O Colapso dos Mercados Financeiros Devido à Crise dos Estados Unidos da América e os Reflexos para o Agronegócio Brasileiro



Em uma entrevista apresentada no Boletim Informativo do mês de out/Nov 2008 publicada pela Fundação MT, o Eng. Agrônomo Dr. em Economia, Alexandre Mendonça Barros, explicou as conseqüências do colapso financeiro mundial para a atividade agrícola.

Segundo ele, esta é uma crise de "confiança", pois os bancos estão muito descontentes uns com os outros já que eles não conhecem seus verdadeiros balanços. Além disso, a crise foi gerada a partir do movimento do mercado imobiliário dos Estados Unidos e este sistema tinha como garantia a hipoteca da casa dos americanos e em cima disso fazia um derivativo[1] e vendia para a Europa, Ásia, Brasil. No momento em que os pagadores começaram a não honrar seus compromissos, mesmo com a garantia dos imóveis, o não pagamento do empréstimo culmina no desaquecimento da economia americana. A principal ocorrência de todo este movimento foi a falta de confiança e a falta de informações sobre a situação dos bancos, causando principalmente o corte de crédito para empresas e os preços dos ativos[2] começaram a cair.

Para Alexandre, um dos principais reflexos para o Agronegócio Brasileiro é o corte de crédito por parte do setor privado em financiar os produtores. Este fato ocorreu mesmo antes da crise com a elevação dos preços dos produtos agrícolas e as traders[3] já não dispunham de muito dinheiro para este tipo de investimento. Além disso, como a crise financeira é a nível mundial, e boa parte do credito do recurso para os produtores rurais do país vêm de fora, a volatilidade[4] de preço começou a exigir mais das traders que começaram a sentir o fluxo de capital estagnado.

Outro ponto que foi afetado pela crise dos EUA foi a desvalorização do real, fazendo com que os investidores que tinham apostado no Brasil se desfizessem de seus ativos, e assim, causando a desvalorização da moeda brasileira. Se por um lado isto é bom para as exportações é ruim para os preços das principais commodities agrícolas brasileiras, que estão em queda.

Como solução, o Eng. Agrônomo aponta o caminho da CAUTELA no uso do caixa da empresa, ou seja, adiar investimentos caso eles não venham a comprometer o caixa da empresa. De acordo com ele, teremos um aperto generalizado e ainda mais forte de crédito privado para todos os agentesdo agronegócio (traders, processadores, indústria de insumos e agricultores), o que tornará especialmente delicado o financiamento de projetos de expansão da atividade.

Entretanto, a demanda por comida no mundo continuará existindo, a Ásia, maior mercado para a produção brasileira, pode até diminuirum pouco na compra, porém não deixará de crescer, ou seja, aumento da demanda por alimento. Os países em desenvolvimento também continuarão crescendo e a queda do preço dos alimentos aumentará ainda mais a demanda, assim, o setor de alimento será o menos afetado pela crise e esta é a boa oportunidade para quem produz alimento.




Autor: Cynthia Moleta Cominesi


Artigos Relacionados


Sobre A Crise

O Governo E O Controle Das Reservas De Alimentos

Circuit Breaker

Para O Dia Das MÃes - Ser MÃe

Veranico?

Importância Da Apicultura

Cenário Do Mercado Imobiliário