DIFERENÇAS DE ABORDAGEM DA DANÇA E SUA INSERÇÃO NOS CURRÍCULOS DE CURSOS DE ARTE...



DIFERENÇAS DE ABORDAGEM DA DANÇA E SUA INSERÇÃO NOS CURRÍCULOS DE CURSOS DE ARTE (GRADUAÇÃO EM DANÇA E TEATRO) E NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Monica Cristina Mesquita de Souza

RESUMO

A dança enquanto conteúdo no currículo escolar brasileiro está presente nas disciplinas Artes e Educação Física, sendo que nesta última aparece no bloco de Atividades Rítmicas e Expressivas. Porém “Arte” e “Educação Física”, dentro ou fora do currículo escolar são áreas autônomas do conhecimento humano. Com formações acadêmico profissionais diferentes, competências específicas, além de objetivos e propósitos de intervenção diferentes. Portanto seria incoerente, que estas duas disciplinas escolares trabalhassem um mesmo conteúdo tendo o mesmo propósito e abordagem. Diante disso, buscaremos delimitar as competências e diferenças de abordagens da dança pelas áreas e profissionais de Arte e Educação Física, destacando os objetivos de intervenção de cada área e como se dá a sua inserção nos respectivos currículos.

 Palavras Chaves: Dança-Arte, Dança-Educação Física

ABSTRACT

The dance in the school curriculum while content is present in Brazilian subjects Arts and Physical Education, and the latter appears in the block of rhythmic and expressive activities. But "Art" and "Physical Education", inside or outside of the school curriculum are autonomous areas of human knowledge. Academic professionals with different backgrounds, expertise, as well as objectives and purposes of different intervention. So it would be inconsistent, that these two school subjects worked the same content with the same purpose and approach. Therefore, we will seek to delimit the powers and differences in approaches by dance professionals and areas of Art and Physical Education, highlighting the goals of intervention in each area and how does their inclusion in their curricula.

 Key – words: Art-Dance, Dance-Physical Education

1. INTRODUÇÃO

Afinal o que é dança?  Pensamento do corpo  (KATZ 1994),  expressão  através de movimentos corporais organizados em seqüências significativas transcendendo palavras (GARAUDY, 1980), que sempre esteve inserida na cultura de vários povos, nas mais diversas situações (ALVARENGA, 2002). Apesar disso, tratá-la como conhecimento na educação é uma reflexão recente (AQUINO, 2007). Talvez por isso no Brasil ainda persistam alguns “desentendimentos” sobre o campo de conhecimento da dança, ou sobre em que disciplina a dança seria ensinada Artes ou Educação Física? (MARQUES, 1997).

A dança na escola é conteúdo curricular da disciplina Arte, conforme determina os PCN´s de Arte. Porém ela aparece também no bloco de Atividades Rítmicas e Expressivas dos PCN´s de Educação Física (MILANI et al, 2009), sendo seu enfoque complementar ao conteúdo “Dança” do documento Arte, (STRAZZACAPPA & MORANDI, 2006). O fato da Arte e a Educação Física serem de diferentes áreas do conhecimento humano, com formações acadêmicas distintas e objetivos profissionais diferentes faz questionar qual o propósito da dança nestes dois currículos, pois seria incoerente a dança ter a mesma abordagem em ambos.

No Brasil existem graduações específicas de Dança, que juntamente com as de Teatro, Música e Artes Visuais, pertencem a área de conhecimento das Artes, conforme tabela do CNPQ e CAPES, (BRASIL, 2007). Padrão adotado em quase todo o mundo (CBO-BRASIL, 2002). O curso que forma o profissional competente para as atividades que requeiram a dança como base é especificamente a graduação em Dança (BRASIL, 2010). A dança aparece ainda como componente curricular nas graduações em teatro e artes cênicas, talvez pela similaridade entre estas duas áreas que são artes corporais do movimento (LABAN, 1978).

