DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DA ARTE



 

Rafael Calumby do Nascimento¹

Raquel Emanuele Costa de Araújo²

Aleana Barbosa³

 

 

RESUMO

O presente artigo foi elaborado por meio de um estudo bibliográfico e de um projeto de intervenção aplicado na escola municipal Ranser Alexandre Gomes, localizada na cidade de Garanhuns no agreste meridional. O trabalho foi realizado em quatro etapas, em uma turma do 5º ano, tendo como foco a vida e obra de Van Gogh. Tendo como objetivo despertar o olhar crítico-reflexivo do aluno em relação à arte, bem como levá-los a trabalhar a imaginação que influencia no desenvolvimento cognitivo da criança, uma vez que ao usar a imaginação a criança está desenvolvendo sua empatia com o contexto além de promover o autoconhecimento e a interpretação, ampliando assim sua visão de mundo e perspectivas em relação à educação artística.

RESUMEN

El presente artículo fue hecho por medio de un estúdio bibliográfico y de un proyecto de intervención desarrollados en la escuela municipal Ranser Alexandre Gomes, en la ciudad de Garanhuns en el agreste meridional. El trabajo fue realizado em cuatro etapas, en un grupo del 5º año de la educación básica, teniendo como foco la vida y obra de Van Gogh. El objetivo fue despertar la visión critica-reflexiva del alumno en relación a la arte, asi como llevarlo a trabajar la imaginación que influye en el desarrollo cognitivo y social del niño, una vez que al usar la imaginación los niños estan desarrollando su empatia, además de promover el autoconocimiento y la interpretación, ampleando su visión del mundo y sus perspectivas em relación a la educación artística.

PALAVRAS-CHAVE: Arte. Van Gogh. Projeto.

¹ Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRPE/UAG.

² Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRPE/UAG.

³ Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRPE/UAG.

 

 

INTRODUÇÃO

Este projeto é baseado na proposta triangular de Ana Mae Barbosa que prevê um trabalho em Arte com as seguintes vertentes:

—  Ler

—  Fazer

—  Contextualizar

Diz Ana Mae (1991, p.10): “O que a arte na escola principalmente pretende é formar o conhecedor, fluido e decodificador da obra de arte”. A escola seria a instituição pública que pode tornar o acesso à arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa nação. Porém a escola atual ainda não tem como uma de suas prioridades trabalharem através da Arte o olhar crítico-reflexivo do aluno. A arte ainda é vista como uma disciplina passiva diante do saber lógico-matemático e da linguística.

No Brasil, nosso maior problema é a alfabetização, isto é a necessidade urgente de se enfatizar a leitura de palavras, gestos ações, imagens, prioridades, desejos, expectativas como explica ainda Ana Mae Barbosa (1995, p. 63) Num país onde os políticos ganham eleições através do uso da mídia televisão, a alfabetização através da leitura é fundamental para nossos alunos. A leitura de imagens orientadas pelo professor para o desenvolvimento de um olhar crítico é primordial para o amadurecimento das ideias e conceitos. Através dessa visão de Ana Mae, os pesquisadores decidiram junto com os educandos analisar e interpretar o contexto cultural das obras do pintor Van Gogh além de buscar criar a visão individual dos alunos sobre as obras do artista e finalmente discuti-las em conjunto.

Ler, não é tentar decifrar ou adivinhar de forma isenta um símbolo, mas é, a partir do texto, atribuir-lhe significados relacionando-o com outros textos e ate mesmo com a realidade na busca da sua compreensão, dos seus sentidos e de outras possíveis leituras. Paulo Freire (1993) aborda a necessidade de aprender a fazer a leitura do mundo, não mecanicamente, mas sobrepondo e/ou associando sempre linguagem e realidade. Essa visão de Freire, trás a necessidade de se formar o individuo como um todo, para que este sinta-se parte do meio que esta inserido e que uma vez inserido nele, possa transformá-lo, possa compreendê-lo e interpretá-lo de forma coerente e real. 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O projeto foi realizado durante dois dias na escola Ranser Alexandre Gomes, localizada na Praça Campos Sales S/N, situada na cidade de Garanhuns no agreste pernambucano. A turma escolhida foi uma turma do 5º ano antiga 4ª série.

Etapas do Projeto.

No primeiro Dia

Primeiro, conversamos com os alunos sobre a importância das imagens em nossa sociedade e quais são os diferentes tipos de imagens as quais temos acesso, a fim de trazer a tona a reflexão e consequentemente os conhecimentos prévios dos alunos. Em seguida fizemos um debate para discussão sobre obras de arte.

—  Onde elas são encontradas;

—  O que as tornam tão especiais;

—  O que faz um artista famoso;

—  E outras questões que vão surgindo de acordo com o decorrer do debate.

