Tech Layers – Reflexões sobre o Hyperdrive



A proposta do artigo é falar sobre desenvolvimento tecnológico agrupando os diversos avanços da civilização e pensamento da humanidade em camadas dinâmicas conceitualmente dispostas umas sobre as outras, chamadas aqui de Techlayers, e distribuindo tais camadas o mais linearmente possível ao longo de uma linha de tempo não-excludente, difusa em seu começo e mais nítida a medida que se aproxima dos dias atuais.

Com linha de tempo não-excludente se propõe que essas Techlayers não desaparecem ao longo da linha de tempo, na verdade elas se mantém, se acumulam e provém os recursos teóricos e materiais necessários a formação das sedimentações de camadas posteriores.

O começo da linha de tempo seria difuso porque começaria na pré-história e seguiria até a atualidade; procurando fazer uma reflexão sobre como o desenvolvimento tecnológico se organizou no passado para entender como ele chegou a organização atual e possivelmente como ele se organizará no futuro.

Desde que os seres humanos se organizaram em comunidades, a consciência tecnológica tem sido seu diferencial em relação aos outros mamíferos do planeta.  A medida que essa consciência se desenvolvia, concepções de mundo, ferramentas, máquinas engenhosas e técnicas diversas foram se somando ao conhecimento humano num contínuo processo de acumulação de sedimentos intelectuais.

Inicialmente esse acúmulo de conhecimento se fazia por meio da tradição oral. Dessa forma o conhecimento era passado geralmente dos mais novos para os mais velhos. Assim a fala, embora seja uma conquista evolutiva, também pode ser considerada uma conquista tecnológica, pois a partir dessa refinada forma de comunicação o ser humano foi capaz de passar com mais precisão seus conhecimentos para seus descendentes.

Foi por meio da tradição oral que os primeiros grupos humanos criaram também seus mitos e lendas, que aliados ao seu conhecimento técnico e proto-intelectual se espalharam pelo planeta fundando as bases das diversas culturas que no futuro formariam as grandes civilizações das quais várias chegaram ao nosso conhecimento na atualidade.

Nessa época o conhecimento técnico não era dissociado do pensamento abstrato nas culturas pré-históricas. Significando isso que ambos estavam implícitos na concepção de mundo das pessoas daquela época. As concepções religiosas e o conhecimento pragmático do mundo estavam unidos num único tipo de pensamento que ficou conhecido na atualidade como “Pensamento Mágico[1]”.

Essa acumulação de sedimentos foi o que formou o contingente geral de conhecimentos que se tem hoje. Ao longo dos primeiros milênios, as sociedades eram um pouco estanques, o conhecimento não circulava com muita fluência e por isso o avanço tecnológico e intelectual avançou lentamente ou retrocedeu em vários momentos antes do período histórico começar.

O Pensamento Mágico norteou o destino da humanidade por milhares de anos. Ele foi a inspiração para muitas das pinturas rupestres que nossos ancestrais faziam nas paredes das cavernas que habitavam. Numa dessas situações pintava-se a figura do animal que se pretendia caçar na parede da caverna numa tentativa de entrar em comunhão com o espírito do animal de forma a ser abençoado com uma caça bem sucedida no final do dia, o que garantiria a sobrevivência do grupo por mais algum tempo até a próxima caça.

As pinturas e gravuras rupestres denotam um momento muito importante no desenvolvimento cognitivo do ser humano, porque marca o momento em que ele teve a necessidade de registrar o que estava pensando ou sentindo. Podendo estas serem consideradas como as primeiras formas de expressão artística a que a humanidade teve acesso.

Dessa necessidade de expressão de idéias por meio da pintura e da gravura, o ser humano desenvolveu seu primeiro método refinado de registro de conhecimento: a escrita. Esse recurso de transmissão do conhecimento foi tão importante para a humanidade que se costuma usar o seu advento para separar o período pré-histórico do histórico. Por meio da escrita o conhecimento que antes era passado por meio da tradição oral começou a ser acumulado na forma de textos que poderiam ser transmitidos não só aos descendentes imediatos de um grupo, mas também a todo grupo que tivesse contato com tais escritos e tivesse como acessar a interpretação de seu código.

Do advento da escrita para o surgimento das primeiras civilizações foi um passo quase que imediato em termos históricos se tornando praticamente o passo seguinte a ser dado no desenvolvimento da raça humana.

