CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 10-final)



      CONCORDÂNCIA UNIVERSAL (parte 10-final)

                           (tese pluralística

E, já no final do complexo tema de que tenho tratado em minha “tese pluralística”, creio que: 

O princípio codificado da CUEE: é um referencial importante, mas não inamovível em seus conceitos mesmos. Sabe-se que a essência de tudo é fundamentalmente evolutiva. Até compreendo certos posicionamentos de alguns espiritistas mais ortodoxos; também eles devem ter o seu relevante papel no meio em que se inserem. Mas também eles serão convocados, mais cedo ou mais tarde, para as devidas ampliações de seus horizontes culturais e espirituais. Tudo tem suas razões, conquanto nem sempre saibamos com certeza precisá-las. 

Portanto, os sucessivos avanços e desdobramentos doutrinários se fizeram, se fazem e vão continuar se fazendo e se estabelecendo paulatinamente, enquanto necessário, sem que se pretenda uma reforma da Codificação que deve ser respeitada e mantida em sua forma original autorizada pelo Espírito da Verdade, enviado de Jesus no tempo certo do seu advento no mundo. Desenvolver a Doutrina não é desrespeitá-la, mas sim estar coerente com ela mesma por constar de seus princípios fundamentais. Reformá-la seria deturpá-la e, por amor a ela, não nos cabe a sua deturpação. 

Portanto, quero crer, igualmente, que o conceito da CUEE, por sua relatividade pluralística, também é suscetível do desdobrar-se, do renovar-se na forma de novos entendimentos como sugere a presente “tese” e também outro escrito de minha autoria intitulado: “Chico Xavier e Concordância Universal” (Vide: “webartigos”, por exemplo, ou em meu blog). Até que um dia, se desdobrando e se renovando, tal conceito desaparecerá por si mesmo por nossa condição de Espíritos Puros, onde o Consenso se transmudará para a Pessoa e a Vontade de Deus. Óbvio, pois, então, que o mesmo está destinado a desaparecer um dia para converter-se, com a transcendência de nós mesmos, onde, como Espírito Puros, seremos iguais aos nossos superiores para sermos Unos com a Vontade de Deus. 

Mas como esse tempo ainda tarda a chegar, retornemos ao nosso cotidiano de estudos doutrinários e seus lógicos desenvolvimentos. Vimos, na parte primeira de tais artigos, que este autor pretendia e pretende demonstrar a Dimensão Relativística da CUEE, que, em sua dinamicidade, é conceito derivado da Razão, dependendo, pois, das análises desta, de normas relativas à sua: 

-Aplicabilidade, à sua

-Eliminabilidade, e até mesmo de uma sua possível:

-Alterabilidade. 

Assim sendo: poderia, de fato, a Razão subestimar a CUEE? 

Deixemos tal resposta aos cuidados do nosso prestigioso codificador, mais exatamente com “O Livro dos Espíritos”, parte segunda, capítulo 5: “Considerações Sobre a Pluralidade das Existências”, onde Kardec, em dado instante de seus lógicos esclarecimentos, declara: 

“Examinemos de outro ponto de vista a matéria, e, abstraindo de qualquer intervenção dos Espíritos, deixemo-los de lado, por enquanto”. (Opus Cit.). 

Ou seja, Kardec, em tal momento, estará nada mais, nada menos, que: abstraindo-se da CUEE, deixando-a de lado, por enquanto. E, em pelo menos três laudas, ele vai dar ampla explicação do tema enfocado se utilizando apenas da Razão, da lógica brilhante de sua mente genial. A inteligência inferior, Pré-lógica, jamais operaria de modo semelhante. A de um religioso qualquer, por exemplo, não conseguiria sistematizar tão dilatadas idéias, e não somente por estar, pessoalmente, comprometido com o nível bíblico de sua atuação, mas também porque, e, sobretudo, digo-o ainda, pelo modus operandis limitado de sua mente juvenil. A de Kardec, no caso em questão, dimana da uma inteligência madura, superior, dotada de lógica nitidamente Formal, onde o indivíduo vai refletir coerentes suposições e descrever razoáveis hipóteses, produzindo uma verdadeira revolução no mundo das idéias e das crenças mais pueris. E, um pouco mais adiante do seu longo texto, o codificador, quase concluindo, vai proclamar, outra vez, abstraindo-se da CUEE: 

“Temos raciocinado, abstraindo, como dissemos de qualquer ensinamento espírita que, para certas pessoas, carece de autoridade. Não é somente porque veio dos Espíritos que nós e tantos outros nos fizemos adeptos da Pluralidade das Existências. É porque essa doutrina nos pareceu a mais lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis”. (Opus Cit.). 

