Diversidades em Família



DIVERSIDADES EM FAMÍLIA – EXERCÍCIO DIFÍCIL, NECESSÁRIO E POSSÍVEL DE ENCANTAMENTOS.

Estela Márcia Rondina Scandola

Há um senso comum que nas famílias a educação pressupõe que mães, pais, avós, tios e agregados eduquem as crianças com valores e, esses valores são comuns e que todos concordam com o certo e o errado. As crianças vão crescendo e aprendendo sem muito questionar. Talvez aí more o maior perigo dos preconceitos reificados a partir das diferenças não explicitadas e não vividas nos núcleos afetivos familiares.

As nucleações familiares, com suas diferentes composições, têm muitas diversidades presentes que, não são expostas por mando de um ou de outro. Então se os adultos são católicos, os filhos também o devem ser. Se acreditam que a melhor música é o samba, não podem gostar mais de ópera que deste. Se não acreditam na diversidade sexual como normal, as crianças precisam usar azul e rosa conforme o sexo que nasceram e ter amigos da mesma linhagem. Assim, ser diferente em família pode custar a convivência acolhedora. Por isso, podem muitos optar por afirmar-se igual por meio do escárnio e viver a vida inteira sem ser realmente o que é.

A família pode e deve ser o lugar do pleno exercício da diversidade e da igualdade: ser diferente sem deixar de ser acolhida (o), amado (a), respeitada (o) – valores máximos da igualdade com dignidade. Acolher ideias diferentes, escolhas diferentes, gostos diferentes ou simplesmente ser diferente não pode ser o motivo do não afeto. Mas não o afeto que diz: ela (e) é diferente mas mesmo assim amo. O “mas” comumente utilizado é o próprio reflexo da não acolhida plena, é uma acolhida condicionada.

Estar em família e ser diferente com acolhimento das diversidades existentes  significa construir fortalezas para quando estiver longe da sua teia protetiva. Quando isso não ocorre a família fragiliza o agir em sociedade e pode, inclusive, expulsar os diferentes, incluindo-os em grupos que podem ser mais acolhedores, onde se sintam em condições de ser mais felizes. Neste caso, a família que pode ser acolhedora, torna-se expulsora e é, sim, responsável por colocar crianças, adolescentes e jovens em vulnerabilidades às violações de direitos.

Também os adultos que vivem em núcleos familiares diversos não estão preparados (e nunca o estarão totalmente) para educar e viver em diversidades religiosas, sexuais, étnicas, geracionais e com deficiências. A questão principal é nos perguntarmos: qual a nossa disposição de desaprendermos o senso comum e construirmos aprenderes com alegria?

Esta é a lindeza do viver!


Autor: Estela Márcia Rondina Scandola


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