Telemedicina - Um Futuro Sustentado Financeiramente E Por Boas Práticas (reflexões)



Jader da Silva Alves

(Doutorando em Educação Universidade Portucalense Infante Dom Henrique)

INTRODUÇÃO:

A ciência médica e a engenharia tecnológica estão cada vez mais integradas e caminhando juntas a fim de proporcionarem recursos para a melhoria do sistema de saúde no mundo. A tele-comunicação direccionada à medicina também chamada Bio telemetria ou Tele-medicina.

A tele-medicina envolve o envio remoto de dados, sinais e imagens médicas, através de monitorização, à distância, de parâmetros vitais, chamado tele-monitorização; é uma tecnologia inovadora na qual quem viaja é a informação e não o paciente; se avaliada em seu sentido mais amplo.

A TELEMEDICINA pode ser feita por qualquer um dos meios de comunicação disponíveis: rádio, telefone, internet, intranet, satélite etc. Enfim, ela universaliza os recursos tecnológicos para melhorar a colecta de informações, processamento, análise e o uso da informação.

Conceitos:

  • Tele-medicina é oferta dos serviços de saúde por telecomunicação remota. Inclui consulta interactiva e serviços de diagnóstico.
  • Tele-medicina é o exercício da Medicina através da utilização de metodologias interactivas de comunicação audiovisual e de dados, com o objectivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde.
  • Tele-medicina é a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um factor crítico; tais serviços são providos por profissionais da área da saúde, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações válidas para diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação de prestadores de serviços em saúde, assim como, para fins de pesquisas e avaliações; tudo no interesse de melhorar a saúde das pessoas e de suas comunidades. Organização Mundial de Saúde OMS

Objectivos:

1.Reduzir as transferências, tempo e custos de transporte de pacientes;

2.Aprimorar a gestão dos recursos de saúde através da avaliação e triagem por especialistas, diminuindo a pressão sobre hospitais;

3.Intensificar a cooperação e integração de pesquisadores com o intercâmbio de registros clínicos;

4.Permitir o processo rápido a especialistas em caso de desastres e emergências;

5.Aumentar a quantidade de programas educacionais para médicos e residentes localizados em zonas fora de centros especializados;

6.Desenvolver tecnologias para transmissão de áudio, vídeo e imagens na área da saúde;

7.Construir modelos de informação na Web para melhorar a comunicação e integração dos serviços de saúde.

Alguns Tipos de Prática Médica à Distância:

- Tele-educação: actualização médica; educação em saúde e orientação ao paciente;

 - Tele-consulta: diagnóstico e tratamento;

- Segunda opinião/seguimento;

 - Triagem e encaminhamento;

- Tele-monotorização: monitorização de parâmetros biomédicos de pacientes;

- Tele-conferência.

Teleconsulta:

A Internet é muito usada actualmente para essa finalidade, pois permite armazenar as informações sobre o paciente e proporciona seu acesso de qualquer parte do mundo. O acesso também pode ser a consulta de informações bibliográficas, etc.

Tele-diagnóstico:

São realizadas consultas para fins diagnósticos, geralmente ocorrem por meio de intercâmbio de textos, imagens estáticas de RX, ECG, áudio, vídeo, etc.

Tele-monitorização:

Com equipamentos especiais para registrar dados vitais de pacientes e enviá-los continuamente a um centro de análise, interpretação e alerta. Como exemplo: monitorização cardíaca transtelefônica (através de um pequeno cardiobip), a monitorização de pacientes com gravidez de risco, ou de pacientes deficientes ou imobilizados em casa.

ECG pelo telefone

Depois de colocar três eléctrodos em contacto com o corpo, o paciente pressiona um botão no cardiobip e recolhe alguns segundos do seu electrocardiograma, que é armazenado na sua memória electrónica. Em seguida, telefona para uma central de atendimento, se identifica e transmite os dados, e em questão de poucos minutos, recebe pela mesma ligação uma orientação do médico de plantão, que analisou seu ECG e dá recomendações.

