Análise Crítica Sobre os Pressupostos Indicativos de Evasão Dos Usuários do Programa de Planejamento Familiar, no Posto de Saúde Albert Sabin, no Município de Barreiras - BA



BEZERRA, A.M. da. S.1; SOUZA, J. B. de.2; MOURA, M. A. De.3; PEREIRA, M. A. M.4; SOUZA, S. M de. 5.

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Palavras-chave: gravidez, fertilidade, prevenção, controle, conhecimento.

Introdução

O Planejamento Familiar é uma das mais importantes atividades preventivas, proporcionando aos casais e em particular as mulheres, as informações e os meios necessários para que possam planejar o número de filhos desejados e o espaçamento entre eles. REZENDE (2006).

Segundo Martins; Viana; Geber (2001) a questão do planejamento familiar surgiu visando uma estruturação familiar, controle efetivo da fertilidade, sexo seguro, quando e com quem iriam ter filho, sendo que tal planejamento traz repercussões sócio-econômicas importantes como estudos, carreira profissional, mercado de trabalho efetivo, ou seja, uma realização completa como mulher e como mãe, já que o fato da atividade sexual precocemente vem trazendo conseqüências importantes tanto em nível de conhecimento, conscientização e maturidade, já que o aborto é um indicador claro de gravidez indesejada.

Sabendo-se que o Posto Albert Sabin abrange uma área de cobertura de 3.189 famílias, sendo 900 famílias da zona urbana e 2.259 rural, nota-se a questão da evasão, daí a importância desta intervenção que teve como proposta de atuação desenvolvida atuar no processo de efetivação e participação dos usuários ao programa.

Marco teórico

O Planejamento Familiar é uma atividade que diz respeito não somente ao casal que o pratica, tendo implicações sócio-demográficas. Dentro da área médica, é uma das mais importantes atividades preventivas, tendo como objetivo principal proporcionar aos casais e em particular as mulheres, as informações e os meios necessários para que possam decidir o número desejado de filhos e quando querem tê-los, de forma consciente e voluntária. Sendo que planejar o número de filhos desejados, e o espaçamento entre eles são direito de cada indivíduo. REZENDE (2006).

O interesse pelo tema surgiu diante da problemática da evasão dos usuários dos programas de Planejamento Familiar, gerando várias conseqüências, pois de acordo com Berek (2005), o controle efetivo da reprodução e Planejamento Familiar é essencial e faz parte dos objetivos individuais de cada mulher, uma vez que o rápido crescimento populacional, a gravidez indesejável, doenças sexualmente transmissíveis e outros transtornos, demonstram a falha no Planejamento Familiar.

Para dar ênfase a esta afirmação, Viana (2001) ressalta que:

"Além da saúde feminina, o espaçamento dos filhos determina melhores condições de educação para estes e a diminuição da mortalidade infantil". VIANA (2001), pg. 369.

Diante dessas considerações, evidencia-se que o não Planejamento Familiar traz repercussões negativas, tanto no âmbito familiar, sócio-educacional e econômico, fazendo-se necessário entender e pesquisar mais sobre o tema.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de intervenção, de abordagem qualitativa, a partir de revisões literárias e de trabalho de campo, realizado no Posto de Saúde Albert Sabin, da rede municipal de Barreiras - BA, e que temporariamente estar funcionando em duas salas do Leonídia Ayres, devido a reforma no local de Origem, onde participaram da amostra dez usuárias da área de cobertura do posto, cadastradas e não cadastradas no Planejamento Familiar, através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido fornecido pela pesquisadora, realizada durante o período de março a junho de 2008, a partir do desenvolvimento do estágio Curricular l realizado neste período, onde foi coletado informações através de questionário composto de 10 perguntas (abertas e fechadas), onde foram propostas as seguintes questões: 1 – Tem conhecimento sobre a importância do Planejamento Familiar? 2 – Écadastrado no Programa de Planejamento Familiar? 3 – Tem filhos? Se têm quantos? 4 – Possui vida sexual ativa? 5 – Tem parceiro fixo? 6 – Conhece os métodos de anticoncepção oferecidos pela unidade? 7 – Existe algum obstáculo que a impeça de realizar o Planejamento Familiar? 8 – Utiliza algum método contraceptivo? 9 – Em relação ao Planejamento Familiar, tem informação sobre as datas de marcação e realização do programa? 10 – Tem alguma sugestão referente a marcação e realização do Planejamento Familiar?.

