As Igrejinhas Pagãs



 

 

 

 

                                                          AS IGREJINHAS PAGÃS

 

 

 

                       Algum tempo atrás assisti a um filme onde juízes se reuniam secretamente e deliberavam sobre sentenças de vida ou morte que seriam aplicadas a determinados cidadãos.

                       Tais indivíduos eram assassinos contumazes, conhecidos dos magistrados, e sabe-se lá por quais motivos sempre se safavam das malhas da lei, conseguindo absolvições nos julgamentos a que eram submetidos. Bandidos, zombavam da justiça descaradamente, e saiam livres dos tribunais afrontando e desacatando desavergonhadamente promotores, juízes e parentes das vítimas por eles barbarizadas ou mortas.

                       Confesso que me solidarizei com aquele júri paralelo assim constituído. Eram doutos magistrados, que vendo frustradas suas expectativas na simples aplicação das leis, revoltaram-se e constituíram o que se poderia chamar de “júri privado paralelo”. Os criminosos eram via de regra declarados culpados, tantos eram seus crimes, e posteriormente, sumariamente executados por um dos juízes presentes ao julgamento. Considerava-se assim feita a justiça que fora negada à família e à sociedade, quando do julgamento oficial.

                       Imaginava eu, ledo engano, que tal enredo pudesse estar afeito unicamente à sétima arte!

                       Batalhando em tribunais há dez anos, num processo que nada teria de complexo, não fossem as diversas e esdrúxulas interpretações de julgadores insones ou quiçá alcoolizados, e com patronos de diferentes jaezes, porém não menos ilustrados, todos profissionais conceituados na lide forense paulistana, vim a saber que um procedimento análogo àquele acontece em nossos tribunais. Só que não com a expectativa de se fazer imperar a Justiça, porém com a finalidade precípua de favorecer a uma “ovelha” daquela confraria. São as chamadas “Igrejinhas”.

                      Disse-me textualmente um advogado escolado e já bem idoso, com escritório nas proximidades da Praça da Sé, a quem fui encaminhado por um desembargador amigo da família:- “Se o seu processo cair em alguma das nossas igrejinhas, resolvemos isso pra você em dois tempos...Se não, teremos que procurar um meio de aproximarmos deles..Isso demora algum tempo”.

                      Dentista, leigo em práticas jurídicas, porém gozador e perspicaz, indaguei brincando se a igrejinha dele seria subordinada à Catedral da Sé, pois que se assim fosse, estando ali perto, eu iria correndo pra lá acender um montão de velas.

                      Percebendo o sarcasmo, rindo, ele me contou sobre as tais “igrejinhas” existentes e como elas funcionam.

                      Hoje, tendo recebido de meu advogado a notícia de que um pedido de alvará para a venda de um imóvel, parte de um inventário, fora concedido em segunda instância, depois de negado por três vezes em instância inferior, lembrei-me do Dr. Lagonegro e surgiu em minha mente uma indagação que não quer calar...SERÁ QUE O PEDIDO DELES CAIU NA IGREJINHA CERTA ?!!!

                       

 

                                                Soriévilo  28/10/08

 


Autor: Oliveiros Coelho Neto


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