Outra aplicação interessante do cardiobip ocorre no consultório de médicos e dentistas que realizam cirurgias ambulatoriais.

Tele-cirurgias:

Podem ser realizados procedimentos cirúrgicos à distância por meio de médicos guiados e conectados através de sinais visuais, auditivos, com cirurgiões especializados em centros de referência.

A tele-presença baseia-se na ideia de que, com algum tipo de equipamento, é possível executar tarefas em algum lugar distante, como se lá estivéssemos (exemplo: uso da robótica).

Com a Realidade Virtual o usuário pode enxergar o ambiente (com uma filmadora ou câmera).

Tele-didáctica:

A telemedicina quando aplicada ao treinamento e ao ensino médico.

Tele-conferência

É o intercâmbio de informações sobre um paciente entre dois ou mais médicos. É a teleconferência, ou teleconsulta, que pode assumir muitas formas. A tecnologia mais sofisticada, denominada videoconferência, permite que os médicos conversem entre si, usando câmaras de vídeo e microfones, e um software especial de comunicação. Também podem ser enviadas imagens médicas de vários tipos (radiografias, tomografias, etc.), captadas através de um scanner, câmara fotográfica digital ou equipamentos médicos como otoscópios, oftalmoscópios, etc., cuja saída de imagem já pode ser enviada directamente pelo sistema. Esses recursos são muito utilizados actualmente para sistemas de segunda opinião médica em contacto com centros mais desenvolvidos.

Tele-radiologia (Sistema RVScreen)

Na tele-patologia, uma câmara digital associada a um microscópio permite o envio pela rede de imagens microscópicas. A principal desvantagem da videoconferência é que ainda exige linhas telefónicas ou cabos digitais de alta velocidade, o que limita e encarece sua utilização mais ampla no meio médico.

REFLEXÕES:

I- Vantagens Económicas da Telemedicina:

- Aumento da base de mercado;

- Aumento da clínica privada;

- Optimização dos recursos humanos especializados; Utilização da capacidade ociosa;

- Diminuição dos custos;

- Oferta de conhecimento;

- Oferta diferenciada por planos de saúde e hospitais.

II -Principais Dificuldades na Implementação da Telemedicina:

Os Pontos Fundamentais

A OMS considera que uma pessoa pratica a medicina ou cirurgia quando diagnostica ou tenta diagnosticar, trata ou tenta tratar, faz cirurgia ou tenta fazer, prescreve ou ministra medicamentos ou tenta fazê-lo para tratar qualquer doença humana, física ou mental, ou qualquer injúria ou deformidade em outra pessoa.  Organização Mundial de Saúde OMS

Uma sociedade interconectada electronicamente e sem fronteiras inicia uma experiência nova, desafiando as formas e o exercício do poder tradicional nas comunidades locais.  

As redes globais de computadores dissolveram os limites geográficos, mas não os políticos.

Os problemas éticos e jurídicos são muito grandes e permanecem ainda com difícil solução, pois necessitam de uma nova cultura, novas práticas e novas leis.

III- Factores a ponderar-se:

  • Embora as informações ultrapassem fronteiras, as licenças médicas não o fazem;
  • Alterações importantes da relação médico-paciente;
  • Possibilidade de falhas tecnológicas (fiabilidade);
  • Projectos complexos têm lenta implementação e carecem de falta de padronizações;
  • Como pagar por serviços de telemedicina;
  • Como licenciar e credenciar serviços;
  • Potencial para a má prática médica (abusos).

