A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE QUE OS PAIS EXERCEM A RESPEITO...



A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE QUE OS PAIS EXERCEM A RESPEITO DA INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA VIDA DOS FILHOS E DE SUAS FAMÍLIAS[1]

Zian Karla Costa Vasconcelos

Docencia de la Educación Superior pela UAB – Universidade Adventista da Bolivia.

Pedagoga pela UFMA – Universidade Federal do Maranhão.

Psicopedagoga Clinica e Institucional pelo UNASP – Campus de Engenheiro Coelho.

Conselheira Educacional e Familiar pelo UNASP – Campus de Engenheiro Coelho em andamento.

Mestranda pela UNISAL – Campus de Americana.

[email protected]

Resumo: O presente artigo contemplará o tema a importância do controle que os pais exercem a respeito da influência da mídia na vida dos filhos e de suas famílias. O interesse pelo tema surgiu a partir de palestras que já realizava em igrejas, sobre a influência da mídia nas famílias, porém se sentia a necessidade de entender melhor quem são essas famílias e a importância dos pais na vida dos filhos. O objetivo da pesquisa é apresentar o que há de relevante no registro bibliográfico sobre o tema em questão. O artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica e infere-se que contribuiu para uma ampliação de conhecimentos teóricos na área, o que auxiliará de forma positiva em uma prática de aconselhamento familiar e educacional, mais segura e cientificamente fundamentada.

Palavras-chave: família, mídia, filhos.

 

Abstract: This article will address the theme of the importance of control that parents exert on the influence of media in the lives of children and their families. Interest in the subject arose from talks that have performed in churches, on the influence of media on families, but felt the need to better understand who these families and the importance of parents in their children's lives. The objective of the research is to present what is relevant in the bibliographic record on the subject in question. The article comes up a literature search and it appears that contributed to a broadening of theoretical knowledge in the area, which will help in a positive way in a practice of family counseling and education, safer and scientifically substantiated.

Keywords: family, media, children.

Introdução

 

A metodologia adotada na presente pesquisa, teve como objetivo abordar o tema proposto a partir de um novo olhar, com o intuito de não restringir este trabalho à mera repetição de informações já existentes, mas que se tenha uma visão diferente, uma outra maneira de olhar toda a temática exposta. A pesquisa bibliográfica está embasada no levantamento bibliográfico realizado de maneira criteriosa, com o intuito de obter o embasamento teórico adequado para este artigo. A pesquisa foi realizada de maneira qualitativa e teve caráter exploratório, segundo Marconi e Lakatos (2008).

Assim, influência da mídia nas famílias é algo merecedor de mais atenção já faz um bom tempo, posto que a distorção de valores que se verifica na vida das pessoas atualmente é bastante considerável, o que antes era considerado abominável aos olhos da sociedade, hoje é aceito sem grandes questionamentos. Um exemplo claro disso é quando em novelas e filmes, os bandidos são colocados como pessoas de bem e esse é um dos fatores que contribui para que as pessoas aceitem passivamente o que antes lhes era tido como algo ilícito. É neste sentido que Ristum (2003, p. 182) nos mostra que:

[...] no Brasil, os meios de comunicação assumem o papel de formadores de consciência, já que a escola é fraca e as crianças passam grande parte do seu tempo livre à frente da televisão. Os programas e os noticiários da TV fazem apologia do dinheiro e da violência, elevam criminosos à condição de heróis e apresentam modelos de violência, especialmente em filmes e novelas.

Assim, um instrumento que deveria ser um meio de entretenimento e divulgação de notícias, tem desempenhado um outro papel, o de formador de conceitos e preconceitos, estigmas e estereótipos que vem trazendo sérias consequências para a sociedade.

Ao se falar em sociedade, vem à mente a família, que como nos afirma Kemp (2008, p. 7) é [...] “uma grande invenção divina. Sua instituição foi uma ideia de Deus. É a célula base da sociedade, a unidade básica das nações. Por isso ela é imprescindível para todos nós”.

