Uma breve análise do filme "A Invenção de Hugo Cabret"



“Ergue-se toda uma geração de filmes que são, para os que conhecemos, 

o que o androide é para o homem, artefatos maravilhosos, 

sem falhas, simulacros geniais aos não falta senão o imaginário, 

e esta alucinação própria que faz o cinema.” 

(BAUDRILLARD, 1991, p. 63)

A Invenção de Hugo Cabret é uma simples e doce homenagem do cinema ao que há de mais legitimo e, num mundo dominado por aparelhos smarthphones e relacionamentos relâmpagos, verdadeiro.

Mais precisamente, essa homenagem é direcionada às origens do cinema, nas quais as produções emprenhavam grande esforço de seus idealizadores e equipes. Esse cinema em que cada detalhe era cuidadosamente trabalhado, como o ato de pintar película por película à mão para que o filme mudo e preto-e-branco tenha cores.

Le papillon Fantastique, Georges Méliès. (1909)

O protagonista do filme, ambientado na França do século XX e inspirado no livro homônimo de mesmo nome, é Hugo Cabret (Asa Butterfield, também presente no maravilhoso filme O Menino de Pijamas Listrados) um garoto de 12 anos que aprendeu tudo sobre “consertar coisas” com seu pai relojoeiro (Jude Law).

Hugo continuou aprimorando a habilidade após o incêndio que tirou a vida de seu pai e ele foi deixado aos cuidados de seu tio bêbado, que até então era responsável pela pontualidade dos relógios de uma estação de trem francesa.

A mágica estação de trem retratada no filme é uma mistura fictícia de várias estações de Paris, a Gare du Nord, a Gare de Lyon e a Gare Montparnasse e, ainda, com fortes referências da antiga Gare d’ Orsay. Inclusive, o pesadelo de Hugo, no qual uma locomotiva atravessa a estação de trem, realmente aconteceu na Gare Montparnasse.

Acidente de trem na Gare Montparnasse. Paris, 1895.

Sendo assim, por causa do alcoolismo tio do garoto desaparece e o mesmo fica responsável por manter a pontualidade dos relógios da estação.  Mas, Hugo não ficou completamente sozinho, seu pai havia deixado, antes de morrer, o misterioso autômato, que o garoto tenta remontar com peças que ele rouba de uma loja de brinquedos na estação.

Estamos então nos anos 30 e ninguém imagina que o solitário dono da loja de brinquedos é o velho cineasta, e um dos pais do cinema, Georges Méliès (Bem Kingsley), esse fato Hugo descobre mais tarde, quando finalmente seus caminhos se cruzam.

Um dia, durante um dos momentos oportunos que Hugo tinha para roubar a loja de brinquedos, o velho Méliès apanha o menino e, antes que ele escape, consegue recuperar algumas peças roubadas e uma caderneta cheia de anotações, rascunhos, esboços e outros aspectos técnicos que o pai de Hugo havia criado para tentar consertar o autômato.

Ao se deparar com as anotações na caderneta e todas as recordações que elas traziam à tona, Méliès ficou atônito. Dessa forma, a missão de recuperar o caderninho tornou-se complicado, mesmo tendo a ajuda da filha adotiva de George, Isabelle (interpretada pela nova e veterana atriz, Chloë Moretz, de (500) Dias com Ela e Deixe-me Entrar e mais 40 produções), uma aventureira que deseja viver as emoções presentes em todos os livros que devora, porém até encontrar Hugo nunca teve oportunidade.

Hugo sabia como ninguém onde estavam cada um dos esconderijos da estação e os usava muito bem para obter peças e alimentados, sempre de olhos bem atentos a todos os personagens da estação. É pelos olhos de Hugo temos acompanhamos, de maneira voyer, a rotina de personagens que parecem terem sido extraídos de uma fábula, tais como: a florista, a senhora e o seu cãozinho sempre afastando o senhor que tentava corteja-la, o guarda com perna mecânica (Sache Baron Cohen, que também estrelou Borat e O Ditador, que nesse filme está mais comportado, mas não menos caricato).

O guarda é figura constante na vida de Hugo, ambos vivem em embate ao longo da película por conta do guarda tentar incansavelmente livrar a estação de todos os órfãos com potencial para tornassem ladrões. O guarda e os demais personagens que caracterizam o filme como uma fábula para adultos.


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