torcedores, e ainda, a precariedade das estruturas dispostas para os certames, dentre outros motivos (MARZAGÃO JÚNIOR, 2010, p.353).

A esse respeito, interessante se mostra apresentar um breve paralelo entre a condição dos estádios brasileiros e a renomada “teoria das janelas quebradas” (the broken windows theory), que busca estabelecer uma ligação entre a condição de desordem social e a prática de ações criminosas.

Para explicar a teoria, seus idealizadores fizeram uso da seguinte situação hipotética: se a janela de uma fábrica fosse quebrada e não fosse imediatamente substituída, as pessoas que se deparassem com aquilo iriam automaticamente imaginar tratar-se de algo sem importância, objeto de descaso por parte dos donos e das autoridades responsáveis pela manutenção da ordem. Em pouco tempo, as pessoas começariam a quebrar as demais janelas que até então estavam intactas, e, logo, todas as janelas estariam quebradas. Em seguida, vândalos passariam a deteriorar outros alvos na região, desencadeando novas ações violentas. Com isso, as pessoas concluiriam que ninguém seria responsável por aquele imóvel e região. Seriam, pois, contaminadas com o descaso e ficariam descrentes quanto à atuação de fiscalização das autoridades.

A referida teoria pode ser usada para tentar explicar, em parte, o que acontece nos estádios brasileiros. Ocorre que a grande maioria desses estádios não apresenta um padrão razoável de conforto e segurança, sendo muitas vezes construções antigas que não receberam a manutenção devida ao longo dos anos. Tal condição somada ao descaso das autoridades públicas e privadas no setor, gera um resultado de abandono, fazendo das praças esportivas locais pouco receptivos: sujos, com péssima iluminação, má conservação dos sanitários, falta de estacionamento e equipamentos de segurança, dentre outros fatores desestimulantes. Sem dúvida, tais condições influenciam o comportamento dos torcedores, uma vez que “encontram-se privados das condições mínimas para satisfação de suas necessidades básicas de higiene e de segurança” (MARZAGÃO JÚNIOR, 2010, p.356).

Para se ter uma idéia, em 2009, o site da Confederação Brasileira de Futebol divulgou que dos sessenta e quatro estádios onde seriam disputados jogos da Copa do Brasil daquele ano, apenas quinze apresentaram dentro do prazo os devidos laudos técnicos fornecidos pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Vigilância Sanitária, estando os demais em situação irregular.

Contudo, mostra-se coerente dizer que o descaso das autoridades públicas e dirigentes desportivos quanto à fiscalização e manutenção dos estádios é um fator impulsionador da violência nesse âmbito. Com as obras para a Copa do Mundo de 2014, talvez alguns dos principais estádios do país tenham esse problema atenuado, posto o fato de que as arenas serão amplamente reformuladas para que assim possam atender às várias exigências impostas pela FIFA.

5 AS TORCIDAS ORGANIZADAS

 

 

Como visto anteriormente, foi a partir da década de 1930 que houve uma expansão do futebol para além do âmbito elitista, penetrando nas camadas mais humildes da população. Tal massificação propiciou o surgimento das primeiras torcidas organizadas, que possuíam um perfil bem distinto daquilo que se vê atualmente. Naquela época, “as manifestações eram sobretudo festivas, e gravitavam em torno de um eixo de alegria e congraçamento entre todos” (MARGAZÃO JÚNIOR, 2010, p. 353).

No entanto, com o passar dos anos, apesar de permanecer a idéia de apoio incondicional, o perfil dessas torcidas começou a se modificar.

Para alguns autores, essa mudança teve início a partir do fim da década de 1960 devido a um conjunto de fatores. Ocorre que nesse período, o processo de massificação e divulgação do esporte intensificou-se de maneira significativa a partir do momento em que a televisão chegava aos lares brasileiros. O futebol passou a ser visto como um verdadeiro fenômeno, de modo que até mesmo o governo militar utilizou-se dele em proveito próprio, incentivando-o e divulgando-o amplamente. No entanto, para Luís Henrique Toledo, foi justamente tentando se opor ao regime que surgiram as primeiras torcidas organizadas. Para o referido autor, essas torcidas, “juntamente com outras formas de organização e associação, formaram canais de participação populares diante da ausência de partidos e representações legais” (TOLEDO, 1996, p.35).

Outros estudiosos consideram que o surgimento das organizadas se deu em virtude da “cumplicidade de dirigentes (cartolas) dos clubes, vendo-as como eficazes cabos eleitorais” (SANTOS, 2004, p.83). Jornalistas renomados como Juca Kfouri, compartilham essa idéia, afirmando que as torcidas em questão sempre foram financiadas pela própria “cartolagem”, numa tentativa de manobrar as jogadas políticas internas dos clubes.

