Efeito Alelopático Entre Plantas na Região de Cáceres - MT
Tiago Felipe de Almeida Gonçalves
Jonatas Gubert [1]
Alelopatia pode ser definida como a capacidade e/ou
propriedade que possui algumas plantas de produzirem substâncias que
volatilizadas, lixiviadas, exsudadas ou decompostas inibem/afetam a germinação
ou o crescimento e desenvolvimento de outras plantas. De acordo com alguns
autores o conhecimento desta técnica tem sido bastante útil no manejo de
plantas espontâneas ou invasoras, reduzindo de forma significante as aplicações
de herbicidas.
Há diversos exemplos de influência alelopática entre plantas cultivadas x
daninhas e vice-versa, assim como de plantas perenes cultivadas na forma de
quebra-ventos, cercas-vivas. De acordo com Fornari (2002), um exemplo clássico
de alelopatia é a forte ação negativa sobre o desenvolvimento de sementes e
brotos exercido por eucalipto (Eucalyptus sp.), influência que pode
chegar a uma distância 5 vezes a sua altura. Neste caso, efeito visivelmente
comprovado na região de Cáceres-MT, onde próximo a plantio de eucalipto se
observa facilmente um fraco desenvolvimento de outras plantas.
Atualmente, a prática de adubação verde tem sido difundida entre agricultores
de diferentes regiões, e algumas destas plantas utilizadas como adubo verde
possui alto potencial de efeitos supressores de ervas daninhas, conforme
comprovou Calegari et. al (1993), no caso da Crotalaria juncea.
Recentemente, experimentos instalados na estação da EMPAER (Empresa de
Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) de Cáceres-MT, têm comprovado a eficiência
de várias espécies utilizadas como adubo verde (crotalária, feijão-de-porco e
mucunas) no controle de plantas invasoras para as condições regionais.
Algumas forrageiras utilizadas na região possuem alelopatia,
conforme Almeida (1993), avaliando em laboratório, os efeitos alelopáticos de
três concentrações de extratos aquosos obtidos de três espécies de Brachiarias
(B. decumbens, B. humidicola e B. brizantha cv. Marandu) sobre as
leguminosas forrageiras Centrosema pubescens, Calopogonium mucunoides,
Macrotyloma axillare cv. Guatá e Stylosanthes guianensis. As
espécies de braquiárias apresentaram potencial alelopático que variou de acordo
com as espécies de leguminosas estudadas, sendo que os extratos aquosos das
braquiárias diminuíram a germinação das sementes das leguminosas. Segundo
Fornari (2002), palha de cana-de-açúcar inibe o desenvolvimento de tiririca e
picão-preto, tendo ainda ação alelopática contra ela mesma, por isso não se
deixa a palhada sobre a soqueira.
Exemplos como os citados com comprovação científica são alguns dos quais
ocorrem nesta região, presenciados e visualizados pelos autores. Vale ressaltar
que estudos buscando o uso de plantas com eficiência alelopática é de grande
valia para se reduzir ao máximo aplicações de herbicidas, e, conseqüentemente,
desonerando os custos de produção e reduzindo as contaminações ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. R. P. Efeito alelopático de espécies de Brachiarias sobre algumas leguminosas forrageiras tropicais. 1993. 73 p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas) – Escola Superior de Agricultura "Luiz Queiroz", Piracicaba.
CALEGARI, A.; MONDARD, A.; BULISANI, E. A.; WILDNER, L. P.; COSTA, M. B. B.; ALCÂNTARA, P. B.; MIYASAKA, S.; AMADO, T. I. C. Adubação verde no Sul do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: ASPTA, 1993. 346 p.
FORNARI, Ernani. Manual prático de agroecologia. São Paulo: Aquariana, 2002.
Acadêmicos do 8° Semestre de Agronomia, 2007, – UNEMAT – Cáceres-MT.
Autor: Tiago Felipe de Almeida Gonçalves
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