CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (Parte 1)



  CONCORDÂNCIA  UNIVERSAL  (parte 1)

                    (tese pluralística

Inicio tal tese com uma pergunta nos precisos termos: 

O que se objetiva com as diversas argumentações, fatos e dados extraídos de documentações doutrinárias sérias para reforçar e justificar tal desenvolvimento de idéias, e que, a partir de agora, estarão sendo divulgados pela internet? 

E respondo que: Nada mais, nada menos, que: 

Analisar as possibilidades da Concepção Pluralística da CUEE, ou seja, do que Allan Kardec, codificador do Espiritismo, estabelecera como Concordância Universal no Ensino dos Espíritos. 

Mas os escritos de Kardec não pautam pela clareza mesma quanto a isso e quanto a quaisquer outras questões atinentes ao Espiritismo? Sim, é claro que sim. E haveria modos diferentes de se interpretar tal princípio? E também respondo que sim. O que significa dizer que se pode interpretar e reinterpretar tal princípio ampliando-o pluralisticamente no Tempo-Evolução. É o que meu lápis intuitivo, aliado à minha racionalidade, irá fazer: levantar outras possibilidades interpretativas do mesmo, e, portanto, distende-lo no vasto campo de sua atuação filosófica e doutrinaria.

 

Ocorre que o tempo passou celeremente desde a implantação da Doutrina em 1857. Passou e muita coisa mudou e isto pelo simples fato de que tudo é mutável, tudo se transforma, se alinha e se retifica o tempo todo. O panorama espiritista do Século 20 que se findara, em termos de novos conhecimentos e de respectivos aprofundamentos, já não é mais o mesmo do Século 19 de Kardec. Tratava-se naquele tempo de se implantar uma Doutrina inteiramente nova no seio de uma sociedade agitada por tantas crenças, tantas idéias e clarões filosóficos diversificados. Tínhamos ali um caldeirão cultural fervilhante e repleto de novos ideais.

 

 

E, nesse ambiente mesmo, nascia não só o Espiritismo como também o Evolucionismo darwiniano em meio a um Positivismo ateu que se opunha a quase tudo e, inclusive, e, com razão, às crenças escolásticas medievais. E o Espiritismo, apesar de tantas perseguições, implantara-se ao seio do conhecimento terreno.

 

 

E, tendo-se implantado, e, uma vez abertas as portas da Espiritualidade, não se tem mais como fechá-las, pois que, doravante, suas luzes vão brilhar cada vez mais intensamente mostrando ao homem maravilhado o seu glorioso futuro espiritual. Em face de tanta luz, tantos trabalhos de confiáveis instrutores encarnados e desencarnados pós-Kardec, hoje não se tem mais como ver o Espiritismo, estudá-lo e interpretá-lo, exceto pelos ortodoxos, tão somente pelos moldes clássicos, científicos e pedagógicos de Kardec que, em sua brilhante lucidez, declarara, por exemplo, em Julho de 1866 que:

 

 

“O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (Vide: “Revista Espírita” – Allan Kardec – Edicel).

 

 

E, em muitas outras passagens de seus importantes escritos, vai nos mostrar que o Espiritismo, como um todo, não poderia e não pudera, ainda, no seu tempo, constituir uma Doutrina Completa. Para ele:

 

 

“Não se pode exigir de uma criança o que se pode esperar de um adulto, nem de uma árvore que acaba de ser plantada o que ela dará quando estiver em toda a sua pujança. O Espiritismo, em vias de elaboração, somente resultados individuais podia dar; os resultados coletivos e gerais serão fruto do ‘Espiritismo Completo’, que sucessivamente se desenvolverá”.

 

 

 

E, mais adiante, reconhece que o Espiritismo não dera “ainda sua última palavra sobre todos os pontos”, mas que, entretanto, “aproxima-se do seu complemento e soou a hora de se lhe oferecer uma base forte e durável, suscetível, contudo, de receber todos os desenvolvimentos que as circunstâncias ulteriores comportem”. (Vide: “Obras Póstumas” – Allan Kardec)

 

Mas isto fora ao tempo da Codificação! E o tempo, o implacável tempo não para. Decorreram 150 anos desde o seu advento filosófico maior consubstanciado em “O Livro dos Espíritos”, datado de 1857 e das considerações feitas ao mesmo e ao Espiritismo, ainda há pouco, pelo seu lúcido organizador.

 

E, hoje, parece-me, já se pode, apesar de todos os avanços que se fazem e que ainda se vão fazer nos tempos porvindouros, já se pode vislumbrar o Espiritismo como uma Doutrina Integral, Completa, sobretudo pelas instruções contidas no “Modelo Involutivo-Evolutivo” que o ampliara consideravelmente e, também, no que se houvera de chamar “Mecanismo Uno-Contínuo da Criação” (MU-CC), conquanto sua análise tão curta e tão sintética, explicitada na “Teoria da Criação Espiritual” (já postada na net) deste mesmo autor.

