O que salva "Salve Jorge"?



O Programa “Encontros”, apresentado por Fátima Bernardes, respira aliviado a mudança de foco de críticas negativas. A novela Salve Jorge é o novo saco de pancadas dos comentaristas, críticos e telespectadores exigentes.

A trama de Glória Perez alcança respeitáveis 30 pontos de audiência, Ibope jamais atingido pelo SBT, Record, Band ou qualquer outra emissora em qualquer horário do dia. Ainda assim, está bem atrás de sua antecessora, “Avenida Brasil”, cuja média girava dentro do “padrão Globo”, com mínimas de 36 pontos. Quanto ao Ibope, a situação é explicável: há quem culpe o horário de verão ou até mesmo a estratégia da autora, que começou com vários núcleos e só pretende definir quais permanecem na trama após fisgar os espectadores.

Pior que o Ibope é a repercussão de “Salve Jorge” entre o público, quase toda negativa. Quem assiste a novela afirma não ter fidelidade à trama, ou seja, troca de canal ou deixa de assistir alguns capítulos facilmente. Os espectadores ainda reclamam do excesso de personagens (mais de 80) e dos temas repetidos. A diferença entre o horário de Brasília, adiantado em um hora, e os horários locais das regiões onde não tem horário de verão não é mais desculpa para a novela não ter emplacado.

O amor “proibido” entre pessoas de diferentes classes sociais também não mais é tema que conquista facilmente a audiência. O público, cada vez mais exigente, quer ver coisa nova. O Complexo do Alemão também não agrada boa parte do público. O Divino, bairro fictício de “Avenida Brasil”, subúrbio feliz, sem pobreza, onde os moradores são todos amigos entre si, desconfigurou o imaginário de favela que costumava-se ter. A favela do Alemão, que mesmo depois da pacificação continua violenta, sem urbanização, sem educação e saúde não parece ser o que o público quer ver depois de jantar.

Porém, nem tudo está perdido. A Turquia, tanto a autêntica como a reproduzida em estúdio, tem agradado o público. As belas paisagens são o que de melhor a trama oferece aos olhos. O mesmo não pode ser dito sobre os personagens do núcleo turco, que soam mais forçados que os indianos de “Caminho das Índias”.

Além da ponte aérea com a Turquia, o que salva “Salve Jorge”, com o perdão ao trocadilho, é a abordagem do tráfico de pessoas, um problema social que vai além do marketing social, comum em novelas de Glória Perez. É neste núcleo que estão as atuações que se destacam em um enorme elenco. Totia Meirelles, Vera Fischer e Cláudia Raia, que interpretam as chefonas do tráfico de seres humanos, até então são as personagens a que Glória tenderá a dar ênfase.


Autor: Telma Gomes Souza


Artigos Relacionados


A Recepção Do Público à Estréia De Salve Jorge

Saiba Como Foi Feita A Abertura Da Novela Salve Jorge

A Trama "salve, Jorge" Inicia Sua Produção

Salve Jorge E O Estilo De Gravar Da Autora Glória Perez

As Homenagens Ao Centenário De Jorge Amado

O Sucesso De Rodrigo Faro Como Apresentador

Gabriela Na Tela Da Globo