Práticas Sociais: Ir A Missa Hoje E Na época Do Brasil Colonial



Nas cidades brasileiras, o domingo é o dia certo para se ir a missa. Esta prática religiosa trazida pelos colonizadores portugueses desde o séc. XVI foi essencial para o esboço inicial do projeto de catequização dos gentios (índios) do Brasil. Portugal objetivava impor um modelo de “civilização” com o intuito de obter um maior controle social através da religião, bem como, manter os portugueses que aqui chegaram, na direção religiosa praticada nas terras do além-mar (Portugal).

No entanto, na atualidade, o mundo ocidental é marcado por um modelo laico de práticas sociais, ou seja, as práticas cotidianas sobrepõem-se as religiosas, evidenciando claramente, que o controle social de outrora, não mais ocupa o lugar primeiro no modo de viver e agir das pessoas.

Todavia, o que queremos analisar, são as formas pelas quais ocorreram às maneiras de agir na época do Brasil Colonial (1500-1822) e na atualidade.

No primeiro momento, o pequeno número de famílias portuguesas vindas para o Brasil, sentia-se acuadas (com medo), devido ao grande número de gentes “inferiores”, isto é, índios e negros, como afirmou o arcebispo de salvador D. José Botelho Mattos (1741-1761): “È impossível que os pais e parentes consintam que seus filhos saiam de casa à missa (...)”, sendo a solução, trazer de Portugal, oratórios para serem colocados nos quartos das mulheres, como meio para se evitar o contato “perigoso” com as “gentes” do Brasil.

Como se não bastasse, para assegurar um maior controle e cuidado com as “donzelas”, seus quartos localizavam-se na final dos corredores, passando pelos quartos dos seus pais e irmãos. E tem mais, os aposentos femininos não possuíam janelas para não terem contato com estranhos ou como afirma o historiador Manuel Rodrigues de Melo em seu livro Patriarcas e Carreiros: “(...) para que não fugissem” com pretendente não autorizado por seu pai.

Atualmente é muito raro constatar casos parecidos com o que relatamos, pois as mentalidades e práticas sociais são outras, não existindo mais o receio das famílias em dirigir-se a missa, pois os espaços urbanos entre as moradias são cada vez menores, havendo uma maior circularidade entre as pessoas (mesmo que de forma indireta), “obrigando-as” a socializarem-se na igreja, nem que seja nos momentos da oração conjunta do pai-nosso ou no comprimento entre os fiéis.
Autor: Roberto Dantas


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