Minha Ilha



Sempre imaginei que a felicidade fosse uma ilusão, e a esperança, algo impossível de tornar-se concreta na minha vida.Pensava Eu, ter sido abandonada numa ilha bem distante, onde eu podia ver pessoas, mas, ao mesmo tempo, sem saber com certeza se elas eram reais ou uma ilusão, como a felicidade. Entretanto, eu tinha uma companhia real, em que eu sabia que esta era de verdade. Porém, por eu ter sido abandonada ao nascer, ela ficaria incumbida de me acompanhar em meu abandono, e, conseqüentemente, cuidar de mim. Ela cuidava, mas encontrava-se machucada desde que fomos abandonadas na ilha; por isto, acabei por ter que protegê-la daquela ilha. Como essa pessoa, haviam algumas que freqüentavam esse lugar que, também eram, com certeza, de verdade. No entanto, estas poucas podiam fazer para salvar a mim e minha companheira; elas, não tinham como irem a esse lugar, para nos ajudar, somente indo à Ilhaquando lhes fosse autorizado.

Algumas vezes eu me alegrava, pois, acreditava ter encontrado a esperança, e com ela vinha um sorriso verdadeiro que, até então, eu não conhecia, não sabia como era bom sentir aquele sorriso. Todavia, acordava e olhava ao meu redor e via que isto não passava apenas de um sonho, e que minha realidade era baseada num pesadelo, cheio de belezas que eu nunca poderia alcançar ou tocar, tendo acesso somente aos sons das folhas secas caindo das árvores, da água, principalmente quando chovia, do vento se debatendo sobre meu rosto e as estrelas, minhas companheiras da noite. Por mais que eu tocasse, não sentia o resto da ilha, a não ser o medo, a necessidade de proteger minha companheira e também a luta constante para encontrar a saída da ilha, e, finalmente encontrar o que até então eu achava ser irreal.

Em diversos momentos eu rogava ao Senhor meu Deus, o que eu havia feito quando nasci, de tão grave, para merecer viver até o fim de meus dias naquele lugar?. Pedia fé, força e a própria esperança; sentia eu, que não era ouvida por ele (Deus). Até que um dia ele enviou uma pessoa até mim para me proteger naquele lugar; no primeiro momento, achei que essa pessoa fosse como as que eu via, mas não passavam de imaginárias; quando percebi que esta era de verdade, tentei afastá-la de mim; eu não queria que, derrepente, ela fosse embora, ou ficasse presa comigo, e depois, se arrependesse, se machucasse, e eu, sem forças, não pudesse protegê-la. Quando notei, eu estava machucando-a, ferindo-a de tal forma que, supostamente, eu causasse uma ferida que não cicatrizasse. Diante do que vi, parei e aceitei meu protetor. Ele, constantemente cuidava de mim e cuida até hoje, de maneira fiel, e lutava em seu cotidiano para me tirar dali. Posteriormente, enxerguei outras pessoas ao meu redor que gritavam, me davam as mãos,e eu dia-a-dia as ignorava; então, eu as aceitei, na minha prisão, que era a minha vida até o momento.

Contudo, eu não entendia o porque de minha prisão; essas pessoas que ingressaram na ilha, apesar de buscarem me libertar, ao contrário do que eu tanto temia, não ficaram presas como eu. Assim, em desespero, roguei novamente a Deus, implorando, desta vez, que não me tirasse da ilha, mas, que me fizesse acordar. Eu havia entendido que, ao invés de uma ilha, eu me encontrava prisioneira em mim mesma, por razões que não pertenciam a mim, e sim, à minha companheira; a pessoa que eu acreditava ter ficado presa ali, por minha causa, enquanto que era eu quem, ao tentar libertá-la, quando nasci, acabei por me aprisionar com ela. Neste momento, vi a esperança de duas formas: A primeira, como um pequeno barco; a segunda, como uma chave, que abriria a porta de saída da minha ilha que encontrava-se no outro lado do horizonte dessa ilha. Agora, sigo com esperança e também senti pela primeira vez, o doce gosto do verdadeiro sorriso. Sei que a travessia não vai ser fácil, mas, sei agora que não estou sozinha, nem tampouco presa. Agora, imagino como será o outro lado. Deus me disse, dentro de mim, que lá está a felicidade, e,por mais que no decorrer da travessia haja tempestades, furacões, eu não tenha medo, e que não estou só, e, além das pessoas que ele colocou no meu caminho, ele estará sempre comigo, e nada me faltará.

Por Adriana Castro

3 de junho de 2008.


Autor: Adriana Castro Santos


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