Avaliação da aprendizagem



A AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .

                               Luanna Rodrigues Dias

Resumo

 O presente artigo tem o objetivo de promover uma reflexão/análise de professores, sobre a concepção de avaliação, os métodos e os critérios utilizados na avaliação da aprendizagem escolar dos educandos, investigando se essa avaliação está voltada para uma perspectiva democrática ou antidemocrática do processo de ensino-aprendizagem. O texto abordará a concepção de avaliação segundo a visão de autores, a atual dinâmica do processo de ensino-aprendizagem na escola. E para confrontar com a prática, a linha orientadora que irá fundamentar esse artigo foi obtida através dos estudos e pesquisas dirigidos por Cipriano C. Luckesi , José C. Libâneo,Regina C. Haydt e declarações e depoimentos de professores(as) e alunos(as) das escolas campo.

Palavras-chaves: Avaliação escolar; aprendizagem; professor/aluno.


1. INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, a avaliação do ensino foi desenvolvida apenas para verificar o nível em que os objetivos eram alcançados, e então definindo sobre a aprovação ou reprovação do educando. Neste sentido, a expressão avaliar era associado como fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Infelizmente, esta associação é feita devido uma concepção pedagógica arcaica que vêm sendo ainda usada em nossas escolas.

Compreender o aluno em sua magnitude, é estabelecer uma troca de conhecimentos entre o que se ensina e o que se aprende, permitindo que ele construa suas próprias ideias e conceitos. Cabe ressaltar, que avaliar envolve critérios quantitativos e qualitativos, então cabe ao professor a função principal de conhecer e compreender seus alunos, para assim ter a capacidade de avaliá-lo em seu processo de formação.

 Partindo destes pressupostos é que se justifica o tema da pesquisa “A avaliação no processo de aprendizagem dos alunos de 5°ano de ensino fundamental” para perceber de que forma é a avaliação na atuação do professor e se de fato reflete na inclusão do aluno, pois não basta apenas colocar a criança na escola, mais colocá-los e ensiná-los de maneira a refletir na sociedade futura.

Neste sentido faz-se necessário algumas questões para nortear esta pesquisa são elas: Identificar os tipos de avaliação aplicados na educação; Investigar o papel do professor e do aluno no processo de avaliação.

O caminho certo para se resolver essas questões é a compreensão de que a avaliação é um processo contínuo e preciso, não se resume em apenas dar nota, más estabelecer uma ponte entre a orientação e o saber, a oralidade e a escrita, o incentivo e a busca, ou seja, incluir ao invés de excluir.

 2. Alguns conceitos sobre avaliação

          Sob a ótica de Luckesi (2011), a avaliação consiste em um ato investigativo sobre a qualidade daquilo que se constitui seu objeto de estudo de modo a retratar a sua qualidade. Dessa forma, ela acaba por subsidiar decisões sobre atos pedagógicos e administrativos na perspectiva da eficiência dos resultados esperados.

        Para Balzan (2011, p. 65): “A avaliação é uma prática social de sentido fortemente pedagógico”. Assim, o ato de avaliar compreende não somente o ato técnico isolado de investigar a qualidade dos resultados da aprendizagem, tendo em vista que forma um todo junto aos hábitos de planejar e executar.

         Etimologicamente falando a palavra avaliação vem do latim “évaluer”, porém, não se encontra esse termo, na língua latina, com o significado que lhe é atribuído na educação. Dessa maneira esta afirmação vem de encontro com o que já foi dito, de não encontrarmos em dicionários o conceito dessa palavra num contexto onde compreenda o do ensino escolar propriamente dito, mas em relação a outras atividades do nosso cotidiano. 

Segundo Barlow (2006, p. 12) “As palavras évaluer, évaluation (avaliar e avaliação) fazem parte desses vocábulos forjados depois da Renascença, a partir de elementos latinos ou gregos”.

