COERÊNCIA TEXTUAL: EM DISSERTAÇÕES DO ENSINO MÉDIO



COERÊNCIA TEXTUAL: EM DISSERTAÇÕES DO ENSINO MÉDIO

 

 

Vagner Vainer Teixeira Braz*

 [email protected]

 

 

 

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa em Produção de Texto e Leitura I, realizada com dois textos dissertativos do Ensino Médio da rede pública. Baseado no referencial teórico sobre coerência textual, para analisar de que forma se estabelece a coerência nos textos selecionados, verificando a presença ou não dos vários fatores de coerência e quais os seus efeitos nos textos.

Palavras-chave: Texto, Coerência textual, Incoerência, Idéias.

 

1. INTRODUÇÃO

 

   Este artigo é resultado de uma pesquisa na disciplina de Produção de Texto e Leitura I, que foi a partir do trabalho de correções de textos de alunos do Ensino Médio, da rede pública.

  E também este estudo se inscreve no campo da Textualidade e tem por objetivo detectar alguns dos fatores que concorrem na construção da incoerência nos textos. O que e o como a coerência se interage com o texto[1] em relação ao seu verdadeiro sentido, porque e aonde esse

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*Acadêmico do Curso de Letras – UNEMAT. Artigo da disciplina de Produção de Texto e Leitura I, sob orientação da Profª. Ma. Ana Maria Macedo.

sentido vai chega. Assim sendo, os rumos da análise aqui anunciada teve sua origem em meus interesses pela coerência textual e estão pautados na questão da constante incoerência nos textos.

Procurarei analisar de que forma se estabelece a coerência nos textos selecionados,  segundo, Costa Val, Koch e Travaglia.

 

  1. DESENVOLVIMENTO

 

 

 A Coerência que tem num texto deve-se à organização em forma de sentido, assim Koch e Travaglia (1990), afirmar: 

   “A coerência está ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários.”

(KOCH e TRAVAGLIA, 1990, p. 21) 

 

 A Coerência seria um conjunto de elementos que informa ou é o sentido que se estabelecer no texto, para dar um sentido completo a ele.

Segundo koch e Travaglia (1990, p. 59-81), afirmar que para dar esse sentido, é preciso usar vários fatores, como: Os elementos linguísticos, são muito importantes para colabora na ação ou no estabelecimento da coerência, embora não é possível dar sentido só mente com palavras. O conhecimento de mundo é um papel decisivo no estabelecimento da coerência, mas se o texto contiver conteúdos que não conhecemos, será difícil achamos o seu sentido e com isso não a parecerá um sentido coerente. O conhecimento partilhado são os elementos textuais que se interagem ao conhecimento com base nas informações velha, que possivelmente a partir dela gerará uma nova informação trazida pelo próprio texto. A inferências, é a forma onde o conhecimento de mundo é utilizado pelo o receptor, para que ele possa estabelecer a relação entre dois elementos de um dado texto, em procura de buscar compreender e interpretar. Os fatores de contextualizaçã (dados), são aqueles que tomarem como fundamento à situação comunicativa no texto. A situacionalidade é atuada em duas posições, a da situação para o texto e do texto para a situação. A informatividade (é relativo), é um fator, que por sua vez interfere na construção da coerência, que é contida nos dados de informações em um determinado texto. A focalização (princípio de cooperação), é a concentração entre o produtor e receptor, que apenas uma parte do seu conhecimento e pela forma que da qual são vistos os elementos textuais. A intertextualidade é o processo entre a produção e a recepção de um texto, na medida em que se recorre ao conhecimento prévio de outro texto, que por sua vez pode ser de forma ou de conteúdo. A intencionalidade e aceitabilidade são o modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo textos adequados aos efeitos desejados. A consistência e relevância, é que todos os enunciados do texto possam ser verdadeiros dentro de um mesmo processo e que os enunciados sejam interpretáveis como falando sobre o um mesmo tema. Tudo isso só para dá mais sentido coerente ao texto.

E por sua vez esse sentido coerente é que dá textura ao texto, mas para que isso ocorra é preciso compreende todos os fatores citados. Vale à pena lembra que textura é o mesmo que textualidade, ou seja, a coerência dá sentido na textualidade.

     Koch e Travaglia (1990, p. 45), descrevem que a coerência dá textura, por melhor que seja à seqüência lingüística, e com isso posso afirmar que essa textura ou textualidade é devidamente uma seqüência lingüística em um determinado texto e não em forma de qualquer maneira. E, além disso, os mesmos afirmar que “a coerência dá origem à textualidade”. Tendo em vista que a coerência é a essência e eficaz para o sentido que um texto vem a ter em seu determinado momento.

