A Crise Da Ilustração



A Crise da Ilustração

Quando falamos em Iluminismo, nos vem à mente o período que compreende o movimento cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a idéias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. Os filósofos e economistas que difundiam essas idéias julgavam-se propagadores da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de iluministas.

As principais caractéristicas do iluminismo são: valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo de conhecimento; valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento tanto da natureza quanto da sociedade, política ou economia; crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento humano, nas sociedades e na natureza; crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de bens materiais; crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero; defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei; crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença em Deus.

Dito as bases do pensamento iluminista podemos falar agora sobre a crise da ilustração e a diferença entre iluminismo e ilustração. Para compreendermos melhor o que se passa nos dias de hoje, iremos abordar os motivos que fazem com que a ilustração se depare com essa dificuldade.

Sua bandeira mais alta, a da razão, está sendo contestada. Vemos o processo de multiplicação da fé, que se contrapõe à razão, em todos os lugares e nichos. O problema da razão talvez esteja na incapacidade de convencer as pessoas demasiadamente religiosas que se apegam a modelos pré-estabelecidos sem nenhum discernimento e senso crítico. Sua fé na ciência estimulou a destrutividade humana. A crença no progresso expôs o homem a todas as regressões. O que se percebe é a involução do homem, que com seu individualismo estimulou o advento do sujeito egoísta. O ser humano pensa cada vez mais em si próprio, pouco importando o que o próximo esteja passando ou fazendo.

Cabe-nos agora distinguir ilustração de iluminismo. Segundo o professor Sergio Paulo Rouanet, o iluminismo é uma tendência trans-epocal, que cruza transversalmente a história e que se atualizou na ilustração; a ilustração é uma importantíssima realização histórica do iluminismo, certamente a mais prestigiosa, mas nãoa primeira, nem a última.

O novo iluminismo é crítico e racional. A nova crítica não pode ser a da ilustração. O novo iluminismo proclama sua crença no pluralismo e na tolerância, afinal com o passar do tempo as coisas mudam, e nós temos que acompanhar essa mudança. Para Merquior, o iluminismo foi o prelúdio à realidade tecnco-social do mundo contemporâneo a sociedade industrial de tipo liberal. Já para os marxistas, o iluminismo foi a doutrina da burguesia européia durante sua luta contra o feudalismo.

O ideal iluminista é a autonomia, lapidarmente expresso por Kant quando disse que o sentido das luzes era libertar o homem de sua minoridade, pelo uso a razão.

Autor: Hugo Leonardo Cavalcanti


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