PERQUIRIÇÕES DO ESPÍRITO ERRANTE



      PERQUIRIÇÕES  DO  ESPÍRITO  ERRANTE                                                                                                    

Tais perquirições são as naturais perguntas e dúvidas de todos nós, Espíritos suscetíveis de evolução e, portanto, de mais amplo entendimento das coisas terrenas, espirituais e, portanto, de Deus. 

Todavia, Kardec ministra que: “errantes”, são os Espíritos desencarnados que, por não saber tudo, terão ainda de reencarnar e de aprender pelos tempos de sua imortalidade existencial. A fundamental diferença entre o errante e nós, Espíritos reencarnados, é que já estamos nos trabalhos e vicissitudes da vida material e o errante ainda não, mas, indubitavelmente haverá de estar pelas vidas sucessivas e desencadeadas, uma após a outra, via logicidade das imorredouras aquisições intelecto-morais. Portanto, genericamente, somos todos errantes, desencarnados ou reencarnados, pois que todos precisam consolidar aprendizados, crescer e purificar seus Espíritos imperfeitos, muito distantes, portanto, de um Espírito Puro que não mais precisa reencarnar nos mundos materiais. 

Mas, de retorno ao título deste meu artigo, digo que o mesmo fora inspirado por um confrade que, por e.mail, e, após estudos e análises de minha: “Teoria da Criação Espiritual” - divulgado em primeira mão pela prestigiosa equipe da webartigos – viera a me questionar, amigavelmente, sobre alguns tópicos da mesma e sobre algumas dúvidas suas e que são dúvidas pertinentes a todos nós. Vamos a elas: 

1) Qual o objetivo de Deus com a Criação espiritual? 

2) Se Deus é Perfeito em Si, porque criar algo de Si? 

3) Deus criou para ficar Estático ou para Evoluir? 

Ao prezado perquiridor, vim a responder algo parecido com os termos que agora passo a desenvolver e melhor explicitar e que não são, pelo menos da minha parte, respostas definitivas e, portanto, insubordináveis a outras mais coerentes e de melhor solução dos problemas, em função de minha restrita condição de Espírito em processo evolucional para outros planos de entendimento, como todos nós o somos: falíveis e erráticos. 

Assim, o fato é que também eu permaneço nesta busca incessante de entender os desígnios de Deus. E será que, quando entendermos, não nos jogaremos genuflexos ao solo do esclarecimento e nos silenciaremos diante de tanta bênção, tanta luz e tanto amor? 

Certa feita ouvira alguém pronunciar? 

“Só Deus se basta para Si mesmo”. 

Talvez expressando que Deus não precisaria e não precisa do criado; mas que nós sim, precisamos de Deus. Mas poder-se-ia argumentar também que, antes da criação, nós, igualmente, não precisávamos d’Ele, afinal, não existíamos de fato e realmente como seres espirituais, e, portanto, não tínhamos nossas culpas, nossos problemas e nossas dores, que vieram ou surgiram, nos desenvolvimentos pós-criação. 

E será que Deus não nos ama tanto, também por isto, por não termos culpa absoluta, mas sim relativa de filhos, provenientes do Absoluto d’Ele mesmo, e também por não pedirmos para sermos criados, havendo tal iniciativa partida d’Ele mesmo, como nosso Pai e nosso Criador? Digo que é uma incógnita, um grande problema filosófico que, como muitos outros, demandam os recursos do tempo evolutivo para nos sanear as dúvidas nas propostas das grandes soluções. 

Mas, tentando responder às perquirições do nosso estimado amigo: 

-Qual o objetivo de Deus na Sua Criação espiritual? Se Ele é Perfeito em Si, porque tirar algo de Si? 

E respondo-lhe que Deus tinha e haverá de ter, os mais altos planos e objetivos após tal, mas que, para nós, seres do relativo, são irrelevantes em face das realizações do nosso cotidiano e das realizações a serem efetivadas no plano espiritual mais próximo de nós, e do qual, também, tão pouco sabemos, exceto pelas luzes que só agora nos chegam pelas descrições dos mais confiáveis mentores, tais como as de André Luiz e equipe de elevados Espíritos que se reuniram para a consolidação da obra xavieriana no mundo terreno. 

Portanto, se por aqui, e, tão próximo de nós, temos tantas dúvidas e incertezas, quanto mais não cresceriam nossas dúvidas e incertezas de um plano tão distante de nós, ao “tempo” da gênese espiritual? 

Mas, em nossas dúvidas e incertezas, nos socorramos com o nosso professor Pietro Ubaldi que também vai explicitar alguma coisa, mas sem ter grandes perspectivas de solução, pois que ele, conquanto mestre, é também aprendiz que busca, que perquire e que, portanto, não sabe tudo. Em seu inestimável “Deus e Universo” (Fundapu), ele ministra: 

“Ademais, existia um terceiro princípio (ego-tipo-único e liberdade, são os primeiros), fundamento do universo espiritual o do amor mercê do qual Deus não é egocentrismo senão para irradiar amor”. (Opus Cit.). 

