Dinâmica das inovações tecnológicas na indústria automobilística



 

UNIVERSIDE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E ECONOMIA

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

 

 

 

 

 

 

PROJETO DE PESQUISA

 

 

 

 

THALES DIAS DE FREITAS

DINÂMICA DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA EM MEADOS DOS ANOS 90

 

 

Nova Iguaçu, RJ

Novembro, 2012

 

 

 

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISPLINAR

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E ECONOMIA

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

 

 

 

THALES DIAS DE FREITAS

DINÂMICA DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA EM MEADOS DOS ANOS 90

                                                                                                                                                                                                                                                      

Projeto de Pesquisa elaborado por Thales Dias de Freitas sob orientação da professora Betty Rocha apresentado ao Departamento de História e Economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro para avaliação da disciplina Técnica de Pesquisa e Metodologia Econômica.

                                                                                                                                            

 

 

 

 

 

                                                

Nova Iguaçu, RJ

Novembro, 2012

     


 

 

 

 

 


RESUMO

O presente projeto de pesquisa tem por objetivo analisar a consequência das inovações no setor automobilístico, sendo elas gerenciais, no processo produtivo e ainda no desenvolvimento do produto, com um aprofundamento nos anos 90, década que é marcada pela abertura comercial e o aquecimento do setor automobilístico brasileiro frente à forte e severa concorrência externa. Ainda mostra como se originou alguns conceitos de produção como, fordismo e ohnoismo, e as conseqüentes diferenças na produção automobilística e suas reformas quanto à manufatura, gestão de custos e preço final.

            

Palavras-chaves: Inovação tecnológica; flexibilidade; indústria automobilística.

 

                                                                                                                                      

     


SUMÁRIO

 

 


1. Justificativa

 

5

2. Objeto e Problema de Pesquisa

 

6

3. Hipótese

4. Objetivos

 

7

7

    4.1. Objetivo Geral

 

7

    4.2. Objetivos Específicos

 

8

5. Metodologia

 

8

6. Marco Teórico

7. Referências Bibliográficas                                              

 

8

14

 

 

     

 


  1. JUSTIFICATIVA

 

  A necessidade de procurar um tema a desenvolver um projeto de pesquisa para a aprovação da disciplina Técnicas de Pesquisas e Metodologias Econômicas fez com que eu me movesse a identificar um tema de pesquisa. Como estudante secundarista sempre gostei de matérias que envolvesse números, como Matemática e Física. Ao escolher prosseguir meus estudos como graduando em Ciências Econômicas busquei desenvolver um gosto não só por números, mas um aprofundamento maior em diversas teorias e também seus impactos sociais e também no funcionamento do mercado.

 O interesse em pesquisar sobre a indústria automotiva e suas conseqüentes inovações surgiu quando, aliado a antiga paixão de ensino médio sobre carros e suas inovações (seja na parte elétrica, mecânica ou aerodinâmica), comecei a sentir-me instigado sobre os motivos do preço de um carro no Brasil ser tão elevado em comparação a outros países. Nunca entendi o motivo que faz com que o carro vendido no Brasil tenha um preço de mercado tão alto, sendo o mesmo carro vendido lá fora com o preço substantivamente inferior.

 No governo de Juscelino Kubitscheck o setor automobilístico foi de fundamental importância, ao estimular a produção de bens duráveis e atrair muitos investidores estrangeiros que estavam dispostos a investir no setor. Durante o governo de Kubitschek a produção era feita em grande escala, e ainda o governo subsidiava estes setores tidos como a desenvolver (este relacionado à formação industrial brasileira). O governo esperava que os conhecimentos gerenciais e tecnológicos trazidos pelos estrangeiros fossem supridos pelo empresariado local, beneficiando o parque industrial brasileiro. Nos anos 80 já se observava o quanto era obsoleto a indústria automobilística local quando se comparada à produção externa, principalmente os japoneses, que revolucionaram a dinâmica do processo produtivo e gerencial envolvido nas montadoras, com o sistema de organização Toyota, ou “ohnoismo”, substituindo assim o antigo paradigma “fordista”. Adotando alguns conceitos, como: Just-in-time (JIT), kanban, kaizen, controle de qualidade total (total quality control, o TQC), controle estatístico de processos (CEP), manutenção preventiva total, círculo de controle de qualidade (CCQ).   Entretanto, as mudanças estruturais experimentadas nos anos 80 foram tímidas. Comparando plantas da Ford em São Bernardo do Campo (Brasil) e Dagenham (Inglaterra) em um mesmo padrão de qualidade, durante este período, pode-se observar uma produção inferior da indústria brasileira, enquanto na Inglaterra a produção era baseada na robotização, no Brasil usava-se o trabalho humano intensificado (SILVA, 1988). Exemplificando dessa forma, a parcial e limitada reestruturação industrial brasileira nos anos 80, onde o setor foi desenvolvido em partes, priorizando a reforma gerencial e deixando para segundo plano as mudanças em tecnologia no sistema produtivo, como o uso intensivo em eletrônica, pesquisas na área de tecnologias de informação e aerodinâmica.   