Pertencente a área da saúde, a educação física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, exercício físico, ginástica, jogo, esporte, luta/arte marcial e dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde (BRASIL, 2004). Estando a dança presente de alguma forma na Educação Física, faz-se necessário questionar sua a função, bem como refletir sobre quais os seus propósitos nesta área (PEREIRA e HUNGER, 2006). A educação física engloba a dança desde que se preste aos objetivos e seus propósitos (PELLEGRINI 1988).

Que dança é arte todos concordam, porém profissional de Educação física não é profissional de Arte e vice versa (MESQUITA SOUZA, 2010), então como se insere a dança neste contexto e qual a intencionalidade da dança em cada uma destas áreas. Sendo Arte e Educação Física áreas distintas de conhecimento, com formações e propósitos de intervenção acadêmico-profissionais diferentes, o objetivo deste trabalho foi demonstrar através de uma revisão sistemática a inserção da dança nos currículos de cursos superiores de Arte (Graduações em Dança, Artes Cênicas e Teatro) e nos cursos de Educação Física. Bem como estabelecer qual o propósito da “dança” no ambiente escolar nas disciplinas Arte e Educação Física, e se a forma como as práticas de dança estão sendo desenvolvidas estão condizentes com os propósitos de intervenção e objetivos de cada área.

2. TIPO DE PESQUISA

            Utilizou-se como metodologia a revisão sistemática, que identifica, seleciona e avalia criticamente pesquisas consideradas relevantes, para dar suporte teórico-prático para a classificação e análise da pesquisa bibliográfica (LIBERALI, 2008). Sendo realizada uma revisão de dez artigos nacionais, dos últimos quinze anos, cujos descritores usados para a busca foram: corpo, arte, dança, teatro, artes cênicas, cultura, educação física, ginástica, saúde, atividade física. Os critérios de seleção e inclusão dos artigos foram aqueles tratavam sobre a corporeidade e/ou especificamente da dança na escola e sua abordagem nos currículos da disciplina Arte e Educação Física e nos possíveis diálogos entre estas duas áreas.

            Tendo por base que estas áreas/disciplinas possuem conteúdos e propósitos diferentes dentro e fora no ambiente escolar, levamos em conta as formações e competências acadêmico-profissionais de cada área, diferenças de abordagem e objetivos com que cada um destes profissionais intervém sobre a corporeidade e como a dança se insere nesse contexto. Nos estudos, foram utilizados artigos de pesquisadores com formações nas áreas de Educação Física e Arte (graduações e pós graduações em dança, teatro e/ou artes cênicas e visuais). Utilizamos ainda os referencias Nacionais para Cursos de Graduação e os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais  de Arte e Educação Física.

            Os trabalhos analisados abordam a intervenção sobre a corporeidade por profissionais das áreas de Arte e Educação Física, e como vem sendo a inserção da dança neste contexto. Procuramos analisar a abordagem de como estas práticas vem sendo aplicadas por cada uma destas áreas no ambiente educacional enquanto disciplinas no currículo escolar. Alguns objetivos e resultados dos estudos estão descritos abaixo e sintetizados na tabela 1

3. CARACTERISTICAS DA DANÇA NOS CURRÍCULOS

É fato que o indivíduo age no mundo através de seu corpo, ele é seu veículo de ser no mundo (PONTY. 1999), uma destas formas sensoriais de percepção é através do movimento. É o movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalharem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos, STRAZZACAPPA (2001). Mas como se insere o corpo, e mais especificamente o ensino da dança na educação e no ambiente escolar? Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000), a dança aparece nos currículos das disciplinas Arte e Educação Física. Mas Educação Física e Arte mais especificamente a Dança apresentam-se como áreas distintas do conhecimento humano e tanto a área de dança quanto a de educação física possuem um corpo de conhecimento específico, o que pode ser observado pela existência de cursos de graduação e de pós-graduação tanto de um quanto de outro no país e no exterior (PEREIRA e HUNGER, 2006). Sendo áreas com propósitos de intervenção distintos sobre a corporeidade, qual o objetivo de se trabalhar com a dança em cada uma destas disciplinas?

