Evolução Fonológica - Consonantismo
A consoante surda “Ç” era pronunciada como [ts], e a sonora “S”, como [dz]; portanto, no período galego-português, paço seria pa[ts]o, e cozer, co[dz]er. Os grafemas seriam: ç, s.
As africadas evoluíram para fricativas predorsodentais por perderem a oclusão como modo de articulação, ou seja, perderam os elementos oclusivos [t] e [d]; isto quer dizer que as fricativas de paço e de coser já soariam como os sons [s] e [z] que ouvimos nessas palavras nos atuais padrões de Portugal e do Brasil. No século XVI, teríamos, portanto, dois pares de fricativas na norma-padrão: as apicoalveolares de passo e coser, e as predorsodentais de paço e
Porque guardamos duas maneiras diversas ou dois grafemas, ç e ss, para representar o mesmo [s], e outros dois grafemas, s e z, para representar o mesmo [z]. Portanto, temos uma escrita bastante conservadora em relação à evolução das africadas, que, com a perda de elementos acrescentou mais grafemas em nossa escrita.
Algumas passagens intermediárias nas evoluções:
a) Corona > coroa
Corona > (nasalização da vogal anterior) corõna > (queda do -n- intervocálico, hiato com vogal nasalizada) corõa > (desnasalização) coroa. Assim, tem-se: corona > corõna > corõa > coroa.
b) Freno > freio; freno > (queda do - n- intervocálico com formação de hiato) freo > (ditongação) freio.
c) Avena > aveia; avena > (queda do –n- intervocálico, com formação de hiato) avea > (ditongação) aveia.
d) Lana > lã; lana > (nasalização da vogal anterior ao –n- ) lãna > (queda do –n- intervocálico com formação de hiato) lãa > (queda da vogal final) lã.
e) Coelu > céu; coelu > (queda do –l- intervocálico com formação de ditongo) coeu > (queda da vogal inicial,troca da vogal tônica) céu.
f) Palu > pau; palu > (queda do –l- intervocálico com formação de ditongo) pau.
O –l- intervocálico conserva-se em: palácio (ao lado de paço), calor (ao lado de quente > calente), alimento, cálice, guloso, volume, violento, etc. Já, o –n- intervocálico aparece em: sufixos diminutivo –nito, granito; -ada, granada. E em numerosas palavras de origem árabe permanecem os –n- intervocálicos etimológicos; ex.: azeitona, alfenin, atafona, etc. (2,0)
Referências
CARVALHO, Castelar. História Interna da Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero2/05.htm.
DUARTE, Paulo Mosânio Teixeira. História da Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.solar.virtual.ufc.br.
Autor: Orlando Rocha Machado
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