Mas, fundamentalmente, o que isto quer dizer? 

Quer dizer que: há casos e situações, sim, em que a Razão, fazendo abstração da CUEE, poderá, isoladamente, extrair suas próprias e também certeiras conclusões, independentemente, pois, do conceito que dimana da Concordância Universal. E, mais adiante, vejam a afirmativa de Kardec, proferindo que teria repelido a Pluralidade das Existências, mesmo sendo proveniente dos Espíritos, se ela fosse contrária à Razão. 

O que significa conceituar-se que: 

A CUEE é realmente de caráter relativo, e não absoluto, e Kardec tinha conhecimento de tal fato. E constato isso ao verificar o peso bastante considerável de sua melhor lógica, de sua considerável Razão, no trato não somente desta questão como de muitas outras atinentes ao Espiritismo. Noutros termos, quero dizer que sua melhor Razão, por vezes, parece imperar sobre tudo, inclusive sobre o conceito da CUEE, impondo, muitas vezes, pura e simplesmente: sua eliminação. 

Haveria e há, pois, uma condição de Eliminabilidade da CUEE! 

E sua supressão se daria e se dará pela coerência e pela mais avançada Razão que, afinal, o estabelecera tal princípio como coadjuvante e tem nele o seu direcionamento ou não, dando-lhe o crédito ou não, nas mais diversas situações. Vê-se, pois, que a Razão o aplicaria diversamente na expansibilidade do Tempo-Evolução que vão sendo comportados pela dinâmica incessante do Espiritismo que não para, mas segue avante acompanhando o progresso das coisas, das humanidades em suas transformações. Resumindo, quero dizer que o princípio estabelecido como CUEE não é tudo, doutrinariamente falando; e sim parte, de relativa aplicabilidade, ou seja, de uso restrito e sujeito à Razão.

Assim, pois: o princípio da CUEE não é um conceito absoluto, e sim relativo; ele está condicionado ao caráter de quem dele fizer uso e condicionado ao Tempo-Evolução, ou seja, às diversas circunstâncias do progredir humano e espiritual, que influencia e estabelece o progredir doutrinário. Por ser um princípio criado pela mais avançada Razão, de Lógica Formal, deve a ela, muitas das vezes, e não se sabe quantas vezes, curvar-se, de forma a não incapacitá-la com a retirada do seu mais legítimo atributo: o soberano e livre pensar. 

Minha observação analítica e racional do referido princípio, pois, demonstra sua relatividade que implica, também, no condicional de sua Alterabilidade pelo que estabeleço como CUTE, ou seja: Concordância Universal no Tempo-Evolução, consoante Quadro Relativista da CUEE: 

               ------------------------------------------------------------------

                                                   RAZÃO

                                                         |

                                                    CUEE

                                                         |

                                                Relatividade

                                                         |

                       Aplicabilidade --------------- Eliminabilidade

                                                         |

                                               Alterabilidade

                                                         |

                                                    CUTE

               -------------------------------------------------------------------

 

Sendo que sobre sua Aplicabilidade e sua Eliminabilidade já descrevi tais situações intrínsecas do referido conceito; e, sobre sua Alterabilidade, e, como Kardec não retornou para submeter tal conceito a todos os novos princípios e novos ensinos doutrinários, será preciso contar, então, com a sua relatividade e com uma provável possibilidade de modificar-se ou alterar-se o seu modus operandis estabelecendo uma sua reinterpretação doutrinária como CUTE: Concordância Universal no Tempo-Evolução, como veremos.