 O governo brasileiro, como forma de transformar o parque industrial brasileiro, definida pelo presidente Fernando Collor de Mello como “sucateada”, abre a economia para assim acirrar a concorrência no mercado interno, este em total desvantagem com os produtos de melhor qualidade e preço dos concorrentes estrangeiros. As montadoras não têm outra alternativa além de inovar seu processo produtivo e seu próprio produto e de discutir uma série de medidas como o acordo das montadoras, que possibilitou a formulação de proposições sobre política setorial, como preços, mercados, modernização tecnológica, relações industriais.

Neste sentido, os anos 90 foi escolhido como o recorte temporal por ser a década onde de fato os inovadores processos gerenciais e de produção foram inseridos na indústria nacional, década onde realizou-se a abertura comercial e instaurou-se no ambiente econômico brasileiro a idéia de estabilidade (a partir do plano real). Não deixando de reconhecer o importante passo dado na década anterior, onde se podem observar mudanças no segmento da gerência.

 Com essa breve narrativa histórica do aparecimento da indústria automobilística brasileira e todo o seu caminhar até o ingresso de técnicas visando ao seu amadurecimento e igualdade frente aos concorrentes estrangeiros, destacamos o importante papel deste setor para a dinâmica da indústria brasileira, seus respectivos ciclos tecnológicos e sua contribuição para a economia brasileira como um todo. Entrando assim num novo sistema de organização produtiva, com mais flexibilidade de sua produção, sendo essa flexibilidade diferente da experimentada no sistema de produção “fordista”, onde era entendido como: produzir carros de qualquer cor, lançar modelos mais diversificados, entre outros.

       

  1. OBJETO E PROBLEMA DE PESQUISA

 

Esta pesquisa propõe demonstrar como a indústria automobilística se formou, desenvolveu e se consolidou na atual configuração produtiva, passando por diversas transformações, tais como, gerenciais, mudanças no sistema de produção, incorporação de tecnologias e inovações. Ao analisar a indústria brasileira, evitaremos fazer comparações com indústrias de países já desenvolvidos, utilizando somente exemplos de experiências bem sucedidas de sistemas produtivos, como forma de avaliar o funcionamento das variáveis envolvidas na indústria automobilística nacional.

Qual o grau, ou nível, em P&D à indústria automobilística brasileira desenvolve em projetos inovadores gerenciais e processos produtivos? Como as mudanças gerenciais e tecnológicas no processo se relacionam na concorrência de mercado e preço final do produto no mercado brasileiro? Quais processos a indústria brasileira se apropriou durante sua maturação? 

  1. HIPÓTESE

 

A hipótese é que a abertura comercial possibilitou e entrada de novas técnicas na indústria automobilística nacional, esta atrasada tecnologicamente durante muito tempo. Esta abertura trouxe consigo um sistema produtivo mais complexo e completo, onde as inovações tecnológicas, tanto no processo quanto na produção são meios para concorrer num mercado oligopólico, onde há diferenciação do produto, concorrência via preço e as empresas buscam inovar seu produto e processo com elevados gastos em P&D.

O sistema produtivo então dominante, o “fordismo”, caracterizado pela produção em escala, alto grau de hierarquia é substituído por um sistema com conceitos “toyotista”, que funciona de forma horizontal, mais flexível quanto ao produto e produção, colaborando assim para a concorrência neste mercado.

