CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 8)



CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 8)

                    (tese pluralística)

 

Com tais palavras encerrei o segmento sétimo (7) de minha modesta “tese pluralística”, me referindo, com o perdão da palavra, aos mais ortodoxos do movimento espírita contemporâneo:

 

“Se eles são assim tão observadores das normas kardecistas, que as façam valer na prática ao invés de, em sua comodidade, ficar cobrando dos médiuns e divulgadores, o que eles mesmos deveriam e devem fazer a nível universal (mundial) para que a coisa não fique regionalizada, e, como já o disse: suscetível de receber sérias acusações de fraude, de inverdades científicas, filosóficas e doutrinárias. Portanto, penso que os ortodoxos deveriam cumprir com seu relevante papel de seguidores das exigências kardequianas e deveriam, por isto mesmo, arregaçar as mangas e fazer o que tem de ser feito. Conquanto eu, sinceramente, duvide de tal.”

 

Ora, sabe-se que não fora este o papel do Codificador, de cobrança de seus pares e de colaboradores mediúnicos. Kardec colocou a mão na massa e consolidou tudo quanto sua mente genial podia realizar; e, ao final, realizou. E se tais confrades trabalharem e obtiverem bons resultados, com certeza que vou aplaudir, estimular e parabenizar pelo excelente trabalho de apuração dos conteúdos que comprovam sua autenticidade e aderência à Doutrina. Todavia, trata-se de uma penosa missão científica a ser empreendida com o concurso da mediunidade no mundo inteiro para que se torne isenta como já o disse de suspeições ulteriores, onde, com certeza, alegarão terem sido de apenas uma região, de um país ou de uma determinada sociedade.

 

Ora, os princípios científicos são rígidos e não toleram erros banais, deturpações e falsidades.

 

Mas enquanto não nos chegam os resultados de tais empreendedores que cumprirão o exaustivo trabalho de apuração dos novos princípios doutrinários, quero acreditar, sinceramente, que:

 

 

O princípio da CUEE vem a ser um conceito relativo; um conceito, pois, mutável pelas eventualidades e sucessivos progressos doutrinários no Tempo-Evolução. Ou seja: ele é necessário, mas não necessariamente estático. Ele viria a ser nesta nova e mais abrangente visão, de uma conceituação relativística, dinâmica e suscetível de alterar-se pela onda mutável de todas as coisas.

 

Em termos doutrinários, o que não mudaria?

 

Apenas os princípios fundamentais do Espiritismo não mudam, ou seja: imortalidade da alma, reencarnação, evolução espiritual, comunicabilidade mediúnica, existência de Deus, dentre outros.

 

E tudo o mais?

 

Tudo o mais é suscetível de ajustes, de novos entendimentos, pois que tudo é profundamente complexo no universo e paralisar-se apenas no já codificado é paralisar-se a si próprio e não admitir a dinamicidade progressiva de todas as coisas, de tudo, até de nós mesmos que mudamos o tempo todo, pois que só Deus é Imutável e creio estarmos distantes de já ser um.

 

Assim, o conceito da CUEE não é princípio estanque e tampouco estático; ele também é suscetível de desdobramentos outros que, em sua dinâmica e elasticidade vai incorporando e compreendendo outras nuanças de sua lógica intrínseca, sua coerência e praticidade. A imutabilidade é uma ilusão dos nossos sentidos; tudo é essencialmente evolutivo.

 

Ora, se os conceitos da Ciência convencional são abalados de quando em quando, porque não também alguns poucos conceitos kardequianos por mais graves que o sejam. Até porque, no caso em questão, não se trata de um abalo, de uma desconstrução do princípio kardequiano, mas sim, de uma sua nova e mais ampla visão em face de um tempo que se maturou no decurso do século vinte (20), dos grandes médiuns escreventes e psicofônicos como já referido.

 

Penso que Jesus, ao nos enviar Pietro Ubaldi, Chico Xavier e outros grandes e confiáveis médiuns do nosso movimento, tinha Ele uma percepção diferente do conceito da CUEE, uma percepção elástica e, portanto, bem mais engrandecida que a nossa, pois que a sua visão, universalmente panorâmica, se estende ao infinito de insondáveis perquirições. Em sua majestosa visão, o princípio da CUEE não se limitaria às incertezas de nossa visão ordinária, mas se abriria para o ilimitado de mais largas conceituações doutrinárias, espirituais, celestiais. Assim, dir-se-ia que Chico Xavier, por exemplo, em nome do Amor, do Cristianismo que ele mesmo tão bem exemplificou, é o próprio Consenso Universal no Ensino dos Espíritos superiores que laboraram com ele, em torno dele, fazendo chegar suas luzes a um nível internacional, abraçando a humanidade inteira.

 

Vejo, pois, que se o século dezenove (19) representara o período de implantação da Doutrina Espírita no mundo como Terceira Revelação da Lei de Deus, período este caracterizado pelos médiuns de efeitos físicos e inteligentes que estiveram na lida para as provas científicas da sobrevivência espiritual, o século vinte (20), por sua vez, aparece-me como sendo o dos grandes médiuns psicofônicos, escreventes e suas portentosas obras divulgadoras do Espiritismo nos moldes de novos e mais dilatados esclarecimentos e da exemplificação do amor, da verdadeira religiosidade, porque também a fé representa uma peça de fundamental importância nos roteiros da alma com vistas aos planos maiores de sua inevitável destinação.

 

Preocupa-se muito com a intelectualidade, com a Ciência, esquecendo-se que a Religião é também um importante meio de se fazer o nosso retorno ao amplexo do Amoroso Pai. Ora, Religião, também explicita re-ligar, ou seja, religar o filho que se desprendeu do Pai por desobediência e Involução. Jesus, portanto, não visa tão somente o nosso conhecimento filosófico e científico, mas também espera muito do nosso aprimoramento moral e religioso tal como enseja a obra central do Pentateuco Kardequiano: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, relembrando ao homem as regras do bom viver por intermédio dos princípios ético-religiosos que fulguram de sua admirável e cósmica Doutrina.

 

Em suma, o Espiritismo é Religião sim: uma Religião em Espírito e Verdade. Alguns espiritistas não gostam do termo, preferindo entender o Espiritismo apenas como Ciência do Espírito, ou, no máximo, querem compreende-lo como uma filosofia científica, como se fosse possível um Espiritismo laico, sem Deus e sem Jesus. Ora, estou com Kardec quando proferiu:

 

“Se assim é, perguntarão: então o Espiritismo é uma Religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma Religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza”. (“Revista Espírita” – Allan Kardec – dezembro de 1868 – Edicel).

 

E, mais adiante, como que prevendo nossa atual e moderna condição de novos espiritistas, um tanto desunidos e alheios ao amor e à caridade, preconiza:

 

“Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se devem confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para todos, ou, por outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, desde que sabemos que os mortos sempre fazem parte da humanidade”. (Opus Citado).

 

Assim, finalizo tal segmento com as palavras judiciosas de Kardec constantes de “Revista Espírita” que, certamente, deveriam ser lidas, estudadas e albergadas em nosso íntimo, nosso comportamento filosófico e procedimentos ético-religiosos da atualidade.

 

 (final da parte 8)

 

Propositor: Fernando Rosemberg Patrocínio

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