Para tentar responder a esta pergunta, focamos nas competências profissionais e objetivos de intervenção de cada uma destas áreas quanto a formação dos referidos profissionais. As Diretrizes Curriculares Nacionais do MEC para cursos de graduação em educação física salientam que esta é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas. Qualificado para analisar criticamente a realidade social, para nela intervir acadêmica e profissionalmente por  meio das diferentes manifestações e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável (MEC - RESOLUÇÃO 7,  BRASIL, 2004).

Na área das Artes que trabalham com a corporeidade, o gesto e o movimento, existem cursos específicos para formação acadêmica em Dança e Teatro. As Diretrizes Nacionais das Graduações em Dança apontam que a graduação em Dança deve ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação para a apropriação do pensamento reflexivo e da sensibilidade artística, comprometida com a produção coreográfica, com espetáculo da dança, com a reprodução do conhecimento e das habilidades, revelando sensibilidade estética e cinesiologia, inclusive como elemento de valorização humana, da auto-estima e da expressão corporal, visando integrar o indivíduo na sociedade e tornando-o participativo de suas múltiplas manifestações culturais. Proporcionando a todos a prática e o exercício desta forma de arte como expressão da vida; (MEC - RESOLUÇÃO 3,  BRASIL, 2004). Os cursos de graduação em Teatro por sua vez devem ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação para a apropriação do pensamento reflexivo e da sensibilidade artística, compreendendo sólida formação técnica, artística, ética e cultural, com aptidão para construir novas formas de expressão e de linguagem corporal e de propostas estéticas, inclusive como elemento de valorização humana e da auto-estima, visando a integrar o indivíduo na sociedade e tornando-o participativo de suas múltiplas manifestações culturais. (MEC - RESOLUÇÃO 4,  BRASIL, 2004).

Autores de ambas as áreas defendem e justificam a inserção da dança no respectivos currículos. Além da Dança ser estudada em sua própria graduação, "ela é compartilhada pela Educação Física e por outras áreas do conhecimento" (EHRENBERG, 2003, p. 46), ou seja, ela pode ser estudada em outras graduações, como é o caso das Artes Cênicas, Teatro, Educação Artística, Comunicação Social (PACHECO, 1999), Educação Física e Artes Plásticas.   Para EHRENBERG (2003), tanto os profissionais formados em Dança, comoem Educação Física, como em Artes podem ensinar dança na escola, mas "faz-se necessário realmente delimitar o âmbito de atuação e deixar claro o aprofundamento dado ao objeto de estudo por cada um destes profissionais" (p. 59). PEREIRA HUNGER, 2006.

Dos 10 estudos analisados, 04 foram revisões bibliográficas amparadas em autores das duas áreas; (MILLANI et al 2009); (PEREIRA  e HUNGER, 2006);  BRASILEIRO (2008); (OLIVEIRA, 2010); 01 fez entrevista com profissionais de educação física, música e artes cênicas (CORREA  e SOUZA, 2007); 02 foram relatos de experiência amparados em bibliografias, (STRAZZACAPPA, 2003); (SCARPATO, 2001); 01 foi pesquisa de campo com profissionais de educação física (MANFIO e PAIM, 2008); 02 foram Revisão bibliográfica de autores da área de Artes (SOUZA, 2010), (MARQUES, 1997).

