Gíria Linguística



Alfabeto: sistema de escrita convencionado resultando em um número limitado de figuras (grafemas) com um número limitado de sons para essas figuras. São conhecidos mais de quatrocentos sistemas de escrita no mundo atualmente. Para que seus sons sejam grafados e registrados, a maioria das línguas indo-européias fazem uso do alfabeto latino (A,a B,b C,c D,d E,e...). O nosso alfabeto teve origem no alfabeto grego (Α,α Β,β Γ,γ Δ,δ Ε,ε...), que também originou o alfabeto cirílico (Аа, Бб, Гг, Дд, Ее...). Esses alfabetos possuem geralmente um som para cada letra, de cujas combinações temos as sílabas e, assim, as palavras. Em sistemas de escrita como o japonês e o devanagari (alfabeto hindu), cada símbolo já representa uma sílaba, que são combinadas para se formar palavras com sentido. O chinês possui ideogramas que são caracteres portadores de significado próprio e independente.

Dialeto: variante de uma língua natural oficial de um país, falada em determinadas regiões. Geralmente as variações existentes em uma língua não impedem que falantes de dois dialetos diferentes da mesma língua se entendam. Por exemplo, no Brasil temos os dialetos carioca, nordestino e o gaúcho. Mesmo que encontremos um considerável número de diferenças nos tratamentos, na ordem das frases e no vocabulário, falantes dos respectivos dialetos brasileiros se comunicariam sem problemas. Também não encontraríamos problemas em visualizar o mesmo legume quando ouvirmos macaxeira, aipim ou mandioca.

Estrangeirismo: palavras ou expressões originais de uma língua estrangeira que são inseridas no vernáculo, em certos casos por ausência de um termo preciso para traduzi-los; por fazerem parte de uma terminologia técnica (por exemplo, as inúmeras palavras relacionadas à computação e internet); como marcas que são mundialmente conhecidas; siglas ou nomes típicos de certas línguas. Diariamente, usamos vários estrangeirismos sem ao menos perceber. Muitos já tiveram sua grafia e pronúncia adaptadas ao português e nem sempre podem ser facilmente apontados como palavras estrangeiras. A maioria dos estrangeirismos presentes não só no português têm origem no inglês, que no passado recebeu incontáveis contribuições de outras línguas – meio pelo qual teve seu vocabulário imensamente enriquecido – e hoje empresta vocábulos às outras línguas cada dia mais.

*Algumas palavras inglesas que são usadas no português como estrangeirismos têm um equivalente inglês diferente:

step - spare tire
shopping center - mall
outdoor - billboard
fashion - fashionable
skate - skateboard
notebook - laptop
smoking - tuxedo

Fonética: parte da lingüística que estuda as funções dos sons, os possíveis usos e combinações.

Fonologia: parte da lingüística que estuda os sons e suas funções, tendo como foco suas origens e meios de reprodução.

Idiomatismo: palavra ou expressão de uma língua que não tem tradução literal em outra língua, seja porque as palavras na língua a ser traduzida não tem o mesmo sentido ou porque as palavras não tem nem mesmo uma tradução.

Língua artificial: língua elaborada artificialmente, baseada em estudos lingüísticos avançados, geralmente contendo uma miscelânea dos mecanismos mais convenientes encontrados nas línguas naturais. Já houve muitas tentativas de se criar uma língua que fosse aceita internacionalmente para ser usada como língua veicular entre todos os países. Alguns exemplos são o Esperanto, criado por um lingüista polonês que viveu no final do século XIX, chamado Ludwig Zamenhof. Ele tirou das línguas indo-européias a base para criar uma língua simples de se aprender e com um vocabulário fácil de se memorizar. Sua criação prosperou até o ponto de serem realizadas muitas conferências nesta língua. Zamenhof traduziu muitas obras mundiais para o Esperanto. Outras criações de lingüistas de renome surgiram como o Volapük, a Interlíngua e o Solresol (língua baseada nas escalas musicais), porém, eleger uma língua universal ainda continua sendo um feito muito mais complexo. Outro empecilho é que uma língua artificial não contém falantes nativos, literatura própria, nem história ou tradição que ajude no seu aprendizado e propagação.

Língua estrangeira: língua utilizada em território internacional, geralmente escolhida segundo critérios de popularidade e freqüente uso nas relações internacionais.

Língua franca: língua veicular supranacional. Língua falada por um certo grupo de pessoas que podem se entender em qualquer lugar do mundo usando essa língua. O latim foi a língua franca do Império Romano Oriental. Embora as várias regiões possuíssem suas línguas vernáculas, todos se entendiam através do latim, como fazem hoje os cientistas quando se trata de nomes científicos de animais e plantas. Outro exemplo é o hebraico. As maiorias dos judeus aprendem o hebraico como tradição, portanto um judeu da Alemanha, um do Brasil, um dos Estados Unidos e um da França se entenderiam falando sua língua tradicional.

Língua natural: língua surgida por meios naturais, formatada segundo a tradição, a história de um povo e que contém seus falantes nativos, sua própria literatura. Diferentes das línguas artificiais, as línguas naturais possuem um dinamismo que costuma dar origem a inúmeros dialetos. Por serem criadas expressões novas, gírias, adaptações de estrangeirismos todos os dias, uma língua natural modifica-se consideravelmente através dos tempos e varia de acordo com a região e essa variação pode até ser restrita à situação em que é falada.

Língua veicular: língua que permite o entendimento e a manutenção de relação entre profissionais de áreas científicas, tecnológicas, políticas, literárias etc.

Léxico: considera-se léxico todo o vocabulário contido numa língua, abrangendo todas as classes de palavras.

Neologismo: criação de um novo vocábulo através do uso dos mecanismos gramaticais de uma língua ou até mesmo da interação entre os mecanismos de línguas diferentes. Um dos maiores neologistas entre os autores brasileiros foi Guimarães Rosa, que criou palavras como “boamente”; “saudadear”

Segunda língua oficial: língua conhecida em todo o território nacional, porém com ênfase em certas regiões, também utilizada nos meios de comunicação e ensinada nas escolas. Exemplo: no Canadá, são línguas oficiais o inglês e o francês; encontram-se informações da mídia nos dois idiomas embora nem todos os habitantes dominem os dois.

Vernáculo: língua nacional.

Autor: Danilo Martelli


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