Ensino de ciências: Ainda é possível ?



Ensino de ciências : ainda é  possível ? 

            O atual  cenário  de ensino de  ciências  no país  é  desolador , de um lado  alunos  desmotivados de outro professores desmotivados e sem recurso, fato esse que só é  exceção em parcos locais , ilhas  de conhecimento .Urge a melhora destas variáveis, haja visto o corrente fracasso destas variáveis. Quando falamos em ensino de ciências logo pensamos em aulas enfadonhas com cálculos e matérias que somente alguns  alunos vão gostar e a maioria não vai querer aprender ou não se esforçar para aprender,exceção ,as aulas de laboratório que despertam  interesse da maioria dos alunos. Mas porque a diferença entre  as aulas de laboratório e as com metodologia tradicional? Quando analisamos o problema somos levados a uma longa reflexão da problemática em sala de aulas e como ela se desenvolve,além do porque é tão difícil extingui-lá.  Primeiramente vamos analisar o processo de construção do conhecimento  em sala de aula e como ele é constituído. O processo de ensino é construído com a participação do aluno e do professor, gerando um feedback positivo no decorrer do processo educacional, não sendo o professor o detentor exclusivo do conhecimento e o aluno não e um ser passivo nesse processo educacional sendo ator ativo neste contexto. O aluno precisa estar engajado  neste processo educacional e o professor deve gerar um ambiente propício para a aprendizagem, motivando o aluno a buscar o conhecimento e descobrir soluções para os problemas dados. Mas essa motivação não ocorre nos dias atuais e a construção do conhecimento começa a se perder neste momento em que o aluno não consegue ver relação para sua vida do conhecimento aprendido e professor se frustra ao não conseguir motivar seus alunos, além, de não haver meios para melhorar essa situação.

            Mas porque essa dificuldade ocorre? Temos que analisar a situação como um todo e não apenas o que acontece em sala de aula. A processo de aprendizagem é complexo e sofre interferência de muitos fatores extraclasse, como por exemplo, família, inserção social, qualidade de vida, transtornos pessoais, só para citar alguns exemplos mais marcantes.  Qualquer fator que venha a modificar o foco de atenção do jovem, pode se tornar um grande empecilho na construção do conhecimento e nem sempre o professor será capaz de identificar esse problema. Em turmas com número reduzido ou adequado de alunos, pode-se esperar que o professor conheça seus alunos e consiga firmar um diagnóstico individual e preciso dos alunos em sala de aula. Mas o que esperar de turmas superlotadas com 40, 50 ou mais de 60 alunos. Nesses casos há uma diagnose geral, porém, não específica de cada aluno, impedindo muitas das vezes do professor conseguir detectar casos específicos, limitando assim sua atuação.

            Ao olharmos para o profissional da educação temos também um ser que sofre com as pressões sociais, impostas a todos, como sucesso, sustento, altas cargas horárias de trabalho etc. Quando procuramos por professores que conseguem constante atualizam profissional, percebemos que o nível é baixo, devido as necessidades muitas das vezes de trabalho em mais de um  turno e vários colégios, para obtenção de renda adequada. Isso impossibilita a construção de atualizações periódicas e leitura frequente. Ora, se o conhecimento científico muda hoje em velocidade nunca vista antes, o profissional que não se atualiza está fadado ao fracasso, em qualquer esfera, e no caso específico do ensino de ciências mais notória será essa situação. Esse profissional obrigatoriamente deve estar em sintonia com os avanços de sua área e da sociedade como um todo, já que se espera do professor um profissional que formará o futuro cidadão.

            A falta de atualização constitui-se um problema, porém, esse fato começa a ocorrer já em sua formação, onde, ao cursar a licenciatura estuda com uma grade , muitas das vezes desatualizada e que não o prepara pedagogicamente para o exercício pleno de sua função. Durante sua formação poucos são os incentivo para o planejamento de uma formação continuada, assim, após sua formação cria-se um hiato gerando uma defasagem do conhecimento acadêmico em vigor e o que é ensinado em sala de aula. Para a formação de alunos em sintonia com a moderna sociedade devemos ter professores com acesso ao conhecimento acadêmico e meios de incentivá-lo a atualizar-se e fazer os avanços chegarem até esse profissional, para uma melhor formação científica e consequentemente de cidadãos mais conscientes e com um mínimo de conhecimento cientifico para emitir opiniões e tomar decisões sobre os temas atuais.

             O ensino de ciências deste século mostra-se desafiador, com mudanças de paradigmas e metodologias, é um assunto complexo e multifatorial, não podendo, devido sua importância ao futuro da sociedade, ser relegado ao "achismo" ou olhado com pensamentos do século passado. Sua modificação se faz necessário urgentemente para podermos resgatar nossos analfabetos científicos, familiarizando os discentes com os avanços do novo século e proporcionando-lhes capacidade critica de julgamento e tomada de decisões. O tema não se esgota aqui e é merecedor de uma profunda reflexão por longos anos para se lograr êxito na criação de uma sociedade mais justas e com condições de tomar decisões baseadas em fatos e interpretações dos fatos ao seu redor.

 

 

           

           

            BIBLIOGRAFIA

1. GIORDAN, M.; O papel da experimentação no ensino de ciências.Química Nova Escola, nº 10, p. 43-49, nov. 1999.

2. JUNIOR, A.N. da S.; BARBOSA, J.R.A.; Repensando o ensino de ciências e de biologia na educação básica: o caminho para a construção do conhecimento científico e biotecnológico.Democratizar, vol. 3, nº 1, p. 1-15, jan/abr. 2009.

3. KRASILCHIK, M.; Reformas e realidade: o caso do ensino de ciências. São Paulo em perspectiva, vol. 14, nº 1, p. 85-93, 2000.

4. LEPIENSKI, L. M.; PINHO, K. E. P.; Recursos didáticos no ensino de biologia e ciências. Disponível em: . Acesso em 19 out. 2012, às 09:46:00.

5. CORRÊA, M. D.; XIMENES, M. de S. V. OLIVEIRA, S. F. de; MACHADO, A. V.; COUTO J. C. de F.; Arterite de Takayasu e gestação: relato de caso. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, vol. 22, nº 2, p. 113-116, 2000.


Autor: Osmar Malta Machado


Artigos Relacionados


A Importância De Aulas Práticas E O Uso De Recursos Tecnológicos Nas Aulas De Ciências Biológicas

Conhecimento CientÍfico E Senso Comum

Relação Professor-aluno Na Sala De Aula

O Papel Das Atividades Experimentais No Ensino De Ciências

Paul Feyerabend E O Ensino De CiÊncias Da Natureza: Anarquismo EpistemolÓgico E Pluralismo MetodolÓgico

O Professor Do Século 20 E O Aluno Do Século 21

O Papel Da Reflexão Na Atividade Do Educador