Porém, o que se percebe é que a família tem recebido fortes influências da mídia, o que tem provocado mudanças na sua dinâmica diária, as pessoas já não encontram tempo para se comunicar e relacionar, perdidos em meio às informações que a mídia lhes mostra. Ou seja, o relacionamento marido e mulher, pais e filhos está ficando em segundo plano, o que muitas vezes tem contribuído para que ocorram brigas e separações dentro das famílias. Este fato é merecedor de um olhar mais atento, pois se a família que é considerada a célula mãe da sociedade se desestruturar, entende-se que a sociedade de uma forma geral estará em perigo.

É fato que as famílias, atualmente, possuem diferentes tipos de formações, que surgiram por vários fatores como: separações, filhos solteiros adultos que moram com os pais, netos criados por avós e até mesmo a presença a formação de casais homossexuais, neste sentido Gomes (2006, p. 54) nos diz que:

As pessoas passaram a realizar a reconstrução de suas relações sociofamiliares e estas cresceram muito nos últimos anos, como formas de restabelecimento de novos vínculos afetivos, de solidariedade e de companheirismo. Destas relações surgiram as novas configurações familiares.

Porém, apesar dessas transformações, os pais, sejam eles biológicos ou não, tem um papel fundamental na vida de seus filhos, pois é através de suas orientações, ou seja, da educação recebida em casa, que as crianças terão as bases da formação do seu caráter formadas. Neste sentido White (2007, p. 17) nos alerta dizendo que:

É no lar que a educação da criança deve iniciar-se.[...] Ali, , tendo seus pais como instrutores, terá a criança de aprender as lições que a devem guiar por toda a vida-lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio. As influências educativas do lar são uma força decida para o bem ou para o mal. São, em muitos sentidos, silenciosas e graduais, mas sendo exercidas na direção devida, tornam-se fator de grande alcance em prol da verdade e da justiça.

A mídia tem exercido sua influência sobre a família, esta por sua vez, tem seu papel relevante na formação dos futuros adultos e cidadãos da sociedade, papel este que se apresenta como algo bastante complexo. Muitas dessas famílias encontram-se aparentemente perdidas dentro do seu papel enquanto formadora de opiniões, devido ao bombardeio de informações que recebem do mundo midiático a todo instante.

A partir desta hipótese, o presente artigo que possui natureza bibliográfica, tem como intuito proporcionar ao leitor algum conhecimento sobre a temática proposta, que gira em torno da problemática das influências negativas que a mídia pode exercer sobre a família e o que os pais podem fazer em relação a isso.

O objetivo deste artigo é mostrar aos pais a importância de terem algum controle sobre o uso da mídia em seus lares, devido a influência negativa que esta pode exercer sobre seus filhos, entre os cônjuges, ou seja, dentro da família. Muitas vezes provocando mau comportamento nos filhos, brigas e até separações entre casais, sem contar a falta de comunicação que passa a existir dentro dos lares devido ao uso excessivo e descontrolado da mídia.

A influência da mídia na vida das famílias

Quando se fala em mídia são muitas as questões que estão envolvidas, pois ela é composta por todos os meios de comunicação existentes, tais como: programas de televisão, internet e games, que são os pontos que serão abordados neste momento. Feijó (2001, p.02) nos afirma que:

Estudos nos EUA demonstram que 10 a 30% das ocorrências de atos de violência, sexo e uso de drogas são atribuíveis à influência da mídia. O tempo utilizado pelos jovens assistindo à televisão tem aumentado significativamente, e esta já é a principal fonte de educação sexual naquele país. Atualmente, muitos autores consideram como principais agentes de influência sobre os adolescentes, em ordem crescente, a mídia, os pais e o grupo de iguais. Entretanto, deve-se analisar a influência da mídia em seu conjunto mais amplo, seja através de informações não apenas originadas da televisão e da Internet, mas também do cinema, vídeo games, videocassete e música.

A televisão, por exemplo, é um aparelho que por si só não é prejudicial a ninguém, porém, alguns programas que podem ser assistidos nela é que são prejudiciais, e por tanto devem ser escolhidos de forma criteriosa, ainda mais quando o espectador se tratar de uma criança ou adolescente, pessoas que ainda não possuem um olhar crítico para certas coisas, podendo assim, serem negativamente influenciadas. Segundo Gomide (2007, p.01):

Pesquisadores de todo mundo apontam para os efeitos nocivos da violência da televisão sobre crianças e adolescentes. Os programas infantis em lugar de educar e transmitir valores morais e éticos estão cada vez mais focalizando violência e cenas de “alto risco” para o desenvolvimento infantil.