Nessa época, o ser humano e sua consciência tecnológica, aliada ao seu pensamento mágico, geraram sofisticadas civilizações que possuíam um alto grau de conhecimento arquitetônico, astronômico, mecânico e artístico. Dessas civilizações vieram os conhecimentos, métodos e concepções intelectuais que moldaram a sociedade atual e permitiram a coalizão dos conhecimentos específicos que possibilitaram, por exemplo, a 1ª Revolução Industrial; da qual se falará mais a frente.

Todo esse conhecimento técnico e humano não se organizou aleatoriamente, mas influenciado por um princípio caótico e ao longo de milhares de anos; esses elementos técnicos e sociais foram se organizando e se acumulando de forma cumulativa e sedimentar nas comunidades primitivas gerando algumas sociedades altamente sofisticadas, num processo nem sempre linear ao longo do tempo, resultando também no surgimento de sociedades mais sistematizadas que se organizaram em grandes civilizações.

A primeira grande civilização de que se tem conhecimento é a civilização Sumeriana. Sua escrita foi denominada como “escrita cuneiforme”, pois era feita em tabuletas de barro cozido as quais eram usadas enquanto ainda estavam permeáveis. Posteriormente se tornavam registros rígidos e duráveis sobre a vida e o conhecimento dos Sumérios.

Foi por meio de um extenso conjunto de tábuas de escrita cuneiforme que o conhecimento sobre a civilização Sumeriana chegou aos nossos dias.  Há inclusive similaridades entre algumas lendas da cultura suméria com lendas da cultura egípcia sobre a criação do mundo e do grande dilúvio que se abateu sobre a humanidade em tempos imemoriais.

Esse é um bom exemplo de como a transmissão do conhecimento ficou extremamente facilitada com o advento da escrita. Não só o conhecimento se tornou mais difundido permitindo o surgimento de várias civilizações ao redor do Globo como também tornou possível o acúmulo de conhecimentos por parte da humanidade tornando sua constituição intelectual cada vez mais complexa.

Ao longo dos últimos 10000 anos tem-se uma intensificação gradativa desse acúmulo de conhecimentos, com alguns retrocessos e avanços, até que a partir do 1ª Revolução Industrial, o mundo pôde experimentar um rápido avanço tecno-científico no qual não só a tecnologia, mas os hábitos, costumes e usos da sociedade mudaram radicalmente num intervalo de poucos séculos, como se um conjunto de erupções de conhecimento estivesse acontecendo até os dias atuais e os sedimentos dessas erupções estivesse se acumulando mais rapidamente do que em outras épocas.

Ao longo de quase 10000 anos, os conhecimentos acumulados pela humanidade através da escrita e mesmo da tradição oral ficavam num processo de retrocesso e resgate. Civilizações acendiam e caiam de tempos em tempos, parte do seu conhecimento era passado adiante e parte dele desaparecia sendo muitas vezes necessário redescobrir o que se perdeu. E nesse movimento de vai-e-vem, o conhecimento tecno-científico humano foi avançando a passos mais lentos que os atuais.

Um desses regates de conhecimento se deu durante a Renascença, período no qual houve um resgate por parte de artistas e intelectuais da época do conhecimento gerado pela cultura greco-romana que ficou perdida durante séculos devido a queda do Império Romano do Ocidente quase mil anos antes.

No entanto, comparando com a antiguidade, os processos ainda são os mesmos, só sua intensidade e velocidade é que se aceleraram quase exponencialmente, especialmente nos últimos 300 anos desde a I Revolução Industrial.

Devido a essa aceleração repentina no avanço tecno-científico, se chamará o período da 1ª Revolução Industrial como a primeira tech-layer. Isso não significa que não houve avanço científico mensurável antes da Revolução Industrial. Neste ensaio, como já foi dito anteriormente, considera-se que nesse período anterior, o conhecimento tecno-científico tinha um avanço oscilante; surgindo e, às vezes, desaparecendo parcialmente para ser redescoberto posteriormente, o que tornava a velocidade do progresso científico mais lento que na atualidade.

Um bom exemplo de perda e redescoberta é o caso da Máquina de Anticítera, um sistema de engrenagens datado de 87 a.C que é basicamente um computador analógico antigo. Esse conhecimento só seria redescoberto mais de um milênio depois com o advento da 1ª Revolução Industrial.

Portanto, considera-se a 1ª Revolução Industrial como a primeira tech-layer porque nela muitos conhecimentos antigos e novos foram organizados de forma a produzir conhecimento e tecnologia de forma sistemática e metódica, provendo a Sociedade de recursos e vantagens que em nenhum momento conhecido da história humana se teve como nessa época.