 3. Funções da avaliação

Na área educacional, a avaliação se faz imprescindível e ocorre de várias maneiras, diante desse fato torna-se necessário o compromisso do professor enquanto profissional sendo ele o mediador entre o aluno e o conhecimento, lançando mão de diversas metodologias com o intuito de fazer da avaliação um fator de apoio ao aluno e professor na construção do conhecimento.

Sob a ótica operacional, a função da avaliação é estar servindo como base de sustentação para o sucesso de uma ação planejada e eficientemente construída.

Para que a avaliação seja possível e faça sentido, o primeiro passo é estabelecer e ter uma ação claramente planejada e sem execução, sem o que a avaliação não tem como dimensionar-se e ser praticada, pois que o seu mais profundo significado, a serviço da ação, é oferecer-lhe suporte, com o objetivo de efetivamente chegar aos resultados desejados (LUCKESI, 2011, p. 20).

Lançando um olhar para as instituições de ensino, percebe-se que a prática avaliativa atinge todo esse sistema, diretores, professores e alunos são sujeitos do mesmo processo, sendo este realizado de diferentes maneiras, tendo diferentes resultados no decorrer do processo de aquisição de conhecimento desses sujeitos.

A avaliação tem como principal objetivo diagnosticar as dificuldades apresentadas e com base nesse diagnóstico possibilitar o encontro de soluções. Dessa forma a prática de provas e exames não cumprem as funções de diagnosticar nem de encontrar soluções, estas servem apenas para classificar e excluir, torna-se necessário então questionar essas práticas e metodologias atuais sobre os objetivos aos quais se destinam.

 3.1 Tipos de avaliação

          As modalidades da avaliação são basicamente três: diagnóstica, formativa e somativa. No sistema de ensino-aprendizagem podem distinguir três fases essenciais – planificação, execução e avaliação. Embora não exista uma ordem rígida para as semanas, durante a ação de formação pode-se fazer corresponder a cada uma delas uma modalidade de avaliação. Assim, à fase de planificação está associada a avaliação diagnostica, ou prognostica; à fase da execução está associada a avaliação formativa e por fim, à fase de avaliação está associada à avaliação somativa.

A avaliação diagnóstica visa determinar a presença e ausência de conhecimentos e habilidades; a formativa tem como propósito informar o professor e aluno sobre os resultados da aprendizagem e a somativa tem como função classificar os alunos ao final da unidade, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série para outra, ou de um grau para outro.

Estes tipos de avaliação possuem propósitos diferentes. A diagnóstica é conhecer o aluno, buscando identificar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem. A formativa visa corrigir rumos, a fim de localizar as deficiências da organização do ensino de modo a possibilitar reformulações. Enquanto que a classificatória tem por finalidade selecionar, reter, promover, ou seja, classificar os alunos ao fim de um semestre, ciclo, ano ou curso, segundo níveis de aproveitamento.

Com a função classificatória, a avaliação contitui-se num instrumento estático e frenador do processo de crescimento; com a função diagnóstica, ao contrário, ela constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a autonomia, do crescimento para a competência etc. Como diagnóstica, ela será um momento dialético de “senso” do estágio em que se está e de sua distância em relação à perspectiva que está colocada como ponto a ser atingida á frente. A função classificatória subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo: a obrigatoriedade de tomada de decisão quanto a ação, quando ele está avaliando uma ação. (LUCKESI, 1999, p.35).

A avaliação diagnóstica, realizada no inicio de uma unidade de ensino, pretende identificar ou explorar algumas características do aluno. Alem disso, permite verificar se a planificação esta ou não adequada à situação dos alunos a que se destina e permite também orientar o professor nos possíveis ajustamentos a serem realizados na planificação.