Assim, o que se percebe é que até mesmo os programas voltados para as criança e adolescentes, incitam à violência e à sensualidade, os desenhos animados são um exemplo disso; o pica-pau, que até mesmo os adultos gostam, é agressivo e maldoso, alguns super-heróis trabalham a questão da sensualidade.

E o que dizer das novelas, dos programas de esporte e filmes, que roubam de forma discreta os momentos de comunicação que deveriam haver na família, as pessoas preferem assistir programas televisivos a conversarem com seus cônjuges ou filhos. Os filmes, em sua maioria, influencia o comportamento violento e agressivo das crianças e adolescentes como nos afirma Gomide (2000, p.20), como se pode verificar a seguir:

A American Psychological Association[2] (APA) publicou um relatório informativo, de 1985, abordando os principais estudos e conclusões realizados sobre os perigos, em crianças e adolescentes, de assistir a filmes violentos. As pesquisas psicológicas mostraram três grandes efeitos dos filmes violentos, a saber:

1) crianças e adolescentes podem tornar-se menos sensíveis a dor e ao sofrimento dos outros. Aqueles que assistem muitos programas violentos são menos sensíveis a cenas violentas do que aqueles que assistem pouco, em outras palavras, a violência os importuna menos, ou ainda, consideram, em menor grau, que o comportamento agressivo está errado; 2) crianças e adolescentes podem se sentir mais amedrontados em relação ao mundo ao seu redor. A APA relata que programas infantis têm vinte cenas violentas a cada hora, permitindo que crianças que vêm muita TV pensem que o mundo é um lugar perigoso; 3) crianças e adolescentes podem, provavelmente, se comportar de maneira agressiva ou nociva em relação aos outros, ou seja, comportam-se de maneira diferente após assistirem a programas violentos em TV. Além disso, crianças que assistem desenhos animados, mesmo considerando-os engraçados, têm maior probabilidade de bater em seus companheiros de jogos, desobedecer regras, deixar tarefas inacabadas, e estão menos dispostas a esperar pelo que desejam, do que as que não assistem a programas violentos.

Diante do exposto, o que se percebe é que isso é uma realidade no mundo hoje, e o que se pode fazer diante disso é tentar de alguma maneira, passar estas informações aos pais como um alerta, para que eles possam melhor selecionar o que seus filhos assistem em casa. Pois desta maneira, os pais poderão ter um melhor controle sobre as influências negativas que a mídia pode exercer sobre suas famílias.

Existem ainda os games, esses são tão nocivos quanto os filmes, novelas e desenhos animados, por um simples detalhe, enquanto que à frente da TV as pessoas tem uma participação “passiva”, nos games elas fazem as coisas acontecerem com o controle. Games como: gta, mortal combate, dum etc., são extremamente agressivos, onde o objetivo é simplesmente brincar de matar, em alguns deles o jogador pode ter relação sexual com homem ou mulher e se prostituir. E infelizmente estes jogos tem sido comprados pelos próprios pais das crianças e adolescentes. Ou seja, se percebe que os pais também precisam de orientação neste sentido, pois não devem estar preocupados somente em agradar os filhos, mas também com sua formação de uma forma geral.

Setzer (2010, p. 3) nos fala ainda de como os meios eletrônicos podem viciar as pessoas e o quanto isso é nocivo, o autor faz um alerta, que isso não se aplica somente às crianças, mas aos adultos também, veja:

Por outro lado, o uso de qualquer meio eletrônico exige um enorme autocontrole. Adultos viciam-se em TV, nos jogos violentos e na Internet; imagine-se então o que ocorre com crianças e adolescentes, que não têm autocontrole para, por exemplo, limitar o tempo de uso. Aliás, uma das consequências nefastas garantidas desses meios é diminuir a força de vontade – o mesmo efeito das drogas alucinógenas. Por isso a psicóloga Marie Winn chamou seu livro contra a TV de The Plug-in Drug (“A droga que se liga na tomada”). Qualquer pessoa pode constatar como tem que fazer um enorme esforço interior para desligá-los, especialmente a TV e os games, o que é uma indicação de como eles “agarram” os usuários.