Por sua vez Beaugrande e Dressler (apud Costa Val, 1994, p.10-16), com base nos fatores pragmáticos, afirma que a intencionalidade e aceitabilidade, são o empenho do produtor em construir um discurso coerente e coeso em um processo de situação comunicativa e à expectativa do recebedor que leva a adquirir conhecimento e ao mesmo tempo coopera com os objetivos do produtor. A situacionalidade é responsável pela pertinência e pela relevância de um determinado texto em relação ao contexto em que ocorre. A informatividade é à medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, no conceitual ou no formal. A intertextualidade é responsável pelos os fatores que fazer o uso de conhecimento de outros textos, em um determinado texto. Sabendo que eles são fatores pragmáticos, porque devidamente foi citado anteriormente, que por sua vez eles estão no estabelecimento da coerência.

Agora segundo Charoles (apud Costa Val, 1994, p. 21), o mesmo tenta estabelece as Metarregras,  para que o texto seja coerente e coeso, são fundamentais os seguintes requisitos: a repetição, a progressão, a não-contradição e a relação. Como:

 

“Para Charoles (1978), um texto coerente e coeso satisfaz a quatro requisitos: a repetição, a progressão, a não-contradição e a relação. Vou chamá-los, aqui, de continuidade, progressão, não-contradição e articulação.”

                                                                                                                                          (COSTA VAL, 1994, p. 21)

E com isso ele tenta demonstrar que as metarregras são eficientes na construção do estabelecimento da coerência e ao mesmo tempo a coesão. E também foi visto que a coerência é muito complexa, que por sua vez abrangem vários fatores, que ajuda no processo do estabelecimento, seja por partir do produtor e pelo receptor que tenta entender o texto.

O texto é definido por Koch e Travaglia (1990), como:

 

“uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa, como uma unidade de sentido...”            (KOCH & TRAVAGLIA, 1990, p. 10)

 

   Deu para perceber que para estes autores, o que possibilita que os usuários da língua percebam uma seqüência lingüística, é a coerência que dar textualidade ou textura, definida como:

 

“aquilo que converte uma seqüência lingüística em texto.”     

(KOCH e TRAVAGLIA, 1990. P.45)                                                                       

Eles demonstram que a coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, em termos da interlocução comunicativa, sendo assim, estabelecida na interação, em uma situação comunicativa entre dois usuários. Assim:

“A coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, mas num sentido que não tem nada a ver com qualquer idéia assemelhada á noção de  gramaticalidade usada no nível da frase, sendo mais ligada, talvez, a uma boa formação em termos da interlocução comunicativa.”                       (KOCH e TRAVAGLIA, 2003. P.11-12)

   Para definir a coerência, trabalhamos com a análise de dois textos da disciplina de Língua Portuguesa (Autodestruição e Natureza x Sociedade: Á degradação), para demonstra o verdadeiro sentido da coerência. A coerência de um texto deve-se à organização em forma de sentido, uma adequação da linguagem ao tipo do texto e a observância do sentido das palavras ou expressões empregadas e das idéias expostas.

   E com isso a construção da coerência está, portanto, ligada ao sentido do texto, e este está relacionado diretamente com o seu receptor. Em outras palavras, a coerência só será estabelecida, no momento em que houver a inter-relação entre o produtor e o receptor.

É necessário ressaltar que nesta análise não foram analisados todos os fatores de coerência nos textos. Mas podemos notar, que por meio dos dois textos, que por sua vez passa a importância de se conhecer os fatores coerentes, que são responsáveis pela construção textual ou textualidade, para que aja a boa formação do texto. E com isso a coerência faz com que o texto tenha um sentido para os receptores.

Observe o texto A e o texto B:

 

 

 

 

Texto A:   

                                                          Autodestruição

1   Há tempos a questão da preservação do meio ambiente entrou no dia-a-dia das discussões do

2  mundo inteiro. O excesso de poluição emitida pelas indústrias e automóveis e a devastação das

3  florestas são as principais causas do efeito estufa e finalmente se tornaram motivo de preocupação.

4  Contudo, até agora, os resultados pró-natureza são insignificantes perto dos prejuízos causados a     5  ela.
6    Essa diferença tem razões econômicas. Não é simples nem vantajoso uma fábrica que emite

7  grande quantidade de poluentes comprar equipamentos que amenizam tal emissão. O mesmo

8  acontece com automóveis, grandes vilões do ar nas cidades. Segundo reportagens, carros e ônibus

9  velhos poluem quarenta vezes mais do que os novos, e não é por falta de vontade que os donos não 10 os trocam, e sim por falta de dinheiro. Concluímos, então, que o mundo capitalista inviabiliza um 11 acordo com o meio ambiente e, enquanto isso, o planeta adoece.
12   Outros problemas é a falta de informação e educação ambiental. Muitas pessoas ainda

13 desconhecem os malefícios do efeito estufa, como, por exemplo, o aumento da temperatura e,

14 como conseqüência, a intensificação das secas. Esse desconhecimento somado ao egoísmo e

15 descaso humano trazem-nos uma visão de futuro pessimista. Das poucas pessoas cientes desse

16 problema, muitas não o levam a sério e não tentam mudar suas atitudes buscando uma solução.