 

3. A DANÇA NOS CURRÍCULOS E OS RESULTADOS ENCONTRADOS

A dança, tanto na educação física, quanto na arte, o “corpo” como objetivo de estudo e conhecimento é objetivo de intercessão entre estas áreas (CORREA  e SOUZA, 2007).  Ao questionar historicamente o corpo no espaço escolar, (STRAZZACAPPA , 2001), reafirma que  o corpo é  nossa forma de comunicação com o mundo, é o veículo pelo qual o indivíduo se expressa, mas que historicamente a noção de disciplina na escola sempre foi entendida como “não movimento”. No estudo sobre o “corpo” na educação física abordam-se os conhecimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que capacitam a análise crítica dos programas de atividade física e o estabelecimento de critérios para julgamento, escolha e realização que regulem as próprias atividades corporais saudáveis, seja no trabalho ou no lazer (PCN, 1998). Porém falar sobre o corpo na arte, ou sobre a idéia de corpo inserido em arte, só é possível na medida em que definimos sobre qual corpo estamos querendo falar. É preciso compreender que esse discurso não se faz somente sobre sua materialidade, como textura, forma, cor, densidade etc., mas, também, sobre as várias interpretações possíveis de pensá-lo. [...] Pois o corpo como representação de arte, devolve ao homem aquilo que lhe foi retirado, ou seja, o seu significado simbólico. Assim, ao mesmo tempo em que ele quer significar algo, ele é (PILEGGI, 2003). Ao pesquisar e fazer uma análise comparativa entre a corporeidade na Educação Física, nas Artes Cênicas e na Música, surge um elemento novo  integrador  dessas  áreas:  a  Dança (CORREA e SOUZA, 2007),

Em todos os artigos pesquisados tanto os profissionais da área de Educação Física como da área de Artes, são unânimes ao reconhecer que Dança é Arte. Mas sendo arte, qual o motivo dela estar inserida nos currículos dos cursos de educação física e na educação física escolar, se professor de educação física não é professor de Arte (MESQUITA SOUZA, 2010)? Cabe lembrar que além de ser arte, a dança também é uma atividade físico-corporal e entendida como cultura corporal do movimento, por isso também conteúdo da educação física escolar. Para (MIRANDA 1994), citado por (MILANI ET al, 2009) ao se propor diálogos entre Arte e Educação Física, inserindo a dança,  não se pretende, eliminar as particularidades de cada área, mas salientar que elas “possuem aspectos de estreita relação: como fenômenos, ambos envolvem o movimento humano (...) Propõe uma aproximação entre as duas áreas, de um lado a educação física discutindo a corporeidade, da motricidade e a formação integral, De outro a Arte propondo uma  reflexão da estética do movimento dançante, da liberdade de expressão, da criatividade  (MILLANI et al 2009).

A educação física engloba a dança na medida em que a utiliza para atingir sua principal finalidade (PELLEGRINI,1988) e não como meio para atingir formaçãoem dança. Destaforma, serão garantidas a especificidade e a identidade de ambas as áreas. Sobre isso, (MIRANDA, 1994) coloca que as atividades de dança não devem ser "tratadas como conteúdo específico, mas sim como atividades motoras utilizadas para a consecução dos objetivos da educação física" (p. 8). Então, quando se pensa na dança como conteúdo da educação física escolar, ela deve prestar-se aos propósitos e finalidades da educação física escolar, e não se caracterizar como um campo de conhecimento isolado que objetiva formar o futuro (a) bailarino (a). Adequar o ensino de dança aos objetivos, finalidades e especificidades da Educação Física não descaracteriza e nem desqualifica a dança, apenas "amplia as suas possibilidades de interação e atuação" (PACHECO, 1999), citado por (PEREIRA e HUNGER, 2006).