Nos primeiros 200 anos após o seu surgimento, a vida das sociedades mudaram drasticamente devido a esse novo paradigma tecnológico que a Revolução Industrial proporcionou. O camponeses passaram a condição de operários, transformando sociedades antes agrárias em sociedades industriais.

O incentivo a produção científica se intensificou igualmente nesse período e como havia um processo de globalização da indústria por meio da colonização, que no século 19 foi empregada para a obtenção de mercados consumidores, como no caso da colonização da África e da Ásia. Essa intensificação da produção científica se deve, em grande parte, ao interesse das indústrias em otimizar cada vez mais seus processos de produção.

Esse fatores como o avanço científico, a globalização da economia industrial e colonização de mercados consumidores em potencial possibilitaram no século 20 o surgimento da 2ª Revolução Industrial, que nasceu com o surgimento da Industria do Petróleo e com o conquista da eletricidade que passou a ser utilizada pela humanidade em todos os setores da produção industrial. Temos aqui então o surgimento de uma nova tech-layer, pois esta também representou um novo esforço organizado para o progresso tecno-científico. Sua diferenciação da tech-layer anterior se deve em grande parte aos avanços no campo da energia (petróleo e eletricidade), química e produção de aço.

Umas das conseqüências mais dramáticas da 2ª Revolução Industrial foi a 1ª e 2ª Guerra Mundiais que tiveram seu suporte tecnológico providos pelas novas ferramentas dessa 2ª Revolução. Nela a utilização do petróleo por ser um combustível mais eficiente e da eletricidade por todas as suas aplicações mecânicas e científicas potencializaram severamente o avanço tecnológico. E durante a sua vigência as bases para a 3ª Revolução Industrial começaram a ser fixadas com a descoberta da Teoria da Relatividade de Einstein e da Mecânica Quântica.

Nas palavras de Newton: “Se enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes”, essa frase denota bem o que aconteceu ao longo da história do conhecimento; na qual as descobertas científicas feitas em uma época servem de base para a próxima geração ir em frente. No caso de Newton, um dos gigantes no qual ele se apoiou foi Johannes Kepler que formulou as Três leis fundamentais da mecânica celeste conhecidas como Leis de Kepler. 

Einstein teve em Newton um dos gigantes no qual ele se apoiou para criar a Teoria da Relatividade. Sem os trabalhos de Newton e de outros teóricos, a relatividade provavelmente não teria sido descoberta no início do século 20, pois não teríamos as ferramentas teóricas necessárias para essa descoberta; ainda precisaríamos descobrir todo esse ferramentário teórico antes.

A Relatividade foi a teoria científica mais usada em pesquisa ao longo do século 20, tanto quanto a Mecânica Quântica. Novamente o ferramentário teórico que estas duas teorias proporcionaram a humanidade permitiu praticamente todos os avanços tecnológicos que tivemos ao longo do século passado.  Esses são os dois pilares mais nítidos no que tange o salto tecnológico que se teve do início do século 20 até a atualidade.

Dos primeiros computadores eletrônicos aos cabos de fibra ótica, passando pela energia nuclear. Todos esses avanços foram possíveis porque essas teorias reestruturam totalmente a percepção que o ser humano tinha da realidade até a época em que elas foram criadas. Percebe-se também que a velocidade que a tecnologia avançou depois dessas descobertas é equivalente a talvez 300 anos de evolução tecnológica se compararmos esse período do século 20 a períodos anteriores.

Na atualidade a humanidade pode estar passando por um período de transição entre a 3ª Revolução Industrial e o surgimento das bases de uma nova techlayer que preliminarmente será chamada de "Nano-quântica", pois estes são os pilares em que tal camada possivelmente está se apoiando para surgir. Isto porque atualmente há uma forte pesquisa em nanotecnologia ocorrendo e sua viabilidade está sendo validada em grande parte pelos efeitos quânticos na matéria a nível subatômico e macroscópico.

Sem falar dos vários avanços da mecânica quântica hoje em dia, provida pela criação de equipamentos mais precisos para a detecção dos fenômenos quânticos como o "Grande Colisor de Hádrons" e de microscópios por tunelamento.  Literalmente o avanço na detecção mais precisa do mundo subatômico está permitindo uma compreensão cada vez maior desse meio antes quase inacessível. Hoje já se consegue mover átomos individualmente, ordená-los de forma mais eficiente para a obtenção de materiais mais eficientes o que atinge diretamente a nanotecnologia, além de ser possível evidenciar factualmente hipóteses da Teoria Quântica cuja comprovação empírica era inviável devido a barreira tecnológica.