Na visão dos que dirigem essas torcidas, a organização se deu como uma alternativa de lazer e também como uma reação ao descaso do Estado em relação aos jovens. Paulo Serdan, enquanto presidente de uma importante torcida paulista, declarou que a partir do momento em que a instituição passa a ajudar entidades beneficentes e praticar medidas como oferecimento de plano de saúde aos membros, o torcedor envolvido passa a defender aquilo que para ele verdadeiramente o acolhe: o time e a torcida (SANTOS, 2004).

Fato é que, independente de qual tenha sido o intuito no momento do surgimento, as torcidas organizadas tem protagonizado nas últimas décadas tristes episódios de violência nos estádios e suas cercanias.

Fernando Capez muito escreveu acerca da violência no futebol e do comportamento das torcidas organizadas, posto o fato de que enquanto atuou como promotor na cidade de São Paulo travou uma verdadeira batalha com essas instituições. Em um de seus textos expôs a seguinte colocação:

No Brasil, o esporte coletivo, mais precisamente o futebol, atua como canalizador de emoções, no qual o indivíduo projeta seus anseios reprimidos. Opera-se uma transferência emocional e psíquica, de modo que o indivíduo participa do acontecimento esportivo como se fosse seu real protagonista. A derrota da equipe simpatizada provoca no torcedor uma sensação de desânimo e contrariedade, como se estivesse experimentando pessoalmente o insucesso. [3]

Ainda segundo ele, esse cenário de grande passionalidade propicia a afirmação das torcidas organizadas. Os indivíduos se agrupam porque sabem que sozinhos não conseguiriam despertar a tão necessária atenção da sociedade, visto que a intenção é figurarem como protagonistas do espetáculo. A associação seria então, uma espécie de sociedade política em miniatura, na qual o ato de torcer em grupo seria um canal de extravasamento das frustrações do dia-a-dia, o que muitas vezes se dá por meio da violência.

O futebol, enquanto esporte mais popular do país, agrupa pessoas dos mais variados segmentos sociais, destacando-se aí os excluídos, que procuram externar de modo agressivo sua inconformidade em relação à sua realidade.

Em um estudo relacionado ao assunto, Carlos Alberto Máximo Pimenta afirma que a violência entre as torcidas organizadas não se mostra desarticulada dos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais vivenciados no cotidiano da população brasileira. A composição do espaço urbano com esses elementos, da forma precária como se deu, interferiu bastante na identidade do jovem, que passou a se expressar através da negação do outro, da disputa e da violência prazerosa entre grupos rivais. Passou a haver um esvaziamento da noção do coletivo na formação desses indivíduos. E são justamente os jovens com esse novo perfil que irão compor a maior parte das agremiações em foco.

Também em relação à realidade brasileira, Fernando Capez assim dispõe:

(...) o recrudescimento dos problemas sociais e econômicos, o considerável aumento da distância entre os segmentos sociais, o alastramento generalizado da miséria, a falta de emprego e de acesso a um sistema de educação e saúde minimamente adequadas, entre tantos outros problemas, acabaram criando perigosos focos de tensão social. Sentindo-se massacrados pela estrutura altamente seletiva da sociedade, as pessoas passaram a procurar os agrupamentos com novas motivações.

(...)

O perfil do torcedor violento é o de uma pessoa que se orgulha desta condição. Não se choca com a brutalidade. Vive em clima de banalização, junto com outras pessoas que cultivam estes valores. [4]

Foi a partir da década de 80 que essas torcidas assumiram um aspecto burocrático, passando a constituir uma estrutura organizativa com base em estatutos, departamento administrativo e de vendas, sede, quadro associativo, dentre outros elementos. Além desse aspecto, ficou também evidenciado o notório caráter simbólico dessas instituições, uma vez que os torcedores passam a dar elevada importância aos símbolos e cores que os identificam. Ao estamparem seus emblemas na vestimenta que utilizam, além estarem demonstrando a devoção que têm pelo clube, estão também se identificando e se diferenciando dos demais.

Acerca do assunto, Luis Henrique de Toledo assim dispõe:

As torcidas organizadas impõem limites, hierarquias, vestem-se de maneiras diferenciadas, criam padrões estéticos de como se torcer, gestos e comportamentos, que se traduzem em intervenções coletivas no meio urbano. Investem tempo, criam expectativas, mobilizam símbolos, expõem-se a conflitos (TOLEDO,1996, p. 153).

