CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 4)



      CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 4)

                           (tese pluralística)

 

Assim, vimos no seguimento anterior que a presente tese não trata tão-só de argumentos filosóficos e doutrinários, mas também da experiência pessoal do autor mostrando e endossando tal temática extraída da própria vida e das angústias do pensar e do refletir as idéias espiritistas que, agora, estão plenamente justificadas e pacificadas com a completação monista de Pietro Ubaldi.

 

É que o problema da nossa origem espiritual sempre intrigara o meu instinto perquiridor. Saltava-me aos olhos que Kardec não dava a solução cabal para o problema e tampouco as obras subsidiárias até o nosso grande Chico. Ora, o mundo é feito de adversidade e de dor mesmo nos planos subumanos; e, como poderia, se os Espíritos são criados Simples e Ignorantes (ESI), isto é, sem culpa alguma, como poderia, tais elementos, de tamanha Simplicidade Psi (Spsi) e desprovidos de qualquer forma de conhecimento, de consciência vigil e atuante, serem martirizados pela dor, pelas adversidades, pelas doenças sem conta e por tantas dificuldades que lhes são impostas durante o longo processo palingenésico, ou seja, das múltiplas reencarnações nos diferentes planos evolutivos da matéria e da animalidade?

 

Eis que, num primeiro momento, da observação da lógica e da coerência doutrinárias, de estudos que se vão fazendo paulatinamente, isto é, numa primeira visualização do problema, até que sim, que as explicações de Kardec até que me satisfaziam. Pelos ditados contidos em Leon Dennis e, em Emmanuel, como demais exemplos do que está sendo cogitado, notava que a dor é um fator preponderantemente evolutivo, pois que educa e aprimora o princípio inteligente em sua lenta jornada progressiva rumo a perfeição.

 

Até aí, parecia estar tudo bem. Parecia ser esta a explicação cabal, satisfazia-me a alma saber que se tratava de um aprimoramento espiritual necessário. Mas o tempo é o senhor da Razão.

 

 

O que significa dizer, mais uma vez, que a Razão não é uma faculdade acabada, estanque e lacrada por sua inalterável lógica. A Razão, como tudo em nosso mundo se transforma e muda o tempo todo.

 

E de perquirição em perquirição acabei por ver que tal solução poderia não ser a mais adequada para a momentosa questão. Ora, o Espiritismo é revelação essencialmente progressiva; e o nosso entendimento e a nossa maneira de ver as coisas evoluem incessantemente. Tudo quanto sabemos vai se acomodando nas estruturas anímicas do ser e parece abrir espaços para outros entendimentos, maiores e melhores que aqueles já interiorizados, ou seja, gravitados para o nosso interior. Parece-me que a abertura da esfera psíquica para o transcendental se dilata o tempo todo. Nas experienciações e aquisições de novos conhecimentos a alma não para, não se aquieta nunca, e sempre quer mais por imposição de si mesma e também da Lei progressiva aplicada aos filhos do Altíssimo.

 

E, assim é que, nada se aquieta em nosso interior, nada permanece sendo o que é, pois que tudo parece ser o que já era, e que, portanto, não mais é! Noutros termos, as experienciações e aprendizados só permanecem, só se aquietam pelo tempo necessário para a sua consolidação no ambiente mental em que se acomoda. Mas depois exige mais; quer mudar e se transformar por tratar-se de um impulso vital inabalável, exigido pela natureza das coisas, que assim o quer.

 

E o fato é que tudo se transforma, muda incessantemente... E também nossa Razão se dilata, requer novos procedimentos intelectivos e morais. Mas a mudança de paradigmas não é tão só uma necessidade interior. Ela também é imposta por algo, por uma força que nos é exterior. Penso ter refeito meus paradigmas umas tantas vezes, em razão das imposições interiores e exteriores do processo educacional contido na dinâmica evolutiva de todas as coisas.

 

Até já escrevi um artigo sobre tal, e posso até mesmo ampliá-lo um tanto mais; havia dito que em meus tempos estudantis meu paradigma era constituído tão somente pelo ministrado na universidade. Mas conheci o Espiritismo de Kardec e se ampliara os padrões de entendimento delineados pelo tão cético e tão arrogante modelo anterior.

 

E vieram mais; indubitavelmente surgiram os clássicos desenvolvendo o aspecto cientifico e filosófico anterior. Mas como o processo é dinâmico, conheci o gigantesco trabalho de Xavier que me concedera uma mais rica tela panorâmica das coisas: a humanística, da prática vivencial cristã, aprofundando aspectos outros já contidos naqueles primeiros de minha citação. Mas a coisa não parou por aí. Tudo veio a completar-se no maior dos paradigmas já alcançados pela humanidade terrena com a obra universalista e teológica de Pietro Ubaldi.

 

Ora, no meu caso, quem mais vivera, palingenesicamente, mais tem de recapitular as experiências transpostas e os aprendizados espirituais. Assim, pudera eu vivenciar ou experienciar ‘n’ modelos conceptuais que se entrosam e se completam mutuamente:

 

-Ciência oficial, de alguns aprendizados universitários;

-Ciência oficial e Espiritismo exclusivamente de Kardec;

-Obras dos renomados clássicos do Espiritismo científico e filosófico;

-Obra humanística de Chico Xavier e equipe de Espíritos trabalhadores altamente moralizados; e

-Obra de espiritualismo imparcial e universalista, de Pietro Ubaldi.