Em Nanotecnologia atualmente está avançando mais sensivelmente na questão dos metamateriais, materiais exóticos que possuem propriedades não encontradas em materiais presentes na natureza. Alguns possuem propriedades bem peculiares como índice de refração negativa (tornando-os invisíveis em determinadas frequências de luz) ou inteligência material (capacidade de voltar ao seu formato original quando exposto a eletricidade ou calor dependendo do material). A grande meta, é claro, é chegar às nanomáquinas, estruturas maquínicas funcionais que possuem só alguns nanômetros de comprimento. Os metamateriais estão revolucionando várias áreas, desde a Medicina até a Engenharia Civil e Aeroespacial.

Passando por essa análise dessa possível techlayer atual denominada aqui de "Nano-quântica" estar sendo alcançada. O próximo passo seria um exercício de imaginação, uma projeção sobre o que viria após a Nano-quântica. E para facilitar o exercício, poderíamos estabelecer um limiar tecnológico futuro a ser atingido e tentar prever quais techlayers teríamos que atingir até chegar nesse limiar tecnológico futuro; utilizando como ferramenta toda a análise feita sobre as techlayers até  o presente.

Um limiar a se propor poderia ser o hyperdrive[2] ou propulsão superluminal, as bases para essa tecnologia já existem parcialmente, pois nos aceleradores de partículas átomos de matéria normal são acelerados a velocidades próximas a da luz nas experiências realizadas. Mas outros limiares podem ser propostos, pois o futuro tecnológico não é uma linha reta, é mais provavelmente uma ramificação de linhas cheia de erros e acertos.

Talvez várias tecnologias precisem ser alcançadas para que algo tão espetacular seja conseguido. Mas como foi visto até aqui, sempre que o conhecimento é organizado e sua transmissão é facilitada para um grupo ou grupos de pessoas, os avanços no pensamento e na tecnologia se tornam quase uma consequência.

Sempre que novas teorias surgem, forçosamente sua descoberta leva a novos paradigmas, novas formas de pensar e novas percepções sobre uma questão que até então era vista por um prisma que não permitia soluções alternativas para a sua resolução.

Com a questão do Hyperdrive também não é diferente. Pela teoria atual da Relatividade, ultrapassar a velocidade da luz é impossível devido a todos os fenômenos estranhos que poderiam acontecer com um corpo que se deslocasse a essa velocidade ainda irreal. Mas a pouco mais de cem anos, o ato de voar era tido como impossibilidade científica; então corpos matérias bem maiores que um átomo viajarem a velocidade próximas ou acima a da luz, embora isso envolva um conhecimento possivelmente mais complexo do que voar, também podem deixar de ser uma impossibilidade daqui a algumas décadas ou um século.

Não se deve pensar também que se se vencer essa barreira teórica ao Hyperdrive, na semana posterior a essa descoberta será possível ir e voltar de Marte ou da estrela mais próxima em um fim de semana. Talvez leve alguns anos ou décadas até que a superação de uma barreira teórica leve a avanços dramáticos da tecnologia. Mas todo avanço que poderá existir nesses anos ou décadas, depende quase exclusivamente da transposição dessa barreira teórica; é preciso então transpor a barreira teórica levantada pela Relatividade primeiramente para que se possa pensar na propulsão superluminal sob um ponto de vista mais factível.

Transpor essa barreira será, provavelmente, o primeiro passo para que uma pesquisa tecnológica desse gabarito tenha início. Quando uma teoria é aceita, mesmo quando sua comprovação factual ainda não foi alcançada, a comunidade científica e os governos normalmente realizam todos os esforços ao seu alcance para comprovar aquela teoria, principalmente se ela representar algum benefício ou avanço mensurável para o desenvolvimento humano. Um bom exemplo disso foi o esforço para a construção do LHC (Grande Colisor de Hádrons), sua construção e desenvolvimento foi quase que exclusivamente motivada pela necessidade de encontrar o “Bóson de Higgs”. A importância dessa partícula se deve ao fato dela (no pouco tempo em que ela existe na natureza) prover as outras partículas de massa; pode até ser uma propriedade simples, mas o conceito de massa permeia toda a Física Teórica atualmente, então comprovar factualmente a existência dessa partícula assume uma importância descomunal para a física contemporânea. Daí todo o esforço para a construção do “Grande Colisor de Hádrons”.