 

  1. OBJETIVO GERAL

 

Entender como se deu o processo de formação da indústria automobilística brasileira, sua importância para o alcance das metas estipuladas pelo governo e seu funcionamento na economia. A importância de incorporar e desenvolver projetos que visam à inovação e adoção de novas tecnologias por parte do setor industrial automotivo brasileiro, como projetos visam o descarte mais eficiente dos resíduos, adotando assim uma perspectiva global, onde se tem em mente a importância do ambiente. Desenvolver produtos que atendam as necessidades dos mais diversos consumidores, necessitando assim de uma elevada variedade de produtos e serviços oferecidos, se utilizando assim de planos de negócio e diferenciação de produto. Transformações no processo produtivo, após a abertura comercial durante os anos 90, década de forte concorrência com o mercado exterior que possibilitou a indústria automobilística nacional à adoção de um sistema produtivo mais sólido, com incorporação de novas tecnologias em sua planta produtiva.

4.1.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

  • • Analisar a indústria automobilística em meados dos anos 90, como o governo abre a economia visando à concorrência, e assim, estimulando o desenvolvimento desta indústria, que se encontrava “sucateada”.
  • • Descrever e analisar a adoção de inovações – tanto gerenciais, do processo e também do produto- na indústria automobilística brasileira a fim de garantir a melhor qualidade e desempenho deste setor.
  • • Identificar mudanças nas redes de trabalho na indústria automobilística brasileira, com enfoque ao perfil do trabalhador, sua polivalência, o tratamento dado a esses trabalhadores e a adoção de técnicas de robotização.
  1. METODOLOGIA

              

               Este projeto de pesquisa se baseou em diferentes tipos de pesquisa:            

  • Bibliográfica, na medida em que procurou descrever, mesmo que de forma breve, acontecimentos realizados na indústria automobilística nacional.
  • Documental, pois foram selecionados artigos e livros com temas relacionados ao assunto aqui estudado.

 

  1. MARCO TEÓRICO OU REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A implantação da indústria automobilística brasileira inicia-se nos anos 50, durante o governo de Juscelino Kubitscheck, mas para a compreensão deste processo é importante analisar alguns aspectos da estruturação da indústria estimulou o investimento de capital estatal em produção de insumos básicos, como petróleo, petroquímica, mineração. Entre os motivos que levaram o Estado a assumir o investimento em áreas estratégicas do setor industrial esta a falta de interesse do empresariado brasileiro por empreendimentos de alto valor, devido o período de maturação destes investimentos e a possibilidade de retorno financeiro. Durante o governo de Vargas surgiram estatais importantes para a indústria nacional, como a Eletrobrás, Petrobrás, CSN e a FNM, todas estas voltadas à produção de um bem considerado essencial ao desenvolvimento industrial nacional. Mesmo operando em ambiente adverso, em meio a crises e guerras, parte do plano de industrialização obteve êxito e a demanda por bens de capital atraiu multinacionais que se instalaram no país.

Já no governo de Juscelino Kubitscheck (1956-1961) o planejamento governamental apontou a indústria de bens de consumo duráveis como o próximo passo ao desenvolvimento econômico, assim algumas montadoras instalaram-se no Brasil. A tática adotada pelo governo foi subsidiar essas empresas multinacionais, oferecendo vantagens para sua permanência no mercado nacional. O decreto 39.412, assinado pelo presidente Kubitscheck criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) auxiliando na entra de diversas fábricas, como a instalação da Volkswagen no ABC Paulista, sendo produzido em 1957 um total de 2268 fuscas e 522 kombis, com metade de suas peças importadas (RACHID, 2011). A instalação da indústria automobilística brasileira no governo de JK não encontra somente fatores internos para explicar sua implementação, fatores externos como, difusão do modelo de produção em massa é um importante fator para a manufatura de veículos no Brasil. Este modelo de produção implantado na indústria nacional na segunda metade dos anos 50 se consolidou até os anos 80.

No período conhecido como “milagre econômico” brasileiro, o modelo de produção em massa adotado pelas montadoras aqui instaladas acelerou o ritmo de produção de automóveis, período este que em que o PIB brasileiro cresceu a quase 13% ao ano até 1973. De acordo com Massen (2010) a expansão da indústria automobilística nacional encontra um ponto de inflexão na expansão do próprio PIB. Portanto os anos de 1967-1973 foram de prosperidade para a indústria automobilística local. Neste mesmo período pode-se observar uma formação de cartel no setor, onde a concentração de mercados ocasionou em processos de fusões e aquisições. Em 1969, mais de 90% da produção estava concentrada nas mãos de três empresas, Volkswagen, GM e Ford. 

