Brasil Novo, Composto Por Villa-lobos Nos Anos De 1937-1945: Matéria de Estudos Historiográficos



BRASIL NOVO, COMPOSTO POR VILLA-LOBOS NOS ANOS DE 1937-1945: matéria de estudos historiográficos.

CARDOSO, Maria Izabel Vieira.
[email protected]

GÓES, Sheila da Silva Santos.
[email protected]

SILVA, Marcos Vicente Almeida.
[email protected]

COSTA, Rosemeire Marcedo. (Orientadora)
Graduada em Pedagogia. Mestre em História da Educação/UFS
Profª do curso Pedagogia da Universidade Tiradentes.
[email protected]

A música, eu considero um principio, como um indispensável alimento da alma humana. Por conseguinte, um elemento e fator imprescindível à educação da juventude.
Heitor Villa-Lobos

RESUMO: Neste estudo é discutido o projeto educacional de Villa-Lobos que tinha como missão, ensinar a população ouvir a moderna música brasileira. Sua primeira iniciativa foi à introdução do Canto Orfeônico em todas as escolas públicas e particulares de primeiro e segundo graus do Distrito Federal. Através desta investigação, buscamos ressaltar a participação do maestro como educador e defensor deste Projeto Nacional, enfatizando alguns pontos importantes como, a contribuição de Villa-Lobos para a divulgação e o desenvolvimento desta prática musical no Brasil no período de 1937 a 1945.

PALAVRAS-CHAVE: Educação musical, Canto Orfeônico, Villa- Lobos, método.

ABSTRACT: In this study is argued that the Villa-Lobos’ educational project had as mission, to teach the population to listening the modern Brazilian music. Its first initiative was to the introduction of Orpheonic Sing in all the public and private elementaries e secondaries schools1 of the Federal District. Through this investigation, we search to stand out the participation of the teacher as educator and defender of this National Project, emphasizing some important points as, the contribution of Villa-Lobos for the spreading and development of this musical practising in Brazil from 1937 to 1945 KEY-WORDS: Music Education, Orpheonic Singing, Villa-Lobos, Method Secondary School = High School.

INTRODUÇÃO

Este artigo discute o projeto educacional de Villa-Lobos, no Brasil de 1937-1945. A partir do ano de 1931, o ensino de Canto Orfeônico passou a ser adotado nos colégios secundários brasileiros, resultado da apresentação de um projeto defendido por Heitor Villa Lobos (1887/1959) ao presidente Getúlio Vargas, baseado em uma vertente nacionalista. Identificaremos a posição ocupada pelo Canto Orfeônico no Brasil, buscando o papel da música na formação de uma consciência nacional, conhecendo a trajetória artística de Villa Lobos e compreendendo a Era Vargas por meio do projeto nacionalista do compositor. 

Esse Plano de Educação tinha como missão, ensinar a população ouvir a moderna música brasileira. Sua primeira iniciativa foi à introdução do Canto Orfeônico em todas as escolas públicas e particulares de primeiro e segundo graus do Distrito Federal. Nas décadas de 1930 a 1950, o ensino do Canto Orfeônico se expandiu nos colégios do Brasil. É importante ressaltar que o momento em que o ensino de Canto Orfeônico prosperou nos currículos das escolas brasileiras, era também um momento repleto de importantes mudanças nos meios políticos, como é o caso do Governo Provisório de Getúlio
Vargas, entre 1930 a 1937, e do período do Estado Novo, entre 1937 a 1945. 

Em 1946, este ensino sofreu uma reformulação, o que remete a uma continuidade incondicional da disciplina à política getulista, e neste artigo discutiremos esta relação entre o Canto Orfeônico e o Estado Novo. 

Após o Estado Novo o ensino de música prossegue, tendo alguns episódios que merecem atenção especial, como a Lei Orgânica do Ensino de Canto Orfeônico, Decreto-Lei nº. 9.494 - de 22 de julho de 1946. Esse documento foi assinado pelo então Presidente Eurico Gaspar Dutra, que regularizava o processo avaliativo do Canto Orfeônico nas escolas secundárias, que até então era isento de avaliação formal. 

Questões como: para que serve o ensino do Canto Orfeônico na escola? Quais as finalidades do Canto Orfeônico como disciplina escolar? Quais as práticas realizadas para atingir tais objetivos? Quais as condições do ensino de Canto Orfeônico na escola? Quais os conteúdos utilizados para atingir tais objetivos? Podem ser respondidas através da Lei Orgânica que instituiu o ensino do Canto Orfeônico. 

De acordo com o Artigo 1º desta Lei Orgânica, sua finalidade era formar professores de Canto Orfeônico, propiciando aos estudiosos meios de aquisição de cultura voltada para o Canto Orfeônico e incentivar a mentalidade cívico-musical destes educadores. Para tanto, havia um tipo de estabelecimento específico qual seja, o conservatório. Este era destinado para o ensino nas escolas pré-primárias e de grau secundário. 