A internet por sua vez, é uma ferramenta muito útil para a sociedade hoje, mas se for utilizada de maneira inadequada pode causar danos muito graves, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes, pois tudo o que foi exposto anteriormente eles também podem encontrar livremente na internet.

Levando-se em consideração a influencia da mídia, o que se percebe é que as informações fornecidas pela mídia de uma forma geral são inadequadas e desproporcionais à fase de desenvolvimento em que crianças e adolescentes se encontram, levando-os à banalização de conceitos éticos, morais e sexuais. Feijó (2001, p.10), nos diz que:

Homicídios representam a segunda causa de morte entre adolescentes, envolvendo ambientes escolares, sob forte influência da mídia estimulando a violência. Nos EUA, as armas de fogo são responsáveis por 75% dos suicídios exitosos entre jovens (1/4 das cenas violentas na televisão envolvem uso de armas de fogo), sendo esse tipo de violência a principal causa de óbitos na juventude de classes sociais menos favorecidas.

Tudo o que foi abordado até aqui, leva à reflexão sobre pontos referentes à desobediência, agressividade e mal comportamento das crianças e adolescentes. Sabe-se que são muitas as influências que uma pessoa recebe desde a infância, algumas são prejudiciais e é por isso que urge a necessidade de que as famílias tenham essa orientação, da importância do cuidado com o que seus filhos assistem.

Um outro ponto a ser considerado é o que Setzer (2010, p. 2) nos diz:

Tanto a violência e o erotismo, quanto a gravação no inconsciente é trágica no caso de crianças e adolescentes, pois eles estão formando sua mente. Quem acha que tudo isso passa em brancas nuvens não tem bom senso e não conhece as pesquisas sobre as influências da violência e do erotismo nas pessoas, em particular nos jovens. Está mais do que provado que a TV e os jogos violentos aumentam a agressividade, de curto a longo prazo. Ela pode manifestar-se de formas brandas, como agressões verbais ou, felizmente muito raramente, em formas extremas, como homicídios.

Neste sentido, Setzer (2009) nos fala da importância dos pais não serem passivos diante do uso que seus filhos fazem dos meios midiáticos, os pais precisam assumir uma postura ativa no intuito de proteger seus filhos, se for necessário suspender o uso da internet,televisão, jogos etc. por um tempo, que se faça isso sem medo, pois será muito melhor do que ser passivo, não ter autoridade e sempre atender às vontades dos filhos, pois o preço a ser pago depois será muito mais caro.

Assim, essas considerações são importantes para que se perceba o poder de influencia que a mídia tem. Neste sentido, as famílias precisam ser mais críticas diante do que os meios de comunicação lhes oferecem. Pois o objetivo deste trabalho, não é dizer que os meios de comunicação só têm contribuições ruins, mas que é importante saber selecionar o que se vê. Posto que, como foi apresentado anteriormente, a influência da mídia sobre a vida das famílias pode ser perigosa dentro do convívio familiar, tirando muitas vezes o espaço do diálogo e dando lugar a agressividade.


Família

Segundo Galano (2006, p. 115), “nas décadas de 70 e 80, do século XX, os historiadores e antropólogos se ocuparam da domesticidade da vida privada e especialmente das mudanças da família desde a Idade Média”.

Assim, é interessante que se tenha uma visão de como a família foi afetada e como afetou a sociedade na qual estava inserida, em pontos distintos da história.

É na família que a criança ao nascer recebe seus primeiros cuidados e educação, onde se cria vinculo com os membros e esta família como um todo, constrói seus laços com a sociedade, recebendo influências dela e influenciando também.

É fato que desde a chegada dos portugueses ao Brasil até os dias atuais, as estruturas familiares foram mudando. Porém, vale ressaltar que além do modelo contemporâneo, ainda existem formas arcaicas e tradicionais em diferentes substratos da sociedade (GALANO, 2006).