Segundo Tarcyanie Cajueiro Santos, estudos apontam que as torcidas organizadas são compostas em sua maioria por jovens adultos e adolescentes pertencentes às camadas menos favorecidas da população. Vários são os motivos que os levam a integrarem essas instituições, merecendo destaque o intuito que possuem de fazer novos amigos e se sentirem parte da sociedade. Ela expõe ainda o fato de que, na visão dos dirigentes dessas entidades, a organização tenta reeducar o torcedor e jamais o discrimina, fazendo dele parte de uma família, independente da classe em que esteja inserido (SANTOS, 2004).

Em geral, o presidente da torcida organizada ostenta um status perante os demais associados, representando pra eles um líder com o qual eles podem contar quando precisarem, e não apenas um detentor de poder institucional. O presidente, então, se mostra como figura essencial para determinar o comportamento dos demais seguidores, visto que é o exemplo a ser seguido por eles. Justamente por isso, mostrou-se tão grave o incidente ocorrido em Belo Horizonte – MG, no ano de 2010. Nessa ocasião, após um evento de MMA (mix martial arts – artes marciais mistas), membros da Galoucura (torcida organizada do Atlético Mineiro) e da Máfia Azul (torcida organizada do Cruzeiro) entraram em conflito nas ruas do Bairro Savassi. Além de vários feridos, o confronto resultou na morte do torcedor Otávio Fernandes, de 19 anos. Na oportunidade, câmeras de segurança no local registraram que o jovem morreu após ter sido brutalmente espancado, sendo que dentre os espancadores estava um dos dirigentes das torcidas. Esse fato foi amplamente divulgado pela mídia, contribuindo não só para reforçar o caráter negativo que essas instituições possuem aos olhos da sociedade, mas também para retratar a desumanização do adversário, que tem sido tão recorrente nesse meio.

Cumpre destacar que os torcedores organizados, ao serem apontados pela sociedade e pelos meios de comunicação como principais causadores da violência no meio futebolístico, defendem-se sob o argumento de que, aqueles torcedores que cometem atos recrimináveis são, na verdade, marginais infiltrados que sequer compõem formalmente o quadro de associados. Seriam, portanto, vândalos que adquirem vestimentas falsificadas das torcidas e se passam por membros delas, praticando atos típicos de delinqüência, como agressões físicas e depredação de patrimônio público e privado.

Fazendo ou não oficialmente parte das organizadas, o consenso é que os vândalos existem sim nesse meio, apesar de não ser maioria. A esse respeito, Maurício Muhad assim dispõe:

O dado novo e preocupante, hoje, é o segmento “infiltrado” das torcidas organizadas, sobre o qual não há números oficiais confiáveis, embora exista um consenso, em todas as instâncias da segurança pública, de que se trata de uma parcela minoritária, insisto. Perigosa, armada, treinada e, pior, articulada com outras “tribos” urbanas envolvidas com distintas práticas de violência, com a divisão e a ocupação territorial das cidades, com o tráfico de drogas e de armas, o que trouxe uma novidade em 2005: os conflitos entre torcedores da mesma torcida. (MURAD, 2007, p. 35).

Ao pesquisar o perfil desses violentos torcedores, o autor acima tratado chegou aos seguintes dados: idade entre 14 e 25 anos; maioria de desempregados ou trabalhadores informais; todas as faixas etárias, com predominância da classe média baixa; maioria com baixa escolaridade, apesar de haver universitários; predomínio de homens, estando a parcela feminina em torno de 10%; ligações com drogas, gangues urbanas e o crime organizado a partir dos anos 1990; comunicação pela internet; treinamento em lutas marciais o uso de táticas militares. Ressalta-se que estabelecer esses aspectos gerais é de suma importância para que se possa planejar ações e fixar estratégias de combate a essas práticas violentas.

Contudo, não se mostra prudente finalizar esse capítulo sem antes esclarecer que a conduta violenta proveniente das torcidas não corresponde a um fato exclusivamente brasileiro, muito pelo contrário. Na Europa, em especial na Inglaterra, grupos de torcedores denominados hooligans protagonizaram tristes episódios de violência e intolerância advindos de um fanatismo exacerbado. Uma das grandes tragédias que decorreram do hooliganismo ocorreu em 1985, em Heysel, na Bélgica, em um jogo entre a Juventus, da Itália e o Liverpool, da Inglaterra. Na oportunidade, um grande confronto entre as torcidas resultou na morte de 38 pessoas, sendo que as investigações apontaram os hooligans ingleses como responsáveis pelo episódio. Como penalidade, as equipes britânicas foram banidas das competições européias por um período e cinco anos.

Os hooligans  europeus e as torcidas organizadas brasileiras se assemelham em diversos aspectos, em especial no que se refere ao perfil socioeconômico e cultural dos integrantes. Possuem também algumas características bem distintas, podendo ser citado como exemplo o fato de que aqueles agem no anonimato, sem ostentar símbolos, enquanto estes fazem questão de expor os emblemas que as identificam.

