Ensinar: um ato de amor



Ensinar: um ato de amor

 

ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. 3º Ed. São Paulo: Ars Poética, 1994.

 

            Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de 1933. Em 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas. Entre a década de 70 e a década de 80 foi professor em universidades brasileiras e do exterior. O escritor também é membro da Academia Campinense de Letras. “Ensinar” é descrito por Alves como um ato de alegria, de amor e é justamente em seu livro “A Alegria de Ensinar” que o escritor demonstra toda a essência de ser um professor.

            O livro é formado por quatorze capítulos cujos textos são independentes. No entanto tratam do mesmo assunto que é demonstrar a vida dos professores com muito amor, não relevando as tristezas e dificuldades que os mesmos enfrentam, mas demonstrando os bons frutos alcançados por meio dessa profissão.

No primeiro capítulo o autor faz a seguinte afirmação: “[...] pois o sofrimento de se ser um professor é semelhante ao sofrimento das dores de parto: a mãe o aceita e logo dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho.”(p. 05) . Será que existe um amor tão grande e profundo como o amor de uma mãe? Rubem Alves compara esse sentimento, a alegria de gerar uma criança, à alegria e o amor que um professor sente ao observar os sucessos adquiridos por seus alunos. No final do capítulo, o escritor cita uma excelentíssima definição para o professor, “sou um pastor da alegria...” (p. 08), a mesma é uma característica imprescindível que todo educador precisa obter.

            No segundo capítulo, “Escola e Sofrimento”, o autor se mostra receoso quanto à opinião das crianças e adolescentes, pois no sistema educacional que prevalece na sociedade, pouquíssimos são os vínculos de amizade entre um educador e um educando. Principalmente, porque na maioria das vezes, estes últimos são avaliados pela quantidade de notas altas e não pelo seu conhecimento ou visão crítica. Por isso, o autor pede encarecidamente que os professores nunca esqueçam que são pastores da alegria e que, portanto, devem transmiti-la aos seus alunos.

            Nos capítulos três “A lei de Charlie Brown”, quatro “Boca e forno”, seis “Sobre vacas e moedores”, Rubem Alves demonstra uma imensa preocupação quanto ao futuro dos jovens. Primeiramente ele relata os sofrimentos e pressões que os mesmos são submetidos ao realizarem exames vestibulares. Segundo, ele utiliza uma brincadeira onde o mestre canta um refrão e os outros respondem repetindo a última palavra. Assim são as escolas, as crianças aprendem tão bem que são incapazes de sugerirem outras respostas, afirma o autor.

 Já no sexto capítulo, Alves faz uso de uma metáfora muito precisa, onde as vacas como seres mansos representam as crianças antes de irem à escola. De acordo com a sociedade são seres inúteis, já a carne cortada, o moedor e os rolinhos representam as escolas que procuram moldar num padrão único seus alunos que quando se tornarem úteis à sociedade passarão a serem vistos como rolos plásticos. Tais rolos representam a formatura, símbolo que representa a utilidade dos mesmos, segundo a comparação do escritor.

            No último capítulo, “O carrinho”, Rubem Alves resume tudo o que pensa sobre a educação, analisando um carrinho construído de lata de sardinha e rodas feitas com pedaços de uma sandália havaiana, confeccionado, provavelmente, por uma criança pobre, mas com uma imaginação fértil. Assim, para ele o sucesso dos alunos não é proveniente de escolas bem equipadas, mas é resultado do amor e dedicação dos professores que segundo ele deveriam ser especialistas em amor e intérpretes de sonhos.

            A Alegria de Ensinar é simplesmente um livro fascinante que deve fazer parte da vida de qualquer educador ou de alguém que deseja exercer essa profissão. Não há como não se emocionar e o coração não bater mais forte simplesmente ao ler as primeiras páginas do livro. Pois, quando se fala em educação no Brasil, logo vem à mente situações de caos como escolas destruídas, alunos rebeldes, professores e funcionários mal remunerados. No entanto, Rubem Alves trata a educação e o ato de ensinar como uma tarefa que deve ser exercida com alegria, com paixão, com carinho e com muito amor!

Resenhado por Aline Moreira Rodrigues, graduada no curso de Letras pelo Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste – UNIDESC.

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Autor: Aline Moreira Rodrigues


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