No Segundo Dia

Após relembrar sobre o debate a respeito de “IMAGENS” foi mostrado aos alunos com o auxílio do “Data Show”  a biografia de Vicent Van Gogh. Mostramos uma das obras de Vicent Van Gogh; “Noite Estrelada” e encima dela solicitado inicialmente que os alunos analisassem a imagem.

 

 

Após a análise individual, os estagiários pediram para que os alunos socializassem suas interpretações uns com os outros, onde cada um vai relatar: “o que viu”, “o que achou”, “o que o artista quis passar”, dentre outros questionamentos que apareceram durante o processo. Este momento foi fundamental, pois indicou o nível de analise dos alunos e o quanto precisávamos investir na próxima atividade para o desenvolvimento de um olhar crítico. Os alunos pensaram que havia uma baleia na obra, outros disseram que as estrelas eram na realidade o “sol” sendo representado.

No Terceiro Dia

Foi feito um resumo de tudo que foi visto até o presente momento sobre ARTES e em seguida os estagiários colocaram novamente a foto de “Noite Estrelada” no data show e nós estagiários pedimos para que os alunos criassem a sua “noite estrelada” da maneira como eles quisessem retrata-la, sempre discutindo as cores, os anseios, desejos e mistérios da obra de Van Gogh.

No Quarto Dia

A aula teve inicio com um breve resumo do que foi visto na aula anterior. Depois nos mostramos aos alunos novamente com o “data show” uma foto de Van Gogh e um auto-retrato dele pintado pelo próprio artista. Explicamos a eles o que era um “auto-retrato”, demos sugestões de como eles poderiam fazer em casa. Foi então que pedimos para que cada um fizesse o seu auto-retrato, como eles achavam que eram, como eles queriam ser, enfim que cada um se imaginasse e pintasse ali sem medo e com toda imaginação e liberdade possível.

AVALIAÇÃO

 

Cabe salientar que a avaliação foi feita de maneira continua durante a execução do projeto, o aluno foi avaliado a partir de vários fatores determinantes; em relação a sua autonomia no desenvolvimento das atividades; pela sua participação nos debates; avanço em relação a análise orientada; criticidade mediante as atividades e claro através de uma auto avaliação que foi a finalização do projeto.

RESULTADOS

Durante a execução do projeto, notou-se através de questionamentos que os alunos estavam bastante curiosos a respeito da disciplina de Arte bem como da historia e obra de Vicent Van Gogh. Esse interesse se tornou explicito quando foi pedido que cada um fizesse o seu auto-retrato.  Os desenhos foram extremamente expressivos, coloridos e continham as particularidades de cada autor. Após o termino da “obra” de auto-retrato dos alunos, foram exibidos os desenhos para todo o grupo que demonstrou satisfação e felicidade ao serem reconhecidos como autores dos desenhos.

No ultimo dia eles criaram a “sua versão de Noite Estrelada”, liberados de qualquer dever de reproduzir a obra tal qual haviam conhecido. Cada um colocou e tirou detalhes, além de dividirem com os colegas suas ideias e se satisfazerem com o conhecimento que eles estavam propondo quando refaziam a leitura de Noite Estrelada. Por fim,  foi feito um debate a fim de  esclarecer quaisquer duvida deles e de agradecer-lhes pela oportunidade que nos deram de trabalhar com eles a Arte e sua misteriosa face frente ao mundo atual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as observações e diálogos que fizemos e tivemos com a professora e demais educadores da escola, nós constatamos que cabe a ambos dar subsídios para que o aluno se interesse, reflita e se identifique com a disciplina de Arte. A disciplina de arte no cotidiano escolar fortalece as outras atividades pedagógicas desenvolvidas, porque quebra essa monotonia  que se tem de; decifrar e copiar códigos. Contudo, as observações que fizemos no estágio apontam para uma relação família-escola e aluno-professor bastante positiva. Entretanto, percebemos que há uma deficiência na utilização de certos recursos didáticos, como por exemplo: o “data-show” que é pouco utilizado pelos professores. É através do trabalho critico reflexivo que os alunos podem encontrar um real significado para aprender e se envolver com o seu contexto, com o seu mundo de forma mais prazerosa e consciente. A arte vem trazer isso para a sala de aula, afinal de contas arte vai além de um desenho ou de uma obra tida como “maluca” que surgiu através de determinado artista; a arte esta na própria vida, escondida no cotidiano e essa magia deve ser encontrada, expressada e compreendida por cada um de nós.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.

BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea- Consonâncias Internacionais. 3ª ed – São Paulo:Cortez, 2010.

_________- Arte/ Educação no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 2010.

FREIRE, Paulo.  A importância do ato de ler em três artigos que se completam.  São Paulo: Cortez, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura) ISBN 85-219-0243-3

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

NATHANAEL, Paulo. O estágio em foco. In: NISKIER, Arnaldo; NATHANAEL, Paulo. Educação, estágio e trabalho. São Paulo: Integrare Editora, 2006, p. 125-145.

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Autor: Raquel Emanuele Costa De Araújo


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