Discussão do caso: O Pequeno Hans



DEPARTAMENO DE PSICOLOGIA

                              Adriana Alves

                           Ana Lúcia Morais

                              Ana Carla Cordeiro

                             Alan Rodrigues

                           Isnayde Barreto

                           Katarina Alves

                        Thabata Berro

                        Vinicius Rabelo

Discussão do caso: O Pequeno Hans

Salvador

2010

Introdução

Esse texto teve como finalidade expor o curso da doença e o restabelecimento de um paciente jovem.

O caso clínico, não deriva da própria observação de Freud, este teve apenas uma única conversa com o menino, participando diretamente dele, e, no entanto, o tratamento foi efetuado pelo pai da criança, que procurou Freud para compreender a fobia do seu filho que se recusava a sair de casa, alegando medo de ser mordido por um cavalo, e a partir dai interpretava as observações feitas pelo seu filho de cinco anos, e enviava as anotações para Freud. Freud evidenciou como os sintomas fóbicos do ‘Pequeno Hans’ poderiam ser compreendidos, interpretados e curados por utilização da psicanálise.

Quando Freud recebeu Hans, pode observar nesta sessão a angústia de Hans ao vê-lo brincando de ‘cavalinho’ com seu pai. (Hans pediu ao pai para ficar de quatro no chão e, sentado em cima dele, começou a batê-lo com os pés). Freud concluiu que o complexo de castração (o pavor de ser castrado pelo pai) estava relacionado com a fobia a cavalos.

Discussão

A descrição e análise foram realizadas pelo pai de Hans com os julgamentos de Freud, prontamente, devem ser considerados os possíveis erros do pai durante o processo.

Hans é uma criança normal e devido a sua idade também, como tal, é sugestionável, e muito mais por seu próprio pai do que talvez por qualquer outra pessoa, sendo assim, suas associações, fantasias e sonhos, podem ter qualquer valor de evidência, a direção para a qual esta sendo pressionada por todos os meios possíveis.

Freud retrata que as crianças não metem sem um motivo aparente, estão, mas anuídas para um amor verdadeiro do que os mais velhos.

Podem-se distinguir visivelmente os momentos em que ele estava adulterando os fatos e guardando-os sob resistência, de modo que se apresentando indeciso, concordava com seu pai e as ocasiões em que, acessível de qualquer pressão, ele informava sobre o que estava realmente ocorrendo dentro dele e sobre coisas que até então ninguém sabia, a não ser ele mesmo.

A partir da evolução da doença e da análise deram início às oposições entre o que ele articulava e o que ele pensava, isto ocorria devido ao material inconsciente, que ele era inábil de controlar, de repente se estava obrigando sobre ele, e devido o conteúdo de seus pensamentos provocarem reservas em relação ás suas afinidades com seus pais.

Para Freud a causalidade da fobia de Hans estava relacionada com o seu complexo de Édipo. Hans se deparava com um medo por cavalos, visto que o cavalo representava um símbolo de seu pai. Acreditava também que Hans possuía fantasias sexuais com sua mãe e temia por desafrontas de seu pai. Realizando então um deslocamento por medo de seu pai para cavalos. Esses mecanismos de defesa são estratégias utilizadas para resguardar nosso ego, que é nossa mente consciente e racional de uma iminência imaginária.

O primeiro traço no pequeno Hans que pode ser afrontado como parte da sua vida sexual é um interesse particularmente por seu ‘pipi’. Esse interesse despertou nele indagação, e ele assim descobriu que a permanência ou ausência de um ‘pipi’ tornava possível diferenciar objetos animados de inanimados. Ele julgou que todos os objetos animados era de fato como ele, e havia esse importante órgão corporal; ele observou que este, estava presente nos animais de portes maiores, e devido a isso suspeitou que os seus pais possuíssem órgãos maiores também. 

Foi provavelmente por causa disto, que a castração reprimida apareceu no início dos relatos de Hans que datam de um período em que ele estava para completar três anos de idade. Seu interesse pelos ‘pipis’ de modo algum era um interesse puramente teórico, como era de se esperar, também o conduzia a tocar em seu membro. Quando certa vez aos três anos e meio, sua mãe o viu tocar com a mão no pênis e ameaçou-lhe a cortar fora seu ‘pipi’ e Hans disse que então faria ‘pipi’ pelo traseiro. Essa resposta foi dada sem possuir qualquer sentimento de culpa. Essa situação foi tão precipitadamente banida dos seus pensamentos e só conseguiu tornar seus efeitos aparentes num período posterior.

Essas primeiras observações já começaram a despertar a expectativa de que muita coisa, se não a maior parte, de tudo que o pequeno Hans nos revela, terminará por tornar-se uma típica do desenvolvimento sexual das crianças em geral, uma forma de atividade sexual auto-erótica.

O prazer que uma pessoa sente no seu próprio órgão sexual pode tornar-se anexado com a escopofilia (ou prazer sexual em olhar) nas suas formas ativa e passiva, de modo que tem sido exposta com muita idoneidade por Alfred Adler (1908) como ‘confluência de instintos’. Assim, o pequeno Hans começou a observar assíduo os ‘pipis’ das outras pessoas, sua curiosidade sexual desenvolveu-se, e ao mesmo tempo Hans gostava de exibir seu ‘pipi’ para os outros.