IV- Problemas e Dificuldades:

  • A inexistência de leis internacionais e de cortes de justiça apropriadas impedem o processo jurídico e a implementação de metas éticas e legais; 
  • Há necessidade de se definir melhor quais são as metas sociais da infra-estrutura global de informação.
  • Necessidade de uniformizar leis, códigos e regulamentos dos diferentes países;
  • Garantir adesão a padrões internacionais;
  • Garantir níveis mínimos de qualidade;
  • Preservar a confidencialidade e garantir a segurança dos dados;
  • Garantir os direitos de propriedade intelectual.
  • Necessidade de um código de ética médica para medicina à distância;
  • Resistência dos conselhos éticos e profissionais;
  • Confecção de tabelas de honorários para procedimentos telemédicos por convénios e seguros;
  • Reacção à quebra de divisão de territórios e competências;
  • Resistência à segunda opinião médica.

V - Possíveis Soluções:

  • Licenciamento especial para profissionais para exercer a prática médica transfronteiriças, especialmente em situações limite.
  • Adesão a padrões universais de protecção dos dados de pacientes;
  • Convénios de cooperação em tele-saúde entre estados ou países;
  • Estabelecer comissão internacional (unificando com um código de ética e normas, com estruturas gestoras e de coordenação).

HON Cria Código de Conduta na Internet Médica

A Health On the Net Foundation é uma fundação sem fins lucrativos, sediada em Genebra, Suiça, e que tem como objectivos a implementação de projectos na Internet, telemedicina, etc., que beneficiem o campo de saúde. Uma das iniciativas mais interessantes da Fundação HON foi a criação de um código de ética (HON Code of Conduct), com o objectivo de aumentar a qualidade da informação médica na Internet.

Este código tem sido apoiado por grande número de instituições, entre as quais cerca de 44 empresas de seguro médico provenientes de 23 países, e é muito necessário na Internet médica, devido ao grande número de informações não-éticas, incorrectas, fraudulentas, etc., sobre o tema, que estão disponíveis na Internet. Www.hon.ch

Alguns recursos na Internet:

CONCLUSÃO:

Nunca a Medicina e a Engenharia estiveram tão próximas uma da outra. A sua integração tem possibilitado avanços enormes ao atendimento, cada vez mais sofisticado e amplo, aos que carecem dos cuidados dos profissionais da área da saúde, com gastos relativamente baixos.

A chamada TELEMEDICINA, fruto dos avanços tecnológicos da área de telecomunicações aplicados à medicina, tem sido fundamental no atendimento àquelas pessoas que se encontram em áreas mais distantes, de difícil acesso e sem profissionais especializados por perto. Um médico não especialista pode ser auxiliado à distância por um profissional especializado e resolver problemas em tempo real.

Outras aplicações ,como actualização científica dos médicos distantes, tem grande valia.

A disponibilização dos dados médicos dos pacientes, através de sites com um cadastro únificado e com segurança ( onde só o paciente tenha sua password ), também pode tornar o diagnóstico mais rápido e preciso.

Com a formação desta Visão Unificada ( com um código de ética e normas para o uso correcto) com estruturas gestoras e coordenação para a acção legal, tornará a medicina mais dinâmica e eficaz , com poucos custos considerando os seus benefícios.

Bibliografia:

Böhm GM, Silveira PSP, Azevedo Neto RS, Chao LW. Telemedicina em Emergências. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, 2001;11(2):499-504.

Chao LW, Silveira PSP, Böhm GM. Telemedicine and Education: a Brasilian experience. Telemed 98, Londres, Inglaterra, 25 e 26 de novembro de 1998. Journal of Telemedicine and Telecare 5(2):S1-131, 1999.

Fator de Impacto: 1.366

http://www.galenonet.com/CYTED/cyted/grupos.html, 11/03/2005

Telemedicina:Regulamentação,Práticas Procedimentos,Teresa Serafino,2003

Anexo:

www.atmsi.pt

www.posi.pcm.gov.pt

www.helvas.min-saude.pt/Telemedicinafrm.htm

ww.dim.fm.usp.br/index.php

www.godoctor.com.br

www.projetohomemvirtual.com.br/

www.saudetotal.com/tesechao2/00IndiceAnalitico.htm

www.saudetotal.com/chaowen.htm


Autor: Jader da Silva Alves


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