Dessa forma, ao se conseguir transpor a barreira teórica sobre a possibilidade de deslocamento acima da velocidade da luz, os esforços em prol desse desenvolvimento não teriam mais nenhum impecílio para começarem e a partir daí os desafios a se enfrentar seriam encontrar maneiras e métodos de viabilizar as tecnologias necessárias para a realização dessa façanha.

Provavelmente não se começaria pela construção de veículos (tripulados ou não) que usassem o Hyperdrive como fonte de propulsão. Os primeiros experimentos provavelmente seriam no intuito de descobrir métodos que viabilizassem o deslocamento de um corpo mais rápido que a luz. Curiosamente a tecnologia para se pesquisar esses métodos poderia ser feita em colisores de partículas devidamente preparados para a tarefa.

A detecção ou estimulação de partículas para se moverem a velocidades superluminais é uma boa forma de se estudar esse fenômeno. Isso porque demanda bem menos recursos estimular corpos muito pequenos que os muito grandes.

Assim as detecções que fossem feitas nesses ambientes controlados poderiam ajudar os pesquisadores a determinar com mais precisão os efeitos que a propulsão superluminal poderia exercer em corpos maiores com uma nave ou, quem sabe, um ser humano.

Esse experimentos poderiam levar alguns anos ou décadas até que uma tecnologia de propulsão hyperdrive estivesse operacional e inicialmente essa tecnologia poderia ser testada com veículos não tripulados. Numa época hipotética poderíamos fazer com as estrelas próximas o que fazemos hoje com o sistema solar por meio dessas sondas não tripuladas. 

Atualmente conhecemos quase todo o sistema solar através de naves não tripuladas espalhadas por vários pontos desse sistema. Essas sondas já deram a humanidade imagens impressionantes, dados incríveis e fatos que refutaram ou confirmaram muitas indagações e reflexões sobre o sistema solar.

Imagine mandar uma sonda não tripulada aos sistemas solares próximos e descobrir se todas as projeções que foram feitas sobre tais sistemas procedem ou foram total equivocados.  E tais explorações não só permitiriam a contemplação direta de planetas extrassolares como também permitiria um mapeamento mais preciso dos sistemas mais interessantes para a exploração humana. Talvez se tenha metade da galáxia mapeada ou mais antes de indivíduos serem mandados para fora do sistema solar num futuro distante.

Mandar seres humanos para o espaço geralmente é uma tarefa complexa, assim uma das coisas que uma tecnologia de velocidade superluminal proporcionaria seria a possibilidade de mandar pessoas para outros mundos do sistema solar sem a preocupação com os efeitos do período prolongado no espaço.

As mudanças que tal tecnologia traria para a sociedade são também imprevisíveis, pois a possibilidade de alcançar outros mundos é algo que não está na mente da maioria dos indivíduos de hoje. Tal questão para muitos é algo inatingível e muito provavelmente, caso aconteça, as gerações atuais provavelmente não estarão aqui para ver o que essas mudanças farão com a espécie humana; geralmente é assim que muitos pensam.

O que é uma pena, pois a questão do Hyperdrive será cada vez mais constante a medida que novos mundo forem sendo descobertos como está acontecendo atualmente e também quando as missões tripuladas a outros planetas do sistema solar tiverem início nas próximas décadas.

Realmente não é possível saber com exatidão, que mudanças e que outras tecnologias surgiram com o advento da propulsão superluminal. Mas há a possibilidade de tais mudanças serem tão marcantes quanto as mudanças que a ciência e tecnologia sofreram no início do século 20 com o advento de novas teorias e novas formas de pensar. Se pensar que levou pouco mais de 40 anos entre a publicação final da Teoria da Relatividade e a chegada do homem a Lua, talvez quando finalmente uma teoria que valide a propulsão Hyperdrive; talvez décadas depois a primeira missão tripulada a estrela mais próxima já esteja acontecendo.

 

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[1] é o termo usado para descrever um raciocínio causal que procura correlações entre ações ou elocuções e determinados eventos.

[2] Seria um tipo de tecnologia que nos permitiria acelerar um objeto a velocidades muito próximas a da luz ou além dela. Mover um objeto até velocidades próximas a da luz já é possível, o que não fere a Relatividade, mas para mover objetos acima dessa velocidade, um novo paradigma precisa ser alcançado pela física.


Autor: Ronaldo Ribeiro Da Silva


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