Quanto à formação desses educadores, ficava definido que somente os diplomas e certificados expedidos pelos conservatórios oficiais e reconhecidos dariam o direito ao exercício do magistério do Canto Orfeônico, ainda assim, quando devidamente registrados no competente órgão do Ministério da Educação e Saúde. 

Os estabelecimentos de ensino de Canto Orfeônico eram responsáveis em promover entre os alunos a organização e o desenvolvimento de atividades, como: revistas, jornais, clubes e grêmios independentes; organizar arquivo, museus, bibliotecas, publicações especializadas, gabinete de pesquisa de folclore e pedagógicos, bem como laboratórios de voz, destinados a trabalhos de correção de voz e pesquisas de fonética.

A Lei nº. 9.949 de 1946 estabeleceu ainda que para o curso de formação de professor eram admitidos alunos a partir dos dezesseis anos, sendo obrigatório apresentar certificado de conclusão do segundo ciclo em conservatório de música, ou de curso de preparação nos conservatórios de Canto Orfeônico e tinham que se submeterem a provas de aptidão musical. 

O curso de especialização e preparação para formação de professores de Canto Orfeônico possuía um currículo abrangente e muito rico em conteúdos, como as seguintes disciplinas: didática do Canto Orfeônico, fisiologia da voz, polítonia coral, prosódia musical, organologia e orgonografia, prática do Canto Orfeônico, teoria do Canto Orfeônico, coordenação orfeônica escolar, formação musical, didática de ritmo, história da educação musical, folclórica, cultura pedagógica, educação esportivas e outras. Estas disciplinas possuem um capítulo a parte que revela as definições e os objetivos de cada uma delas e sua
importância no ensino de Canto Orfeônico.

Durante a primeira metade do século XX, havia uma idéia de formar uma nação apta a viver com as novas tendências do mundo, recorrentes do avanço tecnológico. Este discurso sempre esteve presente nos congressos e periódicos educacionais. Discutia-se a necessidade de saber que tipo de povo deveria habitar um país que se mostrava ciente destas novas tendências mundiais. Este ideal formador compôs a concepção de uma educação dita moderna, defendida por importantes personagens na educação brasileira, como os “autointitulados” renovadores da Escola Nova, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. Questões como a importância do trabalho, do estudo, da Pátria e da harmonia social tornava-se essenciais para o crescimento da nação. Estes ideais desembocaram no ensino de Música nos colégios brasileiros, que já havia sido difundido com sucesso em países europeus.

Lemos Júnior (2005) afirma que: o caráter nacionalista ao qual a educação deveria estar vinculada pautava-se na necessidade de formar cidadãos que valorizassem a nação. Este sentimento nacionalista desenvolveu-se também na arte que buscava, por meio do resgate de A Escola Nova se constituiu num movimento que proclama novos valores e idéias para a educação oriundos do pragmatismo norte-americano e europeu. Elementos do folclore, a relação entre a expressão estética e a identidade cultural do país. A vertente nacionalista se desenvolveu no ensino do Canto Orfeônico sob duas temáticas: a
primeira na relação desta disciplina com o elemento folclórico e a segunda através do caráter cívico. 

Através da investigação, buscamos ressaltar a participação de Villa-Lobos como educador e defensor do Projeto Nacional do Canto Orfeônico, enfatizando alguns dos pontos centrais que envolveram o ensino de Música e Canto Orfeônico nas décadas de 1930 e 1940. 

A prática do Canto assumiu um caráter disciplinador e sociabilizador, atendendo a um dos objetivos gerais da escola. O ensino do canto, de certa forma, esteve vinculado a uma prática social, útil à vida e à convivência em grupo. As grandes festas e concentrações orfeônicas formadas por estudantes secundaristas serviram como finalidade sociabilizadora da escola. 

Desta forma, explicaremos por meio de pesquisas e levantamentos bibliográficos de autores que discutiram o Canto Orfeônico, enfocando a contribuição de Villa-Lobos para a divulgação e o desenvolvimento desta prática musical no Brasil no período de 1937 a 1945. 

Com a conclusão deste artigo, pretendemos mostrar que a educação musical não deve ser uma disciplina sem importância comparada as demais diferentes áreas do conhecimento, isto porque a música também possui seu corpo de disciplinas, geralmente ligadas à educação. 

Neste artigo utilizamos como fontes, além do decreto de Lei Orgânica de Canto Orfeônico, foram utilizadas algumas obras de pesquisadores que abordam o ensino musical no Brasil, a atuação de Villa-Lobos como educador e o seu plano de educação musical, autores O caráter cívico se atrela ao sentimento patriótico, mas não no sentido estético e cultural como no elemento folclórico, mas sim no sentido sócio-cultural.

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Autor: Marcos Vicente Almeida da Silva


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