Ocupação Desordenada de Jacarepaguá: Impactos Positivos e Negativos



Ocupação Jacarepaguá: Impactos positivos e negativos

Certamente, Jacarepaguá, a Região da Baixada de Jacarepaguá é uma região onde podemos observar um exemplo clássico de ocupação desordenada envolvendo sociedades, tempo histórico, governos e meio ambiente. 

A Região da Baixada de Jacarepaguá, apesar de possuir elementos históricos, datados da época do Brasil-Colônia, só experimentou uma ocupação mais significativa e impactos ambientais (lembrem-se, impactos ambientais podem ser tanto positivos quanto negativos) a partir da década de 60 do século passado, pois, até a II Guerra Mundial, a população da cidade do Rio de Janeiro estava muito concentrada na região central da cidade, posteriormente, os mais abastados foram para Copacabana e, também, ocupava-se a Leopoldina e Zona Norte. Entretanto, na década de 60, devido ao inchaço dos locais mais habitados da cidade do Rio de Janeiro, houve uma explosão demográfica nas áreas mais afastadas do centro, como Baixada Fluminense e Jacarepaguá, bairro esse que até então, possuía uma população cuja rotina estava muito ligada a tranqüilidade bucólica de algumas vilas, fazendas e o meio ambiente bem preservado.

Observamos que, com a construção do trecho da BR-101 Rio-Bahia (na década de 40), ficou mais fácil para o migrante nordestino e capixaba vir 'tentar a sorte' na então capital federal, onde havia grande incremento de industrias e grandes obras públicas, fato que perdurou até o Regime Militar (o qual 'construiu' a Barra da Tijuca, Metrô, 'Piranhão', etc), sem falar da verticalização em Copacabana. Com isso, o setor da construção civil necessitava de cada vez mais mão-de-obra, atraindo cada vez mais nordestinos e migrantes de outras partes do país. Nesse contexto, Jacarepaguá passou a ser a nova área de expansão industrial do Rio de Janeiro, já que a região central estava saturada, assim, industriais se instalaram na região hoje mais concentrada ao longo da Estrada dos Bandeirantes.

Todos esses fatos acima relacionados: construção do trecho Rio-Bahia da BR 101, inchaço nas regiões centrais da cidade, migração nordestina principalmente, construção da Barra da Tijuca, Jacarepaguá nova Zona Industrial da cidade, entre outro fatores ao longo do século XX contribuíram para produzir o espaço observado hoje que é Jacarepaguá e mais amplamente, a Região da Baixada de Jacarepaguá (Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá, Grumari, entre outros) com todos seus impactos ambientais.

Devemos atentar para o fato de que impactos ambientais são alterações no meio natural do ambiente (o ser humano também pertence ao meio ambiente), essas alterações podem ser positivas e/ou negativas. Exemplo de impacto ambiental positivo e negativo ao mesmo tempo: Construção da Barra da Tijuca, positivo porque criou novas moradias e gerou empregos para a população de baixa renda até hoje em shoppings, casas de classe média-alta, etc. Negativo, porque desrespeitou a Lei Federal 4771/1965, que dispõe sobre o meio ambiente em todo território nacional, havendo destruição irreversível de ecossistemas como restingas, mangues e poluindo o ambiente aquático. Portanto, caros(as) amigos(as), cabe avaliar anteriormente, através de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) se tal projeto possui mais impactos positivos que negativos para poder ser executado.

Concluindo, observamos em nosso querido bairro de Jacarepaguá e adjacências muito mais impactos ambientais negativos que positivos provocados pela ocupação desordenado e irregular, não planejada pelos órgãos públicos que também não fiscalizaram ao longo do boom da ocupação (da década de 60 até os dias atuais). Um resultado triste dessa ocupação desordenada em Jacarepaguá foi a enchente de 1996, aonde 42 pessoas morreram no bairro, a maioria ocupava margens de rios e encostas.

Vários são os problemas observados em Jacarepaguá devido a ocupação irregular, podemos citar alguns, como: proliferação de doenças (leptospirose, dengue, hepatite, etc), ocupação de margens de rios e lagoas, retirando a mata ciliar os protegem, ocupação de encostas dos maciços da Pedra Branca e Tijuca, poluição sonora, visual, do ar, do solo e dos corpos hídricos da Macro Bacia da Baixada de Jacarepaguá cujo deságüe ocorre na Praia da Barra da Tijuca, próximo a posto 01, posto esse que já se encontra impróprio para o banho de mar segundo institutos que medem a qualidade da água dessa praia, podemos citar também os problemas relacionados às pessoas (que também fazem parte do meio ambiente), como condições insalubres de moradia devido à essa ocupação desordenada onde muitas pessoas vivem sem saneamento básico, às margens de valões, sem coleta de lixo adequado, alta densidade demográfica, trânsito caótico, desemprego, favelização, problemas diversos de saúde pública, marginalização, prostituição, falta de vagas em hospitais, creches e escolas da região, devido ao grande número de habitantes, estima-se que Jacarepaguá, com todos seus sub-bairros, possua cerca de 600 mil habitantes, isso corresponde a 10% da população da cidade do Rio de Janeiro, se Jacarepaguá fosse uma cidade teria a classificação, segundo IBGE, de Cidade Média (mais de 100 mil hab.), caminhando para Cidade Grande (mais de 1 milhão de hab.), por isso, nós moradores de Jacarepaguá fazemos um apelo aos governantes municipais, estaduais e federais, que se importem mais com esse bairro grandioso, deixando de nos usar apenas como 'curral eleitoral' em época de eleiões.


Autor: Elvis Mendes


Artigos Relacionados


TraÇos De Um Povo

Moradores Do Tempo

SolidÃo...

Nordeste Que JÁ Morreu

No Vale Terá Tura

DiÁrio De Um Depressivo

Quem Sou Eu...quem és Tu ?!