No período de 1974 a 1980, ocorreram uma série de acontecimentos que frearam o ímpeto da indústria automobilística, como o choque de petróleo e o aumento da taxas de juros praticadas pelos EUA. A crise do petróleo reduziu a taxa de crescimento do PIB e reorientou a política industrial e de incentivos. O país recorreu mais uma vez a substituição das importações, estimulando investimentos nas indústrias de insumos básicos, bens de capital e infraestrutura, estimulando o desenvolvimento da indústria nacional. Portanto, mesmo em meio a crise, na segunda metade da década de 70 a indústria nacional automobilística se beneficiou dos incentivos governamentais.

De acordo com Araújo (1993) importantes mudanças no padrão produtivo das indústrias automotivas ocorreram a partir dos anos 80 como exemplo a transição para o sistema toyotista na linha de produção. A crise econômica experimentada nos anos 80 fez com que as montadoras nacionais estendessem suas participações no exterior, visto que o mercado nacional estava saturado e em declínio.  Pra adotar tal tática, a indústria precisou se modernizar, incorporando assim em sua estratégia o “toyotismo”, mesmo que em partes, pois este não chegou a mudar o processo produtivo, sendo incorporado quase que somente na gerencia, excluindo cargos de gerência, para que o trabalhador da linha tivesse contato direto com a produção, adoção de controles de qualidade e controles estatísticos.

Nos anos 90, com a abertura comercial introduzida pelo então presidente da República Fernando Collor de Mello, o mercado brasileiro protegido por anos pelo regime militar e sua política protecionista, precisou disputar o mercado interno com os produtos vindo do exterior, estes com mais qualidades e muitas vezes mais baratos. Para evitar uma possível, e quase certa, quebra de sua indústria, as montadoras se unem entorno daquilo que ficou conhecido como “acordo das montadoras”. Este acordo feito entre trabalhadores e montadoras destaca o empenho destes para a sobrevivência da indústria local. As montadoras são poucas e ocupam uma posição oligopólica, numa cadeia fortemente hierarquizada, portanto, na maioria das vezes tomando decisões unilateralmente, enquanto os trabalhadores, muitas vezes subjugado e sem o seu trabalho reconhecido. Entretanto ambos sentam a mesa para negociar uma saída. Este acordo possibilitou proposições sobre preços, mercados, modernização tecnológica, relações industriais etc. (ARAÚJO, 1993). O acordo das montadoras previa: redução de 12% nos impostos; 6% de IPI e 6% de ICMS; redução de 10% das margens de lucro; redução de 22% no preço final dos automóveis; reposição mensal e integral da inflação para os salários dos trabalhadores; manutenção do nível de emprego (PEREIRA, 2009).

A partir de 1994 o setor passou a ampliar significativamente seus investimentos para poder assim melhorar cada vez mais seu processo, defasado por anos. Estes investimentos sendo direcionados em sua maior parte para a incorporação de componentes eletrônicos tanto no processo produtivo, tanto no produto.  O avanço tecnológico permitiu que novas tecnologias fossem introduzidas neste processo, como: computadores e telecomunicações; eletrônica; manufatura integrada por computadores e design de materiais. 

Sistemas de produção adotados na Indústria

 

O sistema produtivo adotado pelas montadoras enraizadas aqui no Brasil durante os anos 50 ficou conhecido como sistema “fordista de produção”, sistema inventado por Henry Ford, que consistia na produção em massa das mercadorias e na maximização da divisão do trabalho, onde o trabalhador não era conhecedor do processo como um todo, sendo responsável operar por uma parte do processo produtivo. Neste sistema a produção era “gorda”, mantendo sempre os estoques cheios e ainda a manufatura dava lugar a maquinofatura, dando mais importância na redução de preços e aumento de vendas do que na diversificação dos produtos (FLEURY, 1995).