 

Ainda assim, não se podem negar, por sua estrutura notoriamente dinâmica, os aprofundamentos que se fazem e que se vão fazendo em seu bojo de imensuráveis expectativas e, portanto, de imensuráveis realizações futuras. E o fato é que o Século 20 veio representar o período dos grandes médiuns escreventes, psicofônicos, propagadores do conhecimento espírita a todos os rincões, todas as classes sociais, a todas as mentalidades possíveis de se alcançar.

 

Ora, as bases científicas e filosóficas da novel Doutrina já foram consolidadas pelos mais sábios estudiosos do mundo inteiro. Mas trata-se, com efeito, de difundi-la e desenvolve-la ainda mais, filosoficamente, moralmente, e, porque não dizer, religiosamente, mostrando sua poderosa correlação com o reluzente Cristianismo do Mestre Nazareno.

 

 

E as luzes espiritistas se fizeram, se difundiram como nunca se fez em sua curta história de 150 anos em nosso Mundo. Isto porque os povos estão sedentos de novas luzes esclarecedoras, de novos padrões comportamentais, de paradigmas conducentes a um ideal maior, de amplidões cósmicas, universais. Se as crenças atadas ao nível bíblico ainda se faz presente em nosso tempo, face às condições pré-lógicas de grande parcela da humanidade, não se pode negar que o Mundo também se renova e tratará das renovações emancipadoras do clero e do religiosismo ultrapassado, comercial e rasteiro.

 

Entretanto, este autor externara linhas atrás, relativamente à CUEE, que existem sim, possibilidades diferentes de se pensá-la, de se reinterpretá-la, e, portanto, de se renová-la, e, basicamente, por quê?

 

Simplesmente por causa dos novos tempos, dos novos quadros desenhados pelos grandes expositores clássicos e intuitivos da Doutrina Espírita nas últimas décadas do Século 19, bem como pelos grandes médiuns escreventes e psicofônicos do Século 20 que acaba de se findar. E, portanto, penso que as idéias aqui esposadas não virão constituir uma nova heresia doutrinária. Não se trata absolutamente de um desrespeito ao grande codificador que tanto admiro, albergo e tenho em tão alta estima e consideração. Mas sim, de uma constatação positiva e extraída, portanto, e, cientificamente, de um posicionamento sociológico e cultural que se implantara no decurso de um século e meio de experienciações mediúnicas embasadas e permitidas pela Espiritualidade Maior com o nosso Mestre Jesus.

 

Passando a limpo, quero dizer que tudo fica como está na Codificação mesma. Ela, também para mim, é uma obra inalterável em sua superior e tão brilhante concepção; e inclusive o conceito que dimana da CUEE. O que proponho, repito, é apenas e tão somente um novo modo de se ver o referido conceito em face de um tempo que se maturou neste sesquicentenário do Espiritismo em nosso Mundo. Um tempo que se vive ainda agora, que se reflete em nossas vidas, em nosso entendimento filosófico e doutrinário deste início do Século 21, e que vai ainda perdurar pelos tempos afora, pois que se trata de coisas duradouras e imperecíveis.

 

Assim, das idéias mais simples acerca da Doutrina, do seu tão importante princípio da Concordância Universal, vou tentar produzir conceitos mais amplos, alternativos e com alguma possibilidade de solução para alguns problemas encontradiços em nosso meio. Porém, sem nunca atingir um fim, pois o que pensamos ser o fim poderá ser o recomeço de alguma outra coisa mais complexa, e assim por diante, sucessivamente, enquanto dure o tempo dos variáveis tempos universais. Portanto, trago à baila a possibilidade de levantar-se o véu da Dimensão Relativística da CUEE, que, em sua dinamicidade, é conceito derivado da Razão, dependendo, pois, das análises desta, de normas relativas à sua:

 

-Aplicabilidade, à sua

-Eliminabilidade, e até mesmo de uma sua possível:

-Alterabilidade.

 

E daí, sua relatividade intrínseca, ressaltante de uma sua possível Conceituação Pluralística, como veremos passo a passo doravante. E tudo, como é óbvio, sem isentar-se da Razão e porque não dizer: do que houver de melhor em nós mesmos em termos de qualidades morais e espirituais. Assim sendo, espero que tais idéias possam trazer algum contributo, qualquer contributo, acerca da relatividade de tudo, e, até mesmo, da minha, da sua, da nossa maneira de pensar e de refletir o mundo das conceituações espiritistas, como também, e, sobretudo, kardecistas. Iremos, pois:

 

-da análise particular do problema à sua Idéia Mais Geral; e

-da solução simples e inamovível à Solução Dinâmica e Inovadora.

 

E, tudo isso em tese - como já propus inicialmente, de se:

 

“Analisar as Possibilidades da Concepção Pluralística da CUEE”.

 

 (fim da parte 1)

 

Propositor: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]                   

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br

Download do artigo
Autor:


Artigos Relacionados


Teoria Da CriaÇÃo Espiritual (parte 10-final)

ConcordÂncia Universal (parte 2)

ConcordÂncia Universal (parte 6)

ConcordÂncia Universal (parte 9)

Chico Xavier E ConcordÂncia Universal (cuee)

ConcordÂncia Universal (parte 7)

ConcordÂncia Universal (parte 4)