A Casa De Cícero Nicolau
O tempo passou e ninguém tinha coragem de subir naquele sótão. Os proprietários da casa nem davam bola para esta história. É claro que não acreditavam nisso e por isso alugavam a casa para nós. Mas as crianças da minha rua acreditavam, ou seja, me faziam acreditar. Comentavam que a porta secreta escondia o fantasma durante a noite e o sótão era o lugar onde ele ficava durante o dia. Várias pessoas da casa diziam ouvir choro e batidas nas portas à noite e conversas, no sótão de dia. As minhas irmãs mais velhas eram as que ouviam esses ruídos sempre que a gente pequena, eu e meus irmãos menores, tínhamos a curiosidade de tentar subir as escadas. As minhas irmãs mais velhas diziam ouvir bater todas as portas ao mesmo tempo e gemidos por trás de uma parede falsa, em local em que ainda poderia conter parte da botija. Depois de trinta anos que não voltava a minha terra natal fui rever o casarão de Cícero Nicolau que marcou a minha infância! Fiquei triste porque só havia ruínas da minha antiga morada. Frustrada e preocupada com a destruição dos meus mitos e fantasmas favoritos que tanto povoaram as histórias que eu costumava contar para minhas colegas de escola. Ninguém tem notícias se foi encontrada outra botija de ouro! Voltei sem medo, mas sem mito e sem graça. Sentirei muita falta da figura do casarão e da fantasia da botija do tesouro.
Vocabulário:
Sótão: andar superior de um sobrado que serve como despejo para guardas coisas velhas.
Botija: vasilhame arredondado que serve para guardar coisas confidenciais ou sinistras.
Autor: Djalmira Sá Almeida
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