Avaliação formativa como o próprio nome indica, ela tem que contribuir de algum modo para a formação do aluno. Assim, sem dúvida alguma, ela é a função natural de avaliação. Ela consiste na recolha e tratamento, de uma maneira contínua, de dados relativos aos vários domínios de aprendizagem, com a finalidade de regulação e de orientação. Esse tipo de avaliação possui algumas funções anexas á sua função geral de aprendizagem:

Segurança – consolidar a confiança do educando em si mesmo;

Assistência – marcar as etapas, progredir;

Realimentação – dar o mais rapidamente uma informação útil sobre as etapas vencidas e as dificuldades encontradas;

Diálogo – alimentar um verdadeiro diálogo entre professor e aluno, fundamentando em dados precisos.

Segundo Haydt (1988), o propósito fundamental da avaliação com caráter formativo é verificar se o aluno está conseguindo dominar gradativamente os objetivos previstos, expressos sob a forma de conhecimentos, habilidades e atitudes.

No sentindo formativo, a avaliação é definitivamente considerada parte integrante do processo ensino aprendizagem, desempenhando um papel regulador do mesmo. A finalidade de avaliação deixa assim de ser um fim em si mesmo, passando a constituir um meio para atingir um fim, ou seja, a melhoria da aprendizagem dos alunos.

Para Pacheco (1995) a avaliação somativa está ligada à mediação e a classificação do grau de consecução do aluno no final do processo (trimestre, semestre, ano) tendo a finalidade de certificar mediante a determinação de níveis de rendimento.

Avaliar é julgar ou fazer apreciação de alguém ou de alguma coisa, tendo como sabe uma escala de valores ou interpretar dados quantitativos dos qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios. (HAYDT, 1998).

Freire (1979), diz que o educador que aliena a ignorância, mantém-se sempre em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que se sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o desenvolvimento como processo de busca.

            A visão progressista da educação tem caráter construtivista a avaliação defende que nada a rigor esta pronto, acabado, e de que o conhecimento não é dado, em nenhuma instancia como algo terminado. A visão construtivista é na verdade uma nova forma de ver o universo, a vida, o mundo e as relações sociais.

           Avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz parte de um sistema mais amplo, que é o processo ensino aprendizagem, nele se integrando. Por isso, ela não tem um fim em si mesma, é sempre um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. Não pode ser esporádica ou improvisada. Deve ser e planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo, para reorientá-lo e aperfeiçoá-la. (HAYDT, 1988, p.288)

           A concepção dialética, diferente das demais, a concepção de educação e consequentemente de avaliação, parte da realidade concreta para organizar a reflexão sobre ela e posteriormente intervir nessa mesma realidade, no sentido de mudanças, melhoria, crescimento de cada um dos envolvidos no processo.

           A avaliação diagnóstica, prognostica e classificatória referenciadas em códigos locais e sociais e respeitando os ritmos e condições do educando, são fundamentais no ponto de partida em toda trajetória educacional de cada aluno e essenciais nos pontos de chegada, assim o crescimento e o desenvolvimento de cada educando será uma constante.

Segundo Libâneo (1994) alguns dos mais utilizados instrumentos de avaliação são:

Prova objetiva – sua função é avaliar quanto o aluno aprendeu sobre os dados específicos do conteúdo.

Prova dissertativa – sua função é verificar a capacidade do aluno de analisar formular idéias e redigi-las.

Seminário – sua função é possibilitar a transmissão verbal das informações pesquisadas de maneira eficaz.

Trabalho em grupo – tem função principal desenvolver o espírito colaborativo e a socialização.

Debate – desenvolve a habilidade de argumentação e a oralidade, faz com que o aluno aprenda a escutar com um propósito.

Auto-avaliação – faz com que o aluno tenha capacidade de analisar suas aptidões e atitudes, pontos fortes e fracos.

Observação – sua função é seguir o desenvolvimento do educador e ter informações sobre as áreas afetiva, cognitiva e psico-motora.