Apesar de existirem diferentes maneiras de organização familiar, ainda hoje ela é um lugar de refugio dentro da sociedade, que segundo Gergen (1991), é um espaço privilegiado da vida afetiva.

Na Idade Média- do século V até XV- nascimento do Ocidente, para que as pessoas sobrevivessem elas precisavam viver em grandes grupos, ou seja, quanto maior fossem as famílias, melhores as condições de se viver. Neste sentido Galano (2006, p. 127) nos diz que:

O clã e a linhagem predominaram como organizadores do que era vivido como família, mas para que a riqueza adquirisse respeito público ela precisava traduzir-se e prestígio na arena política. Seja por presentes ou patrocínios, para garantir lealdades à rede de parentes devia ampliar-se via o casamento; inicialmente “para baixo” (as filhas se uniam a pessoas de status inferior ao pai) a tendência era exogâmica.

Já na Idade Moderna- renascimento do século XV até o XVIII- surge o nascimento da vida privada. O que antes girava em torno do coletivo e do feudalismo, toma uma nova maneira de olhar as coisas, em especial a família, com a recriação dos espaços familiares, surgindo o espaço para a comunicação.

Outra característica marcante da época é que, as famílias tronco se sobrepunha ao clã, isso ocorria principalmente quando as filhas herdavam o patrimônio da família. Um ponto muito interessante, é quando as crianças passam a ser entendidos como tais pela sociedade e pelos pais, neste sentido Galano (2006, p. 130) nos afirma que:

Poderíamos dizer que “nasce” uma idade, entre os séculos XVI e XVII: a criança conquista um lugar junto aos pais. Antes o infanticídio era tolerado, e diferentemente da família medieval que deixava as crianças com estranhos, agora, a visibilidade de sua vulnerabilidade e a sua importância fazem com que os adultos passem a se preocupar com a sua educação, saúde e futuro, e querer reter a criança junto a si.

Aqui fica claro que a maneira de olhar e entender a criança teve uma grande mudança, agora ela era entendida com alguém que necessitava de carinho e atenção diferenciados de um adulto.

Ao contrário do período anterior, o núcleo familiar já é menor, ou seja, não há necessidade de que seja algo grande, é assim que surgem as questões relacionadas à individualidade, intimidade e privacidade.

A Idade Contemporânea- século XVIII até metade do século XX- Revolução Industrial, foi um período de mudanças políticas, sociais e econômicas.

A família, neste período, passa a ter três de formação, a conjugal, nuclear e doméstica. O casamento já toma uma conotação, se em outros períodos, o que decidia entre se casar ou não com alguém, estava relacionado a questões financeiras e políticas, agora é mais voltada aos sentimentos e emoções. As pessoas passam a ter a oportunidade de escolher com quem casar, ou seja, com que ama. Quanto a questões relacionadas a herança, Galano (2006, p. 135) nos diz que “a legislação liberal estipula uma divisão mais igualitária do patrimônio familiar, em teoria não há irmãos privilegiados”.

Diante do exposto, se percebe que a organização social da família, prepararam as bases para os diferentes tipos de famílias da atualidade. Pois como nos diz Casey (1992), num período primitivo da história, em que não havia o reconhecimento da paternidade física de uma criança, a sua descendência era baseada na mãe. Já em um dado momento da história, os homens já buscam o controle da sua mulher e de sua prole, passando da patriarquia à patrilinearidade, ou seja, a descendência agora partia do pai e não da mãe.

Muitas foram as mudanças dentro da organização social da família, que deram origem a diferentes organizações familiares como será abordado a seguir.

As diferentes organizações familiares

Como foi abordado anteriormente, de acordo com Galano (2006) as mudanças na estrutura familiar ao longo da história trouxeram suas contribuições para a multiplicidade de tipos de famílias que existem hoje, a saber:

Família tronco: tinha como fundamento a preservação do patrimônio e o fortalecimento das relações entre irmãos.

Família monoparental: família chefiada por um adulto, geralmente a mãe.

Famílias de um só membro: surgiu a partir dos anos 90 e é uma fenômeno que está em crescimento.

Família canguru: é composta por pais e filhos adultos, solteiros ou descasados.