 

Óbvio que daí mesmo decorre alguma classificação dos mais diversos níveis encontradiços entre os espiritistas; sendo que tal decorre da complexidade doutrinária mesma e que se reflete, pois, clara e evidente, no comportamento ético-doutrinário do nosso movimento, dos seus mais diversos anseios, suas idéias propagadas pelas mais diversas divulgações no território nacional e internacional; refletindo, pois, sua inegável faixa de progressos doutrinários, sua evolução. Assim, temos os mais diversos espíritas dotados dos mais diversos níveis de assimilação e de entendimento doutrinário; assim sendo, nos deparamos com os espíritas e suas predileções filosóficas:

 

-Espíritas Ortodoxos:

 

{-Kardec-}:

  --------->

 

 

 

-Espíritas Clássicos:

 

{-Kardec e Clássicos-}:

  -------->  ------------>

 

-Espíritas Xavierianos:

 

{Kardec, Clássicos e Obra de Xavier}:

  -------> ------------> ----------------->

 

-Espíritas Universalistas:

 

{Kardec, Clássicos, Obra de Xavier, e de Pietro Ubaldi}:

  ---------> ---------> -----------------> -------------------> ... até o (oo)

 

Notemos que alguns deles, digo, dos ortodoxos, e, como se pode notar em nosso meio, são kardecistas ao extremo; para alguns deles, talvez em tom de zombaria de alguns outros, vale a sentença de que: “Fora de Kardec não há salvação”, em detrimento do lema de que: “Fora da Caridade não há salvação”. E não admitem mais nada, alegando que tem se cumprir o que está descrito nos preceitos kardequianos do Consenso Universal.

 

Amigos meus, os chamados “clássicos”, declaram que não estudam as obras reveladoras das colônias e das coisas do mundo espiritual, pois não conseguem saltar o verdadeiro abismo existente entre os trabalhos de Kardec e dos clássicos, com os do preclaro instrutor André Luiz. É compreensível? Sim, é claro que é; mas como já se constatara por excelentes artigos de nossos mais esclarecidos confrades, tal possibilidade não é ficção, é realidade pura. Trata-se apenas, e tão somente, de um desenvolvimento lógico e natural das obras codificadas. Mas muitos se recusam a ver assim. E outros ainda, os chamados xavierianos - estes mesmos que buscam esclarecer os clássicos e os ortodoxos - muitos deles não conseguem ir avante, ou seja, não admitem os trabalhos de Pietro Ubaldi, e dão as costas, as mais diversas desculpas, seja por preconceito mesmo, ou por ignorância completa de suas obras que, em seu ápice, dão notável avanço ao aspecto teológico do Espiritismo.

 

Não há igual no mundo espiritualista! Ubaldi é nada mais nada menos que a reencarnação de Simão Pedro, apóstolo de Jesus nos tempos idos e apóstolo de Jesus nos presentes tempos de modernidade, como já descrito em meu sucinto artigo divulgado pela net: “Chico Xavier e Ubaldi: Reencarnações”. (Vide: “Webartigos” ou meu blog).

 

E a coisa vai por aí. Em nossas fileiras destoantes e heterogêneas temos ainda: aqueles, não ortodoxos, que apreciam um pouquinho de Kardec, desconhecem os clássicos, mas gostam mesmo é de André Luiz; apesar de que tais extremos se nos pareça nitidamente complementares. E outros, mais ainda, dão preferência a obras romanceadas e quase tudo desconhecem do aspecto filosófico e científico da Doutrina que dizem albergar. Todavia, já pude perceber, também, que alguns até reconhecem a superioridade da obra de Ubaldi, mas não o compreende, não o estuda e se julga apto a sentenciá-lo como um autor distante da obra de Kardec, quando este se completa naquele.

 

Todavia, finalizando, acredito que o processo evolucional no campo das consciências despertas da humanidade, e no processo evolucional dos espiritistas, nada mais é que uma ampliação de paradigmas conducente a uma conscientização e uma iluminação cada vez maior. Conscientização e iluminação de dinâmicas que, de estudo em estudo, de trabalho em trabalho, vai se estruturando e se reestruturando cognitivamente, e parece acomodar-se nas profundezas do ser, fechando-se sobre si mesma. Mas é tão só para, de ciclo em ciclo, renascer ainda, explodir de novo e abrir-se para novas perspectivas saltando para um campo de idéias que se amplia expressivamente mais, que se matura, floresce, constituindo cada vez mais vasta estruturação cognitiva e consciencial.

 

Portanto, tudo quanto se adquire no campo experiencial é importante e vai mudar sempre para melhor, onde a Razão se distende pelas novas formas do sentir e do pensar universalmente, altruisticamente.

 

(final da parte 4)

 

Propositor: Fernando Rosemberg Patrocínio

Email: [email protected]

Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br

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