Alguns profissionais defendem a interdisciplinaridade, porém não fica claro como deva ser a abordagem ou o que seja “papel” de quem, ao se trabalhar com a dança na educação. Ao se tentar estabelecer fronteiras e objetivos do que seja Dança-Arte e Dança-Educação Física, fica ainda mais confuso. Os profissionais graduados em educação física defendem que a educação física engloba a dança, enquanto cultura do movimento. Porém nas propostas de trabalho alguns distorcem os conceitos de arte e cultura e propõem quase sempre uma abordagem da dança na Educação Física exatamente igual à da área de Arte, como (BRASILEIRO e MARCASA, 2008), que propõe a “fusão das linguagens artísticas às práticas corporais”, com construções coreográficas que visam apresentações artísticas, aliando a dança, à música, artes visuais e cênicas, e mesmo espetáculo por defender a dança como manifestação cênica enquanto atividade de educação física. Ficando impossível aí, se identificar quais os reais propósitos da dança na educação física que acabam não existindo. Estas propostas deturpadas de “fusão” entre Arte e Educação Física acabam gerando “confusão”, e indignação entre os profissionais da área de Artes, uma vez que a educação física assim tenta ampliar sua área de atuação profissional e se apropriar de atividades não inerentes à sua área, formação ou competência acadêmico-profissional. Muitos se esquecem que o objetivo da dança na educação física não tem propósitos artísticos. Talvez por isso a dança venha sendo alvo de disputas políticas das áreas de Arte e Educação Física nos últimos anos, como nos aponta (MORANDI, 2005), apresentando os descompassos destas duas áreas. O que é não deixa de ser paradoxal e incoerente uma vez que as duas disciplinas são representadas por profissionais com formações diferentes, e possuem objetivos distintos na escola, o que também se estende a utilização da dança de forma diferenciada na perspectiva de cada uma destas áreas

 

Tabela 1: Artigos pesquisados

 

Autor

Artigo

Publicação/Ano

Objetivo

Conclusões

MILLANI et al (2009)

Educação Física e Dança Educacional uma Aborda-gem  Interdis-ciplinar

Congresso Paulistano de Educação Física Escolar

2009

Analisar a Dança enquanto conteúdo da Educação Física e de Arte, estabelecendo como pano de fundo uma discussão interdisciplinar entre essas áreas.

Sugere uma interdisciplinaridade entre as áreas, mas não aponta caminhos.

PEREIRA  e HUNGER (2006)

Dança e Educação Física no Brasil: Questões Polêmicas

Revista Digital - Buenos Aires – Ano 11 – No 96 - Maio de 2006

Apresentar uma análise crítica da literatura, apontando questões relacionadas à formação e atuação de profissionais de Educação Física e de Dança no Brasil, bem como especificidades, similaridades e diferenças entre as áreas.

A educação física engloba a dança na medida em que a utiliza para atingir sua principal finalidade e não como meio para atingir formaçãoem dança. Destaforma, serão garantidas a especificidade e a identidade de ambas as áreas.

A  e SOUZA (2007)

O Corpo na Educação Física, nas Artes Cênicas e na Música: Um estudo comparativo

Anais - IV Reunião Científica de Pesquisa e Pós-Graduaçãoem Artes Cênicas– ABRACE, 2007

Análise  comparativa  das  abordagens  do  corpo, tratando das dimensões  física,  sensorial  e  estética  envolvidas  na  educação  psicomotora  do  profissional  do Teatro,  da Música  e  do  aluno  de  Educação  Física.

Na análise comparativa entre a corporeidade na Educação Física, nas Artes Cênicas e na Música,  surgiu  um  elemento  novo  integrador  dessas  áreas:  a  Dança.

STRAZZACAPPA (2003)

A Educação e a Fábrica e Corpos: A Dança na Escola

Cadernos Cedes, ano XXI, no 53, abril/2001

Aborda a questão da introdução da dança no espaço escolar, relatando e refletindo sobre o trabalho que é desenvolvido no curso de Licenciatura em Dança da Unicamp

A questão da educação corporal não é de responsabilidade exclusiva das aulas de educação física, nem de dança ou de expressão corporal. Toda educação é educação do corpo.

BRASILEIRO e MARCASA, 2008

Linguagens do corpo: dimensões expressivas e possibilidades educativas da ginástica e da dança

Pro-Posições, v. 19, n. 3 (57) - set./dez. 2008

Refletir sobre a dança e a ginástica como duas manifestações culturais que, entre outras, constituem o universo das linguagens do corpo, analisando os sentidos e os significados contidos em suas dimensões expressivas e apontando algumas orientações pedagógicas, particularmente para o campo da educação física

Procura destacar a ginástica e a dança e algumas possibilidades pedagógicas de abordagem dessas práticas corporais no contexto educacional.

