CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 3)



CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 3)

                    (tese pluralística)

 

Assim, vimos que nossa humanidade se constitui de um psiquismo variadíssimo, onde um plano mais alto de conhecimento entrosa-se com outros de menor alcance intelectivo e com outros menores ainda formando um amálgama de psiquismo bastante interessante.

 

Há muitos modos de se encarar tal psiquismo em nossa humanidade. Este autor, por exemplo, vê que a Pré-lógica reflete o obscurantismo da maior parte de nossos pares terrenos com suas condutas rasteiras, acanhadas e anti-científicas, denotando um caráter intelectual notoriamente Simplista, deixando-se ludibriar por inverdades, magias, mitos e coisas irreais, possuindo, pois, baixa compreensão das coisas e das leis que regem o mundo em seu aspecto físico, metafísico ou espiritual. Se os vê por toda parte e, sobretudo no campo das grandes massas fideístas que se esquivam de argumentações lógicas pela imposição de sua crença arcaica e destituída de maior racionalidade.

 

No que se refere à Inteligência Concreta, ou Transitiva, vejo que os indivíduos dela portadores fazem um bom uso da Razão, do raciocínio lógico e de suas leis, mas que vai ascender ainda evoluindo para mais vasta expressão mental, ou seja, para a Inteligência Formal, onde seus elementos, mais Experientes e sábios, são dotados de uma novíssima expressão mental, pois que operam o raciocínio teórico ou hipotético-dedutivo e que, por isso mesmo, fizeram e estão fazendo a mais vasta reformulação do conhecimento dos dois últimos séculos. Estes, mais experimentados nos caminhos da evolução, avizinham-se, ou operam a superconsciência consagrando-se em sabedoria e moralidade cristã, permitindo-lhes uma compreensão mais dilatada das coisas, da complexidade de tudo e de todos.

 

E daí encontrarmos em todas as camadas sociais as mais diversas formas de entendimento disso ou daquilo, as mais complexas variações de ordem Sentimental, de Critério mais ou menos acertado disso ou daquilo, bem como característica múltipla de Razão e de Fé.

 

 

E, por tais variações, como encontrar-se a Razão Ideal, aquela mesma recomendada por Kardec - quando a sua Razão, sabemos, fora constituída por estruturas intelectuais representadas pelas propriedades Formais, e, portanto, de raciocínios lógicos e sistematicamente abstratos, onde pudemos vê-lo trabalhando com hipóteses diversas e com as mais distintas relações cognitivas - quando grande parte da nossa humanidade ainda se debate e se agita nos processos evolutivos de uma mentalidade Pré-lógica, Concreta, ansiando subir, escalar e estabelecer-se nos mais altos padrões das operações intelectuais, entrosando-se, pois, assim, com a superconsciência dos gênios e dos santos?

 

E, então, o que fazer? Como romper esse espesso muro de mentalidades obscuras, ansiando subir, quando elas mesmas nem sabem que tem de progredir, de escalar, de subir? Como pretender-se uma Razão Ideal se a natureza não dá saltos, mas espera que a sábia Lei determine os caminhos já traçados, colocando cada coisa em seu lugar lentamente, burilando e aprimorando o Espírito com paciência, serenidade e justiça, pois que tais incorporam a mais plena certeza de se chegar, de se atingir o objetivo, os mais altos cumes da sabedoria e do amor universais?

  

E daí recomendar-se que, em nosso meio, em matéria de Espiritismo, não se deve dar crédito a tudo quanto lhe apareça pela frente, pois que somos duas ‘humanidades’ (encarnada e errante) em evolução, e, por isso, imperfeitas, estando os ignorantes não só do lado de cá, mas também do lado de lá, uma vez que o errante é nada mais nada menos um Espírito do plano das humanidades que desencarnara e pode mais facilmente nos insuflar seus bons ou maus pensamentos, sua inteligência ou seus preconceitos, em suma: sua luz ou sua ignorância, seu falso saber.

 

O Novo Testamento adverte-nos quanto a tais:

 

“Meus bem amados, não acrediteis em todos os Espíritos, mas experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se ergueram no mundo”. (Vide: João, prim. Epístola, capítulo 4, versículo 1).  

 

 

E daí recomendar-se, por conseguinte, que não se deve dar crédito a tudo quanto apareça de mensagens ou de livros de ordem mediúnico-espiritual, mas que tudo seja analisado com serenidade buscando a lógica dos ensinos pertinentes e as opiniões, porque não, dos mais sábios estudiosos espiritistas, em que pese suas opiniões, muitas das vezes, divergentes e contraditórias.

 

Ora, alguns espíritas são ortodoxos de carteirinha: só aceitam e admitem o que está em Kardec. Outros, os espíritas clássicos, vão um tanto mais adiante: aceitam Kardec e figuras renomadas do Espiritismo tais como Flammarion, Denis, Delanne, mas param por aí. E outros, os espíritas xavierianos, além de admitir o que os primeiros e os segundos acatam, abraçariam, também, os trabalhos psicográficos do grande medianeiro Chico Xavier; e, na ponta extrema, estão os chamados espíritas universalistas, dentre os quais me incluo, que não só acatam o que os primeiros, os segundos e os terceiros admitem, mas vão mais longe ainda por albergar em seu íntimo os dilatados conceitos monistas, filosófico-científicos de Pietro Ubaldi.

 

Óbvio que tal classificação dos mais diversos espiritistas decorre da complexidade doutrinária mesma e que se patenteia, pois, clara e evidente, do comportamento deste mesmo espiritista, dos seus mais recônditos anseios, suas mais diversas idéias propagadas pela internet e pelas mais diversas publicações no território nacional e internacional; e que refletem, pois, sua inegável faixa de progressos doutrinários, sua evolução psíquica: ordinariamente mental e moral. 

 

Por conseguinte, não será tarefa fácil buscar a opinião dos mais ajuizados e mais sábios estudiosos espiritistas, pois que nem tudo é harmônico e pacífico no movimento espírita em função do cunho notório e específico de cada elemento portador de uns e de outros preceitos doutrinários; e, mais ainda, daquelas diferenças evolutivas já mencionadas, que refletem, por identidade de princípios, em nosso psicológico, caráter e entendimento. Mas é sempre possível encontrar um caminho que mais se aproxime da nossa personalidade, nosso modo peculiar de ser e de entender as coisas, nos identificando com certas posturas mais ou menos razoáveis de entendimento filosófico-moral.

No meu caso, especificamente, devo dizer que o conhecimento consolidado em mim por aquele parâmetro retro-citado, de Kardec a Chico Xavier, conquanto me houvesse proporcionado tantos benefícios, não puderam asserenar-me a alma nos precisos moldes da dinâmica pacífica em que ela se encontra nos presentes tempos.

 

É o que veremos nos próximos seguimentos desta tese que, pelo visto, não tratará tão-só de argumentos filosóficos e doutrinários, mas também da experiência pessoal do autor mostrando e endossando tal temática extraída da própria vida e das angústias do pensar e do refletir as idéias espiritistas que, agora, estão plenamente justificadas e pacificadas com a completação monista de Pietro Ubaldi.

 

Assim, até que a modesta inspiração do próximo seguimento de tal tese pluralística me ilumine, despeço-me fraternalmente com Jesus.

 

 

 (final da parte 3)

 

Propositor: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br


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