 

Como já o disse, por ser um conceito derivado da Razão, a CUEE depende de suas análises, de normas relativas à sua Aplicabilidade, Eliminabilidade e de sua nova e adicional condição de Alterabilidade, ou, como já o disse, em termos doutrinários, de uma sua Reinterpretação Conceitual, de seguintes termos:                                      

 

-CUEE: parece-me que esta se aplica ou se aplicaria à apuração, individual e específica, de novos ensinos ou de novos princípios contidos nos ditados dos Espíritos, como por exemplo: Reencarnação;

 

-CUTE: vejo esta com o diferencial de se fazer uma admissão completa do conteúdo de determinadas coleções de ordem clássica ou mediúnica, desde que observadas certas regras para a sua aceitação ou para a sua rejeição por questões de divergências doutrinárias, científicas ou filosóficas, decorrentes, ou não, de mistificações ou de problemas contidos na filtragem do trabalho. Observando-se, todavia, que tais coleções, ou conjunto de obras, ensinos e princípios, já vêm com o selo de garantia de dados, ensinos e princípios já consagrados e apurados individualmente pela CUEE, não os desmentindo em tempo algum, mas sim desenvolvendo os mesmos e os ampliando no Tempo-Evolução.

 

Resultando da relatividade da CUEE, noto que a CUTE analisa, detecta e, pelo uso da Razão alberga e acata princípios novos, porém, estriba-se no conjunto e não no particular, na idéia geral e não no específico que já fora alvo de análises e comprovações anteriormente firmadas. Diria mais: que a CUTE é uma derivada da idéia progressiva do Espiritismo como um todo, que não se detêm em tempo algum, que segue avante descortinando novos rumos doutrinários, científicos e culturais independente das posturas paralisantes dos que não lhe compreendem a postura substancialmente reveladora. Assim, eu não vejo, no momento, outra saída a não ser optar pelo conteúdo da nossa Razão, seja ele qual conteúdo for, determinando a CUTE, e, também pela Razão Maior consubstanciada no Poder e na Vontade do nosso Mestre Jesus de nos enviar seus muitos missionários e suas coleções mediúnicas, tais como Ubaldi, Xavier, Divaldo, Yvonne Pereira, Raul Teixeira, e outros médiuns sérios, contando ainda com os clássicos, todos eles encarregados de desenvolver a Doutrina codificada por Allan Kardec.

Obviamente que, de tudo quanto fora exposto, muitas dúvidas aparecem e, por isto, questiona-se:

 

a) A CUEE deriva da Razão e é, pois, coadjuvante dela?

 

-Sim, após verificar-se uma espécie de consenso universal nas mais diversas instruções espiritistas, Kardec, em sua brilhante Razão, estabelece um meio de se obter uma garantia um tanto mais segura e confiável de que o conjunto de tais instruções, em sendo uníssono e acorde, se obteria a CUEE.

 

b) E também a CUTE nasce da Razão, não é isso?

 

-Sem dúvida que sim, da Razão alicerçada pela Inteligência das Operações Concretas ou Formais e suas muitas variantes, ou níveis intelectivos, nelas mesmos principiadas por questões evolutivas.

 

c) Até que ponto isto tem validade científica?

 

-Num e noutro caso são subjetivos. No caso da CUEE, por exemplo, pode ser levantado o seguinte questionamento: quantas comunicações seriam necessárias para se obter uma informação garantidamente séria, confiável e verdadeira? Pois que, afinal, patenteiam-se também as instruções discordantes. Assim, penso que devemos, não só por questões de fé, mas também de racionalidade, dar crédito ao trabalho de codificação de Allan Kardec que, sem dúvida, estivera sob o amparo do Altíssimo e da plêiade de Espíritos superiores sob o comando de Jesus.

 

d) A CUTE, então, depende de cada mentalidade em questão?

 

-Sim, de cada campo íntimo e pessoal. Mas na medida em que vão se fazendo novos avanços espirituais, novos progressos no campo da mais elevada Razão e dos processos atinentes ao campo da mais pura mediunidade, a coisa tende a fluir melhor, a consertar-se, firmando-se num equilíbrio geral. Esta minha idéia, tenho cogitado, vem antecipar, desde já, o que vai ocorrer e que já está ocorrendo, evolutivamente, com os Espíritos encarnados e desencarnados do nosso orbe.

