“BONS” LEITORES E ESCRITORES



“BONS” LEITORES E ESCRITORES

A escola tem a função de proporcionar aos alunos a capacidade de ser “bons” leitores e escritores, uma vez que ao produzir um discurso o aluno deve conhecer possibilidades postas culturalmente, selecionando o gênero em que seu discurso realizará. Com efeito, um escritor competente é capaz de olhar o próprio texto como um objeto e verificar se está confuso, ambíguo, redundante, obscuro ou incompleto, ou seja, é capaz de revisá-lo e reescrevê-lo até considerá-lo satisfatório para o momento. Além disso, deverá recorrer, com sucesso, a outros textos como “fontes” para a sua própria produção.

A teoria deste trabalho teve como enfoque, segundo Geraldi (2003:87), as três práticas do ensino de língua portuguesa: Leitura de textos; Produção de textos; Análise linguística. Essas práticas, citadas anteriormente, estão integradas no processo de ensino-aprendizagem com dois objetivos: (1º) tentar ultrapassar, apesar dos limites da escola, a artificialidade que se institui na sala de aula quanto ao uso da linguagem; (2º) possibilitar, pelo uso não artificial da linguagem, o domínio efetivo da língua padrão em suas modalidades oral e escrita.

Observa-se que Geraldi (1997: 17) assevera que

O processo de ensino/aprendizagem, independentemente da área de conhecimento, tanto a transmissão como a construção de conceitos se faz com e na linguagem, posta a trabalhar quer por aprendizes quer por “ensinantes”: sem linguagem, a relação pedagógica inexiste; sem a linguagem a construção e a transmissão de saberes são impossíveis.

Segundo Geraldi (1997: 20) numa concepção tradicional, o processo de ensinar centra-se na transmissão de conhecimentos, que supõe uma fonte que saber que é o lugar ocupado pelo professor e aluno. As formas de construção de conceitos científicos implicam, mesmo num ensino concebido com transmissão, a necessidade de levar em conta as “contrapalavras” de que dispõe o aprendiz, para no confronto com a nova informação, construir um sentido rearticulando seus saberes deslocados em função dos novos conteúdos aprendidos. Radicalizando essas necessidades, descola-se a noção do processo de ensino como transmissão, concebendo-se a sala de aula como lugar de interação verbal e por isso mesmo de diálogo entre sujeitos, ambos portadores de diferentes saberes. São os saberes do vivido que trazidos por ambos – professores e alunos – se confrontam com outros saberes, historicamente sistematizados e denominados de conhecimentos que dialogam em sala de aula.

Para Geraldi (1997) conceber o texto como unidade de ensino/aprendizagem é entendê-lo como um lugar de entrada para este diálogo com outros textos, que remetem a textos passados e que farão surgir textos futuros. Conceber o aluno como produtor de textos é concebê-lo como participante ativo deste diálogo contínuo da produção de textos e como leitores. Substituir redação por produção de textos implica admitir este conjunto de correlações, que constitui as condições de produção de cada texto, cuja materialização não se dá sem instrumento de produção, no caso os recursos expressivos mobilizados em sua construção. 

Enfim, Geraldi aponta duas possibilidades de análise de textos que são possíveis a dois caminhos que poderiam ser percorridos: (1º) mais estritamente linguístico, é o produto verbal de sequencia, que o analisa sob a perspectiva da textualidade; (2º) menos estritamente linguístico, procura centrar as observações nas relações entre o linguístico e suas condições de emergência. Como circula grande número de trabalhos de análise textual de textos escolares, escolheremos o segundo caminho que pressupõe uma leitura cuidadosa de cada texto para detectar elementos próprios do seu processo de produção.

Referência

 

ANTÔNIO, Severino. AMARAL, Emília. Redação para os novos vestibulares.Campinas: GEAC, 1991.

 

CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção: a Escrita do texto. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2001.

FAUSTICH, Emile L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. 14ª ed. Petrópolis: Vozes, 1987.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2001.

________________. Para entender o texto: Leitura e Redação. 16ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

GERALDI, João Wanderlei. Da redação à produção de textos. In: Chiapini, Lígia. Aprender e Ensinar com textos. São Paulo: Cortez, 1997.

PÉCORA, Alcir. Problemas de redação.  5ª ed. São Paulo: Martins Pontes, 1999./

SEVERINO, Antônio M. Barbosa. Redação: Escrever é desvendar o mundo. 16ª ed. Campinas: Papirus, 1991.

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