UM AMOR DIVINAMENTE PROIBIDO



Deus ao final do sétimo dia de trabalho, prestes a concluir sua mais bela e magnifica obra de arte denominada Terra, para expor junto ao Universo, descobriu que dois de seus filhos, haviam se apaixonado. Diante da ira do ser supremo ao tomar conhecimento do enlace amoroso, resolver castigar ambos, os condenando a uma maldição, onde jamais eles poderiam se encontrar. Castigo este, que perdurara até o final dos tempos. Então Deus criou o dia e a noite como uma forma de punição.

A lua, completamente apaixonada pelo sol, inconsolada com o terrível castigo que deus havia imposto, pulou de seu pedestal onde aguardava para ser inserida no contexto da grandiosa criação, na tentativa de ir ao encontro de seu grande amor. Mas ao cair, partiu-se em quatro partes. Deus apanhou os quatro pedaços e mesmo sem conserta-los, os colocou no lugar ao qual estava destinado.

A lua desde então, tenta se refazer do enorme desgosto causada pela imensa dor diante da punição divina. Mesmo assim, algumas vezes, torna-se fugitiva para encontra-lo. E este sentimento é tão grande e verdadeiro, que ela faz com que o dia vire noite para ficar a sós com o amado.

E assim, sem se dar conta, a humanidade segue testemunhando o amor proibido entre a lua e o sol, separados pelo dia e a noite.

Com a chegada do dia ao amanhecer, o galo canta, o relógio desperta, o sol nasce e a noite se vai levando consigo a apaixonada lua que clama e chora para continuar nos braços de seu amor. Os pássaros aos bandos saem a procura de alimentos, a cidade ganha vida e o barulho do mundo aumenta, tornando-se ensurdecedor aos ouvidos daqueles que mesmo diante da vida, tem a percepção e a sensibilidade de ouvir e apreciar tal barulho.

O discreto frio juntamente com a neblina que paira sobre as ruas da cidade, lentamente é dissipado, sendo absorvido pelo calor que chega trazido pelos raios do sol. Este, saudoso e apaixonado, que pouco a pouco vai aquecendo o lado do mundo acordado pelo dia que nasceu sem pressa, enquanto sua diva, do outro lado, ilumina e encanta casais apaixonados que trocam caricias e juras de amor flagradas por sua luz radiante que desperta paixões e alimenta desejos.

As horas vão passando e a terra segue girando em torno de seu próprio eixo num movimento incessante, que noite após dia continua proporcionando tal encontro, embora proibido, porem seu amor continua sendo alimentado pela ira de Deus, mesmo que, por um breve instante, como castigo por terem se apaixonado sem sua permissão.

E assim vivemos sem se quer nos dar conta desta proibida paixão que move o mundo desde os primórdios, quando a lua desesperada colocou-se a correr incansavelmente atrás do sol seguindo seus passos.

O dia galopante segue em busca da noite e o sol anseia por seu fim, pois ele lhe trará a lua para ficar em seus braços.

Em fim a noite chega, com sua inseparável companheira lua, que glamurosa e apaixonada, diante do ardente sol que a espera, suspirando fundo e delirante, diante da presença da amada, põe-se a seduzi-la e encanta-la com seu fogo que aquece sua alma e incendeia seu coração. E por mais breve e limitado que seja o encontro, ambos alimentam-se deste amor, para desfrutarem dos poucos momentos de devaneio regados por uma paixão insana, infinita e arrebatadora, e apesar de condenados a viver por toda a eternidade separados, estes aguardam esperançosos pela remissão de Deus, acreditando que um dia essa terrível maldição acabe.

Enquanto isso, contentam-se apenas em sonhar, e a desejar o momento em que poderão se atirar nos braços um do outro e se amarem intensamente, passeando por todo o universo de mãos dadas, que os espera para sacramentar e selar este grande amor, capaz de mover não só montanhas como também o mundo por dias e noites sem fim.


Autor: Leandro Vieira Bastos


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