É basicamente desta maneira que as famílias na atualidade se estruturam, porém como foi dito anteriormente, estes fenômenos não apagam as que ocorreram no passado.

A importância dos pais na vida dos filhos

 

A importância dos pais na vida dos filhos é algo primordial para o seu desenvolvimento, porém vale ressaltar que o fato da família ser composta por pais (homem e mulher), seja garantia de sucesso da criação dos filhos. Na realidade, de forma geral a tarefa dos pais nem sempre é fácil.

O homem como pai, assume papeis diferentes dentro do lar, entre eles a de mostrar a seus filhos que é um homem correto, como nos afirma Pelt (2006, p. 137):

Mesmo que a mãe no geral, passe mais tempo com os filhos, não devemos menosprezar o papel do pai. Ele contribui para o crescimento do filho, de diversas maneiras que só ele pode prover. A primeira coisa e mais importante que o pai pode fazer é ser um homem bom e direito. É dele que a criança aprende os traços masculinos que imitará e que formarão parte da sua personalidade. É dele que um jovem aprende a agir como adulto. Se o pai deseja que seu filho desenvolva uma atitude saudável em relação às mulheres, deve prover um modelo de respeito.

Também se pode verificar na citação acima que a autora faz menção da importância da figura masculina na vida do filho (menino), de como o comportamento e a postura do pai no dia-a-dia, são altamente influenciáveis na formação de uma criança. Mas, é bom que se esclareça que a presença da figura masculina (pai), não é importante só na vida dos meninas, mas das meninas também.

Pois segundo Pelt (2006), as meninas também precisam ter essa relação com os pais e assim poderem ter bem definida a figura masculina, além do mais, são os pais que ajudam as meninas a desenvolverem seu lado feminino, isso ocorre de maneira sutil, no dia-a-dia quando os pais elogiam suas filhas.

Um outro papel do homem, enquanto pai, é o de estabilizador, não diretamente relacionado a questões financeiras e comodidade da família, mas emocionalmente também, pois cada vez que os pais não encontram tempo para estar com seus filhos, compartilhar de suas alegrias e pesares, as crianças podem se tornam adultos emocionalmente desestabilizados, por isso a necessidade da presença mais ativa dos pais na vida dos filhos.

Quanto à mãe, ela tem uma função tão relevante e diversificada na vida dos filhos assim como o pai. Ela é considerada uma fonte de segurança emocional, que a criança já tem desde bebê, neste sentido Pelt (2006, p. 142) nos diz que:

A primeira relação emocional da criança com sua mãe forma o fundamento da sua relação emocional com os outros através de toda a vida. Se o seu relacionamento emocional com a sua mãe for bom, ela se sentir segura e confiante de que suas necessidades serão atendidas prestativamente, desenvolverá uma personalidade estável e um firme conceito de si mesma.

Fica clara a necessidade de segurança emocional que o ser humano necessita desde a mais tenra idade e como isso pode afetar toda a sua vida. Assim, quando uma mãe, se dispõe a investir tempo em dar amor e carinho ao seu filho, na verdade os frutos desse trabalho não se limitarão àquele momento. Pois atos que aparentemente parecem insignificantes, contribuirão para que aquele bebê tenha mais condições de se tornar um adulto equilibrado e centrado.

Mas a mãe também tem outras funções, entre elas a de ser a primeira professora de seus filhos, até mesmo porque, o lar é considerado a primeira escola de uma criança. É com a mãe, que a criança aprende alguns comportamentos que nortearam sua vida toda, por isso é importante a mãe estar atenta a algumas questões, como nos afirma Pelt (2006, p. 142):

A aceitação de autoridade é a primeira lição que a criança precisa aprender.

A atitude da mãe em relação à criança desobediente deve ser [...] coerente.

A mãe também é responsável por outras áreas do desenvolvimento social. Ela precisa supervisionar se os talentos da criança estão sendo desenvolvidos.

A mãe é responsável pelo desenvolvimento físico da criança.

[...] Educar o filho de modo que ele reconheça que foi criado à imagem de Deus e que é seu dever refletir da melhor maneira- com a ajuda divina- essa imagem.