Foi realizada palestras com os (ACS) Agentes Comunitários de Saúde e com os usuários, orientações em salas de espera informando as datas de realização do planejamento familiar, discutindo possíveis mudanças na escala de atendimento com o objetivo de facilitar o acesso dos usuários ao programa.

Os dados obtidos foram organizados a partir do método de análise de conteúdo. De acordo com a convergência das respostas das usuárias, elegemos duas categorias de análise: a) Representações estatísticas para organizar as respostas das perguntas fechadas b) Representações Sociais para organizar as respostas das perguntas abertas.

Resultados e Discussão

O Posto de Saúde Albert Sabin funciona de segunda a sexta-feira das 07h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min, oferecendo serviços odontológicos, clínico geral, pediatria, além de vacinação, pré-natal, planejamento familiar, preventivo, hiperdia, distribuição de medicação, controle de insulina, programa de hanseníase e tuberculose, com 20 funcionários, sendo 03 clínicos, 02 pediatras, 02 dentistas, 02 enfermeiros do PACS, 02 técnicas de Enfermagem (atuantes nos programas), 01 auxiliar de Enfermagem (sala de vacina), 02 recepcionistas (arquivo, telefone, fichas e atendimento aos consultórios), 01 digitador (SIGAB), SIAB e serviços diversos), 01 assistente para controle e entrega de medicação e controle e marcação de exames e procedimentos, 01 auxiliar de serviços gerais, 01 auxiliar de dentista e 01 coordenador, além dos 35 (ACS) agentes comunitários de saúde.

Aalteração realizada na escala de atendimento deu-se a partir da observação de procura do atendimento nos dias de sexta-feira, juntamente com o programa de bolsa família. A partir de então, buscou-se através do consenso com a coordenadora responsável pelo programa, adaptar esta escala a esta procura.

O número de novos cadastros de Planejamento Familiar a partir de Fevereiro à Maio de 2008 forma um total de 47 cadastros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, (2001), o cadastramento da clientela possibilita a criação de vínculos entre as equipes e as famílias, identificando-se as necessidades de cada comunidade, e, a partir de então traçar um plano local para cada situação.

Quanto à importância do Planejamento Familiar, das usuárias que participaram da pesquisa, 10 mulheres, (60%) não tinha conhecimento sobre a importância do Planejamento Familiar e (40%) possuíam tal conhecimento.

Daí a importância do agente comunitário de saúde em estar fortalecendo este elo entre famílias e o serviço de saúde, realizando orientações de práticas saudáveis para a vida e visitas domiciliares, orientando-os para melhor utilização dos serviços de saúde disponíveis, e sendo acompanhado rigorosamente pela equipe.

Com relação ao cadastro neste programa, observou-se que: 80%) não tinha cadastro, e (20%) tem cadastro efetivo. Neste aspecto, espera-se que as unidades básicas de saúde, devem caracterizar como porta de entrada dos usuários para os serviços de saúde e não apenas como triagem e encaminhamento dos clientes, e sim que desenvolva atividades que busquem atender aos problemas mais comuns da população. Viana (2001).

A maior parte das mulheres entrevistadas (99%), tem filhos, e 1% não tem, sendo que destas (60%) tem (01) filho; (20%) tem (02) filhos; (10%) tem (03) filhos e (10%) tem mais de (03) filhos.

Por sua vez, BereK (2005) relata que o controle efetivo da reprodução é essencial para a capacidade de uma mulher alcançar seus objetivos individuais... Para o indivíduo e para o planeta , a saúde reprodutiva requer o uso cuidadoso de mecanismos efetivos para evitar tanto a gravidez quanto as doenças sexualmente transmitidas".

Ao serem questionadas sobre a situação de vida sexual, todas relataram possuir vida sexual ativa e parceiro fixo. E, diante da discussão, observou-se a preocupação destas mulheres apenas com a gravidez e não com as doenças em si, e , Segundo Erna e Ziegel (1985), é obrigação dos profissionais de saúde fornecer todas as informações necessárias ao cliente, a respeito do assunto, de forma que sejam compreendidos e que não influencie a decisão dos usuários com base nos seus próprios valores.