OLIVEIRA, 2010

Dança, a quem corresponde na Escola: A Educação Física ou ao Ensino da Arte

Revista Educação, Artes e Inclusão V. 01, ano 03 (2010) - Issn 19843178

Este artigo vem a somar com as reflexões já existentes a respeito do ensino da dança na escola, se a mesma deva estar na educação física ou no ensino da arte

Mais importante é que as políticas educacionais ponham em prática o que já está oficialmente documentado, trabalhar a arte e a educação física desde a educação infantil. Talvez assim tenhamos de fato uma compreensão da dança enquanto parte da Arte e da Educação Física.

SCARPATO, 2001

Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo

Cad. CEDES vol.21 no 53  Campinas  Abr. 2001

A Dança Educativa, desenvolvida em escolas particulares de São Paulo, está inserida na Grade Curricular da Educação Infantil, fundamentada nas idéias convergentes de Rudolf Laban e Célestin Freinet.

Questiona qual o estilo de dança mais apropriado na área da educação e ressalta a necessidade de professores habilitados para desenvolverem trabalhos similares. Os PCNs deveriam ser mais explícitos quanto aos princípios e proposta de dança que assumem.

MANFIO e PAIM, 2008

A Dança no contexto da Educação Física Escolar: Percepção de professores de ensino médio

Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

Verificar como esta sendo trabalhada pelos professores de Educação Física os conteúdos da dança e qual a ligação da pratica com os diferentes estilos de dança, e sua relação com os objetivos propostos na dança educação

- A dança, enquanto conteúdo da Educação Física Escolar instrumento pedagógico; - Forma de comunicação que se utiliza da linguagem corporal, podendo expressar idéias, sentimentos e emoções através de seus gestos;

SOUZA, 2010

Entre a Dança e a Educação

Uberlândia v. 6 n. 1 p. 36-45 jan.|jun. 2010 ouvirouver

Diálogo entre Dança e Educação, a fim de que se  possa compreender alguns aspectos imbricados neste processo e como estes se constituem de forma determinante dentro das possibilidades de atuação no âmbito das artes no cenário contemporâneo

Estabelecer parâmetros para a construção de um conhecimento resultante de conexões das vivências do professor e do aluno corrobora para a não construção de corpos disciplinados e obedientes

MARQUES, 1997

Dançando na Escola

Revista MOTRIZ - Volume 3, Número 1, Junho/1997

Discute aspectos epistemológicos, sociológicos, educacionais e artísticos da dança enquanto disciplina escolar na sociedade brasileira. Argumenta em favor de um ensino de dança crítico e transformador que trace relações multifacetadas entre corpo, escola, indivíduo, arte e sociedade contemporânea

Percebo que, como professora e pesquisadora, ainda estou no começo de um processo/trabalho de vida não para encontrar as respostas certas, mas para propor algo que seja compatível com as maneiras de meus alunos(as) de pensar, agir e viver o tempo, o espaço, o corpo, a dança no mundo contemporâneo

 

