Agrotóxicos: A Agressão a Saúde Humana e ao Meio



Katiane Maria Sales de Assis 1

1- Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do ceará (UECE), Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM). Avenida Dom Aureliano Matos, 2058, Limoeiro do Norte – Ceará.

 

INTRODUÇÃO

A agricultura brasileira cada vez mais tem feito uso de insumos químicos, principalmente de agrotóxicos, e isso acarreta numa serie de problemas ecológicos. Segundo Ferrari (1985) "ate os anos 50 as atividades da agricultura estavam direcionadas para geração de produtos (café e algodão, principalmente) para o autoconsumo da população residente no meio rural e alguns poucos núcleos urbanos", mas com o aumento da população urbana houve a necessidade de aumentar a produção agrícola para abastecer os centros urbanos, utilizando agrotóxicos para combater as pragas mesmo sem saber quais as conseqüências que poderiam ser geradas por estes produtos.

De acordo com Ferrari (1985) "contaminação de alimentos, poluição de rios, erosão de solos e desertificação, intoxicação e morte de agricultores e extinção de espécies animais, são algumas da mais graves conseqüências da agricultura química industrial e do uso indiscriminado de agrotóxicos largamente estimulados nos últimos 25 anos.

Devido à contaminação ambiental e aos resíduos de agrotóxicos nos alimentos, podemos também estimar que as populações residentes próximas a áreas de cultivo e os moradores urbanos também estão significativamente expostos aos efeitos nocivos destes agentes químicos (Carvalho et al, 2005).

Ferrari 1985 disse "os agrotóxicos atuam de duas maneiras no comprometimento da saúde da população: através das intoxicações dos agricultores durante a aplicação desses produtos ou através do consumo de alimentos contaminados com resíduos de veneno. Além disso, os organoclorados (aldrin, clorobenzilato e heptacloro) são cancerígenos em animais de laboratório", ou seja, podem causar câncer.

Segundo Carvalho, et al 2005, a magnitude do impacto resultante do uso de agrotóxico sobre o homem do campo, no Brasil pode ser depreendida a partir dos dados do ministério da saúde. De acordo com estes dados, em 2003 houve aproximadamente 8000 casos de intoxicações por agrotóxicos, dos quais 30% foram observadas em áreas rurais. Estes dados, entretanto, não refletem a real dimensão do problema, ama vez que os mesmos advêm de centros de controle de intoxicações, situados em centros urbanos, inexistentes em varias regiões produtoras importantes ou de difícil acesso para muitas populações rurais

A fauna e a flora também são afetadas com o uso de insumos químicos, de acordo com Ferrari 1985, as terras carregadas pelas águas das chuvas levam para os rios, lagoas e barragens, os resíduos de agrotóxicos, comprometendo a fauna e a flora aquática, além de comprometer as águas captadas com a finalidade de abastecimento. Podem também provocar o aumento das pragas ao invés de combatê-las, pois na medida em que se usam insumos químicos as pragas tornam-se mais resistentes, necessitando de agrotóxico cada vez mais forte, desse modo, agredindo ainda mais o ambiente dizimando até os próprios predadores naturais das pragas

A utilização de agentes químicos na agricultura sem dúvida acarreta numa serie de impactos ambientais e põe em risco a vida humana, este trabalho ressalta alguns dos possíveis problemas que o ecossistema e a saúde humana enfrenta diante do uso destes produtos, dentre eles podemos citar, a intoxicação humana através ingestão de alimentos que contémresíduos de agrotóxicos ou através da exposição a estes produtos e os danos causados ao ambiente gerando o comprometimento do ecossistema.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográfica realizadas na biblioteca pública municipal Doutor João Eduardo Neto, localizada na cidade de Limoeiro do Norte – Ceará no período de 25 de agosto a 20 de setembro de 2008 e na biblioteca da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), nos dias 8 a 12 de setembro de 2008 juntamente com pesquisas feitas na internet de artigos científicos publicados na página da Sciello no período de 25 de setembro a 5 de outubro.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Através dos dados obtidos podemos identificar, apontar e citar os seguintes resultados:

·Os pesticidas nas colheitas no campo podem ter um efeito residual potencialmente perigoso. Os pesticidas organoclorados, em particular, podem persistir na comida por um período considerável. Se os produtos são pulverizados imediatamente antes da colheita, sem um prazo apropriado (comumente denominado de prazo de carência ou tempo de espera) mesmo os resíduos organofosflorados - de persistência mais curta – podem durar até serem distribuídos ao consumidor (Bull & Hathaway, 1986), ou seja, os consumidores correm sérios riscos de intoxicações por parte destes produtos.

·Ferrari 1985 disse "que a maior parte dos princípios ativos utilizados nas diferentes formulações de agrotóxicos possuem propriedades denominadas genotóxicas, isto é atacam direta ou indiretamente o patrimônio genético dos seres vivos, animais, plantas e outros, causando alterações permanentes nas unidades que controlam a hereditariedade entre as gerações – os genes – assim como toda a intricada química dos seres vivos, o metabolismo".

·Os agentes decompositores que estão presentes no solo podem sofre uma grave redução pelo uso de agrotóxicos (pesticidas e herbicidas) comprometendo o funcionamento normal do ecossistema.

·Outro grave problema é a capacidade de concentração que os hidrocarbonetos clorados (agrotóxicos) à medida que percorrem as cadeias alimentares. Lembrando que a grande maioria dos humanos são carnívoros e por isso estão no topo da cadeia alimentar, acarretando em uma concentração maior destes hidrocarbonetos.

·A eliminação de certas espécies também pode ser provocada pelo uso destes produtos, afetando o ecossistema como um todo , pois a eliminação de uma espécie pode aumenta outra ou eliminar outra dependendo da sua posição na cadeia alimentar, gerando assim um desequilíbrio ecológico.

·Não se pode culpar somente o produtor rural pelos agraves ocasionado pela utilização dos agrotóxicos, as empresas e indústrias fabricantes também são responsáveis juntamente com os políticos que legislam nesse país, pois os mesmos podem e devem elaborar leis mais severas com relação ao uso e a fabricação dos insumos químicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que o uso de agentes químicos na agricultura trás sérios riscos a saúde humana e ao meio. Nos homens estes agentes podem gerar intoxicações através da ingestão de alimentos contaminados ou durante a sua aplicação nos vegetais. A agressão ao meio se dá pelo uso indiscriminado destes produtos, que quando aplicados nas plantações estes passam para o solo que através das chuvas são levados para os rio e lagoas e, portanto ameaçam a vida nestes ambientes.

REFERÊNCIAS

BULL, David; HATHAWAY, David. Pragas e venenos: agrotóxicos no Brasil e no terceiro mundo. Petrópolis – RJ: Vozes Ltda, 1986.

FERRARI, Antenor. Agrotóxico: a praga a dominação. Porto Alegre: Mercado Aberto,1986.

MIRANDA, Ary Carvalho de; MOREIRA, Josino Costa; PERES, Frederico; CARVALHO, René de. Neoliberalismo, uso de agrotóxico e a crise da soberania alimentar no Brasil, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em: 20.08.08.

SOBREIRA, Antônio Elísio Garcia; ADISSI, Paulo José. Agrotóxicos: falsas premissas e debates, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em: 20.08.08.

PERES, Frederico; SILVA, Jefferson José Oliveira; DELLA-ROSA, Henrique Vicente; LUCCA, Sérgio Roberto de. Desafios ao estudo da contaminação humana e ambiental por agrotóxicos, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em: 20.08.08.


Autor: José Robério de Sousa Almeida


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