Vê se então que são inúmeros os instrumentos utilizados na prática avaliativa. Assim sendo, seja qual for o instrumento utilizado pelo professor, deve existir uma valorização tanto do processo de raciocínio do aluno quanto do produto final, para que possa haver um desenvolvimento significativo.

Os objetivos da avaliação de uma forma geral estão relacionados com a aprendizagem do aluno, por isso expressam os interesses com relação ao projeto pedagógico, ao plano do professor e as atividades de aprendizagem, tudo visando o desenvolvimento do educando. Para realizar uma avaliação integral do aluno, isto é, para avaliar as várias dimensões do seu comportamento, é necessário o uso combinado de várias técnicas e instrumentos de avaliação, que devem ser selecionados tendo em vista os objetivos propostos. (HAYDT, 1988).

A avaliação está totalmente relacionada com a aprendizagem, por isso ela deve verificar constantemente, o alcance dos objetivos propostos, analisando, modificando e adequando à necessidade do educador e principalmente do educando.

 4. O papel do professor e do aluno no processo de avaliação

            Professor e aluno são sujeitos desse processo, e através desse relacionamento a aprendizagem acontece, pois, o aluno sente-se amparado tendo maior segurança para desenvolver seu conhecimento e compete ao professor garantir as condições necessárias a essa aprendizagem, sendo que o aluno participa de forma ativa na prática avaliativa.

Com esse panorama que se mostra diante do relacionamento professor-aluno, a prática avaliativa surge como mais um instrumento utilizado para a promoção do conhecimento deste, percebe-se a preocupação dos educadores em relação à forma de avaliar, onde muitos confundem os meios utilizados com o termo adotado, sendo este um fator de grandes equívocos, que surgem junto com a realização dessa prática.

É de interesse de todos os envolvidos com a educação, compreenderem como ocorre essa prática que ao longo da história, já atendeu a diversos propósitos, deixando de lado o foco das atenções, devemos pensar que a avaliação não deve ser uma prática centrada apenas na classificação, reprodução, uma atividade alienante.

Percebe-se que essa prática está sendo concebida de forma alienada, quando vemos anunciada a chegada do período de avaliação, muitos educadores ainda defendem que sua prática avaliativa é feita de forma contínua, sendo o aluno submetido a vários momentos de avaliação no decorrer das aulas, mas se assim fosse realizada como se explica o período no qual o aluno é submetido a responder as provas, correndo o risco de tirar notas baixas e até mesmo ser reprovado.

Como explicar essa realidade que permeia o meio educacional, onde o maior prejudicado acaba sendo o aluno, quando se fala em avaliação este demonstra um grande desconforto, em ser submetido a essa prática descontextualizada e sem significado para o mesmo.

Esse medo do aluno se construiu, ao longo dos anos com a grande quantidade de provas pelas quais o mesmo passava, sendo que esta em grande parte era realizada sob as ameaças dos professores, e durante um período da história como forma de selecionar os alunos que se davam bem dos de rendimento inferior.

 5. Conclusão

             Apesar de todas as considerações relatadas neste artigo, e fundamentadas por autores, tratarem de maneira explícita a avaliação da aprendizagem e da necessidade que se faz de não avaliar apenas para reprovar, ainda sim nota-se que a avaliação ocorre nas escolas de maneira classificatória e excludente. Apesar de ser um grande discurso na teoria, mas que na prática observa-se tradicionais métodos avaliativos, que só servem para medir momentaneamente os conhecimentos dos alunos, ainda fazem o uso das provas como mero instrumento medidor, mesmo porque o conhecimento não é  palpável, e portanto impossível de ser medido.

               É necessário que a avaliação seja desenvolvida de forma a diagnosticar em que estágio se encontra o aluno, e se de fato está conseguindo acompanhar a aprendizagem, e a partir de então fazer uma reflexão acerca das suas dificuldades e avanços que o mesmo alcançou.

              Portanto todos os educadores precisam ter um olhar atento à realidade que o cerca para que a educação caminhe num sentido emancipatório.


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