CONCLUSÃO

A Educação Física e a Arte são áreas distintas do conhecimento humano, com formações acadêmico-profissionais específicas. A dança neste contexto aparece nos currículos de ambas as disciplinas nas escolas. A Dança na Arte e  na Educação física tem como objeto de estudo o corpo e o movimento, mas qual é o propósito e objetivo de cada uma destas áreas ao trabalhar com a dança? Como se estabelecer fronteiras? Percebe-se pelos estudos analisados que vários profissionais estão buscando um caminho sugerindo a interdisciplinaridade. Porém trabalhar de forma interdisciplinar não significa uma área subjugar ou substituir a outra, ou mesmo ter a mesma abordagem. OS PCNS+ Linguagens e Códigos Ensino Médio, afirmam que reiteram que “a interdisciplinaridade não invalida os contornos específicos de cada disciplina, até porque não se pode falar em interdisciplinaridade sem disciplinas, assim como não há internacional sem nações. Ela não se confunde com polivalência e, portanto, não anula o conhecimento específico nem o papel de cada profissional (BRASIL, 2007). A Educação Física e a Arte podem se relacionar, mas cada uma respeitando a singularidade da outra área. Nos estudos analisados, porém, se percebe que muitos profissionais ainda não sabem como fazer isso, ou mesmo como trabalhar a dança.no ambiente escolar. Alguns acreditam que o objetivo de todos é trabalhar apenas a dança como arte e linguagem artística cênica. Equívoco que vem gerando conflitos entre estas duas áreas uma vez que não é competência da educação física trabalhar e/ou ensinar arte.

Com relação à formação acadêmica, o curso que forma especificamente professores de dança é uma licenciatura em dança, na área de Artes. Tanto nas graduações em Teatro (Arte) quanto Educação Física a dança é instrumental. Mas nos estudos pesquisados todos concordam que faltam profissionais qualificados e as graduações em dança no Brasil ainda não conseguem suprir a demanda e carência de profissionais para o setor. Outros questionam que mesmo estando incluída em duas disciplinas, na maioria dos casos o ensino da dança é completamente inexistente ou excluído das escolas. Mas como efetivar essa inserção respeitando as peculiaridades das áreas. Seja no âmbito sensório motor, do lazer, como exercício físico para promoção da saúde ou prevenção da obesidade na educação física. Ou como corpo simbólico, linguagem cênica, e/ou expressão artístico-cultural na arte, ou mesmo no contexto social e enquanto cultura nas especificidades das duas áreas. Contudo diante de alguns equívocos e disputas de interesses político mercadológicos, é preciso tentar estabelecer fronteiras entre as reais abordagens destas duas áreas e quais os propósitos da dança para cada uma delas. Talvez a grande diferença entre Dança-Educação Física e Dança-Arte, seja que na educação física, a dança é uma “atividade física”, assim como os esportes, a ginástica e as lutas, é um exercício e instrumental, para se conseguir determinado objetivo nesta área, como saúde, bem estar, lazer, condicionamento físico, combate à obesidade, sedentarismo, etc. Na Dança-Arte porém o exercício físico é que é a atividade instrumental, para que se consiga se expressar através do aumento da flexibilidade e amplitude dos movimentos expressivos e conceituais enquanto linguagem cênica, através de coreografias que visem espetáculos ou apresentações artístico-culturais para determinado público. Ou seja a abordagem da dança enquanto Arte é diferente da dança enquanto Educação Física. Para resolver esta situação os PCN’s deveriam ser mais específicos respeitando as abordagens das áreas. É preciso também que destas áreas e os profissionais das mesmas, respeitem as diferenças de abordagem, de formação e objetivos de intervenção uma da outra, principalmente os profissionais de educação física que insistem se passar por profissionais de artes.

Existem várias e diferentes abordagens para a dança. Por isso concordamos que adequar o ensino da dança aos objetivos, finalidades e especificidades da Educação Física e ou da Arte não descaracteriza e nem desqualifica a dança, apenas "amplia as suas possibilidades de interação e atuação".(PACHECO, 1999).

 

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Mônica Cristina Mesquita de Souza

Atriz e professora de Teatro, Cinema e Expressão corporal, graduada em Artes-Teatro, pós graduada em Dança e Consciência Corporal, pós graduanda em Cinema e Linguagem Audiovisual. Tem experiência na área de Artes, onde desenvolve pesquisas em artes cênicas (dança, teatro e circo) e Audiovisual focado nos seguintes temas: Artes corporais, preparo corporal para a cena, Dança-Teatro, Teatro-Físico, Performance, Hibridismo. Políticas Públicas e Mercado profissional de Artes.


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