Saudade do meu amor, Beija-Flor...



Saudade do meu amor, Beija-Flor...


Num cantinho do quintal, e em vários jarros,

Ela passava horas e horas entretida, feliz, plantando e regando flores.

Margaridas, acácias, brincos-de-princesa e hibiscos;

Lilás, brancas, rosas, vermelhas, amarelas.

As plantas cresciam rápidas, viçosas, vistosas,

Como a agradecer e reverenciar àquela jardineira com mãos de fada...

Um dia, um lindo Beija-Flor apareceu preso na casinha da cachorra...

Eu, sob o olhar atento dela, fui lá e o resgatei em um saco plástico,

Com alguns furinhos, pra que ele pudesse respirar.

E mostrei-o a ela.

Ela olhou, sorriu e acariciando-me, disse: Solta ele meu amor.

Feliz a mais não poder, sorri pra ela e libertei o Beija-Flor.

No outro dia, como a agradecê-la, ele voltou acompanhado.

Todo dia, logo cedo, cá estava tu, Beija-Flor, sempre muito bem acompanhado!

Virou hábito! Transformando nosso lar numa espécie de pedacinho do céu...

Longe de imaginarmos que ali, grudado a nós, habitava um anjo...

Desde cedo pressenti que tu e ela, Beija-Flor, nasceram para ser livres!

Tu pra voar, pra beijar e polinizar as flores,

Muitas flores!

Ela pra amar, andar, se deliciar, sorrir, cuidar de mim, de ti,

E de muitas flores!...

Pra ti ela plantou até um pé de mamoeiro macho,

Dizendo-me que tu gostavas!

Enciumei-me, confesso!

E tu, como a agradecê-la por tamanha generosidade,

Visitávamos todos os dias.

Vivíamos felizes, embalados por planos, projetos e sonhos mil!

Mas...

Existem muitas diferenças entre tu e ela, Beija-Flor...

Uma delas,

Que eu infelizmente não atentei...

É que tu vais, mas volta!

Ela não...

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Autor: Francisco Antônio Saraiva De Farias


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