O que implica no entendimento claro e preciso de que sejamos um fato de tipo-único, criado livre, mas derivado do Desmedido Amor de Deus pela criatura. Uma forma de amor que, em nossa forma mental egoística e atrasada, arrogante e insatisfeita, não pode ainda atinar e compreender, sem antes purificar-se e elevar-se no amor a Deus e a seu semelhante como a si mesmo, ou seja, na humildade, no altruísmo e na bondade para com seus irmãos em dores, sendo impossível amar a Deus sem amar ao próximo a ele dedicando-se sem nada exigir em troca. 

Ou seja: faça isto e purificareis mais depressa, sendo recompensados pelas luzes que eliminarão suas dúvidas e perquirições; mas faça! 

E, em seu outro e tão importante tratado: “O Sistema” (Fundapu), pronuncia-se também o preclaro instrutor: 

“Quando chegamos a esta visão (da criação), não podemos saber nem perguntar-nos por que Deus quis existir e agir daquela maneira e não de outra. Podemos somente receber a visão e registrar o estado de fato que ela representa, e por fim aceitá-lo. Não podemos nem discuti-lo nem modificá-lo. (...). Verificamos que o estado é de fato assim, acontece assim, que é tal a inviolável estrutura do fenômeno”. (Opus Cit.). 

E ratifica: 

“Não podemos explicar-nos porque Deus teria querido criar os seres, transformando-se, de um todo homogêneo internamente indiferenciado, num todo orgânico, unidade composta de infinitos Espíritos”. (Opus Cit.). 

Mas, respondendo ainda ao nosso respeitável perquiridor: Deus teria criado para ficar Estático ou para Evoluir? 

Nos artigos (série de 10) que compõem a “Teoria da Criação Espiritual” defendo a idéia codificada por Kardec de uma criação incessante, com pausas, mas incessante, o que significa um Deus dinâmico e não estático. E quanto à evolução divina, não posso crer que, em Sua Intimidade, Deus possa evoluir. Em meus parcos saberes, penso que: 

“Deus É Um Estado Espiritual Perfeito” 

É, portanto: Onipotente, Onisciente, Onipresente. 

Quero crer, assim, que a Perfeição em Deus exclui a idéia de Sua evolução; mas não a sua Dinâmica e Incessante criação pelo infinito sem fim. Por conseguinte, não acredito que Deus possa aprender alguma coisa e muito menos de suas criaturas haja vista que, neste tocante, tudo se inverte, e aplica-se, sim, ao nosso aprendizado constante e não no aprendizado e evolução do Criador, pois que Deus Transcende a Tudo por Sua Altíssima Concepção, coisas totalmente incompreensíveis para nós, estúpidos que somos em relação a tais. 

Até porque, para tal situação, prevalece a instrução clara de Kardec que, no capítulo 2, de uma de suas importantes obras, ministra que:

“Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo”. 

“Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento (evolução: interpolação do autor deste artigo), nem de diminuição (involução: interpolação minha), visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito”. 

“Deus é único. A unicidade de Deus é conseqüência do fato de serem infinitas as suas perfeições”. ( ... ). 

“A ignorância do princípio de que são infinitas as perfeições de Deus foi que gerou o politeísmo, culto adotado por todos os povos primitivos, que davam o atributo de divindade a todo poder que lhes parecia acima dos poderes inerentes à humanidade”. ( ... ). 

“Deus é, pois, a Inteligência Suprema e Soberana, é Único, Eterno, Imutável, Imaterial, Onipotente, Soberanamente Justo e Bom, Infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso”. ( ... ). (Vide: “A Gênese, Os Milagres e as Predições” – Allan Kardec). 

O que não significa, em tempo algum, que não devamos fazer nossas perquirições, que não tenhamos de retirar nossas dúvidas, pois a evolução é incessante, mudamos o tempo todo, e creio que Pietro Ubaldi veio desenvolver amplamente o aspecto Teológico do Espiritismo, nos esclarecendo e nos iluminando nos aspectos do Modelo Evolutivo com a sua “A Grande Síntese”, que se amplia no já descrito Modelo Involutivo-Evolutivo contido em “Deus e Universo”, “O Sistema” e “Queda e Salvação” (Todas da Fundapu), cujos trabalhos, quero crer, estão hoje ratificados e de certa forma ampliados e desenvolvidos com a minha “Teoria da Criação Espiritual”, onde reafirmo esteja entrosada, falemos assim, entre os altíssimos ditados dos dois grandes reveladores da obra divina: Allan Kardec e Pietro Ubaldi.

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br


Autor:


Artigos Relacionados


Teoria Da CriaÇÃo Espiritual (parte 8)

Teoria Da CriaÇÃo Espiritual (parte 1)

Teoria Da CriaÇÃo Espiritual (parte 9)

O Casamento Do Dízimo E Da Oferta Bíblica

Teoria Da CriaÇÃo Espiritual (parte 3)

Tolerância Para Com Os Fracos Na Fé.

A Palavra De Deus é Segurança E Repouso Humano.