-Ora, a Espiritualidade sempre nos inspirou, e, de tal forma que, não paira dúvidas sobre mim, de que ela nos dirige, nos influencia beneficamente, cotidianamente, nas rotinas de nossos trabalhos, na educação de nossos filhos, nos desdobramentos espirituais, permitindo-me ver, cada vez mais que, na medida exata de nossos progressos concomitantes, vamos sendo engajados às idéias do belo, do que seja eticamente correto, do que esteja direcionado para o divino e sumo bem.

 

e) E a humanidade vai se encaminhando...?

 

-Para o Amor. Somos provenientes de um Supremo Ato de Amor. Com efeito, a Verdade é Una; o Evangelho Messiânico, de Deus e de Jesus, é norma preceituada e pede para ser vivenciada no universo inteiro, em toda a sua cósmica integralidade, e, portanto, mesmo na condição de livres pensadores, engajados à CUTE, chegaremos a um mesmo e recíproco entendimento das coisas sem barreiras institucionais, políticas ou territoriais, filosóficas ou científicas, porque estaremos sempre aderentes ao que houver e ao que há de melhor em nós mesmos, se qualificando cada vez mais. Aderentes, pois, ao melhor do que pudermos e podemos fazer em nosso mundo íntimo e pessoal.

 

f) Tais Consensos existirão para sempre?

 

-Não, pois que serão excluídos em nossa condição de Espírito puro, onde tais Consensos se transmudarão para a Pessoa e a Vontade de Deus. Mas, por enquanto, o nosso íntimo e pessoal, apesar de vivenciarmos o que há de melhor em nós mesmos, não exclui o fato de também estarmos aderentes ao que há de melhor em nossos superiores hierárquicos, ou seja, em nossos instrutores espirituais.

 

g) Então tais Consensos não desaparecerão por completo?

 

-No longo estágio do processo evolutivo, não. Poderá até renovar-se na forma de novos entendimentos em função de sua relatividade no Tempo-Evolução. Mas só desaparecerá, como já visto, para converter-se com a transcendência de nós mesmos, onde, como Espíritos puros haveremos de ser iguais aos nossos superiores e Unos com a Vontade de Deus. 

h) Devemos depender de tais Consensos, CUEE e CUTE? 

-Isso lembra um pouco a dependência que algumas pessoas, espiritistas ou não, tem do seu guru, do seu médium ou coisa parecida. Algumas chegam ao ponto de não sair de casa sem antes consultar o seu guia. Um absurdo! Assim, não somos dependentes de tais Consensos e tampouco de nossos guias espirituais. Ora, se fosse assim, para quê, então, existiria a Razão? Se vamos ficar restritos ao que disserem nossos instrutores espirituais, não precisaremos nem de pensar, nem de laborar, mas tão somente de entender e de obedecer. 

-Mas sabemos que não é assim. Precisamos trabalhar, pesquisar e adquirir conhecimentos e aprendizados à própria custa e responsabilidade, pois que tais vão sendo incorporados a nós mesmos como frutos de nossa operosidade e das experiências adquiridas pela eternidade. Errar faz parte do processo educacional e, com o erro, aparece o determinismo como resposta conseqüente e possibilidade de correção, de aprender de novo e de fazer certo, se alçando para frente, ascensionalmente. 

Destarte, somos irmãos para toda uma imortalidade, onde, hoje, os nossos superiores nos ajudam, nos instruem e nos protegem se tivermos o merecimento, e, portanto, veladamente, sem nada nos cobrar por isto. E amanhã, se formos capazes, também teremos nossos tutelados que, de igual maneira, ajudaremos, instruiremos e protegeremos se também eles tiverem o devido mérito; e assim sucessivamente, ora aqui, ora acolá, mais ou menos esclarecidos e sábios, até alcançarmos a definitiva e divina luz em Deus Nosso Pai. 

Finalizando: CUEE e CUTE, pois, são relativos e dependem da Razão, de qualquer Razão observadora do que resulte do fenômeno paranormal, espirítico-mediúnico ou coisa que o valha no campo do Espiritismo.

 (final) 

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