Do mesmo modo, na construção sexual do pequeno Hans a zona genital foi, desde o princípio, aquela dentre as suas zonas erógenas que lhe proporcionou o mais intenso prazer. O outro prazer análogo que lhe proporcionou prazer foi o excretório, que este intimamente ligado aos orifícios através dos quais a micção e a evacuação dos intestinos são efetuadas.

Em sua fantasia final de prazer completo, com a qual sua doença foi excedida, Hans imaginou ter filhos, que os levava ao banheiro, os fazia urinar e limpava seus traseiros, em resumo, fazia com eles ‘tudo o que se pode fazer com os filhos’, por conseguinte, parecendo impossível poupar a suposição de que ainda no período em que Hans ainda era tratado como bebê, esses atos tivessem sido para ele como uma fonte de sensação de prazer.

Hans tinha adquirido esse prazer das suas zonas erógenas com o auxilio da pessoa que cuidava dele, no caso sua mãe, e sendo assim, o prazer já assinalava o caminho para a escolha objetal. No entanto é presumível que numa data ainda mais distante ele tenha tido o costume de proporcionar a si mesmo esse prazer auto - eroticamente.

No seu desenvolvimento seguinte, não obstante, não foi para a homossexualidade que Hans persistiu, mas para uma masculinidade enérgica, com traços de poligamia. Sua benevolência passou de sua mãe para outros objetos de amor, porém, numa época em que havia insuficiência destes, suas afeições voltaram-se a ela, somente para desabar numa neurose. Apenas após isso, é que se tornou manifesto o grau de intensidade que seu amor por sua mãe havia se desenvolvido, e por que vicissitude tinha passado. O desígnio sexual que Hans perseguia com as meninas, o de dormir com elas, tinha originado com a relação á sua mãe. Hans tinha descoberto o caminho para o amor objetal da maneira usual, devido ao cuidado que havia recebido quando bebê, e agora, um novo prazer de dormir ao lado de sua mãe se tornou mais importante para ele.

Hans cobiçava ter seu pai ‘fora do caminho’, almejava livrar-se dele, de modo que pudesse ficar a sós com sua mãe e dormir com ela. Esse desejo originou-se durante o período de suas férias de verão, quando a presença da mãe e a ausência de seu pai, tinha atraído sua atenção para a condição da qual dependia a intimidade com sua mãe, que ele desejava tanto.

Nesta época a configuração tomada pelo desejo tinha sido apenas que seu pai ‘deveria ir embora’, num momento posterior tornou-se possível para seu medo de ser mordido por um cavalo branco acoplar diretamente a essa forma do desejo, carecido a uma impressão casual que ele recebeu no momento da partida de outra pessoa. Subseqüentemente (possivelmente só depois que eles se tinham mudado para Viena, onde não devia mais contar com as ausências de seu pai), o desejo assumiu a forma de que seu pai deveria ficar permanentemente longe, devia estar ‘morto’. Esse medo originado pelo desejo de morte de seu pai, compôs a barreira principal da analise,  sendo posteriormente removido durante a conversa no escritório de Freud.

Todavia, o grande evento na vida de Hans, sobre o curso do seu desenvolvimento psicossexual, foi com o nascimento de sua irmãzinha Hanna, quando ele tinha exatamente três anos e meio. Essa ocasião exacerbou a sua relação com seus pais e lhe trouxe alguns problemas insolúveis, enquanto observava a maneira pela qual o bebê era cuidado, os traços de memória das suas próprias experiências, mas remotas de prazer foram revividas nele.

Na analise, Hans apresentava um súbito desejo pela morte de sua irmã, e não se apaziguou com insinuações que precisavam ser suplementadas por seu pai. Sua consciência mais reservada não ponderava esse desejo tão desprezível como o desejo análogo contra seu pai, porém, no seu inconsciente ele tratava ambas as pessoas da mesma maneira, porque ambas afastavam sua mamãe dele, e intervinham em seu estar só com ela. Além do mais, esse episódio e os sentimentos que foram reavivados por ele, propuseram um novo encaminhamento para seus desejos.  Em sua triunfante fantasia final Hans incluiu todos seus desejos eróticos, tanto os derivados da sua fase auto-erótica quanto aos ligados ao seu amor objetal.

Freud enfatiza sobre as fases psicossexuais importantes para a sexualidade como unidade básica em desenvolvimento, classificando-as em estágios: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e, finalmente, a fase genital.

A fase oral acontece a partir do nascimento e vai até aproximadamente 15 meses. Onde o foco do prazer está na boca.

A fase anal inicia-se aos 15 meses a 3 anos de idade, onde há um ganho de prazer por parte das crianças na retenção ou expulsão das fezes.

A fase fálica é cerca de 3 anos a 5 anos, nessa fase o foco da criança está relacionado com os genitais que é a fonte do prazer, sendo essa fase a mais relevante, é quando a criança experimenta o complexo de Édipo.

Latência vai dos 5 até a puberdade, onde há repressão sexual.

Fase genital começa a partir da puberdade. Onde há um direcionamento do foco do prazer sexual que está ligado mais uma vez aos órgãos genitais só que mostrados através de relações com membros do sexo oposto.

Freud com isso argumenta que Hans seja de modo algum uma criança anormal, muito ao contrário de muitas crianças da época, Hans se expressa muito bem seus medos e desejos que ao contrario de outras crianças não sabem se expressar. Freud também observa que não há uma distinção nítida entre o neurótico e o normal e que muitas pessoas podem passar do estado normal ao estado neurótico.


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