Deusa Ceres



Pesquisa realizada por Valdenilze Santos de Oliveira Alves

Funcionária Pública Municipal em Valença Bahia
Socióloga formada pela UNIJUI.

 

DEUSA CERES DA PRAÇA ADMAR BRAGA ANTIGA BARÃO HOMEM DE MELO

Sempre que passo na praça em frente ao prédio da Recreativa fico olhando os detalhes e vem-me a memória a antiga praça, antes da reforma por ela sofrida, e uma das coisas que sinto falta e a fonte com os leões.

Desse tempo só vejo a estatua da Deusa Ceres e me questiono o porquê dela no centro da praça. Pesquisando descobri que ela foi um presente do Barão Homem de Melo então Governador da Província da Bahia entre o ano de 1878/1879 e quem mandou construir essa praça.

Sim, e de quem é esta estatua? O que significa? De onde veio? São questionamentos que fazemos e que agora encontramos a resposta.

Bem, como já foi dito esta estatua é da Deusa Ceres. O monumento de ferro fundido tem cerca de 4m de altura, da base ao topo. Deusa da divindade identificada com a agricultura e a fecundidade da Terra. Deusa do trigo, que dá o pão, e de todos os outros cereais, ou seja, ela é a Deusa da agricultura.

 Foi fundida provavelmente em 1836, por Jean Pierre Victor André, digo isso baseado em pesquisas realizadas no Rio de Janeiro com monumentos idênticos ao nosso.

Victor André era proprietário de uma fundição na Região da Champagne-Ardenne, na França e trabalhou com obras artísticas, obtendo bastante sucesso neste ofício. Em 1844, a fundição contava com mais de duzentos operários, vindo a atingir o auge de sua produção entre 1870 e 1892, com o nome “Societé Anonyme de Fonderies d’Art du Val d'Osne”. A empresa, infelizmente, encerrou as suas atividades no ano de 1986.

Naquela fundição trabalharam ou fundiram suas peças renomados artistas, alguns deles com obras espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro, como, por exemplo, as fontes e chafariz do Jardim Botânico, criadas por Charles Lebourg, Pierre Loison e Louis Sauvageau. Apesar de se dedicarem a fazer obras únicas, estes escultores franceses também destinaram modelos especialmente para a chamada “arte em série”, considerada um símbolo do progresso industrial da época. Eram as chamadas “Fontes d’Art”, frutos de uma boa fusão da indústria com a arte.

Em São João del-Rei, uma outra graciosa peça ornamenta os jardins laterais da Igreja de Nossa Senhora do Carmo; esta peça, que tem o mesmo estilo do Chafariz da deusa Ceres, pode também ser um produto originário da Fundição Val d’Osne.

Conclui-se então que a estátua da deusa Ceres, que chegou à cidade de Valença provavelmente em 1879 é de origem francesa, e não italiana, como se imaginava.

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Autor: Valdenilze Santos De Oliveira Alves


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