Após os anos de guerra, um novo sistema revolucionou a indústria moderna, este sistema ficou conhecido como “toyotismo” ou “ohnoismo”, este sistema foi criado dentro da montadora Toyota por Taiichi Ohno, e buscava a total eliminação dos desperdícios através de três metodologias: racionalização da força de trabalho; Just in time e produção flexível (PREIRA, 2009). Além destes conceitos houve muita mudança no sistema produtivo e estratégico das empresas, como a redução de níveis hierárquicos, para que a produção estivesse na mão dos trabalhadores da linha, gerando maior conhecimento do sistema produtivo. O processo de inovações desempenha papel importante neste sistema, pois a produção é bastante flexível, tanto em volume, como em gama de produto, estratégica, normativa, supervisão de erros, entre outros. Neste processo, de acordo com Fleury (1995), a maquinufatura dá lugar a manufatura, gerando estratégias quanto a custos, qualidade, tempo, flexibilidade e originalidade, dependendo da estratégia e ações da empresa esta escolhe concorrer a um determinado parâmetro. Um dos motivos do significativo sucesso da indústria japonesa foi exatamente essa interdependência e sinergia.

A produção flexível no “toytismo” está relacionada pela adoção de estratégias competitiva e suas pontuais mudanças, não sendo generalizada, como regulamentação sindical, capacidade de variar o volume parcial ou total de sua produção, capacidade de introduzir e retirar componentes nos produtos, capacidade de alterar a ordem de produção, capacidade de suportar sazonalidades, flexibilidade para suportar mal funcionamento do sistema produtivo e flexibilidade para atender possíveis erros de previsões (SALERNO, 1992).  A inovação tecnológica é de fundamental importância para o melhor desempenho industrial em um mercado altamente competitivo, como é o caso da indústria automobilística, onde as montadoras competem via custo, qualidade, tempo, flexibilidade, originalidade. Estes compreendem também campos mais específicos como processo de inovações.

Investimentos em P&D no desenvolvimento do produto e no processo produtivo

  O mercado automobilístico é caracterizado por ser oligopolístico, onde as montadoras concorrem via preços e diferenciação de produtos. Para se firmar numa estrutura industrial deste tipo é essencial que a empresa invista e inove em processo produtivo e ainda seus produtos. Para obter êxito neste mercado de forte concorrência, as empresas criam projetos de inovação, onde são discutidos formas de diferenciação de produtos, como lançamento de novos modelos por ano, tabela de preços diferenciados, ou ainda oferecer kit de acessórios.

Uma importante forma de concorrência é utilizar-se de gastos em P&D e propaganda. De acordo com Massen (2010), os gastos com propagandas servem para informar aos consumidores sobre todas as qualidades e benefícios em adotar determinado produto. No mercado automobilístico, e experiência é um importante fator na hora de adquirir determinado produto, pois o consumidor pesquisa qualidades e defeitos dos produtos ofertados em revistas especializadas e fóruns na internet. Portanto as firmas investem cada vez mais em propagandas como forma de promover seus produtos. Juntamente com gastos em propaganda, os investimentos em P&D são importantes para inovar neste setor, pois através desta pesquisa as firmas apontam o que precisa ser melhorado, atendendo assim, a determinada demanda especifica, como determinado conjunto de tecnologia de informação e eletrônicos, material adotado para a composição da lataria.

Para Gonçalves (2008), a organização de P&D tem se mostrado mais eficiente quanto à redução dos custos, quanto do tempo necessário para o desenvolvimento do produto. Portanto, a principal forma de competir neste mercado é produzir conhecimentos e inovações dentro de suas próprias firmas, combinadas com métodos de relações externas com fornecedores. As empresas líderes, como Toyota e Volkswagen se alto definem como fontes primárias de novas tecnologias.

Os automóveis são produtos de alta complexidade, sendo constituídos por uma grande quantidade de elementos interdependentes, sendo produzidos em arquitetura integral, isto é, uma complexa relação entre suas partes e funções, de modo que sua produção seja cuidadosamente projetada (GONÇALVES, 2008). Portanto a produção de automóveis de forma modular é muito questionada, como no caso de montadoras de automóveis ocidentais, pois estes enfrentam obstáculos quanto à administração de seus custos e principalmente de perda de inovatividade no seu produto.

