Pequeno Empreendedor - Como Agir em Tempos de Crise de Crédito?



Administrar um pequeno empreendimento em uma economia razoavelmente equilibrada tem sido o ganha pão de muitos brasileiros, seja no comércio, indústria ou na prestação de serviços. Fatores como a facilidade de obtenção de crédito e a relativa estabilidade da moeda têm contribuído para que tais negócios sejam uma ótima opção de investimento.

Mas nem tudo são mar de rosas no ramo dos negócios. Há dois lados nesta moeda chamada capitalismo, e que atualmente têm mostrado sua face mais hostil. Pesquisas revelam que os principais motivos que têm levado empresários a falirem antes do primeiro ano de iniciação devem-se a fatores como falta de instrução, pesquisa de mercado e má administração das finanças. O crédito que têm financiado o sonho de muitos empresários é o mesmo que tem tirado o sono daqueles que nos últimos meses buscaram se aventurar no mercado financeiro.

Mas então, se passamos por crise, e a crise afeta o pequeno e médio empresário, como devemos agir diante dela?

A pergunta que não quer calar possui uma resposta simples e direta: acompanhamento de mercado.

O investidor que não acompanha sua carteira de ações dificilmente terá incrementado em seus resultados o mesmo ganho daquele que obteve sucesso num day-trade oportuno ou daquele que, numa visão futurística de mercado, confiou na análise dos demonstrativos financeiros e econômicos e permaneceu com a carteira estável e superou uma crise onde muitos venderam e realizaram perdas.

Da mesma forma dizemos que o empreendedor que não estiver atento à estrutura de mercado atual tende a sujeitar-se às investidas da crise financeira que, atualmente, têm derrubado tanto grandes como pequenas empresas. Significa dizer que, em um mercado em que, por exemplo, se verifica crescimento no desemprego devido à crise, (como as grandes capitais onde inúmeras montadoras têm sido obrigadas a demitir metalúrgicos) provavelmente haverá crescimento da taxa de inadimplência, o que forçaria os ramos diretamente envolvidos, isto é, ramos que relacionam-se diretamente com essa categoria, e, com certeza, concederam algum tipo de crédito e agora passam a assumir esses riscos (como o setor de móveis, comércio em geral, automóveis populares e outros) a tomarem as atitudes cabíveis para contenção de inadimplência, se possível antes mesmo de serem atingidos diretamente. Ações como retração do crédito mediante rigor nos padrões de vendas a prazos longos e promoções baseadas no desconto para pagamentos feitos à vista são ótimas estratégias em momentos de crise de crédito.

Trabalhar com o menor número de instituições financeiras possível. Em momentos de crise quanto menos se desembolsar com pagamento de juros e taxas bancárias melhor, pois estas podem chegar a ter peso considerável das finanças da pequena empresa. A idéia de que "quanto mais relacionamentos com instituições se tiver melhor será o poder de barganha" não existe. Não apenas na crise, mas sempre, deve-se ter empenho em maximizar a renda e minimizar todo tipo de custo, e como as taxas de juro são estabelecidas conforme o tipo de operação e o prazo, e não na amizade do comerciante com o gerente, elas são estabelecidas no momento da assinatura do contrato e sua variação somente se dará se estiverem diretamente ligadas a fatores impeditivos de crédito, como as consultas ao SCPC e à SERASA que por sua vez podem ocasionar o aumento das taxas pagas ou até mesmo impossibilitar a contratação do crédito, dependendo da situação.

O pequeno empresário, em tempos de crise, não pode deixar sua lucratividade se dissolver na margem da inadimplência, mas deve estar preparado para enfrentá-la. O princípio conservador entra em vigor, e quanto mais reservas se puder juntar melhor para a segurança do negócio. As compras devem-se buscar prazos mais longos para serem pagas, ao passo que, com a clientela, buscar recebimentos rápidos e giro rápido de estoques. Na verdade, tal estratégia visa fazer com que os próprios clientes financiem as vendas, uma vez que o recebimento antecipado proporciona, além da segurança, uma válvula de escape à alta dos juros do financiamento de capital de giro e necessidade internas de financiamento. Quanto a algum financiamento extremamente necessário, buscar linhas de crédito que beneficiem a atividade autônoma e o pequeno comerciante, como linhas de crédito conveniadas com governos, que podem ter taxas até 30% mais baratas do que em financiamentos comuns (ex: Banco do Povo Paulista e BNDES)

E, por fim, administrar o pequeno negócio em tempos de crise é administrar o fluxo de caixa em si próprio, não desprezando o princípio da prudência e economicidade e, sempre que possível, minorar expectativas de lucros e maximizar os imprevistos. Afinal, se o imprevisto não vier, bem, mas, e se vier? A ciência contábil é uma ferramenta de controle e decisão, e se inova a cada dia. Não existe apenas em grandes empresas, mas está presente no dia-a-dia da padaria, do varejo, da farmácia, da revenda, e daqueles que buscam serem competitivos e terem sucesso em seus empreendimentos, seja qual for o tamanho ou segmento. Afinal, empreender é aprender.Sempre.

Bibliografia:

www.bcb.gov.br

SILVA, Edson Cordeiro da. Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas. 3. Ed. Editora Atlas, 2008.


Autor: paulo viscovini


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