Neste sentido, se percebe que as funções dos pais em relação à educação dos filhos são muitas e imprescindíveis para que futuramente eles se tornem adultos emocionalmente seguros e independentes, esta é a parte mais difícil, pois colocar em uma escola, dar brinquedos e sair pra passear é mais “fácil”.

Diante de tudo o que foi dito, é preciso que se entenda que a maior necessidade de uma criança, não é de pais perfeitos, até mesmo porque isso não existe e muitos erram com o desejo de acertar. Sobre a maior necessidade de uma criança em relação aos pais, Pelt (2006, p. 147) nos trata que:

A maior necessidade de seu filho não é tanto ter pais que o amem, mas pais que se amem mutuamente. [...] O ideal não é proporcionar um lugar perfeito para criar os filhos no sentido material, mas um lar acolhedor e afetivo, onde se pratica constantemente a obediência aos melhores princípios.

Ou seja, os filhos precisam ver na prática o que amor, respeito, carinho, dedicação de um para com o outro, pois assim eles entenderão o que de fato é viver em um lugar tranquilo e feliz.

Porém, não se pode esquecer que existem outros tipos de famílias, que não a citada acima, nestes casos, na ausência da figura masculina ou feminina, o que pode ser feito é oferecer à criança o máximo de carinho e amor possíveis para que elas não cresçam emocionalmente abalados e isso é algo possível de se fazer.

O que se deseja aqui, ao falar sobre a importância dos pais na vida dos filhos, é mostrar que a família tem um papel importante na educação dos mesmo e isso inclui a educação para o uso da mídia. Neste sentido, Setzer (2009) nos fala dos perigos da internet entre eles a defesa da privacidade dos filhos no uso da mesma e como isso pode ser nocivo para as suas vidas. O autor coloca ainda a importância do monitoramento e dá sugestões de como isso pode ser feito, uma das sugestões é que o computador seja instalado em uma sala aberta a todos, pois assim fica muito mais fácil controlar o tempo de uso da internet, o que está sendo olhado e o acesso ao histórico das paginas e jogos acessados pelos filhos sejam regularmente observados.

Ainda relacionado à educação dos filhos sobre o uso da mídia, no caso a internet, Setzer (2009) nos fala da necessidade de haver uma conversa entre pais e filhos nos sentido de estipularem algumas regras sobre o uso da internet, como: não dar informações pessoais, ao perceber qualquer coisa estranha avisar aos pais, não usar câmera de vídeo, nem responder a email de pessoas desconhecidas etc., tudo sob a pena de que se não obedecer as regras o uso da internet fica proibido até haver uma outra conversa e entrar em acordo novamente.

Considerações finais

 

Diante do exposto, fica claro que a problemática levantada neste artigo gira em torno da influência negativa que a mídia tem exercido sobre as famílias e as consequências que a mesma tem causado na dinâmica familiar (RISTUM, 2003). O que tem contribuído para que as famílias muitas vezes se tornem passivas diante da criação dos filhos.

Também é interessante frisar que apesar das transformações sofridas em sua formação, a família ainda tem função importante dentro da família e por tanto da sociedade. Que é a de formar, preparar as crianças e jovens de hoje para se tornarem adultos de caráter e cidadãos críticos dentro de suas famílias, da comunidade na qual está inserido e por tanto dentro da sociedade. (WHITE, 2007)

Assim, considerando as influências recebidas pela família- que inclui pais e filhos- através da mídia, entende-se que os filhos por ainda estarem em processo de formação e não terem discernimento suficiente para separar o real do irreal, necessitam de um acompanhamento mais minucioso dos pais em relação ao mundo midiático (SETZER, 2009). Porém, há que se atentar também, para o fato de que muitos desses pais estão tão influenciados com as informações obtidas através da mídia que necessitam de orientação, tanto quanto seus filhos. Pois, como poderão auxiliar seus filhos se nem eles mesmos, estão conseguindo se encontrar em meio a esse turbilhão de informações? Foi a partir desta hipótese que se buscou abordar o tema aqui exposto.

Quanto aos objetivos aqui proposto, que tem como intuito apresentar o que há de relevante no registro bibliográfico sobre o tema em questão, ou seja, mostrar aos pais a importância de terem algum controle sobre o uso da mídia em seus lares, devido a influência negativa que esta pode exercer sobre seus filhos, entre os cônjuges, ou seja, dentro da família, acredita-se que foi atingido diante de tudo o que foi abordado dentro deste trabalho.

