Forma e Função, a Articulação Poética



Mestrado:

El proyecto, Aproximaciones a la Arquitectura desde el medio Ambiente Histórico y Social.

Trabalho baseado na leitura de “Topogénisis”– Joseph Muntañola Thornberg

FORMA E FUNÇÃO, A ARTICULAÇÃO POÉTICA.

Por: Arquitecto Vítor Vieira Fernandes

Na criação dos espaços ou na sua definição, a função aparece como um elemento determinante e estruturador da forma desse mesmo espaço.

O arquitecto quando dimensiona seus espaços e define uma forma fá-lo tal qual as imposições determinadas pela função, sendo este um elemento fundamental na criação do espaço arquitectónico.

Forma e função articulam-se poeticamente na arquitectura, a sua perfeita articulação é o que os arquitectos buscam. Para projectar, o arquitecto fá-lo tendo sempre, os elementos funcionais como determinantes da forma dos espaços, a forma no acto de projectar, obrigatoriamente estrutura o espaço arquitectónico. É necessário estabelecer com precisão, como a forma é determinada segundo a sua função e sempre o é, mas o devemos fazer, tendo sempre presente até onde a função pode determinar esta mesma forma e de que modo o pode determinar. A relação entre forma e função, resultará se o arquitecto interpretar atentamente e com sensibilidade os usos exigidos pela função.

Para que a articulação poética seja possível na relação forma e função, teremos que interpretar como estão estruturadas as formas de utilização habituais dos espaços, ou seja os usos.

Na concepção do espaço arquitectónico, a relação entre a forma e a função deve ser determinada pelos usos culturais, o arquitecto deve-se apoiar nos modos ou modelos de utilização e apropriação do espaço, tal qual a cultura local e o modo de vida local, a sensibilidade de analisar estas formas locais e muito particulares de usos de espaços, poderão ser reinterpretadas ou reinventadas no novo espaço arquitectónico. Será importante que os edifícios se identifiquem cada vez mais com os locais e com o uso normal que as pessoas estão acostumadas.

O arquitecto quando cria espaços perfeitamente adaptados a uma função em particular, poderá criar uma nova forma de utilização, um novo uso do espaço, deve-o fazer se estiver muito seguro do que esta a fazer e consciente de que poderá estar a alterar um modo de viver, mas fá-lo sempre baseando-se nos conhecimentos dos usos tradicionais, estes usos tradicionais do espaço, que o homem vem a desenvolver desde tempos remotos e que nos presenteiam formas distintas do espaço arquitectónico, segundo a sua cultura, tradições e sociedade.

O arquitecto funciona como elemento fundamental de todo este complexo sistema, depois das suas interpretações segundo os usos culturais dos espaços, aperfeiçoados ao longo da evolução do comportamento humano, os terão que imitar, mas terá que ser capaz de sintetizar e reinterpretar, melhorando e aperfeiçoando o uso no seu projecto, projectando formas que sendo novas, baseiam-se e mantêm uma estrutura habitual do uso, nas quais as pessoas se identifiquem. Os espaços, projectados serão toda a via bons exemplos de articulação entre forma e função, o uso do espaço arquitectónico, estará projectado em harmonia com a função que deverá exercer, adaptado e criado tal qual os padrões culturais locais, próprios das pessoas e sociedades nas quais vão ser construídos.

Quando o arquitecto produz uma forma arquitectónica e o produz baseando-se num principio e segundo regras culturais estabelecidas, cria o objecto arquitectónico tal qual as necessidades da função para o qual vai ser produzido, neste momento o arquitecto tem como papel a criação do objecto segundo uma poética que só ele é capaz de produzir, a relação entre a forma e função dentro do contexto cultural.

O arquitecto ao reinterpretar a história e a evolução dos espaços arquitectónicos, com o objectivo de produzir novos espaços, cada vez mais perfeitos, estará a criar a sua nova modernidade, mas esta reinterpretação não se deverá centrar na estética dos espaços e formas passadas, mas sim no seu funcionamento e estruturação, a estética ou formas arquitectónicas do passado só perturbariam a modernidade da arquitectura, seria muito perigoso a sua reinterpretação, levando os arquitectos a utilizar formas do passado, soluções pouco inovadoras sem produzir modernidade.

A poética articulação entre a forma e a função, resultante da reinterpretação feita pelos arquitectos, é determinante para a elaboração da retórica do projecto, os arquitectos têm obrigatoriamente que elaborar a sua argumentação para demonstrar que são validas as suas escolhas e métodos. Demonstrar que as formas que projectou são as mais adaptadas às funções é o desafio seguinte à concepção dessas mesmas formas.

Os conceitos e princípios que justifiquem as formas e soluções utilizadas, é uma argumentação meramente teórica e deve-se centrar em conceitos e princípios válidos, traduzindo a reflexão do arquitecto, deverá conceber o objecto para o qual o projecto arquitectónico pretende satisfazer, desta forma o arquitecto para além de criar a argumentação baseada no seu método criativo, o deve fazer também baseando-se nas suas análises e reinterpretações, estas reinterpretações são aperfeiçoamentos de usos e espaços já experimentados e com conclusões realizadas da funcionalidade desses espaços, assim este processo de análise poderá ajudar o arquitecto na sua argumentação.

A validade da sua argumentação sempre vai competir com a experimentação que as pessoas fazem diariamente nos edifícios construídos, o arquitecto deve ser hábil bastante para conseguir argumentar as qualidades do seu projecto.

Podemos nos edifícios construídos, onde a retórica termina para dar lugar à experimentação, confirmar ou não a validade da retórica feita pelo arquitecto, a antevisão que normalmente o arquitecto tem que fazer, é um processo análogo ao processo criativo.

A composição e ordenação dos impulsos da imaginação, serão fundamentais para o arquitecto, como estrutura de persuasão, o modelo de relação entre o projecto e seu contexto cultural histórico e social, serão a base da argumentação que o arquitecto necessita para justificar a validade da sua arquitectura.


Autor: Vitor Fernandes


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