Referente ao conhecimento dos métodos contraceptivos oferecidos na unidade, (30%) diz ter conhecimento sobre os métodos disponíveis na unidade, e (70%) nega conhecer estes métodos.

Os métodos contraceptivos oferecidos na unidade são: Preservativos: (condon); Pílulas: (ciclo 21, Norestin e micronor); Injetável: (mesigina). Daí a importância do acompanhamento médico ou de enfermagem em estar orientando quanto ao uso correto e indicação das medicações.

No que se refere aos obstáculos que a impedem de participar do Planejamento Familiar, (99%) apresenta e (01%) não apresenta.(Tabela 1).

Quanto aos métodos contraceptivos, (99%) relata que usa a pílula ciclo 21, (01%) diz usa apenas o preservativo.

Durante este questionamento algumas mulheres relataram que mesmo tomando a pílula, engravidaram, e buscamos através deste ponto justificar o possível uso incorreto da mesma, enfatizando a importância do planejamento familiar.

Em relação às datas de marcação e realização do Planejamento Familiar, (01%) refere ter conhecimento e (99%) relata que não sabe.

Na questão de sugestões, (20%) preferiu não sugerir, e (80%) deram várias sugestões.(Tabela 2).

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS USUÁRIAS SOBRE PLANEJAMENTO FAMILIAR

↓ ↓

Existe algum obstáculo que a impeça de realizar o Planejamento Familiar?

Tabela 1

Tem alguma sugestão referente a marcação e realização do Planejamento Familiar?

Tabela 2

REPRESENTAÇÕES

1. Distância; 2. Transporte; 3. Demora no atendimento; 4. Realiza o Planejamento em outro lugar; 5.Condições financeiras desfavoráveis; 6.Falta de tempo; 7. Prefere comprar os métodos; 8. Devido às datas de marcação (um dia para marcar e outro para realizar).

REPRESENTAÇÕES

1. Prefere comprar; 2. Nunca participou; 3.Prefere no período matutino; 4. Não sugere; 5. Prefere na Sexta-feira; 6. Prefere na Terça-feira; 7. Junto com o programa de bolsa família; 8. Prefere na Terça-feira pela manhã.

Conclusões

Através do desenvolvimento deste trabalho podemos observar, compreender e analisar os motivos de evasão dos usuários do Posto de Saúde Albert Sabin ao Programa de Planejamento Familiar, bem como traçar estratégias para tentar resolver esta problemática.

No decorrer deste trabalho, observamos que a maioria das usuárias referiu falta de conhecimento sobre a importância do Planejamento Familiar; algumas não tinham cadastro no programa; outras que tinham estavam inativos durante algum tempo; a maioria delas tinha mais de Três filhos; possuía vida sexual ativa e parceiro fixo; não conheciam os métodos contraceptivos oferecidos na unidade; muitas faziam uso por conta própria; muitas usuárias que são solteiras tinham muita vergonha de vir á unidade realizar o Planejamento Familiar, e até mesmo de falar sobre o assunto, ou não concordavam com as datas de marcação e realização do planejamento.

Consideramos que o profissional de Enfermagem em PSF tem um papel fundamental, o de orientador, promotor da saúde, prevenção de doenças e recuperação das mesmas, valendo destacar as observações realizadas durante todo este processo, o que se pode observar é que esta falta de informação está mais relacionada à falta de comunicação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Referências Bibliográficas

BEREK. Jonathan S. Novak Tratado de Ginecologia. 13º edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

ERNA e ZIEGEL & MECCA. S. CRANLEY.Enfermagem Obstétrica. 8 ª ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro,1985.

FREITAS; COSTA; RAMOS & MAGALHÃES. Rotinas em Obstetrícia;. 5 ª Edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2006.

MARTINS, M.; VIANA, C. L.; GEBER, S. Ginecologia. 2ª edição. Rio de Janeiro: Medisi, 2001.

.Ministério da saúde. Profissionais de Auxiliares de Enfermagem. 2ª edição, Revista : Brasília – DF, 200.

REZENDE, Jorge de; MONTENEGRO, Carlos A. B. Obstetrícia Fundamental. 10ª edição. Guanabara koogan. Rio de Janeiro, 2006.


Autor: Silvia Maria


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