17   Enquanto os efeitos dos nossos atos não atingirem proporções mais danosas, permaneceremos

18 acomodados com a situação, deixando para nossas futuras gerações o dever de “consertar” o meio 19 ambiente.
20   A triste conclusão a que chegamos é a de que a prudência e o bom senso do ser humano não são 21 mais fortes que a sua ambição e egoísmo. Estamos destinados a morrer no planeta que matamos.

                                                                                                    (aluno de terceiro ano do Ensino Médio)

               

                                                       

O texto A, há uma seqüência lógica de idéias, o vocabulário utilizado é adequado. Mas há falta de dados e de informatividade, entre as linhas 6 á 11 e também no decorre da leitura do texto percebesse muito mais, sabendo que  o produtor começa falar de meio ambiente, sobre as causas do efeito estufa, no primeiro parágrafo e no segundo fale-se de fatores econômicos. Que por sua vez gera a falta de continuidade, apresentar também a insuficiência de dados, ou seja, não apresentar informações imprescindíveis para sua efetiva compreensão.
      Assim, para que se construa um texto dissertativo que contenha informações relevantes ao leitor, é preciso pesquisar, a fim de que o texto apresente argumentos suficientes para levar o leitor a compreender seu raciocínio lógico.

Texto B:  

Natureza x Sociedade: Á degradação

 

1    Apesar dos intensos processos de industrialização e urbanização, e do acelerado

2 crescimento da pobreza, se interagem apartir da natureza versos sociedade. Sendo vitais       3 para a sobrevivência humana.

4     Pode-se afirmar que as condições ambientais, que são encontradas nas áreas vizinhas               5  de mananciais e entre outras. São realmente prejudiciais à própria natureza, e ao mesmo

6 tempo a espécie humana, como por exemplo: o êxodo rural, um dos principais indicadores,  7 que por sua vez colabora com a degradação ambiental. Que se dar pelos problemas de          8 ocupações desordenadas em áreas de mananciais e de risco de desabamento e enchentes.

9    As grandes cidades brasileira tem sofrido fortemente com a degradação, de modo geral,  10 esses problemas estão ligados às desigualdades sociais existentes na cidades; inclusive, o 11 acesso à moradia, à coleta e tratamento de lixo e ao saneamento básico, que são os           12 principais indicadores dessas desigualdades, ao mesmo tempo que funcionam como         13 elementos agravadores dos sistemas urbanos.

14  Tendo em vista todos esses motivos acima, podemos afirmar que todos estão ligados as  15 condições de miséria do atual sociedade, onde a qualidade de vida e a soberania da           16 natureza estão em constante risco de degradação.

                                                                           (aluno de terceiro ano “meu” do Ensino Médio)

        Já no texto B, não há seqüência nem desenvolvimento da tese a que se propôs a desenvolver, a colocação dos verbos aparecem de maneira imprópria entre as linhas 1, 2, 4(...), frases sem coerência, a onde ocorre à falta de dados e de informatividade, que por sua vez é responsável pelas as ocorrências esperadas (conhecidas) ou não, pelo receptor. O ideal é que o texto se mantenha num nível médio de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a dados conhecidos, como é o caso da linha 4 até a linha 8, que por sua vez não passa as informações concretas para o receptor.

Agora no caso da progressão, não há no desenvolvimento uma ampliação do sentido constantemente renovado, que é no caso da linha 4 até a linha13. E com isso o texto deveria retomar seus elementos conceituais e formais. Deve, portanto apresentar novas informações dos elementos mencionados. Na coerência, percebe-se a progressão pela soma das idéias novas às que são já tratadas.

  Além de não ter sentido algum o texto escrito, portanto há falta de coerência (Informatividade e progressão), bem como de coesão e conhecimento a respeito do tema e não só estes, mas como outros mais. Um texto coerente, segundo as teorias, quando ele não contém contradições,o vocabulário utilizado é adequado, suas afirmações são relevantes para o desenvolvimento do tema, as seqüências dos fatos está bem ordenada e o gênero textual é adequado ao tipo de exposição.

 

 

 

 

3. CONCLUSÃO

   Por tudo o que foi exposto neste estudo, fica claro que um texto é construído de relações de sentido entre um ou vários conjuntos de vocábulos, expressões, frases (coerência). Coerência é elemento que deve estar associado para que tenhamos um texto bélico e, lembrando que a concordância verbal e nominal, a regência verbal e nominal e a ordem dos vocábulos na oração são outros elementos de fundamental importância da coerência, segundo a língua portuguesa.

A coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas se constrói na relação entre o produtor, o receptor e ao mundo fora das letras.

Conclui, então que a coerência é a essência de um processo que depende de interpretabilidade e compreensão do texto, que com isso poderíamos chegar ao seu verdadeiro sentido. 

  Por fim, a coerência fundamental para que um texto tenha sentido, vale a pena ressaltar que nessa pesquisa poderia estudar outros elementos de um texto, como por exemplo, a coesão. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas:

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

KOCH, I.G.V.  e TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1990.

KOCH, I.G.V. e TRAVAGLIA, L.C. Texto e coerência. São Paulo: Contexto, 1999.



Autor: Vagner Vainer Teixeira Braz


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