Em suma, uma contribuição que se pode indicar para a pesquisa aqui apresentada, é que através desta, se pode iniciar futuros estudos sobre a influência da mídia nas famílias. Neste sentido, o que se sugere para novos estudos é que se verifique o que pode ser feito no sentido de auxiliar as famílias na educação dos filhos, apesar das distorções de informações relacionadas ao caráter, moral e princípios.

           

Referências bibliográficas

 

BRASIL, Antonio. O poder das imagens e o futuro da TV. Http://www.ietv.org.br/ pensar_tv_artigo.php?id=299, disponível em 20/06/2005.

CASEY, J. A história da família. São Paulo: Editora Ática, 1992.

CERVENY, Ceneide M. de O. (Org.). Família e comunicação, divórcio, mudança, resiliência, deficiência, lei, bioética, doença, religião e drogadição. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

CONSONI, Adelaide. A influência da mídia no Imaginário Infantil. http://paulo-v.sites.uol.com.br/textos/img9.htm, disponível em 05/04/2005.

FILHO, Ciro Marcondes. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1988.

GALANO, M. H. Família e História: a história da família. In Cerveny, C.M.O. (org.). Família e... Narrativas, Gênero, Paratentalidade, Irmãos, Filhos nos divórcios, Genealogia, História, Estrutura, Violência, Intervenção Sistêmica, Rede Social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

GERGEN, K. J. El yo saturado. Barcelona: Paidós, 1991.

GODAWA, Brian. Cinema e fé cristã. Viçosa-MG: Ultimato, 2004.

GOMES, C. B. Família e violência. In: MACEDO, Roberto S; et al. Educação, Tradição e contemporaneidade: tessituras pertinentes num contexto de pesquisa educacional. Savador: Edufba, 2006.

GOMIDE, Paula I.C. Pais presentes, pais ausentes: regras e limites. 9ª edição Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.

KEMP, Jaime. A grande ideia de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

OLMOS, Ana. O aprendizado pela TV. Entrevista feita pelo revista do IDEC. Http://www.idec.org.br/rev_idec_texto2.asp?pagina=2&ordem=2&id=99, disponível em 28 de setembro de 2005.

PELT, Nancy Van. Como formar filhos vencedores: desenvolvendo o caráter e a personalidade. Tradução de Sueli N. F. Oliveira. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

RISTUM, M; BASTOS, A. C. A violência urbana e o papel da mídia na concepção de professoras do ensino fundamental. Paidéia, 2003, 13(26), 181-189.

SETZER, W. Valdemar. Como proteger seus filhos da internet: um guia para pais e professores. São Paulo: Novo Conceito, 2009. Disponivel no site (www. ime.usp.br\~vwsetzer), acesso em 07.11.12.

______. Meios eletrônicos e educação: nova vida ou destruição. Revista Aprendizagem, ano 4, n. 20, 2010, pp. 40-43. Disponível no site (www. ime.usp.br\~vwsetzer), acesso em 07.11.12.

WALSH, Froma. Fortalecendo a resiliência familiar. São Paulo: Roca, 2005.

WHEELER, Joe. Comando a distância: como a TV o afeta a si e à sua família. Portugal: Atlântico, 1997.

WHITE, Ellen G. O Lar Adventista. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1989.

______. Conselho sobre educação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1992.

______. Orientação da Criança. 9. Ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007.


[1] Artigo redigido para Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Aconselhamento Educacional e Familiar – Centro Universitário Adventista de São Paulo- Campus 2, na cidade de Engenheiro Coelho, 2012, sob a orientação da Profª. Dra. Marinalva Imaculada Cuzin.

[2] In http://www.apa.org. Acesso em setembro de 2012.


Autor:


Artigos Relacionados


O Preconceito Na Sociedade

A Importância Da Família Na Aprendizagem

Oração Da Família!

A ImportÂncia Do Trabalho PsicopedagÓgico Com Os Pais...

Ja Ta Na Hora

O Indesejável

O Pinguça