A proximidade de uma nova tecnologia que venha a alterar a dinâmica de todo o produto, como no caso de automóveis híbridos e motor de propulsão, as empresas líderes se movem de forma a desenvolver tal tecnologia, antes mesmo que esta venha a ser efetivamente introduzida (GONÇALVES, 2008). Os gastos crescentes em P&D mostram o quão acirrado está à concorrência de diferenciação de produtos através de inovações, aprofundando-se cada vez mais em novas tecnologias, como a telemática, combinação de tecnologia de informação e da comunicação em tempo real, de voz e dados, que aponta para o desenvolvimento de um sistema integrado onde permite a comunicação entre carros, entre carro e controle e entre carro e rodovia, através de controles automáticos, sendo esta chamada de Sistema de Transporte Inteligente (ITS).

 

Mudanças quanto ao trabalho

 Uma das maiores mudanças quanto à modernização da indústria se dá na esfera do trabalho, pois o avanço tecnológico introduz mudanças significativas nas relações de trabalho, como a introdução de robôs no processo produtivo. No final dos anos 80, prevalecia uma cultura organizacional marcada pelo autoristarismo, onde os gerentes despendiam seu poder sobre o empregado, tirando assim sua real contribuição ao processo. Com as mudanças ocorridas no sistema produtivo, já no final dos anos 80, podemos observar uma importante mudança quanto ao trabalhador. O sistema gerencial adotado previa uma maior contribuição do empregado no processo produtivo, onde os trabalhadores da linha de montagem tinham conhecimento sobre parcial ou toda a área processual. De acordo com Araújo (1993) os níveis hierárquicos foram excluídos, a burocracia e a barganha diminuíram no processo. Com esse processo os trabalhadores adquirem conhecimento de forma tácita, ou recebendo treinamento. Um ponto negativo é a falha na educação brasileira, onde uma parte considerável dos trabalhadores não possuem sequer o ensino médio completo, dificultando sua permanência ou até mesmo entrada nesta indústria.

A modernização da indústria trouxe consigo alguns problemas, principalmente no mercado de trabalho, pois com as novas técnicas houve redução no emprego oferecido por essas empresas, até mesmo muitas demissões em massa, pois pra inovar, introduzir a robotização é preciso expandir emprego qualificado e enxugar empregos sem qualificação, numa taxa em que a demissão é maior que a admissão.

Um ponto a se observar também é a orientação para a desvercatilização do processo produtivo, se preocupando somente em sua área de atuação. Sendo assim, as montadoras terceirizam processos que não estão diretamente relacionadas com o esforço de sua atribuição produtiva, tais como, serviços gerais, transporte, entre outros. Com esta medida esforços são poupados a fim de possibilitar à empresa manter o foco na sua linha de produção, além de evitar problemas com legislação trabalhistas e obrigações contratuais, estas repassadas a contratada pelo serviço (ARAÚJO, 1993).

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARAÚJO, Nadya. Modernização e trabalho no complexo automotivo brasileiro. IN: OLIVEIRA, Franciso. ARAÚJO, Nadya (et al). A máquina e o equilibrista. Rio de Janeiro: Paz e terra, p. 17-49, 1995.

FLEURY, Afonso. Modernização e trabalho no complexo automotivo brasileiro. IN: OLIVEIRA, Franciso. ARAÚJO, Nadya (et al). A máquina e o equilibrista. Rio de Janeiro: Paz e terra, p. 85- 111, 1995.

GONÇALVES, Enéas. Inovação tecnológica na indústria automobilística: características e evolução recente. Campinas: Economia e Sociedade, 2008.

MASSEN, Daniel. A estrutura e a dinâmica da indústria automobilística no Brasil. 2010. Tese de Doutoramento. Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.

OLIVEIRA, Francisco; ARAÚJO, Nadya.  et al. A máquina e o equilibrista: Inovações na indústria automobilística brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

PEREIRA, Ademar. A modernização da indústria automobilística nacional a partir da década de 90 e seus impactos sobre o emprego: Uma análise regulacionista sobre a estratégia adotada para a manutenção de postos de trabalho. IN Revista Iluminart, p 96-108. 2009.

RACHID, Elenice. Análise do crescimento da motorização no Brasil e seus impactos na mobilidade urbana. 2011. Dissertação de Mestrado. COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

SALERNO, Mário Sérgio. Modernização e trabalho no complexo automotivo brasileiro. IN: OLIVEIRA, Franciso. ARAÚJO, Nadya (et al). A máquina e o equilibrista. Rio de Janeiro: Paz e terra, p. 53-83, 1995. 


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