Semelhanças e diferenças a parte, fato é que a ideologia dos fanáticos europeus foi duramente atacada por uma ação conjunta dos meios de comunicação, das autoridades policiais, legislativas e executivas, e também de movimentos dentro das próprias torcidas, surtindo efeitos notórios. Enquanto isso no Brasil ainda paira diversas indagações acerca de quais seriam as medidas mais adequadas para conter esse quadro, bem como quais seriam os responsáveis pela segurança no setor.

Cumpre destacar, por fim, o advento do Estatuto de Defesa Do Torcedor, por meio da Lei nº 10.671, de 2003. O referido estatuto trouxe em seu texto assuntos de suma importância que visam garantir a proteção, a defesa e a segurança do torcedor, seja antes, durante ou depois dos grandes eventos desportivos. O diploma comporta também uma mudança que revolucionou o âmbito dos espetáculos futebolísticos Trata-se da equiparação do torcedor ao consumidor, e do organizador da competição ou detentor do mando de jogo ao fornecedor, ficando nitidamente reconhecida a existência de uma relação de consumo entre os sujeitos, sendo possível, dessa forma, a aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Fato é que o Estatuto do Torcedor trouxe avanços importantíssimos para o desporto nacional, ao menos na legislação. Abarcou em seu conteúdo capítulos com matérias essenciais ao bom funcionamento dos jogos e competições profissionais, tais como a transparência na organização, as penalidades a serem impostas e, principalmente, a segurança do torcedor partícipe do evento desportivo. Merece destaque, também, o fato de que o diploma em tela estabelece como garantia do torcedor o direito a um ambiente digno, que atenda todas as exigências dos órgãos vigilantes, principalmente em relação à segurança, conforto e higiene.

As inovações trazidas pelo estatuto, ao menos em tese, seriam de grande contribuição no combate a violência no meio futebolístico, porém, muito daquilo que é tratado em seu texto ainda não se efetivou na prática.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Analisando tudo aquilo que fora apresentado no presente trabalho, pode-se dizer com certa propriedade que os atos de violência presentes nos estádios de futebol e suas cercanias compõem uma realidade que muito compromete a imagem do desporto nacional. Essa violência, porém, se configura como um problema comum a toda a sociedade brasileira, que sempre teve em sua composição características fortemente negativas, como a desigualdade social e a falta de políticas públicas inclusivas.

A realidade brasileira apresenta um conjunto de fatores sociais, econômicos e culturais, que de certa forma, direcionam o comportamento de alguns jovens de forma negativa, e sendo o futebol um autêntico fenômeno social, acaba refletindo em seu meio aquilo que se mostra presente nos mais variados âmbitos da sociedade.

Estudiosos acreditam que as melhorias que têm sido providenciadas para a Copa do Mundo de 2014, como as reformas dos estádios e o investimento nas vias de acesso, poderão colaborar consideravelmente com o combate à violência nos eventos desportivos. Isso porque várias das exigências estabelecidas pelo Estatuto do Torcedor nunca puderam ser cumpridas em virtude da falta de estrutura, de modo que a melhoria do espaço poderá facilitar as políticas em prol da segurança no presente contexto. Todavia, não se pode olvidar que mostra-se extremamente necessário investir com veemência naquele que pode ser visto como o mais importante de todos os setores: a educação. É preciso investir no jovem para que ele se sinta parte integrante da sociedade, para que ele não se deixe absorver pelo mundo do crime. A violência sempre existiu e sempre existirá, mas tal constatação não pode servir de desculpa para justificar a apatia daqueles que devem lutar para a atenuação dos efeitos da mesma.

Dessa forma, tendo em vista todas as leituras e pesquisas feitas na realização do presente trabalho, pode-se concluir que, para se obter um avanço consistente, que realmente proporcione um ambiente atrativo e seguro aos amantes do esporte, mostra-se imprescindível uma ação conjunta entre o poder público, as torcidas, as entidades responsáveis pela administração do esporte e os clubes, na qual cada setor colaboraria enfaticamente de acordo com sua área de competência, sem jamais deixar de lembrar que o futebol é um prolongamento da sociedade, e aquele jamais conseguirá controlar a situação enquanto esta se mostrar vulnerável ao problema.

 

REFERÊNCIAS

 

 

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[1] RONEY, Paulo. Raízes da violência. Disponível em: www.roney.floripa/docs/raizes.doc

[2] PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Violência entre torcidas organizadas de futebol. Disponível em: www.scielo.br

[3] CAPEZ, Fernando. Violência no futebol. Disponível em: www.capeztaisei.com.br

[4] CAPEZ, Fernando. Violência no futebol. Disponível em: www.capeztaisei.com.br

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